OITO - Nova Ordem

Eu nunca tinha pensado que viveria para ver o fim. Caos reinava no centro político, pessoas corriam de soldados vestidos de branco, fortes e numerosos demais para que alguém se opusesse.

Meus elementos responderam ao meu medo, mas o controle sobre eles juntos era praticamente impossível para mim. Não quando eu sabia tão pouco sobre a manipulação de luz. Jase me deu um solavanco, e meu elemento se retraiu por completo.

— Lusano sabe o que faz. — Ele falou. — Está ganhando tempo, e é forte. Temos que sair daqui.

Ao nosso redor, alguns alunos se aglomeravam, esperando pela ordem de Jase. Pude reconhecer Suzane, a aluna transferida do liceu, que fez parte de meu grupo durante as verificações, Lorena, a manipuladora de água monitora de seu elemento e Gabieno, escoltando mais dois alunos franzinos e amedrontados do primeiro ano. Jase fez um sinal para que o seguíssemos novamente para dentro da mansão.

O lado de dentro estava desconfortavelmente vazio, os alunos que ainda não tinham saído, provavelmente procuravam um lugar para se esconder.

— O círculo. — Raphael falou atrás de mim, e eu entendi. Ele não sairia dali sem eles.

Olhei ao redor, tentando pensar em uma maneira de encontrá-los, quando os primeiros estudantes começaram a correr para dentro da mansão.

Perdi o fôlego, quando mais e mais pessoas entraram no lugar enorme que agora não parecia maior do que uma lata de sardinha. Como verifiquei, alunos não eram os únicos a buscar refúgio dentro do lugar, políticos, curandeiros, juristas, todo tipo de pessoa vinda dos prédios ao redor da mansão, buscavam aqui uma maneira de fugir do mar de soldados de branco.

A porta pesada foi fechada atrás deles, e inúmeras camadas de manipulação criaram um escudo forte para aguentar os pesados ataques que viam do lado de fora.

Bum. Escutei.

Minha mente se juntando ao meu olhar na procura de pessoas que conhecia.

Bum.

— Quem quiser sair daqui vivo, vai ter que me seguir. — A voz de Jase pareceu ser levada pelo vento, chegando aos quatro cantos do salão.

Se estavam atacando a porta da frente diretamente, isso significava que o muro do diretor tinha sido rompido.

Bum.

Raphael procurava. Jase nos fez andar.

A multidão se atropelou na direção indicada. O gabinete do diretor.

Bum. Cada batida alta na porta protegida, arrancando suspiros dos que se escondiam do lado de dentro.

— Consegui falar com Stefano. — Jase falou para mim. — Não é nada sério. Eles já estão na passagem.

Bum. Escutei novamente, e uma rachadura profunda apareceu na porta. Momentos de silêncio dominou o lugar, antes de mais pânico.

As dezenas de pessoas se apressaram em direção ao corredor, pelo caminho que Jase apontava, nós acompanhamos, não por opção, mas por não nos restar outra alternativa a não ser nos deixar levar pela onda de manipuladores. Raphael segurava com firmeza um dos apoios em meu uniforme azul marinho, para não nos perdemos no meio de tanta gente.

Jase e Gabieno haviam sumido, provavelmente para guiar a todos para fora daquele lugar. Segundo meu pai, uma passagem tinha sido construida especialmente para casos como esse a alguns anos atrás de forma secreta, no gabinete do diretor.

Quando o caminho se abriu a nossa frente a correria ficou ainda mais desenfreada. Todos tentando chegar o mais rápido possível na sala do diretor, que ficava no fim daquele corredor.

Bum. Escutei mais alto.

Bum. Mais rápido.

— Não consigo encontrá-los — Falei para Raphael, que balançou a cabeça e soltou um xingamento.

— O que, por todo azar da nova república, ainda estão fazendo aqui? — Uma voz esbravejou atrás de nós.

Quando nos viramos, ainda sem parar de andar, alivio me dominou. O treinador estava lá, assim como Jullian e Yara. Raphael suspirou, eles sorriram. Ainda tínhamos muito para percorrer do corredor até o gabinete indicado por Jase, então não diminuimos o passo.

Meu coração batia rapidamente, e pela expressão no rosto dos membros do círculo eles estavam tão assustados quanto eu. Nada daquilo era esperado, pelo menos não para nós.

— Parece que estavam nos procurando. — Jullian falou. — Stefano?

— Está no gabinete. — Raphael respondeu.

— Não vamos deixá-lo nos esperando.

Quando finalmente nos aproximamos da sala do diretor, ficamos pra trás com a quantidade de pessoas entrando pela porta para o local pequeno, era impossível ter qualquer acesso.

