31. Chapter thirty-one

Eles olharam para o teto, ambos em lados opostos da cama, mais perto da borda do que um do outro.

Nenhum dos dois estava dormindo, e ambos sabiam disso, mas também não queriam conversar.  Nervosismo, medo, confusão... Havia tantas emoções no ar, tantos sentimentos não ditos, pensamentos não ditos, medos não ditos e preocupações que eles queriam dizer.  Mas nenhum deles teve coragem de fazê-lo.

Então eles se deitaram em silêncio em um quarto que consideravam seu santuário. No mesmo quarto em que prometeram um ao outro, no mesmo  quarto em que confessaram seu amor, entrelaçaram seus membros, fizeram amor...

E agora, eles não podiam nem dizer uma palavra um para o outro.

Muita coisa havia mudado em tão pouco tempo que eles não reconheciam mais um ao outro.

– Você quebrou sua promessa. – As primeiras palavras foram pronunciadas, quebrando o silêncio.

– O que? – Jimin perguntou, virando a cabeça para olhar a silhueta de Jungkook, olhos ajustados à luz fraca.

– Você quebrou sua promessa para mim, – Jungkook repetiu, – novamente.

– Novamente? – Jimin perguntou, confuso.

Jungkook zombou, rouco e baixo, o cansaço penetrando em sua voz:

– Você nem se lembra do que me prometeu, lembra?

– Foi uma noite longa. – Jimin disse, como se isso fosse uma desculpa boa o suficiente.

A sala estava envolvida em silêncio novamente, a tensão pairando no ar.

– Você disse que iria fugir. – Disse Jungkook. – Você me prometeu que iria fugir e que não olharia para trás e quebrou a promessa.

– Eu nunca te deixaria.

– Eu costumava acreditar nisso. – Jungkook disse. – Eu realmente acreditei. Costumava acreditar em tudo o que você me dizia. Costumava acreditar que você estaria lá para mim e que me amaria incondicionalmente. Costumava acreditar que contaríamos tudo um ao outro, e que eu valia a pena amar... Pelo amor de Deus, eu costumava acreditar que você era a única pessoa que nunca me machucaria, Jimin. – Seu peito estava ofegante, a respiração ficando mais pesada, os cílios molhados de lágrimas que ele nunca se permitiria derramar.  Agora não pelo menos. – Eu não sei mais no que acreditar. – Jungkook disse, a escuridão o cercando.

– Eu sei que quebrei sua confiança e que provavelmente não vou conseguir recuperá-la. – Jimin respondeu cautelosamente. – Mas nunca menti sobre como me sentia. Nunca. O que eu sentia por  você, o que eu sinto por você nunca foi uma mentira. Eu te amo, e mesmo que você não acredite em mim, continuarei amando você. Nunca quebrei minha promessa a você, Jungkook. Eu sempre vou  estar aqui para você.

Jungkook queria protestar.  Ele queria gritar e derrubar tudo, jogar coisas contra a parede até que a dor dentro de seu peito simplesmente... parasse.  Mas ele não fez.  Ele estava cansado.  Ele estava tão, tão cansado.  O corpo dele não se mexeu.  Não podia.  Como seu coração, seu corpo também estava quebrado.

Então ele ficou lá, ouvindo as palavras de Jimin, esperando que talvez, apenas talvez, Jimin dissesse algo e ele finalmente tivesse uma desculpa para não amá-lo.

– Você se lembra do que eu lhe disse naquela noite? – Jimin perguntou, não esperando uma resposta de volta.

"Lembro de tudo que você me disse.  Lembro-me de como eram todos os seus toques.  Lembro-me do dia em que nos conhecemos, a primeira vez que nos beijamos.  Lembro-me de como sua mão se encaixava na minha e da maneira como seus olhos se iluminam quando você fala sobre sua coisa favorita.  Lembro-me da cor dos seus olhos e da forma como suas covinhas se formam quando você sorri.  Lembro-me da primeira vez que você disse que me amava e da última.  Eu lembro de tudo sobre você".

Mas Jungkook não disse isso, não disse nada.

– Eu disse a você que se eu encontrasse alguém com quem eu me preocupasse, que eu realmente me importasse, eu faria ele me prometer algo. – Jimin falou. – E então eu prometi a mesma coisa.

