VINTE E CINCO - Resgate
Quem quer que administrasse aquela mina estava forçando aquelas pessoas a cometerem o pior crime possível na Nova República: Traição. Se fossem pegos todos ali morreriam, pelo menos é assim que seria se o presidente não tivesse sido destituído, mas a ordem era ainda mais brutal.
— É possível que Andrômeda já saiba o que aconteceu na capital? — O avô de Felipa perguntou.
— Com certeza. — Jase respondeu. — Eu já peguei alguns espiões de Andrômeda quando trabalhava nas fronteiras.
— Será que planejam atacar? — Raphael perguntou. — Se tentarem algo agora...
Jase balançou a cabeça, com uma expressão triste.
— Meu pai lutou na guerra contra Andrômeda. — Jase explicou. — Ainda criança eu vi alguns dos horrores que a Nova República fez na cidade estado, mesmo que eles tenham tido sua própria cota de crueldades, não tem como terem se recuperado. Não tem como fazerem frente a ordem, ainda mais quando eles tem esses super soldados.
Eu assenti, todos sabiam das histórias da guerra de Andrômeda. A cidade estado tinha condições tão precárias depois que tudo acabou que diariamente chegavam refugiados de lá nas nossas fronteiras.
— Não é a toa que o chamavam de Carniceiro. — O avô de Felipa falou, seu rosto se tornando sombrio. — A morte de seu pai foi a melhor coisa que pode acontecer para esse lugar.
Jase se virou lentamente para o velho. E o clima ficou subitamente mais pesado. Prendi a respiração e esperei o momento que as coisas se tornariam físicas. Mas Jase tombou a cabeça para o lado, com um sorriso amargurado.
— Não poderia concordar mais. — Jase falou, para minha surpresa.
— Temos visual da mina. — Alguém falou pelo rádio de meu pai, encerrando a conversa.
— Eu perdi o controle, foi assim que tudo aconteceu, é por isso que querem me matar, estavam espancando minha tia por que ela derrubou o carregamento que levava, e eu perdi o controle, a energia entrou em mim e quando me encostaram, caíram. — Andiara terminou de contar enquanto nos posicionávamos.
A mina não era tão grande como pensei que seria. Os homens em uniformes que vigiavam o lugar eram ligeiramente mais numerosos.
Muitas pessoas iam e viam sem falar, trabalhando, ao subir e descer pela entrada da mina que não ficava muito longe dali, sem olhar para os fiscais que faziam rondas displicentes. Na parte mais alta do lugar, uma casa de três andares, digna do quadrante vermelho se destacava, ao meio de tanta pobreza.
— Estão em um local tão esquecido que nem ao menos se dão ao trabalhos de esconder a riqueza vinda do contrabando de minério. — Tamara falou.
— Onde sua tia deve estar? — Perguntei, e ela apontou para um depósito a alguns metros de onde nos escondíamos.
— Qual é o plano? — Ouvi a voz de meu irmão.
Jase suspirou e encarou por um momento a mina a nossa frente.
— Temos que fazer isso de forma quieta — Ele falou. — Não temos certeza se a ordem já não esta aqui ou perto daqui de alguma forma, e não queremos que saibam onde estamos, ou que estamos juntos.
Os Anti e os soldados da luz mais poderosos do centro político. Uma ameaça que iriam querer eliminar rapidamente, antes que se tornasse perigosa demais.
— Tamara. — O líder dos Anti falou.
A mulher se empertigou e estalou os dedos.
— Claro, chefe. — Ela falou, e então se virou para Jase. — Deixe isso comigo, garotão. Fique aqui e exploda alguma coisa caso algo der merda.
— Não vamos deixar que... — Stefano começou, e Jase o interrompeu, com um aceno de cabeça.
— Ela é a melhor garoto. — O velho tornou a falar com um sorriso irônico. — E sutileza não é muito a praia de manipuladores.
— Tem quarenta minutos. — Meu pai avisou. — Então vamos atrás de você.
— Faço em vinte. — Ela disse, e se levantou. — Como posso identificá-la?
— Ela é parecida comigo. — Andiara descreveu. — Está com uma tiara de tranças, que eu fiz para ela esta manhã.
Tamara assentiu, analisando a melhor maneira de chegar até o depósito, como se tivesse se lembrado de algo, ela se virou novamente para nós. Para mim.
