30. chapter thirty
Assim que a porta se fechou atrás de Jungkook, ele caiu contra a parede, os olhos fechados, recostando-se, a exaustão atingindo-o de uma só vez. As últimas 48 horas o esgotou toda sua força: emocional, mental e física. Ele podia sentir as contusões florescerem e lentamente se formarem em sua pele, ele podia sentir o sangue seco em sua pele, as feridas que acabaram de se formar. Mas o pior de tudo, ele ainda podia sentir os cacos de seu coração partido cutucar a cavidade em seu peito, onde seu coração costumava estar.
Muita coisa aconteceu em tão pouco tempo, e Jungkook estava cansado. Ele estava tão, tão cansado. Não era o tipo de cansaço em que uma boa noite de sono poderia curar. Era o tipo de cansaço que você sentia profundamente em seus ossos; e ele não sabia como consertar.
Jimin estava na parede oposta, encostado nela enquanto olhava para Jungkook. Jimin nunca o viu assim. Tudo o que viu foi como o boxeador estava exausto e vulnerável.
Fora daquela porta, Jungkook era forte, imbatível, feroz e perigoso. Mas aqui, no conforto de sua própria casa, longe de olhares indiscretos, Jimin viu como a fachada derreteu, descartada como se nunca tivesse existido.
Aquela academia, por mais que fosse um lugar seguro, sempre teria olhos curiosos, e Jungkook tinha que ser constantemente forte, mesmo que isso significasse esconder como ele realmente se sentia. E Jimin, pela primeira vez, pôde ver o quão triste isso era.
📽️ Flashback - Jimin
– Três dias. – Avisou Kang. – No cais.
A boca de Jimin estava aberta, os olhos cheios de lágrimas ao ver Jaehwan deitado em uma piscina composta de seu próprio sangue e pedaços de seu cérebro espalhados ao redor dele. Como nenhum deles se importaram? Como eles poderiam ficar lá, ignorando completamente o que estava na frente deles? Havia um homem morto na sala! Bem na frente deles! Deitado a seus pés e ninguém estava fazendo nada!
– Jimin. Jimin olha para mim.
Jimin ouviu fracamente, os olhos imóveis da visão sangrenta na frente dele.
Uma mão quente segurou sua bochecha, puxando seu rosto gentilmente e tudo o que viu foram poças de mel.
– Olhe para mim, Jiminie. Diretamente para mim. – A voz suave e melódica o tirou do transe.
Seu lábio inferior tremeu e ele foi puxado para um abraço caloroso e levado para a arquibancada. Jungkook estava agachado na frente dele, com sangue seco no rosto, hematomas no maxilar e na bochecha, e ainda assim, o único que importava para o boxeador era o bem-estar de Jimin.
– Eu não vou deixar nada te machucar, Jimin. – Ele disse.
– Por favor. – Jimin disse com uma voz trêmula.
– Do que você precisa? – Jungkook perguntou.
– Não me deixe ficar sozinho esta noite. Por favor, Kookie, eu não posso... eu não posso ficar, eu realmente... eu não quero...
– Ei, ei, ei. – Jungkook falou, enxugando as lágrimas das bochechasvdo garoto. – Estou bem aqui, Jimin. Você não está sozinho. Você nunca estará sozinho. Estou bem aqui.
Jimin se lançou nos braços de Jungkook, querendo nada mais do que sentir amor, conforto e calor, mesmo que soubesse, no fundo de sua mente, que ele não merecia essa gentileza.
Flashback off 📽️
A fachada forte foi lavada e tudo o que Jimin viu foi como Jungkook estava tentando ser forte para todos os outros, quando tudo o que ele precisava era de alguém para ser forte por ele também.
Jimin era egoísta. Ele sabia que era. Mas agora ele não queria mais ser.
Se sua presença machucava ainda mais Jungkook, então ele não podia ficar. Entao ele se afastou da parede, pegou na maçaneta da ponta para ir embora, quando uma mão quente envolveu seu pulso. Sua cabeça se abaixou para ver as juntas machucadas. Ele olhou para Jungkook, que finalmente abriu os olhos, e não pôde deixar de soltar um pequeno suspiro.