Lembrem-se. Matem apenas os filhos de oficiais do centro político, e os vindos dos moquifos. Não queremos um massacre, temos que fazer apenas o necessário para início da Nova Ordem. Tragam a garota, essa é sua prioridade.

Laura. Um barulho muito alto me tirou de minha busca. Pessoas  empurraram ainda mais para entrar no gabinete. Os soldados da Ordem tinham conseguido entrar na mansão. E não iria demorar até chegarem aqui.

— Fiquem quietos. — O treinador falou com uma voz autoritária. — Não denunciem em que parte da mansão estamos.

Os pequenos murmurinhos cessaram. As pessoas empurravam seu caminho para dentro do gabinete, e quando finalmente chegou minha vez de entrar pelo menos seis soldados de branco viraram o corredor. Eu pude sentir a vitória que emanou deles quando seus olhos caíram em mim.

Mer... Fezes.

Eles correram em nossa direção, e Lorena deu um passo a nossa frente, moveu a mão de uma forma esquisita e um vácuo se formou em meu ouvido, deixando os sons estranhos e abafados, balancei a cabeça tentando me livrar do barulho fino e constante que ouvia.

— Perfeito, Lorena!  — O treinador bradou.

— É um bolha de som. É a habilidade secundária dela. — Raphael me explicou. — Quem está fora dela não ira ouvir o que acontece dentro. Vai nos dar alguns minutos para resolver as coisas com esses caras ai. Antes que outros venham.

— Seguramos eles aqui. — Foi a vez do treinador falar. — Quando os alunos acabarem de passar, entramos no gabinete e atraímos eles para a passagem. Vai ser mais fácil lutar com eles lá.

Foi quando começou, uma chuva de bolas e rajadas de fogo, e terra, e escuridão. Todas elas parando no escudo firme de Raphael. O manipulador de fogo era muito poderoso, bloqueando os ataques com escudos de fogo, ao mesmo tempo em que lançava rajadas contra os manipuladores de branco.

Sem precisar pensar, escuridão me cercou, e a fiz avançar contra os soldados da ordem. Eu nunca tinha presenciado uma batalha de tantos manipuladores, meu sangue corria rápido em minhas veias, e minha respiração entrecortada.

Meu elemento atingiu os seis soldados lentamente, envolvendo-os, batendo e minando as forças de seus escudos, enquanto Raphael, Jullian, Yara, e o Treinador, atacavam com tudo o que tinham.

Lorena parecia concentrada em manter a bolha de som, então ela recuou, se mantendo atrás da segurança de nossos escudos para continuar bloqueando os sons da batalha para outras partes da mansão.

Eu vi Yara levantar as mãos agitando e levantando a terra, apenas para que a manipuladora inimiga voltasse o chão para o lugar.

— Não usem o elemento que já existe, ou outro manipulador poderá usar sua manipulação contra você, tragam seu elemento de dentro. — O treinador comandou. E Yara assentiu.

E então estávamos no breu. Um que não estava sendo produzido por mim.

— Theodora! — Ouvi alguém gritar meu nome.

Pisquei algumas vezes, e então já podia ver. Meus olhos estavam acostumados com a escuridão.

Olhei para os lados, para ter certeza que estavam todos bem. Com exceção de alguns cortes,não pareciam machucados. Mas não enxergavam nada.

Meu estômago gelou quando vi o que os soldados brancos planejavam. Mesmo sem enxergar, alguns deles saíram de sua posição original, e apesar de apenas um ser manipulador da escuridão sabiam exatamente para onde ir, e onde estávamos.

— Eles estão se movendo. — Avisei.

— Devem ter algum rastreador com eles. — Raphael respondeu.

Assisti quase em câmera lenta quando várias bolas de diferentes elementos vieram de várias direções para nos atingir. Prendi a respiração, formando o maior escudo que podia com meu elemento, para que ele pudesse proteger a todos que não podiam fazer por si só, por conta do breu. As esferas mudaram rapidamente de direção, xinguei, recolocando rapidamente os escudos.

Eu não tinha sido rápida o suficiente.

Movi meu elemento para aumentar o escudo e cobrir a direita de Yara quando percebi que era tarde demais. Gritei, quando a esfera saiu de meu raio de ação tomando uma trilha mortal em direção a manipuladora de terra do círculo.

Um escudo enorme e poderoso de escuridão se formou tão rápido quanto uma fração de segundo entre Yara e as poderosas esferas de escuridão.