Jungkook não disse nada.

– E eu quis dizer cada palavra. – Jimin disse, a voz cheia de lágrimas. – Jungkook, o que eu sinto por você não é uma mentira. E eu sei que o que fiz foi uma merda, mas juro que eu desisti. Escrever para mim era tudo, sempre foi meu sonho ter meu nome em uma porta, uma secretária e publicar meus trabalhos. Tudo o que eu quero é que as pessoas leiam o que eu escrevo e aprecio isso! Eu queria ser editor, queria tudo isso.  Eu não vou mais mentir para você, então quando estiver pronto... eu vou te contar tudo.

– E quanto a mim? – Foi tudo o que Jungkook disse.

– E você?

– Você ia me contar? – Jungkook perguntou. – E o resto de nós? Nós o acolhemos quando pensamos que você não tinha nada e você apenas coletava todas informações e...

– No dia em que você recebeu o pacote, eu disse a Taehyung que iria desistir. – Disse Jimin.

– Isso deveria me fazer sentir melhor?! Você sabe como foi descobrir que a pessoa que você pensou que amava só queria você por um pedaço de um jornal?

– Não é desse jeito. – Jimin disse, fracamente.

– Então, como é, Jimin? Porque eu estou tentando entender por que a pessoa que continuou dizendo que me amava e se importava comigo, coletava todas as informações sobre minha família e eu e apenas... – Jungkook disse,  zombando, incapaz de terminar sua frase.

Jimin estendeu a mão e acendeu a luz lateral, banhando a sala com uma luz amarela brilhante.  Ele se sentou e olhou para Jungkook que estava com os olhos fechados, tão acostumado à escuridão que a súbita presença de luz o queimou.

– Você quer ouvir toda a verdade agora? – Foi tudo o que Jimin perguntou, encostado na cabeceira de madeira da cama.

– Estou cansado, Jimin. – Jungkook disse, assustado.

– Eu também estou. – Jimin disse. – Estou exausto, Jungkook. E não posso viver comigo mesmo sabendo o quanto te machuquei.

– Na academia, você disse que era apenas por esta noite. – Disse Jungkook, finalmente olhando para Jimin, olhos desprovidos de estrelas e galáxias, de qualquer emoção. – Você quis dizer isso?

Jimin assentiu devagar.

Jungkook brincou com os fios desgastados no cobertor, escolhendo suas palavras com cuidado.

– Podemos fingir que nunca aconteceu? Só por hoje à noite.

– E amanhã? – Jimin perguntou, a voz baixa.

– Podemos nos preocupar com isso de manhã.

– Se você não me quer...

– Por favor, Jimin. – Jungkook implorou, a voz pesada, o nó crescendo em sua garganta. – Só por esta noite. Por favor.

Jimin assentiu.  Ele não sabia quem mais precisava disso: ele ou Jungkook.

– Vamos. – Disse Jungkook, estendendo os braços, esperando Jimin se arrastar entre eles.

Jimin inclinou a cabeça, sem se incomodar em apagar a luz.  Se essa era sua última noite com Jungkook, ele queria memorizar cada pequeno detalhe, traçar cada cicatriz, fantasma sobre qualquer nova ferida, ouvir seu coração bater uma última vez.

– Você parece cansado. – Observou Jimin, de cabeça no peito nu de Jungkook, o polegar passando sobre o ferimento no quadril da luta naquela noite.

– Estou exausto. – Jungkook respondeu, finalmente capaz de respirar novamente.  Era como se de repente tudo estivesse se encaixando.  Seu peito não doía mais e os cacos de vidro que costumavam esfaquear a cavidade no peito não pareciam tão afiados.

– Durma.

– Não durmo há algum tempo. – Disse Jungkook.

– Por que não?

Com os olhos inchados e cansados, ele olhou para Jimin deitado em seu peito, as palavras pesando pesadamente em sua língua e o coração partido, enquanto dizia.

– Eu tenho saudades de casa.

Em uma voz calma, um pouco acima de um sussurro, seus olhos se fecharam, como se este momento estivesse prestes a escapar dele, Jimin disse:

– Eu também.

Jungkook soltou um suspiro trêmulo, com medo de admitir isso em voz alta:

– Eu não estou mais.