A galáxia que antes preenchia os olhos castanhos cor de mel que ele estava tão acostumado a ver, estava escura, cansada, com bordas vermelhas. Ele estava tão acostumado a encontrar constelações em seus olhos, e agora tudo o que podia ver era dor e escuridão.
– Fique. – Jungkook mal conseguiu falar, a voz rouca, trêmula, cheia de emoção não dita.
Jimin assentiu. Pela primeira vez, ele não estava sendo egoísta. Jungkook estava sempre lá quando precisava dele. Agora era a vez de Jimin estar aqui, e ele o ficaria, pelo tempo que quisesse. Ele não estava indo a lugar algum.
[...]
– O que você está pensando? – Jin perguntou a Namjoon, dedos passando por suas mechas marrons e macias que estava deitava no peito dele.
– Sobre tudo. – Ele respondeu.
– Você está com medo?
– Não de você. – Namjoon disse. – Nunca de você.
– Sinto muito por não ter protegido você. – Jin disse, suavemente.
– Você pulou na frente de uma arma para mim, Jin. – Disse Namjoon, olhando para ele. – Se isso não está me protegendo, eu não sei o que é.
– Ele seria um homem morto se tentasse machucá-lo. – Jin rosnou, raiva brilhando em seus olhos.
Namjoon ficou quieto, não querendo reviver o que aconteceu hoje à noite. Mas ele não pôde evitar. Tudo o que se repetia em sua mente era o que se desenrolava.
📽️ Flashback - Namjoon
– Três dias. – Avisou Kang. – No cais.
Jin ficou de pé, sem vacilar, um rosnado nos lábios enquanto observava Kang e sua legião saírem da academia. Ele esperou até que as portas estivessem fechadas antes de girar e pegar Namjoon em seus braços.
Ele podia senti-lo tremer como uma folha, lágrimas quentes e úmidas caindo na curva do pescoço.
– Shh, baby, shh. – Jin sussurrou nos cabelos de Namjoon, abraçando-o com força, virando-os para que Namjoon não pudesse ver o sangue, nem o corpo morto. – Você está bem, Joonie. Estou bem aqui, baby. Ninguém vai te machucar. Estou bem aqui. Você está bem. – Jin continuou sussurrando garantias para ele, desejando ter o poder de apagar a memória de Namjoon.
Jin estava dessensibilizado com toda a violência. Ele estava entorpecido. Nada disso significava nada para ele. Inferno, foi ele quem puxou o gatilho algumas vezes, como um tiro na frente dele faria alguma diferença?
Mas Namjoon... Namjoon não estava acostumado a ver tanto sangue. Ele não estava acostumado a ver esse lado de Jin também. E isso era tudo culpa de Jin. Ele não deveria ter trazido ele para este mundo. Agora Namjoon tem que viver com essa memória a vida toda.
– Ji-Jin, ele apenas... – Namjoon tentou dizer através das lágrimas, mas as palavras não estavam saindo.
– Eu sei. Eu sei... – foi tudo o que Jin pôde dizer enquanto o abraçava com mais força, acariciando seus cabelos, a outra mão nas costas, esfregando círculos nele.
– Eu nã... Jin eu não...
– Shh, Namjoon, querido. Shhh. – Jin confortou suavemente em seus cabelos. – Você está bem. Eu peguei você. Eu peguei você, Joon. – E em voz baixa, ele sussurrou: – Eu nunca vou deixar você ir novamente.
Jin não sabia quanto tempo segurou Namjoon enquanto esse chorava, lágrimas molhando seu pescoço e camisa, mas ele não se importava. Ele o segurou até sentir os soluços desaparecerem. Ele acariciou as costas de Namjoon, sussurrando palavras de segurança, abraçando-o, certificando-se de que ele sabia que ninguém o machucaria desde que Jin tivesse algo a dizer sobre isso.
Namjoon se afastou, limpando o rosto com as mangas, os olhos vermelhos enquanto olhava para Jin, o lábio inferior tremendo novamente.
