DOZE - O círculo
O que restava de consciência em mim se escondeu em uma parte escura e distante da minha mente. Quando meu poder saiu do meu controle e transformou o vagão ao meu lado em nada além de pó, o escudo de fogo do treinador estava resistente, como se nem aquela quantidade imensa de poder pudesse atingi-lo.
Uma risada sombria partiu de José, em um tom grave e satisfeito, o que inflamou ainda mais o caos que já devastava a plantação. Senti a mim mesma sendo levantada do chão pelo poder dos meus elementos agora fortes demais. Eu já não estava chorando, mas meu rosto e uniforme estavam ensopados de lágrimas e suor, meu peito já não mais doía, todo o peso daquela morte tinha sido enterrado comigo mesma dentro da parte mais escura de minha mente.
Então não me importei com a pontada insignificante de preocupação quando pensei que aquele poder não atingiria somente José. Não me preocupei em nada além de aniquilar o treinador quando mais e mais poder saia de mim em ondas. Não senti a dor em minha garganta terrivelmente machucada pelo grito que ainda saia de minha boca. O cansaço de meu corpo e exaustão da minha mente não eram um problema para conseguir o que queria.
Estava a quase um palmo do chão quando uma mão firme segurou a minha, me puxando para baixo. Franzi o cenho quando meus olhos não encontravam ninguém e meu poder pulsou mais forte respondendo a intromissão.
Theodora. Escutei uma voz conhecida em minha mente. Lute contra isso, por favor.
Minha cabeça tombou para o lado. A voz que eu deveria reconhecer ecoou em minha mente vazia, minha mente tentou se fechar, mas algo me fez hesitar.
A mão invisível me puxou, mas meu elemento não o deixou me tirar do lugar. Quem quer que fosse não devia se aproximar daquela forma. Não estava sentindo meu poder. Quando a conexão se formou novamente tive minha resposta, quem quer que fosse o ser invisível ali estava sentindo meu poder, a dor mais forte que tinha sentido em toda sua vida. Mas mesmo assim não iria desistir. Não iria desistir de mim. Ele era o único que poderia.
Arfei quando braços me envolveram, minha mente apática lutando para reconhecer o abraço que tinha despertado o que tinha acabado de enterrar. Quando seu peito se chocou contra o meu pude sentir a velocidade em minha respiração.
Está tudo bem, Theo. O apelido incomodando novamente o descanso de minha consciência. Todos estamos bem. Jase está bem.
Jase?
Foi um hipnótico. Eu podia sentir a dificuldade na fala do homem invisível, e de alguma forma a dor que sentia vinda dele quase me fazia sofrer também.
A imagem ao meu redor se tornou confusa demais, e decidi fechar os olhos.
Um sorriso que aquecia meu coração.
Cabelos vermelhos como a chama de uma fogueira.
Olhos que diziam mais que palavras.
Está tudo bem, você pode deixar ir agora. A voz rouca falou novamente em minha mente.
Estava? Jase?
O abraço se intensificou, e o poder ficou mais fraco, meus músculos começando a sentir a dor que tinham deixado de lado. As lágrimas retornando aos meus olhos cansados.
Lute com isso, Theodora. Ou vai matar a todos nós.
Seu pai esta vivo.
Abri os olhos. E a cena ao meu redor parecia bem diferente do que tinha visto ao fechá-los, agora podia ver o homem que me abraçava. Por cima de seu ombro um escudo enorme feito da combinação de luz, escuridão, agua, ar e fogo, impedia o caos de dizimar as pessoas atrás dele. o escudo, prestes a ruir, não aguentaria as ondas de poder por muito mais tempo.
Felipa. Stefano. Jase. Eu. Estamos todos bem. Por favor Theodora. A voz de Raphael parecia cada vez mais fraca.
Raphael.
Tudo aquilo tinha sido uma ilusão. Um hipnótico, Raphael tinha dito. Uma habilidade secundária que permitia fazer que uma pessoa visse o que quer que ela quisesse que visse.
Jase não está morto.
Merda. Minha mente de repente, ficou alerta.
Assisti o escudo rachar, e o grito de Felipa, quando percebeu o que viria.
E então, como se nunca estivesse estado lá, o caos se dissipou. Meus joelhos vacilaram, e Raphael desabou comigo. Mesmo de joelhos ele não me soltou, quando sua dor se misturou com a minha própria. Pelo que ainda conseguia sentir, os outros não estavam melhor.
— Que belo show vocês dera aqui, não é? — Uma voz falou. E imediatamente a dor começou a ser tirada de mim.
Meu olhar disparou para cima, para ver uma mulher nos encarando e várias pessoas cercando os sobreviventes da mansão. Tentei encontrar mais uma vez meu elemento, mas nada tinha sobrado para ser encontrado. Suspirei, e Raphael me soltou do abraço, mantendo as mãos firmemente enlaçadas nas minhas.
— Pegamos o hipnótico.— A mulher tornou a falar.— Você sabe mesmo como fazer uma entrada, garoto.
Uma outra mulher se aproximou da gente e reconheci Ka, a curandeira da mansão dos soldados da luz. Como ela tinha chegado ali? Quem eram aquelas pessoas que pareciam conhecer Raphael.
Assim que a curandeira usou sua manipulação em mim curando meus ferimentos, senti a força que controlava minha dor ir embora, e então Raphael suspirou aliviado.
— Você podia ter morrido, Raphael. — A mulher falou.— Deve estar cheio de ferimentos internos e já pensou no que teria acontecido se sua concentração falhasse por meio segundo?
Raphael se levantou, vacilante.
— Vamos falar disso depois. —Ele sentenciou, e a mulher mais velha, levantou a sobrancelha.
— Estão todos parecendo uma merda. Vamos levar vocês para a base. — A mulher falou, virando-se para mim. — Então era você. Não é uma surpresa que Raphael tenha escondido isso de nós. Deviamos ter suspeitado antes. Um poder como esse garota, o mínimo que devia ter aprendido era em como manter sua mente fechada, e impedir de deixar que um hipnótico de merda fizesse você alucinar. Deu sorte hoje, não apenas teria conseguido se matar como a todos aqui.
Eu engoli seco, ela estava certa. Mas minha mente estava muito dolorida e confusa para que eu realmente pudesse pensar sobre suas palavras. Quando tinha deixado minha mente desprotegida?
— Meu nome é Gava. — Ela se apresentou, já começando a se distanciar de mim, indo em direção ao treinador que apoiava meu pai, tão exausto quanto eu.
— Ele usou a busca em você para descobrir o que estava acontecendo. — Raphael contou. — Foi assim que soubemos.
Assenti, assistindo pessoas vestidas de preto atenderem os feridos.
— Esse é o verdadeiro círculo. — Gava falou antes de andar para Jase. — Infelizmente, não tem escolha agora.
Vi Jase assentir, e para minha surpresa, sorrir para Gava.
A mulher morena e alta, se abaixou, colocando uma mão no ombro de meu pai.
— Vai ser bom tê-lo conosco, finalmente.
Oláaaaaaa, finalmente criei vergonha para postar o capítulo extra que tinha prometido a vocês.
O que acharam?
Obrigada por ler! E quem quiser entrar no grupo do Whats abriram uma vaguinhas, é só comentar aqui!
<3
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top