Jungkook não pôde evitar, ele não conseguia ficar parado ou parar de balançar a perna.  Ele estava ansioso para voltar ao hospital e ficar ao lado de Jimin. Uma vez que as portas do elevador se abriram, ele praticamente desapareceu no ar, enquanto corria para o quarto de Jimin.

Quarto 1306.

Ele bateu suavemente na porta para não alarmar Taehyung e Namjoon, que estavam fazendo companhia e cuidando do garoto.  Antes que Jungkook pudesse colocar a mão na maçaneta, Taehyung saiu com um sorriso, fechando a porta atrás de si.

– O que aconteceu? Ele está bem? Está tudo bem? – Jungkook perguntou, olhos arregalados, medo se preparando para envolvê-lo mais uma vez.

– Ele está bem. Está tudo bem. – Taehyung tranquilizou com um sorriso reconfortante. – O médico veio verificar e disse que estava se recuperando melhor do que o esperado. Ele está oficialmente fora da zona de perigo.

– Oh, graças a Deus. – Jungkook suspirou aliviado.

– Ele está perguntando sobre você. – Taehyung disse a ele.

A cabeça de Jungkook levantou.  Yoongi, Hoseok e Jin estavam logo atrás dele, uma presença reconfortante.

– Ele está acordado? – Hoseok perguntou, de olhos arregalados.

– Acordado e extremamente falador... – Taehyung listou, tentando fazê-los se sentir melhor, sabendo o quão exausta, assustada e longa esta noite foi.

– Ele está... – Jungkook disse, incapaz de terminar sua pergunta, ele mesmo sem saber por onde começar e o que perguntar.

– Ele sabe do plano B. – Taehyung disse. – Ele está apenas preocupado.

– Confie em Jimin para se preocupar com todo mundo, menos com ele, mesmo estando deitado em uma cama de hospital. – Disse Jungkook, balançando a cabeça.

Taehyung abriu a porta e Namjoon saiu.

– Vá. – Namjoon disse com um sorriso. – Ele está esperando por você.

Jungkook olhou de volta para os garotos que assentiram, sorrisos em seus rostos, deixando-o saber que estava tudo bem e que eles estariam aqui quando ele precisasse deles. Jungkook entrou, fechando a porta de plástico atrás dele.

Ele não sabia se estava realmente pronto para ver Jimin.  Uma parte dele estava assustada.  Então, com tanto medo de ver Jimin machucado.  Jungkook o viu quando levou um tiro.  Ele o carregou até o hospital com Jimin sangrando em suas roupas.  Ele até o viu quando estava enfaixado e ligado a todas as máquinas.  Mas ele estava inconsciente.  Em que tipo de estado Jimin está agora?  Jimin está bravo com ele?  Jimin se arrepende de levar essa bala no lugar dele? Jimin está com raiva?  Triste?  Jimin não está mais apaixonado por ele agora que viu as partes mais sombrias dele?  Os momentos ruins eram muito ruim para Jimin ficar?  Ele queria sair?

– Kookie. – Uma voz chamou, suave, doce, melódica.

E assim, todas as suas preocupações e pensamentos sombrios desapareceram no ar.

– Venha aqui. – Ele disse.

Jungkook finalmente se virou para ver Jimin, sorrindo.  Ele poderia jurar que seu coração pulou uma batida.  Ainda assim, depois de todo esse tempo, seu coração estava fraco com o sorriso de Jimin.  Era sua visão favorita no mundo, as bochechas de Jimin escondendo seus olhos castanhos, transformando-os em formas de crescentes enquanto Jimin sorria, sua bochecha direita hospedando uma pequena covinha ao lado que Jungkook adorava beijar.

– Oi, Jiminie. – Jungkook cumprimentou, a voz cansada, baixa, e ainda havia um sorriso em seu rosto.

– Eu sinto saudade de voce.

– Eu também. – Jungkook respondeu, recostando-se na parede.

– Venha. – Jimin disse, apontando para o assento ao lado de sua cama de hospital. – Sente-se.

Jungkook não se mexeu.

– Você ainda está bravo. – Jimin disse, acenando para si mesmo.

– Bravo? Jimin, eu estou furioso! Você sabe o que você fez?! Você levou uma bala para mim?! O que estava passando pela sua cabeça, Jimin?! Você poderia ter morrido, pelo amor de Deus! – Jungkook gritou, seus medos tirando o melhor dele.

– Kook. – Jimin disse.

– O que?

– Se fosse eu... – Jimin disse, engolindo em seco. – Se a arma estivesse apontada para mim, você me empurraria para longe? Você levaria essa bala para mim?