– Ninguém, – Disse Jin, com o polegar na bochecha de Namjoon, enquanto limpava a lágrima perdida com um sorriso reconfortante. – nunca vai machucá-lo. Entendeu? Eu vou protegê-lo com a minha vida, Joonie.
– E é exatamente disso que eu tenho medo. – Namjoon disse a ele, a voz trêmula enquanto ele respirava fundo. – Eu não quero ser a razão para você se machucar.
– Você não é minha fraqueza, Namjoon. – Ele disse. – Você é a única coisa que me faz continuar forte.
– Jin. – Yoongi disse, chamando sua atenção para ele. – E agora?
– Não estamos no momento certo para tomar decisões. – Disse Jin a eles. – Vamos descansar um pouco e nos encontraremos aqui amanhã.
Yoongi assentiu, a exaustão atingindo-o também.
– Yoongi. – Jin chamou.
– Sim?
– Você ainda tem o número do cara para limpar isso? – Jin perguntou, acenando para o corpo no chão, uma expressão de nojo cruzando seu rosto.
– Eu ligarei para ele. – Yoongi disse, pegando o telefone do bolso e levando-o ao ouvido.
Jin voltou-se para Namjoon, com carinho e adoração em seus olhos,
– Vamos para casa.
Flashback off 📽️
Namjoon não conseguia parar de pensar em como Jin ficou na frente de uma arma para ele.
Foi imprudente. Isso foi estúpido!
Foi possivelmente foi a coisa mais idiota que Jin fez! Isso o deixou com tanta raiva!
Foi assustador...
O tempo todo que Kang estava na academia, Namjoon não pôde deixar de orar. Ele se viu orando a todo Deus que existia, apesar dele ser ateu. Ele orou e rezou para que nenhum dano viesse a Jin e seus amigos. Ele apenas queria que todo mundo ficassem seguros. E quando a arma foi apontada para ele, Namjoon não ia mentir, seu primeiro pensamento não foi sobre si mesmo... Foi que se ele fosse morto naquele momento e ali, pelo menos todos os outros que ele amava estariam seguros. Pelo menos ele morreria sabendo que seus amigos estavam sãos e salvos.
– Você está pensando muito. – Jin comentou, preocupado com o que estava passando pela cabeça do namorado.
Namjoon sentou-se e olhou para Jin, que se apoiou nos cotovelos.
– O que há de errado? – Jin perguntou.
– Eu preciso que você me prometa algo. – Namjoon exigiu.
– O que é isso?
– Prometa-me.
– Eu não posso prometer algo sem saber o que é amor. – Disse Jin com um sorriso divertido.
– Prometa-me que se algo como esta noite acontecer novamente, você não fará algo estúpido como pular na frente de uma arma por mim. – Namjoon disse.
Jin não disse nada.
– Jin! Prometa-me!
– Não posso fazer uma promessa quando sei que vou quebrá-la. – Jin falou calmamente.
Namjoon esvaziou. O que mais ele poderia fazer? O que ele poderia fazer ou dizer para fazer Jin viver?! Ele não queria que Jin se machucasse. Ele nunca quer ser a causa disso. Ele não quer nem imaginar um tempo ou lugar onde Jin acabe como Jaehwan.
Isso machuca. Dói muito só em pensar nisso.
Ele só quer Jin seguro. É pedir muito?
– Joonie, olhe para mim. – Disse Jin, inclinando-se para frente, colocando o dedo sob o queixo de Namjoon, empurrando-o suavemente para que o namorado encontrasse seus olhos. – Eu não posso prometer isso, porque sempre vou protegê-lo. Vou sempre, sempre, mantê-lo fora de perigo.
– Qual a vantagem de me proteger quando você vai se machucar?
– Eu não ligo para eu me machucar.
– Mas eu faço, Jin! – Namjoon gritou, afastando a mão. – Porra, Jin! Como você pode fazer algo tão imprudente?! Você sabe como foi para mim assistir a arma apontada para você em vez de mim?! Você sabe como é ter medo que a pessoa que você ama se machuque?!
– Eu sei exatamente como é. – Jin respondeu, mais calmo, com uma voz inabalável e calma. – Porque eu vi a arma apontada para você primeiro.
