DEZESSEIS - Tomás

Franzi o cenho, fechando os olhos com força tentando me concentrar o suficiente para manipular algo diferente de mini bolinhas de luz. Eu tinha feito um progresso ao usar a busca pra entender como Felipa acessava seu elemento, mas mesmo assim, tentar algo além de poucas porções de manipulação, sem estar puta por alguém estar tentando matar alguém que gosto, ainda era incrivelmente difícil. Manipulação mental era algo completamente diferente da manipulação física.

— Fazer força com seus músculos da cabeça não quer dizer que está se concentrando. Vai acabar tendo alguma dor dessa forma. — O homem que tinha visto com Raphael falou.

Aparentemente seu nome era Tomás, e era meu mais novo instrutor particular de manipulação da luz. Tomás parecia ser um pouco mais novo que meu pai apenas, e era tão reservado quanto qualquer um naquele lugar. Nossa única conversa antes de começarmos tinha sido, um: "Me mostre o que sabe fazer". Apenas tinha descoberto seu nome porque foi assim que ouvi Raphael o chamar, logo antes de entrarmos na sala pequena de treinamento. Eu nem saberia que Tomás era manipulador de luz se isso não fosse o que fizesse sentido

Resmunguei alguma coisa.

— Para manipular a escuridão tenho que fazer força física, para manipular a luz não posso fazer força física... Então como sugere que eu manipule escuridão e luz ao mesmo tempo?

— Não disse que era fácil. — Ele interveio. — Não se tem registros de como ensinar pessoas como você, ou como a manipulação do caos funciona propriamente. Vai ter que descobrir sozinha, o que posso fazer é apenas tentar ajudá-la a encontrar o caminho para a manipulação da luz.

— Ótimo.

Fiz a pequena bolinha de luz surgir novamente em minhas mãos. Implorando silenciosamente para que meu elemento se acumulasse ainda, mas sem sucesso.

— E não disse que não poderia fazer força física para manipular a luz, apenas disse que força não é o que ativa a manipulação de um elemento mental.

Tudo bem.

— Fechar os olhos é uma muleta. Não vai poder ficar de olhos fechados durante uma batalha.

Olhei para ele. Tomás parecia ser tão alto quanto Raphael, sua expressão era dura, e indiferente.

— Não estamos em uma batalha. — Retorqui.

— Mas está treinando para uma.

Era verdade. E tudo aquilo de treinamento estava em um nível muito diferente do que tinha imaginado. Pelo discurso aterrorizante de Gava, eu imaginei algo que me faria querer arrancar meus próprios olhos de meu rosto enquanto vomitava todo o conteúdo de meu estômago nos pés de quem quer que tenha me colocado naquela posição, tudo isso ouvindo a risada maléfica do treinador ao fundo. Nunca imaginei que, na verdade, seria uma conversa amigável com um  cara mal humorado.

— Tente procurar pelas memórias de quando fez isso pela última vez. Cada mente tem seus caminhos, você deve deixar seu elemento te levar pela sua. — Ele ensinou, e eu fiz força para ignorar o ranço que começava a se acumular contra Tomás.

A ultima vez que tinha feito aquilo conscientemente, foi com a ajuda de Felipa. Não demorou até que achasse aquele calor suave, como uma fagulha escondida em um lugar esquecido de mim. A bolinha de luz apareceu em minha mão. Ao contrário do que era com o elemento de Felipa, meus olhos não ardiam ao encará-la. A luz era maciça, ao contrário da escuridão que era uma névoa etérea.

Meus olhos estavam abertos, mas fixados na pequena rachadura que encontrei na parede, enquanto minha mente testava e examinava a pequena fagulha, tentando encontrar uma maneira de provocá-la, de atiçá-la.

— Encontre o centro da sua manipulação, e então o alimente, o manipule. Manipulação de uma elemento mental, acontece em sua cabeça, e não no mundo exterior. Para ajudar na visualização pode fazer um movimento de mãos, ou gesto, não que realmente precise, mas para ajudá-la a manipular o que não é palpável. É uma muleta. Vai ter que se livrar disso com o tempo, mas pode ajudar agora.