– Isso não é o mesmo...

– Como? – Jimin interrompeu. – Como não é? Como é justo você levar uma bala por mim e eu ter que ficar bem com isso, mas quando é o contrário, você ficar bravo?

– Porque sua vida vale mais que a minha, ok! – Jungkook gritou.

– O que?

O boxeador caminhou até ele, pegando a mão pequena de Jimin, ainda com  IVs e a segurou entre as suas.  Jungkook nunca admitiria isso, mas ele estava chorando. 

– Eu não sei como eu viveria minha vida se você não estivesse nela, Jimin.

– Jungkook eu...

– Espere. – Ele disse, implorando. – Por favor, deixe-me terminar.

Jimin levantou a mão livre e começou a acariciar os cabelos de Jungkook, esperando que ele falasse.  Ele não o apressou.  Ele não precisava.

Jimin não conseguia expressar em palavras o quanto estava com medo quando acordou.  Ele pensou que algo ruim havia acontecido.  Ele acordou em um quarto de hospital branco com Tae em um lado da cama e Namjoon perto das portas, a cabeça encostada na parede.  Uma parte irracional de Jimin pensou que ele tinha sonhado a coisa toda.  Ele pensou que havia sonhado com esses personagens perfeitos, com o enredo perfeito.  Porque como alguém como ele, que apenas alguns meses atrás pensou que a coisa mais rebelde que ele podia fazer era perfurar suas orelhas, teve uma aventura e amor tão incríveis e até mesmo encontrou uma família por conta própria?? A primeira coisa que ele perguntou a Taehyung quando acordou foi se era tudo real.  A segunda, foi o que diabos aconteceu quando ele estava dormindo.  E terceiro, foi como estava sua família.  Alguém se machucou?

E agora aqui estava ele, o homem perfeito de Jimin, carinhoso, gentil, inteligente, um coração de ouro, sentado ao lado dele, assustado, mas não querendo admitir.  Jimin sabia naquele momento que aquele era o homem com quem ele queria passar o resto de sua vida.  Ele faria tudo ao seu alcance e mais para garantir que Jungkook continuasse feliz, mesmo que isso levasse muito tempo, levasse o resto de sua vida.

Jungkook olhou para Jimin com seus grandes olhos castanhos cintilantes, esfregando as costas da mão muito, muito suavemente, e disse:

– Deus, Jimin, eu não sei como explicar isso para você. Eu não sei  como explicar o quão importante você é para mim. Antes de você, eu estava apenas existindo, e isso era bom. Eu estava contente. Eu estava bem; passando bem. Então você entrou na minha vida e era como o meu mundo preto e branco explodisse em cores. Senti mais do que apenas conteúdo. Senti emoções. Senti alegria, raiva, tristeza, confusão e amor. Senti tanto amor. Você entrou na minha vida e de repente eu não estava apenas existindo. Eu estava vivendo.

Jimin apertou a mão de Jungkook suavemente, ignorando a dor que subiu em seu braço.  Isso não importava agora.  Não importava que ele estivesse deitado em uma cama de hospital.  Não importava que ele tivesse a cicatriz de uma bala no quadril pelo resto da vida.  Nada disso importava.  O que importava era que sua família estava segura.  Que o amor de sua vida estava seguro.  Que as pessoas que ele amava e realmente cuidavam estavam todas seguras.  Que não havia mais perigo à espreita nas sombras, pairando sobre eles.  Que não havia mais motivo para temer.  O que importava era que eles passavam pelos momentos mais difíceis juntos e que podiam fazer isso de novo.

– Jungkook. – Jimin disse, os olhos formigando com lágrimas de alegria, sorriso em seu rosto.  Ele levou a mão livre à bochecha do boxeador, esfregando o polegar suavemente, acariciando a pele macia da maçã da bochecha.  Jimin tinha tanto que queria dizer, tanto que queria contar a Jungkook.  Ele queria desabafar, dizer o quanto Jungkook mudou sua vida para melhor.  Ele queria dizer ao boxeador que ele não sabia como o amor poderia ser, ou que ele não sabia o que significava um lar até que ele estivesse nos braços de Jungkook.

Mas tudo o que Jimin pôde fazer foi dizer uma palavra.  O nome de Jungkook.  Foi simples.  Uma palavra.  Duas sílabas.

No entanto, Jungkook entendeu.  Ele sabia exatamente o que Jimin queria dizer.  Ele podia vê-lo em seus olhos, podia senti-lo da maneira que Jimin o olhava com tanto amor e adoração, como se ele fosse o oceano e Jimin mal pudesse esperar para se afogar.  Ele podia ouvir pela maneira que Jimin falava seu nome, suavemente, apaixonadamente, como se houvesse camadas e mais camadas do que Jimin realmente queria dizer, e Jungkook entendeu tudo.