— Quer vir garota? — Ela perguntou. — Quer ver como sua mãe era boa? Como as coisas funcionam quando você não pode atirar fumaça pelos dedos?
Eu arregalei meus olhos e olhei para Jase. Ele engoliu, mas não disse nada.
E então eu fui.
Tamara se movia com graça, e tão silenciosamente que todos os meus músculos se esforçavam para fazer exatamente como ela fazia. Eu estava ali principalmente para observar. Manipulação era barulhenta, chamativa, colorida, nada do que precisávamos naquele momento.
— Sabe algo de luta corpo a corpo? — Ela perguntou, e eu assenti.
Tinha aprendido alguns movimentos importantes com José e Raphael na mansão.
— Bom. Pode ser que precise usá-los. Não faça nada sem que eu mande.
Sem esperar minha resposta ela voltou a se mover. Passando por detrás de construções para se esconder com ajuda das grandes caçambas de minério, em um tempo perfeito entre as rondas dos fiscais. Se mover daquela forma era difícil, além do condicionamento físico, sua atenção aos arredores tinha que ser impecável.
Conseguimos chegar até a parte de trás do depósito rapidamente. A construção era grande e alta, e não sabíamos o que esperar do lado de dentro. Deixei minha mente vagar de forma leve, e quieta, para não ser detectada, e finalmente a imagem do lado de dentro apareceu.
Escuro e sujo, o depósito tinha salas e corredores. Eu assenti, e Tamara entrou pela porta já aberta.
Antes que pude perceber o que acontecia Tamara segurou o primeiro fiscal em uma chave de pescoço, cobrindo o nariz e boca do homem com uma malha grossa que nem sabia como ela tinha colocado lá. Ela soltou-o com cuidado no chão quando finalmente desmaiou.
Era assim que os Anti tinham sobrevivido aos manipuladores por tantos anos. Eram assim que tinham resistido.
Aqueles fiscais, com elementos e habilidades, nem ao menos sabiam que ela estava chegando.
Tamara se virou para para mim. Ego e orgulho brilhando em seus olhos. E então eu vi a ponta de uma bota lustrosa dobrar a esquina do corredor, em nossa direção. Minha boca se abriu para avisá-la.
O homem alto arregalou os olhos quando nos viu, e ela se moveu, com dois passos largos, silenciosos e precisos, deu um golpe com a mão estendida na garganta do manipulador que arqueou para frente, antes que ele pudesse liberar seu elemento. Tamara segurou a nuca do homem e levou a cabeça do manipulador ao encontro do seu joelho, uma, duas vezes, e então gentilmente colocou seu corpo desmaiado no chão.
Ela fez isso até que tinha limpado nosso caminho, em uma velocidade que nunca pensei ser possível de uma forma tão quieta. Amarrando e amordaçando, com a minha ajuda, da melhor maneira que conseguiu fazer em tão pouco tempo.
Foi quando a vimos. Amarrada, com mais três fiscais inquietos a sua volta. Seu rosto estava completamente machucado. E pelo que percebi ainda tinham a intenção de machucá-lo mais.
Tamara nos empurrou para sombras. Não tínhamos muito tempo até que mais pessoas entrassem no lugar, e percebessem que algo estava errado.
— Onde ela está? — Um dos fiscais falou para mulher. — Não estamos de brincadeira aqui Raka, e sabe disso.
A tia de Andiara tremeu, mas não ousou falar. Tamara me olhou. Depois do que eu tinha observado aprendi satisfatoriamente como usar os movimentos que já conhecia de uma forma mais silenciosa e eficaz. Ela usou as sombras para dar a volta, ficando mais perto da cena, mas eu permaneci exatamente onde estava.
Iríamos atacar ao mesmo tempo. Tamara iria ficar com os dois da esquerda, e eu com o da direita.
O punho do manipulador se levantou e ela pulou para frente.
Os manipuladores se viraram para ela, mas Tamara já tinha torcido o pescoço de um. Quando eu ataquei, o homem não percebeu minha chegada, e assim como tinha visto ela fazer tantas vezes, sufoquei-o até que desmaiasse.
Quando terminei, Tamara deu um soco final do que restava.
A mulher amarrada no centro da sala choramingou.
— Estamos aqui para resgatá-la — Cochichei. — Para levá-la ate Andiara.
Oláaaaaa, me contem o que estão achando!!
Obrigada por acompanharem!
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