Jimin sentiu uma pontada no coração,

– Nem eu.

– Boa noite, Jiminie. – Falou Jungkook, fechando os olhos, tentando lembrar como era, como se estivesse vivendo uma última vez.  Era como se ele abrisse os olhos de manhã e Jimin não estivesse mais aqui, ele não estivesse em seu peito, ele não estivesse tocando-o, ele não seria capaz de sentir a respiração de Jimin no seu peito nu e machucado.

– Boa noite Kookie. – Jimin disse de volta, segurando a cintura de Jungkook com um pouco mais de força, precisando sentir seu calor sob as pontas dos dedos.

Eles dormiram com a luz acesa naquela noite.

[...]

       
Hoseok estava sentado na arquibancada da academia, a cabeça baixa, enquanto Yoongi o encarava, encostado no poste branco do ringue de boxe.

– Você  não vai dizer alguma coisa? – Yoongi exigiu, irritado, mãos cruzadas sobre o peito.

– Nada que eu ainda não tenha dito. – Hoseok respondeu

– Porra, Hoseok! Você vai fingir que esta noite não aconteceu?!

          
📽️ Flashback - Yoongi e Hoseok

Yoongi precisava ficar sozinho.  Essa é a única maneira de ele processar essas emoções.  Os últimos dois meses foram incrivelmente agitados e Yoongi sentiu que não tinha tempo para respirar, muito menos pensar em como ele se sentia.  As emoções, para ele, sempre foram um luxo.  Na linha de trabalho em que ele trabalhava, ele não deveria ter sentimentos, ou quaisquer outros pensamentos sentimentais, porque tudo o que fazia você era fraco.  E Yoongi não podia se dar ao luxo de ser fraco.

Mas então Hoseok apareceu e, de repente, parecia que ele não se lembrava de como era ser fraco.  Hoseok se tornou sua âncora, seu melhor amigo, seu amor, a pessoa que ele precisava ao seu lado.  A família dele.

Mas então ele foi esfaqueado, e o mundo de Yoongi virou de cabeça para baixo.  E então ele se lembrou do que fazia para viver.  Ele não conseguia parar de se culpar por envolver Hoseok.  Claro, Hobi não era um anjo, e Yoongi sabia o tipo de vida e de onde ele veio.  A primeira vez que Yoongi o conheceu, ele estava fugindo de pessoas que queriam matá-lo, então não era como se esse mundo de Yoongi fosse novo para Hoseok.  Mas ainda assim, Yoongi o envolveu na gangue, e ele se tornou o braço direito de Jin.  O braço direito da maior gangue da cidade, e agora estava no hospital.

Para colocar a cereja no topo do bolo fodido de Yoongi, Jimin entrou em sua vida, junto com Taehyung e Namjoon.  Yoongi não iria mentir.  Ele gostou de Jimin muito rapidamente, porque o lembrava de um Jungkook de 15 anos, com sua determinação de querer se proteger e um fogo em seus olhos que ele não via há muito, muito tempo.

Eles se tornaram uma família, todos os sete, e Yoongi não poderia estar mais feliz.  E isso era perigoso.  Toda vez que Yoongi estava feliz, algo ou alguém arrebatava essa felicidade dele.

Começou com o pai adotivo, e depois para Jin, depois para Hoseok, e então Jimin, e agora...

Agora ele não sabia se um dia mais faria parte de uma família.  Ele não sabia se ele queria.

Ele só queria ser feliz... Isso é tudo que Yoongi sempre quis.

Então, quando Taehyung disse a ele que ele poderia ir para casa sozinho, Yoongi não pôde deixar de sentir uma sensação de alívio.  Ele precisava ficar sozinho por um tempo também.  Só um pouquinho, para resolver sua situação interna e tentar recuperar-se mentalmente.  Os próximos dois dias seriam cruciais e Yoongi não podia se distrair, nem um pouco.  Ele andou por aí, sem saber para onde estava indo, mas atravessando ruas e andando pelas calçadas quase vazias de qualquer maneira. Ele respirou o ar fresco, da noite, as calçadas sendo iluminadas pela luz da lua e pelas luzes amarelas fracas da rua.