Namjoon suspirou:
– Eu só não quero que você se machuque.
– Eu sei. – Jin disse, lentamente levantando a mão e segurando a bochecha de Namjoon, inclinando-se para frente e colocando a testa na dele. – Eu sei.
– Eu te amo. – Namjoon falou, olhos vermelhos arderam com lágrimas novamente.
– Eu também te amo. – Disse Jin. – Mais do que você imagina. Muito mais do que você possa imaginar.
Ele se inclinou primeiro, capturando os lábios de Namjoon em um beijo suave e gentil. Todos os medos, lágrimas, corações partidos e confiança quebrada que antes existiam, derreteram com a paixão ardente de seus lábios um contra o outro. Eles tinham um ao outro de volta, e nada e ninguém poderia estourar a bolha que estava começando a se formar em torno deles.
Namjoon se afastou, respirando pesadamente enquanto descansava a testa na de Jin, precisando senti-lo, saber que ele estava aqui, próximo a ele, seguro. Vivo. Apaixonado.
– Venha para a cama, Joon. – Jin disse, deitando-se.
Namjoon assentiu, só agora percebendo o quão exausto e cansado ele estava. Ele deitou-se no peito nu de Jin, ouvindo o forte baque de seu coração.
– Namjoon... – Jin chamou, interrompendo. – Eu sei que não é a hora ou o lugar, mas eu só queria perguntar...
– Eu não sabia. – Namjoon disse, interrompendo-o, já sabendo o que ele queria perguntar. – Eu realmente não sabia sobre Jimin, ou toda a coisa da matéria. Tudo o que eu sabia sobre toda essa situação era que Jimin foi demitido, e então ele começou a trabalhar para Yoongi e ele estava apaixonado por Jungkook. – Namjoon suspirou. – Taehyung e ele esconderam tudo de mim. Eles mantiveram o fato de que você era o líder do Kim Clan de mim, eles mantiveram o boxe subterrâneo de mim... – Namjoon disse.
– Você não está bravo com eles?
– Eu fiquei. – Ele respondeu honestamente. – Fiquei furioso porque eles não me disseram nada. Mas agora, depois de ouvir o lado deles, como eu poderia estar? Tudo o que eles queriam era me proteger. Se alguma coisa, você deveria simpatizar com eles. Você você fez a mesma coisa, não fez?
Jin não quis responder, então simplesmente deu um beijo na testa de Namjoon e estendeu a mão para desligar a lâmpada lateral.
– Boa noite, Joon.
Silêncio e escuridão envolveram a sala, deixando-os apenas com o calor um do outro e seus pensamentos.
– Jin?
– Sim?
– O que vai acontecer agora?
– Eu não sei, Joon. – Respondeu ele, seu batimento cardíaco acelerando, ansiedade e preocupação passando por ele enquanto abraçava Namjoon mais perto, esperando que o desconforto que ele estava sentindo desaparecesse. – Eu realmente não sei.
[...]
Taehyung lidou com as coisas sozinho.
Essa é a maneira mais fácil de explicar. Ele sempre esteve sozinho, por toda a sua vida. Desde que ele perdeu seus pais quando tinha 13 anos em um acidente de carro. Ele não se lembrava da sua vida antes do acidente de carro. Se fosse honesto, ele gostava de imaginar que foi uma vida feliz que ele viveu. Na sua cabeça, ele, seu pai e sua mãe eram a família perfeita.
O jovem Taehyung acordava de manhã, tomava banho, se preparava para a escola, descia as escadas para a cozinha, sua mãe fazendo o café da manhã, beijava a testa enquanto lhe desejava bom dia e colocava panquecas na frente dele. Seu pai o cumprimentava com um sorriso e sua mãe com um beijo de bom dia enquanto se sentava à mesa de jantar, lendo um jornal com café fresco e uma torrada com manteiga na frente dele. Não haveria nada além de sorrisos, conversas agradáveis e amor em sua casa.
Mas é claro, tudo isso era apenas sua imaginação.
Taehyung gostava de brincar consigo mesmo que o T em seu nome representava Trágico. Torturante. Terrível.