A fagulha me chamou, e dessa vez eu respondi. Imaginei meus dedos se fechando contra ela, e meus dedos realmente o fizeram, minhas mãos se juntando em um circulo. Deixei que meus sentidos se acostumassem com a sensação quente que se transmitiu por todo meu corpo. E logo eu estava ansiosa por mais. Separei minhas mãos com um movimento decidido e firme, apenas para ver a pequena bolinha de luz se expandir.

— Agora rode.

Minha mente voltou a testar a fagulha, e eu a manipulei. Meus olhos desceram até a esfera, agora enorme, de luz em minha mão, e ela começou a girar cada vez mais rápido. Ter a luz tocando minha pele era como se várias formigas andassem sobre mim.

Fiz minhas mãos caírem e a esfera continuou exatamente onde estava.

— Isso foi mais rápido do que imaginei que seria. — Ouvi Tomás falar, sem tirar minha atenção da esfera a minha frente, que girava cada vez mais. — Agora a faça sumir.

Encarei Tomás com a sobrancelha erguida, mas sua feição não se alterou. Aquilo era um elogio?

Voltei minha atenção para a esfera e relaxei, a esfera não sumiu. Grunhi. Devia ter previsto isso, pensei.

A fagulha em minha mente emanava poder. Rodei em torno dela, mas nem por um momento a esfera se desfez ou tremeluziu. Dissolver manipulação não era para ser algo complicado. Mas nada parecia simples com a manipulação mental.

— Desfoque sua atenção. — Tomás falou simplesmente, e tudo pareceu se encaixar. Relaxar para a manipulação física, perder a concentração para a mental.

A imagem de um hambúrguer gigante apareceu, fazendo meu estômago roncar, e a esfera se desfez. Ótimo.

— Agora que acabamos aqui. — Falei. — Vou... você sabe... conhecer o lugar.

Tomás não titubeou, e piscou duas vezes antes de dizer calmamente:

— Ainda não acabamos.

— Oi? Parece que já conseguimos superar o bloqueio da minha manipulação, sabe? A esfera grande e brilhante que fiz agora a pouco, e tudo mais...

Nada era capaz de abalar a indiferença afiada no rosto daquele homem. Senti meu sangue borbulhar com o desafio.



— Duas horas! — Reclamei para Raphael enquanto ele me guiava para onde quer que as pessoas naquele lugar comiam. — Duas horas inteiras fazendo 0e desfazendo esferas de luz.

Raphael deu uma risadinha, enquanto abria mais uma porta.

— Tomás sabe ser metódico. — Respondeu.

— Não sabia o que ia me matar primeiro. Cansaço ou tédio.

Raphael riu novamente. Quando os cheiros deliciosos de comida anunciaram que estávamos perto.

— Seu dia ainda está longe de acabar. — Ele anunciou como se tivesse apenas comentando sobre o tempo.

Estaquei.

— De acordo com o cronograma que Gava criou para você, vai ter instruções de batalha com o responsável pelo seu treinamento. E só estão pegando leve porque é seu primeiro dia. Ouvi dizer que esse cara não vai aliviar assim. — Ele explicou, com sua voz grave habitual, que combinava perfeitamente com todos aquele músculos definidos.

Vamos lá Theodora, você consegue ter uma conversa normal com Raphael sem ficar suspirando, cobrei a mim mesma.

— E quem é esse responsável pelo meu treinamento?

Os olhos de Raphael brilharam, e seu sorriso se tornou malvado quando respondeu.

— Eu.



Dia dois da maratona completíssimo! E milhares milhões de desculpas pela falta de capítulos prometidos durante o carnaval, me deu um super bloqueio criativo, e eu apaguei esse aqui várias e várias vezes e nunca achava legal. Acho que superei esse fato, e vou conseguir cumprir aqui pra frente. Então mais três dias de maratona!

Mil desculpas novamente!

Espero que tenham gostado!

Obrigada por lerem, e pela paciência!

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