Yoongi não sabia quanto tempo ou por onde andou.  Ele apenas andou, andou e andou.  E a próxima coisa que ele soube foi que suas pernas o trouxe direto para a parte de trás da porta da academia.

Estava escuro.  Muito, muito escuro.

Não havia nada na academia, mas Yoongi podia sentir uma presença na sala.  Ele estendeu a mão e acendeu as luzes.  Yoongi não tinha nenhuma arma e sabia que o que fazia era estúpido.  Mas ele fez assim mesmo.  Sua respiração ficou presa na garganta quando viu Hoseok carregando uma mochila, e quase saindo pela porta da frente da academia.

– O que você está fazendo? – Yoongi perguntou.

– Eu pensei que você não voltaria até de manhã. – Disse Hoseok, se sentindo culpado, olhando para o relógio e depois para Yoongi.

5:07 da manhã.

V-você está indo para algum lugar? – Yoongi perguntou, querendo ser firme e sério, mas sua voz o traiu, quebrando no meio, o nó lentamente se formando em sua garganta.

– Yoongi... – Foi tudo o que Hoseok conseguiu dizer, olhando para longe, com culpa.

– Você está saindo, não está? – Yoongi falou, mais do que pediu, piscando para afastar as lágrimas.

– Você não deveria b...

– Deveria o quê?! Encontrar você aqui? Partindo assim?! – Yoongi estalou, gritando, a voz ricocheteando nas paredes vazias da academia. – O que você ia fazer, hein, Hoseok? Sair no meio da noite sem se despedir, sem dizer nada?! Você me abandonaria?

– Yoongi, por favor...

– Por favor, o que?! –  Ele gritou, com a voz entrecortada. – Você estava indo embora porque as coisas estão difíceis agora? É isso?! Você está saindo apenas porque as coisas não são mais fáceis?

Hoseok não disse nada enquanto lágrimas de raiva escorriam pelas bochechas de Yoongi, brilhando sob a iluminação branca e dura do ginásio.

– Então toda essa merda que você vomitou mas cedo para Jin e para nós, isso não significa nada para você?! Não significamos nada para você?! Jin e Jungkook não significam nada?! Toda essa merda que você disse sobre família, foi tudo uma mentira?! – Yoongi gritou, palavras saindo de sua boca, esperando que Hoseok mudasse de idéia. O peito estava arfando, o coração pesado, o nó na garganta ficando cada vez maior. Com uma voz suave, quebrada e cansada, ele disse. – Não significo nada para você, Hoseok?

O silêncio caiu na academia pela primeira vez em muito, muito tempo.  O ar pairava pesado ao redor dos dois, ambos nos extremos opostos da academia.

Flashback off 📽️

       
Hobi não sabia o que dizer, e Yoongi também não.  A mochila estava ao pé de Hoseok.

– Perdemos a gangue. – Hoseok falou.

– Eu sei. – Yoongi cuspiu. – Eu estava lá.

– E eu não estava. – Hoseok disse a ele, olhando para cima, quase com culpa.

– E fugir vai resolver sua culpa?

Hoseok respirou fundo.

– Eu nunca tive uma família...

– Então, que porra somos nós? – Yoongi gritou, cortando-o.

– Deixe-me falar, Yoongi. – Hoseok implorou.

– Ok.

– Eu nunca tive uma família. Meus pais não me queriam e mais ninguém. Eu morava sozinho. Eu vivia como um nômade. Eu vivia para sobreviver um dia, sem saber se outro dia estava no meu destino ou não. – Hoseok  disse, olhando para os sapatos dele, sem ter coragem de encarar Yoongi. – Mas então eu te conheci. Eu te conheci enquanto fugia de uma vida que eu não queria mais... E a próxima coisa que eu sabia, foi que estava tendo uma vida com você. Você se tornou minha família, e Jungkook também, e então Jin e Jimin e Tae e Joon, e agora... eu pensei que tinha uma família, pensei que fiz uma família eterna com vocês... Mas não parece que isso vai durar. E é por isso que eu corri.

– Então, você está fugindo porque está com medo. – Yoongi concluiu.

– Eu vim de uma família desolada, Yoongi, uma que se desfez, eu não suporto ficar em uma outra de novo. – Hobi disse, olhos cansados ​​brilhando com lágrimas não derramadas.

Yoongi se agachou na frente de Hoseok.

