NOVE - Combinação
Assim que a porta pesada fechou atrás de nós, eu pude voltar a respirar novamente, e dar um momento para que minha manipulação descansasse do esforço sem interrupção. Do lado de dentro, os últimos alunos passavam por uma porta pequena, ao lado de um pesado quadro antigo, que possivelmente tinha sido o responsável por mantê-la escondida.
Os preciosos segundos de silêncio foram quebrados quando o som de elementos se chocando contra porta fortificada com manipulação recomeçou. O olhar de meu pai percorreu meu corpo, procurando algum sinal de ferimentos, e então ele se virou para meu irmão, que apoiava seu peso na mesa de madeira.
— Felipa disse que está ferido. — Ele falou. E uma mulher que reconheci como sendo Ka, a curandeira que tinha tomado o lugar de Jessè depois de tudo se aproximou de meu irmão. Procurando por ferimentos visíveis.
— Nada sério. Minha perna está com algumas queimaduras. — Falou, e meu olhar foi para a perna direita de sua calça em frangalhos.
Prendi a respiração quando reconheci aquele tipo de ferimento.
— Parece que levou uma surra. — Raphael brincou.
— Devia ter visto o outro cara. — Stefano rebateu, com um meio sorriso.
— Quem?
Felipa quase rosnou, apoiando Stefano quando Ka começou a usar sua manipulação para curar Stefano, que conteve um gemido de dor e desviou o olhar do meu.
— Quem? — Perguntei de novo.
O barulho de manipulação contra a porta estava ficando cada vez mais forte.
— Daniel. — Felipa contou. — Encontramos o filho da puta tentando sair da mansão logo antes de tudo isso começar.
Bufei, e percebi Raphael apertar o punho logo a minha frente, sua respiração ficou alterada, assim como a minha.
Jase andava de um lado para outro, dando ordem em um tom firme que nunca tinha o visto usar antes, ele emanava poder. Quando só restávamos nós na sala ele se virou para o treinador que estava acompanhando de perto toda a manipulação de Ka em Stefano.
— Tenho uma ideia.
O treinador olhou para meu pai com a sobrancelha erguida, e então reconhecimento cruzou seu olhar.
— Manobra sete? — Perguntou, e Jase assentiu. — Foi o que pensei. Todos para passagem.
Os membros do círculo prontamente obedeceram, assim como Gabieno e Lorena. Todos se apressaram para a porta pequena, mas Raphael permaneceu ao meu lado. Assim como Stefano e Felipa. Mesmo quando Ka terminou de curar seu ferimento.
— Não vamos a lugar algum.— Falei.
Jase olhou para mim e seu semblante rígido se transformou em um sorriso.
Merda. Isso nunca era um bom sinal.
— O escudo não vai aguentar muito mais tempo, Jase. — O treinador avisou.
— Vão sim. Todos nós vamos. — Jase respondeu para mim.
— Pai...
Jase pareceu surpreso por alguns instantes, antes de trocar novamente olhares com o treinador.
— Vamos Theodora. — Stefano chamou. — Nosso pai é o manipulador mais forte da nova republica. Ele não vai se deixar pegar por esses caras.
— Ninguém vai fazer nada aqui. — O treinador interveio. — Não é assim que a sete funciona, vamos entrar nessa passagem antes que o escudo de Jase se rompa.
Assenti e liderei o caminho, sendo acompanhada de perto pelos outros. Assim que entramos pude ver com clareza o corredor escuro iluminado apenas pela manipulação de Felipa, uma passagem para fora da mansão.
— Vamos deixar as coisas aqui bem quentes, eu e Jase vamos combinar nossas manipulações. Ar potencializa o fogo. — O treinador falou. — Os escudos individuais não serão rápidos ou fortes o suficiente, então preciso que todos, principalmente Raphael , façam escudos um sobre os outros para evitar que atinjam a nós.
—Mas se fizermos os escudos com vocês aqui, seus poderes não vão chegar ate a sala. — Raphael questionou.
—É por isso que iremos combinar apenas quando os elementos chegarem na sala, e devem fazer o escudo apenas quando mandarmos, vocês tem que ser rápidos.
— José, o escudo. —Jase alertou.
— Se preparem.