Meu pulmões reclamaram por ar, e eu suspirei. Quando uma explosão escura impediu Yara de se machucar. Vindo de dentro da sala do diretor, Stefano se desvencilhou da multidão, atacando com sua escuridão, ao mesmo tempo que avançava seu elemento sobre os soldados de branco. Ele tinha a salvado. 

— Nos guie. — Raphael pediu.

Não tive tempo para me surpreender com a habilidade incrível de meu irmão, quando mais rajadas elementais bateram firmes contra meu escudo.

— Onze horas. — Falei. Empurrando a escuridão contra o escudo dos soldados.

O chão tremeu, quando Yara manipulou a terra. O treinador, Raphael, e Jullian, lançavam rachadas de fogo tão poderosas e quentes, que senti o suor se acumular em minha nuca. Os alunos aproveitavam a oportunidade para tatear seu caminho até o lado de dentro. Ficando o mais distante da luta possível. Resmunguei. Nós bem que poderíamos usar alguma ajuda aqui.

Os manipuladores de fogo do círculo atacaram novamente. Os músculos de meu corpo já doloridos pelo excesso de esforço físico que a manipulação de escuridão demandava.

Quando o fogo o atingiu, uma rachadura fina se formou no escudo de varias camadas elementais que protegiam os soldados da ordem. Eu contraí ainda mais meus músculos, empurrando a escuridão contra essa rachadura, fazendo-a penetrar. A manipulação de Stefano fez o mesmo. E novamente o fogo atacou o escudo.

A defesa dos soldados caiu tempo o suficiente para que nossa escuridão penetrasse. E eu a empurrei mais e mais, deixando meu elemento cair sobre um dos soldados desprotegido, que gritou. Fogo, vindo de dentro do soldado de branco atingido explodiu minha escuridão, se transformando rapidamente em outro escudo.

Merd... Fezes.

Os Manipuladores de Fogo do círculo atacaram no mesmo ponto novamente, e o soldado de branco moveu alguns metros para o lado.

— Sete horas. — Contei. E o círculo atacou novamente.

E então fui cegada. Assim como o breu, luz inundou o lugar vinda de algum lugar atrás de nós, cegando e absorvendo qualquer resquício de escuridão.

Mas a luz não durou, engolida novamente pela escuridão nebulosa do manipulador da escuridão de branco.

Escutei uma voz familiar xingar atrás de mim, luz se juntou ao meu escudo. Felipa tinha tentado acabar com o breu, fazendo seu elemento consumir a escuridão, assim como tinha feito meses atrás na minha primeira aula de manipulação com o diretor.

Rajadas de fogo vinda dos soldados da luz se encontravam com blocos e esferas de terra vindas do inimigo,  iluminando o caminho por onde passavam, antes de se dissipar quando encontravam o escudo ou elemento dos soldados de branco.

Eram muito fortes. O soro os tinha tornado assim. Mesmo a distancia eu podia sentir sua insanidade, podia sentir o prazer que emanava deles toda vez que seus elementos atingiam, mesmo que de raspão, um dos nossos.

— Vamos recuar. — O treinador falou. — Vamos levar eles para passagem, e então Jase poderá ajudar.

Intensifiquei o escudo de escuridão. Enquanto Stefano guiava aqueles que lutavam para dentro do gabinete.

— Temos que sair daqui antes que mais deles apareçam. — Foi a vez de Lorena falar. — Não posso aguentar o vácuo de som por muito mais tempo.

Comecei a andar para trás. Ainda atacando com meu elemento. tudo acontecia tão rapidamente que não poderia me dar ao luxo de hesitar meio segundo para poder me concentrar em manipular a luz. Não quando tinha feito de forma proposital apenas uma vez.

O chão a nossa frente se moveu, e se não fosse pela mão firme de Raphael, teria caído.

Um ataque poderoso em meu escudo me fez arfar. Eu senti meu corpo formigar, e uma dor aguda percorrer os músculos de meu tórax. Stefano fortificou meu escudo que agora parecia fino e frágil.

Outro ataque ainda mais intenso, atingiu novamente o meu escudo de escuridão. Gemi de dor. E percebi Stefano resmungar. Eles eram anormalmente fortes.

Quando outro ataque pesado despedaçou o escudo, finalmente entramos na sala, e Jase fechou as portas atrás de nós.

Oláaaa, como estão?

Gostaram do capítulo?

Deixem um recadinho, por favor!

<3

PS: Pessoas queridas tenho um grupo no whats sobre meus livros e literatura em geral, lá pode ser que leia algum cap antes de todo mundo, e fique por dentro das novidades de amdc, se quiser entrar so deixar um comentário aqui! Atéee

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top