Porque era assim que sua vida era: Trágica e Terrível. E essas memórias são torturantes. E tudo o que elas fazem foram colocá-lo na turbulência.
Depois que seus pais morreram, ninguém o quis. Ninguém de sua família o desejava, e os orfanatos e casas de grupo eram desastrosos. Ele viveu lá até os 16 anos e depois se mudou o mais longe que pôde. Quando ele completou 18 anos e finalmente conseguiu acessar o dinheiro do seguro que recebeu dos pais que estavam mortos, ele se mudou, conseguiu um bom lugar para ficar e se deliciou com o fato de poder ficar sozinho sem que as pessoas o olhassem e zombassem dele ser um perdedor.
O primeiro amigo de verdade que ele fez foi Jimin. Verdade seja dita, ele não fez um amigo em Jimin. Jimin o viu e fez o primeiro movimento para ser amigo. Ele não se importava com o fato de que Taehyung continuava tentando afastá-lo. Jimin estava sempre lá, sempre que ele precisava. E foi quando Taehyung soube que era assim que a amizade deveria ser: Cheia de amor, apoio e bondade sem fim.
Ele não estava acostumado a isso.
Quando você é cruel com você mesmo, tudo que você acredita são as palavras cruéis que são ditas. E isso é tudo que Taehyung acreditava que ele era. Ele achava que não valia mais do que o destino terrível e torturante em que acreditava.
Mas Jimin e Namjoon mostraram o contrário. Eles mostraram a ele o que significava ser feliz, o que significava sorrir e chorar se ele precisasse. Mas, apesar de tudo, eles seguraram a mão dele e disseram que o T em Taehyung significava Terrific (Formidável), thankful (grato), talented (talentoso) e trustworthy (confiável).
Quando Kang apontou a arma para Namjoon, todos os pensamentos e sentimentos sombrios começaram a penetrar novamente em sua corrente sanguínea. Ele foi a causa disso. Sua má sorte e seu terrível destino causaram tudo isso.
Ele pulou ao som da arma disparando, o gatilho sendo puxado. Seu primeiro pensamento, mesmo antes de ver quem estava no chão, foi que deveria ter sido ele. E então ele viu Jaehwan, caindo no chão, ensanguentado... Morto.
📽 ️Flashback - Taehyung
Depois que Kang saiu, murmurando alguma ameaça que Taehyung não podia ouvir... seus joelhos cederam e ele caiu no chão. Sua respiração ficou pesada, os olhos embaçados e ele não conseguia pensar. Ele simplesmente não conseguia pensar. Tudo o que estava em sua cabeça era o som do tiro e o olhar dos olhos de Jaehwan quando a bala se alojou em sua cabeça.
– Respire. Taehyung, você tem que respirar.
Uma mão quente foi colocada em suas costas e outro par de mãos o puxou para cima.
– Puxe e solte, puxe e solte... Mais uma vez...
Ele seguiu os sons, inspirando e expirando. Lentamente.
As paredes pararam de se fechar e o peso em seu peito desapareceu.
– Você está bem?
– Ele acabou de ver alguém M-O-R-R-E-R, Yoongi! Obviamente ele não está bem! – Hoseok disse, batendo Yoongi levemente no ombro.
– Você percebe que ele tem mais de 5 anos, certo?! Ele sabe soletrar, Hoseok! – Yoongi rebateu.
Taehyung soltou um suspiro. Mesmo com tudo isso, eles ainda podiam brincar.
– Você está bem, Tae? – Yoongi perguntou novamente, com preocupação em cada sílaba.
– Você está? – Taehyung conseguiu perguntar através da falta de ar.
Yoongi olhou para Hoseok e depois para Taehyung.
– Estamos mais preocupados com você agora.
– Estou bem. – Ele mentiu. Ele precisava ficar sozinho. – Eu só vou para casa.
– Não sozinho. – Hoseok disse imediatamente. – Eu vou levá-lo.
– Não.
– Taehyung, eu vou com você e é isso ponto final. – Yoongi disse, olhando para Hoseok. – Eu vou falar com Jin, pra ter certeza que ele está bem e então eu vou levá-lo.