Com uma voz suave, gentil, não querendo quebrar a atmosfera que eles criaram, Jungkook disse.

– Jimin.

Uma palavra.
Duas sílabas.

Eles se entendiam de uma maneira que ninguém mais poderia entender.

E assim, eles sorriram um para o outro, sabendo que estavam bem.  Eles ficariam bem.  Eles poderiam passar por qualquer coisa.

Eles só tinham que fazer isso juntos.

[...]

         
O amanhecer começou, a luz do sol brilhando através das cortinas do quarto do hospital, proporcionando calor e uma nova esperança.

Eles estavam sentados ao redor da cama de Jimin.

Jungkook estava segurando a mão de Jimin, brincando distraidamente com os dedos.  Namjoon e Seokjin estavam encolhidos no sofá ao lado da cama e Taehyung, Hoseok e Yoongi estavam sentados nas cadeiras, encostados na parede.

Era a primeira vez em muito tempo que todos estavam visivelmente relaxados.  Eles estavam exaustos, mas ainda conseguiram rir.  Pela primeira vez em muito, muito tempo, eles sabiam que ficariam bem.

– Então. – Disse Jimin, inclinando a cabeça para trás contra os travesseiros irregulares, olhando para o resto da sala com um sorriso no rosto: – E agora?

– Nós temos imunidade. – Jin respondeu.

– Sim, eu sei disso. – Jimin falou. – Mas e agora? E a gangue? O que vamos fazer agora?

– Não há mais gangue. – Respondeu Jin. – Não mais, pelo menos.

– O quê? Nenhuma gangue? – Jungkook disse, chocado.

– Kook, não era óbvio? O acordo de imunidade perdoa todos os nossos crimes antigos, mas não nos dá imunidade para conduzir mais crimes. Não podemos manter a gangue. –  Yoongi disse a ele.

– Além disso, eu já dei o USB Drive com tudo para a polícia. Eles estão passando por isso agora. – Disse Jin, – Não podemos mais ter uma gangue, Kook.

Com uma voz baixa, Jungkook expressou sua preocupação.

– Mas e nós?

Um sorriso surgiu no rosto de Jin.  Ele queria tanto arrulhar as ações de Jungkook.  Ele não resistia ao garoto de olhos castanhos.  Era como se Jin fosse transportado de volta para o tempo em que eram apenas crianças, e Jungkook estava construindo sua força.  Ele era tão confiante, tão disposto a aprender, sempre olhando para Yoongi e Jin com aqueles olhos de corça: olhos grandes, brilhantes, castanhos e bonitos, que brilhavam como se estivessem segurando estrelas.  Era como se, olhando para Jungkook agora, toda a escuridão nunca tivesse existido nele e esse voltasse a ser o mesmo garoto que conheceu quando era mais jovem.  E talvez fosse disso que todos eles precisavam: Um novo começo.

– Nós não vamos a lugar nenhum, Kook. – Jin falou. – Só porque não estamos mais na gangue, isso não significa que somos menos família do que somos. Sempre estaremos juntos. Com gangue ou sem gangue.

Jungkook assentiu, precisando dessa segurança, sentindo Jimin apertar sua mão um pouco mais forte, deixando-o saber que ele estava ali ao seu lado também.

– Imunidade. Uau. – Taehyung disse, como se fosse incapaz de acreditar. – Isso significa que não há mais pontos de encontro na academia?

Yoongi pensou sobre isso, recostando-se na cadeira.

– A academia ainda pertence a mim e eu acho, quero dizer... Talvez eu deva abri-la ao público.

– O que você está pensando? – Hoseok perguntou, virando a cabeça para olhar para Yoongi.

– Quero dizer, eu treinei Jungkook e Jimin e eles parecem estar bem por si mesmos. – Yoongi pensou em voz alta.

– Um é imbatível e o outro literalmente lutou contra pessoas com armas. Mas sim, claro, 'estar bem' é uma boa palavra para isso. – Brincou Namjoon.

– Eu só quis dizer que talvez eu pudesse treinar outras pessoas, sabe. –  Yoongi falou, brincando com o fio desfiado de sua calça jeans. – Talvez eu pudesse reformar a academia, renová-la um pouco e depois abri-la para as aulas.

– Essa é uma ótima idéia, Yoongi. – Disse Hoseok com um sorriso orgulhoso no rosto. – Poderíamos fazer isso juntos! Isso me daria a chance de pensar no que fazer com a minha nova vida também!