Respirei fundo, e me concentrei, uma névoa escura saindo lentamente de minha pele e rodopiando a minha volta. Podia ouvir as respirações aceleradas ao meu redor, e meu próprio coração bater com pressa.
A porta da frente explodiu. E vários soldados de branco entraram. Tinham pedido reforços. Uma fumaça causada pela explosão dominou a sala quando vi uma bola enorme de fogo atravessar a distancia entre nós e o gabinete do diretor.
— Agora! —O treinador gritou, e meu escudo se materializou.
Um barulho ensurdecedor veio seguido de uma pressão gigantesca no escudo que tinha se materializado ao nosso redor, e então tudo pareceu ficar mais lento, meu corpo ferveu com a dor. Um barulho agudo tomou conta da minha audição quando os elementos ainda empurravam contra nossos escudos. Jase e José lutavam para controlá-los, e o lugar que antes era o gabinete, agora não passava de cinzas e confusão.
— Theodora, use... — Felipa tentou falar.
Meu corpo exausto respondeu ao seu pedido, e uma onda de luz se juntou ao escuridão que me cercava. Senti em cada célula de meu corpo aquela fusão e então tudo pareceu certo. O elemento aroxeado se agitou e então cresceu, em ondas, consumindo cada gota dos elementos de Jase e José que agora lutavam para se recuperar. Meu pai parecia melhor do que José e eu.
Quando meus joelhos fraquejaram, a porta a nossa frente foi fechada, e alguém me apoiava, me encorajando a correr. Mesmo que sem pensar, nós estávamos em movimento de novo. E eu pude sentir o aperto firme e seguro em torno de minha cintura. Meu olhar para cima, apenas para ver Raphael, concentrado em nosso caminho, nos guiando pelo corredor, enquanto escudos de luz, fogo e escuridão nos cercavam.
— Obrigada. — Falei para ele, que assentiu.
Sua pele, ao contrário da nossa, estava imaculada. Sem nenhum arranhão. Raphael era um invulnerável. Ele tinha visto minha manipulação, todos eles tinham, e ninguém disse uma palavra.
— Para o trem de entrega. — Ouvi Jase falar entre suspiros.
Andamos no escuro, escutando barulhos perigosos vindos de onde tínhamos entrado, quando depois do que pareceu uma eternidade, andamos para fora do túnel.
A nossa frente uma estação de trem de entrega aparecia, estávamos no quadrante vermelho, trens de entrega não chegavam até o centro político, atrás de nós eu pude ver, pelo portão, o que tínhamos acabado de deixar para trás, fumaça e destruição tomavam o lugar do que tinha sido a mansão. Jase e José tinham explodido todo o lugar. Meus olhos se arregalaram quando o apito do trem me trouxe de volta a urgência do momento.
O circulo, Gabieno, Lorena e Suzane ainda nos esperavam no fim da passagem, mas os demais estudantes e trabalhadores do centro político que tinham buscado abrigo na mansão já tinham ido embora, provavelmente para suas famílias.
— Ele não vai parar, não quando ver tudo isso. — Felipa falou, o trem cada vez mais perto.
— Vai ser obrigado a desacelerar quando chegar na estação. Quando chegar a esse momento. Vamos ter que pular. —Jase falou, parecendo bem melhor do que minutos atrás.
—Espere. —Lorena interferiu. —Isso nunca vai dar certo...
— Se quiser voltar para sua casa está convidada, Lorena. — Meu pai falou, duro. — A ordem precisa deixar pessoas vivas para governar. Não vão atacar os quadrantes, apenas farão terrorismo.
A monitora dos manipuladores de agua se calou e balançou a cabeça.
—Meus pais estavam no palácio do presidente. Devem estar mortos. — Falou.
Antes que qualquer um pudesse responder, o trem apareceu. Enorme e enferrujado, soltando faiscas enquanto corria pelos trilhos gastos.
— Gabieno e eu vamos tentar desacelerá-lo ainda mais com manipulação de ar nas rodas.
Quando o trem se aproximou o suficiente, alguém gritou.
— Agora!
oláaaaa pessoas lindas do meu coração!
O que estão achando do livro?
Não se esqueçam que manipuladora do caos vai sair de forma física! me sigam no instagram para mais saber das novidades!
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