Hoseok assentiu, observando Yoongi se afastar, com tristeza nos olhos.
– Você está bem?
– Você acabou de assistir um homem levar um tiro e está me perguntando isso? – Hoseok disse sem rodeios.
– Você o viu também.
– Eu já vi essas coisas muitas vezes. – Ele riu sombriamente.
– Não significa que fica mais fácil. – Taehyung respondeu.
Hoseok olhou para o chão, as mãos juntas.
– Quer falar sobre isso? – Taehyung perguntou.
– Só estou triste por perder tudo, eu acho. – Disse Hoseok de passagem, como se isso não importasse.
– Sorte sua então. – Taehyung falou. – Você não perdeu tudo.
– Você não viu e ouviu o que aconteceu?
– Olhe ao redor de Hoseok. – Disse Taehyung. – Se você realmente tivesse perdido tudo, eles não estariam aqui, agora estariam. Yoongi não estaria ao seu lado, Jimin e Namjoon não teriam voltado, Jin não estaria tentando pensar em algo para nos proteger e Jungkook não teria lutado no ringue.
Hoseok desviou o olhar. Taehyung não sabia dizer o que estava tentando esconder, mas sabia que havia mais do que Hoseok estava deixando transparecer. Havia muito, muito mais.
– Você tem uma família aqui, Hobi. – Taehyung disse suavemente. – Uma família que nunca vai parar de brigar até que viva feliz para sempre.
– Não era para ser eu quem devia está te confortando? – Hoseok disse, com um sorriso fantasma nos lábios, tentando desviar o assunto.
Taehyung apenas lançou-lhe um sorriso triste, olhando para longe.
– Eles também são sua família, você sabe. – Disse Hoseok suavemente.
– Eu perdi o direito a esse título há muito tempo. – Taehyung respondeu.
– Tae eu...
– Vamos Taehyung. – Yoongi disse, olhando para o telefone, batendo na porta. – Eu vou te deixar em casa.
– Tchau, Hoseok. – Taehyung falou.
– Adeus, Tae... – Hoseok parou, os olhos arregalados com uma emoção que Taehyung só poderia descrever como tristeza.
Yoongi procurou as chaves, parando no meio da caminhada com Taehyung ao lado dele.
– Yoongi. – Taehyung chamou.
– Mhmm? – Yoongi cantarolou em resposta, enfiando a língua para fora enquanto procurava nos bolsos.
– Acho que Hobi precisa de você mais do que eu.
– O que? – Yoongi perguntou, finalmente olhando para cima, sobrancelhas franzidas.
Taehyung apenas olhou para ele e, pela primeira vez, Taehyung realmente o viu. O verdadeiro Yoongi. Aquele que não estava escondido atrás do personagem leal que estava acostumado a interpretar. Aquele que não era apenas o membro da gangue, ou o dono da academia.
Ele viu o verdadeiro Yoongi, aquele que se importa demais, mas que finge ser frio. Quem está sempre lá para todos quando precisam dele. Aquele que criou Jungkook como seu próprio filho, seu próprio irmão, como sua própria família. Aquele que passou por tanta coisa, ainda assim, coloca todos os seus problemas de lado para estar lá para os outros.
Aquele que apenas quer amor.
Aquele Yoongi que anseia por um amanhã melhor.
Ele viu esse Yoongi.
– Vá. – Taehyung disse: – Vá até ele.
"Você precisa dele. Ele precisa de você."
– Tae...
– Eu sou um garoto grande. –Taehyung falou com o que esperava ser um sorriso. – Eu posso me levar para casa.
– Mas Taehyung eu...
– Vejo você amanhã, Yoongi. – Disse ele, impaciente, se afastando lentamente, sabendo que se não fizesse isso agora, provavelmente não iria embora. Ele seria egoísta e se confortaria com algo que não era dele.
Então ele foi embora.
Flashback off 📽️
Taehyung estava sozinho novamente.
Taehyung só sabia como lidar com as coisas sozinho.
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Eu sou como Taehyung. Só sei lidar com as coisas sozinha também.
Sei que vocês queriam um TaeYoonSeok. Mas não.
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