Yoongi sorriu com carinho para ele, entrelaçando os dedos, um agradecimento silencioso.

– E você, Jin? O que você vai fazer? – Taehyung perguntou.

Jin sorriu para Namjoon, que parecia tão orgulhoso dele, já sabendo a resposta para essa pergunta.

– Eu vou para a universidade. Eu realmente quero essa experiência na escola como um estudante. – Jin respondeu, quase envergonhado. – E talvez depois da faculdade de culinária eu possa abrir um café ou dois, quem sabe?! Apenas meio que faço minhas próprias regras, minha s comidas, bebidas, sim, é o que gostaria.

– Isso é incrível, Jin! Estou tão orgulhosa de você! – Jimin disse sinceramente, seu coração se enchendo de alegria.

Isso estava realmente acontecendo.  Eles realmente não tinham mais nada a temer.  Eles poderiam realmente viver suas vidas do jeito que queriam, com liberdade e sem olhar por cima dos ombros.  Tudo estava se unindo e Jimin não poderia estar mais feliz.

– E você, Kook? O que você quer fazer? – Yoongi perguntou a ele.

Jungkook parecia profundamente pensativo, sem realmente saber a resposta para isso.

– Eu não sei. – Ele respondeu: – Eu realmente não pensei nisso.

Jimin levantou a mão livre e a colocou na bochecha de Jungkook.

– Você não precisa saber agora, Kookie. Você pode levar o tempo que quiser para pensar sobre isso.

– Eu só não quero perder isso. – Jungkook admitiu, olhando ao redor da sala.  – Eu não quero perder vocês.

– Kook, não vamos a lugar nenhum. – Yoongi tranquilizou. – Nós não ficamos juntos só porque estávamos na mesma gangue. Ficamos juntos porque nos amamos e confiamos um no outro. Só porque agora não estamos em uma gangue não nos torna menos família do que éramos antes.

– Nós ainda estamos aqui, Jungkook. – Disse Hoseok com um sorriso tranquilizador. – E nós vamos ficar próximos um do outro até morrermos e depois disso.

Jungkook assentiu, sabendo que eles estavam certos e que ele estava preocupado por nada.  Ele sabia que essas pessoas aqui nesta sala eram sua família eterna, e se uma guerra literal não os separou, nada mais o faria.  Ele podia literalmente confiar neles com sua vida e não havia como deixar que algum deles fosse embora tão cedo.  Eles eram para sempre.  Gangue ou não.

– Que tal você vir trabalhar comigo e Hobi na academia, sim? – Yoongi ofereceu. – Até você saber o que quer fazer com a sua imunidade.

– Sim. – Jungkook disse com um aceno de cabeça.

– Ei, Jimin? – Jin perguntou.

– Sim?

– E você? O que você vai fazer? – Ele perguntou. – Quero dizer, você deixou seu emprego de escritor, certo? Então, e agora?

Jimin suspirou.

– Escrever sempre foi muito importante para mim. Eu estava pensando em talvez tentar encontrar outro emprego como escritor, mas sem uma recomendação, não sei até onde chegarei.

– Que tal eu lhe dar um artigo e você a escrever de forma independente e depois enviá-la para um jornal? – Jin disse, com um sorriso no rosto. – Eu vou pagar por isso?

– O quê? Você vai me contar uma história? – Jimin perguntou, confuso.

– Sim. – Jin disse com um aceno de cabeça. – Uma história sobre porque não há mais gangues na cidade. Sobre um jornalista disfarçado que descobre a cena das gangues e os ajuda a desmontá-las.

– V-você quer que eu escreva... – Jimin gaguejou, tropeçando em suas palavras.

– Escreva. – Jin disse, dando-lhe um aceno de cabeça. – Se vamos viver nossa vida, vamos fazê-lo corretamente. Vamos perseguir nossos sonhos e esquecer quem já fomos nas sombras. Temos  um novo começo agora.

Jungkook olhou para Jimin e sorriu.

– Através dos momentos bons e ruins...

Jimin apertou sua mão, sabendo que estava pronto para o que a vida tinha reservado para eles.

Ele não tinha apenas Taehyung e Namjoon para se apoiar, ele tinha uma família inteira.  Ele tinha 6 pessoas para amar, cuidar e realmente estar lá um para o outro.  Isso não era mais apenas uma história.  Isso não era apenas uma história para ele há muito tempo.  Este era o mundo dele agora;  a família dele.  E Jimin não deixaria nenhum mal acontecer a eles.

– Sempre juntos.
 

CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Eu amo essa promessa deles. Tão fofa.....

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Agradeço a todos que chegaram até aqui.