– Lutamos pelo que queremos. Não fugimos porque as coisas estão difíceis, Hobi.

– Estou com medo. – Disse ele, trêmulo.

– Eu também, Hobi. Eu também.

Hoseok soltou um suspiro trêmulo, esvaziando.

– Vamos lá. – Disse Yoongi, levantando-se e estendendo a mão.

– Onde estamos indo?

– Casa.

[...]

         
– Kang! – Roscoe chamou, andando com um copo de uísque na mão.

Kang estava sentado no que costumava ser o trono de Jaehwan, passando as mãos sobre o tecido e os lados, admirando-o.  Ele entendia agora por que Jaehwan gostava tanto do poder e como ele se tornou o que era.  Ter pessoas tendo medo de você, fez Kang se sentir invencível.  Assim como Jaehwan, ele também se alimentava do conflito que estava causando, da dor que infligira, do fato de que ninguém queria ver seu lado ruim e fazia tudo o que podia para ganhar seu favor.

– Eu... eu te trouxe um drinque. – Roscoe gaguejou, tremendo, colocando o copo de cristal na frente dele.

– Diga-me uma coisa, Roscoe. –  Kang disse.

– Sim... sim?

– Como você acha que Jin e seus pequenos vira-latas deveriam ser mortos? Com arma? Tortura? Ou algo mais? – Kang perguntou, estalando os dedos e apontando para a bebida.

– Você vai matá-los? – Roscoe perguntou, olhos arregalados quando ele encarou Kang.

– Me dê minha bebida. – Kang disse com os dentes cerrados, a paciência se esgotando quando ele se recostou na cadeira.

– Oh, eu... – Roscoe mexeu-se, agarrando o copo de cristal, fazendo algumas gotas espirrarem ao redor e no antebraço nu de Kang.

Kang olhou para o líquido âmbar, misturando-se em sua pele, praticamente imperceptível.  Ele a sacudiu com um dedo.

– Se você não tivesse sido o motivo pelo qual roubei o dinheiro de Jin, você teria uma bala na cabeça agora. – Disse Kang calmamente.

– Desculpe, Jaehw... Umm, quero dizer Kang. – Roscoe gaguejou, o medo o envolvendo.

Kang pousou a bebida, olhando para Roscoe.

– Você acabou de me chamar de Jaehwan?

– N-Não, Kang... Eu não... Eu juro... Foi um erro. Um deslize da língua... – Roscoe começou a se atrapalhar, palavras saindo de sua boca, esperando que algo, qualquer coisa, impedisse Kang de matá-lo.

– Qual é a sua memória favorita, Roscoe? – Kang perguntou, recostando-se na cadeira, colocando os pés na mesa à sua frente, tomando um gole de sua bebida.

– O que?

– Sua memória favorita. – Repetiu Kang. – O que é isso? Sua mãe cozinhando? Talvez um passeio? Primeira vez transando com alguém? Qual é a sua memória favorita?

– É a primeira vez que eu e meu pai fomos pescar. – Respondeu Roscoe com um sorriso nostálgico no rosto. – Ele me acordou no raiar do dia quando eu tinha 15 anos e dirigimos três horas para o seu lago favorito. Nós não pegamos nenhum peixe naquele dia, mas é algo que eu nunca esqueço.

Kang lançou um sorriso para ele.

– Pense na memória.

Antes que Roscoe pudesse piscar, o som de um tiro ecoou pelo clube.  Kang se inclinou para frente e agarrou o copo quando viu Roscoe, esticar a mão e tocar a lateral do peito, as mãos cobertas de sangue assim que as pontas dos dedos fizeram contato com o local em que a bala se alojara.  Ele ofegou e gaguejou, as lágrimas escorrendo pelo rosto quando caiu, o rosto primeiro no tapete.

E tudo o que Kang fez foi assistir e bebericar seu uísque, recostando-se na cadeira.

– Que pena. – Disse ele, estalando a língua, vendo a vida se esvair lentamente de Roscoe diante de seus olhos. – E pensar que você tinha tanto potencial.

CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
──── ──────── ────
︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶

Gente, que homem ordinário é esse Kang.

E então gostaram do capítulo? Espero que sim. Eu amei. Amei o desenrolar dos Jikook.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top