15. chapter fifteen
Durante toda a luta, Jimin estava à beira do seu assento. Estremecendo e sibilando de dor como se os socos fosse nele, em vez de em Jungkook. A luta inteira, ele enfiou os dedos na beirada do assento, querendo nada mais do que correr até lá e segurar Jungkook nos braços. Cada soco, cada som de punhos contra a pele, ecoando e ricocheteando nas paredes de cimento, ainda mais alto que os gritos por mais derramamento de sangue.
Jimin podia ver os olhos de Jungkook escurecendo, o fogo e a escuridão tomando conta dele. Mesmo com sangue no rosto e nas mãos, Jungkook queria mais. Jimin percebeu que havia uma raiva e uma escuridão que tomavam conta de Jungkook cada vez que ele entrava no ringue. Era como se ele fosse uma pessoa completamente diferente quando estava lá. Mas de alguma forma, hoje estava diferente, e Jimin não sabia o porquê. Era como se Jungkook não fosse parar até que houvesse sangue cobrindo cada centímetro do ringue branco. Algo aconteceu na luta, e Jimin queria saber o que.
Ele abriu a porta, os olhos procurando cada canto, cada centímetro por Jungkook.
- Kookie. - Jimin chamou.
- Estou bem. - Ele ouviu pelas costas.
Jimin correu, observando enquanto Jungkook tentava lavar o sangue quase seco de suas mãos, esfregando com as unhas, enquanto o sangue girava em torno da pia, brilhante e fresco, antes de ir pelo ralo.
- Você vai se machucar se continuar esfregando assim.
- Estou bem. - Jungkook disse, estoico.
- Mova-se. - Jimin disse suavemente, caminhando até ele e gentilmente afastando a mão enquanto limpava o sangue com movimentos suaves do polegar.
Jungkook não conseguia tirar os olhos de Jimin. O garoto de cabelo rosa o tratava com tanta delicadeza, como se ele, o boxeador subterrâneo com cicatrizes e machucados e sangue por todo o corpo, fosse se quebrar a qualquer momento. Eles trabalharam em silêncio, com Jimin lavando o sangue e Jungkook apenas olhando para ele.
Jimin fechou a torneira, pegando lenços de papel e esfregando as mãos suavemente até a água secar.
- Sente-se no banco. - Instruiu Jimin, jogando fora o maço de lenços de papel.
Jungkook nem sequer o questionou quando se sentou no banco, vendo Jimin pegar o kit de primeiros socorros da mesa onde ele o colocou.
Ele era gentil. Essa era uma das coisas que Jungkook invejava. O fato de Jimin andar por aí com um sorriso permanente no rosto, aparentemente intocado por toda a escuridão que cercava esse mundo cruel. E então havia ele, que foi feito apenas para destruição. Que era escuro e cheio de uma raiva ardente e que provocava e destruía tudo a seu redor. Ele era egoísta. Jungkook sabia que era. Ele era egoísta por querer Jimin. Ele era egoísta nisso, sabia muito bem que o que seu mundo tinha a oferecer não era algo que Jimin deveria estar perto. Jimin foi feito para um romance doce. O garoto foi feito para experimentar as coisas que as comédias românticas tinham, os clichês e os encontros nos parques de diversões. Ele não foi feito para um ringue de boxe subterrâneo, nem para armas e drogas e tudo o que acompanha Jungkook. No entanto, Jungkook o queria.
- O que você pensa tanto? - Jimin perguntou enquanto despejava agua oxigenada em uma bola de algodão.
- Eu venci. - Jungkook disse.
- Eu sei. - Respondeu Jimin com um sorriso, pegando a mão de Jungkook na dele. - Isso pode doer.
- Eu acabei de levar um soco e você está preocupado com um pouco de picada? - Jungkook disse a ele divertido.
Jimin esfregou a bola de algodão na pele quebrada e rasgada, ouvindo um pequeno assobio de Jungkook:
- Não diga que eu não avisei.
- Não dói.
- Parece que estamos tendo muita conversa. - Disse Jimin, soprando suavemente na ferida aberta.
- Que conversa?
- Sobre feridas e como elas não machucam, mesmo que isso machuque. - Jimin respondeu, concentrando-se na mão de Jungkook.
- Você está falando sobre isso? - Jungkook disse, trazendo a mão livre para o pulso de Jimin, roçando o hematoma roxo ainda escuro.
- Não. - Jimin disse, balançando a cabeça. - Eu estou falando sobre você se machucar.
- O boxe?
- Eu não gosto de ver você se machucar. - Jimin falou, finalmente olhando para cima, encontrando seus olhos.
- Estou bem.
- Você está literalmente sangrando, Jungkook. - Jimin disse, pegando outra bola de algodão e pondo em seus lábios seco e ensanguentado.
- É apenas um corte. - Jungkook disse, com desdém.
Jimin balançou a cabeça.
- Como isso é apenas um corte? Você tem hematomas em todos os lugares! Eu não posso dizer se esse sangue é mesmo seu ou dele!
- Ele mereceu. - Jungkook murmurou, ignorando a picada de seus dedos e lábios.
- Porque ele é da outra gangue? - Jimin disse, despejando água oxigenada em outra bola de algodão.
- Não. - Jungkook disse a ele: - Porque ele desrespeitou você.
- O que? - Jimin disse, mão caindo em choque.
- Nada. - Jungkook disse rapidamente.
- Me desrespeitou? Do que você está falando? - Jimin perguntou.
- Ele disse coisas não muito elogiosas sobre você, só isso. - Disse Jungkook.
- Como ele me conhece?
- Ele viu você saindo do vestiário. - Jungkook explicou.
- Eu acho que isso me faz parte da gangue, hein. - Jimin disse, com um pequeno sorriso. Ele deveria estar assustado. Ele viu em primeira mão o que esses homens podem fazer e, no entanto, por algum motivo estranho, ele não estava. Sentado aqui, limpando o sangue de Jungkook, ele ainda não estava nem um pouco assustado. Ele se sentiu seguro. Com ele.
- Acabei de lhe dizer que um membro de uma gangue te insultou, e é isso que você diz?
- Não recebi um roteiro do que dizer. - Brincou Jimin.
- Você realmente é outra coisa.
- O que você gostaria que eu dissesse? - Jimin perguntou, passando o algodão no corte da testa de Jungkook.
- Você não está assustado? - Jungkook perguntou a ele.
- Sobre o que?
- Tudo! Este mundo! Esta vida que levamos! - Jungkook respondeu, e com uma voz mais suave, ele acrescentou: - De mim.
- Eu sabia o que essa coisa toda de boxe subterrâneo levaria. E eu sabia no que eu estava me metendo também, com tudo o que você me disse. Se eu não fui embora, tenho certeza que não vou agora. - Jimin falou.
- E eu? Você não está com medo de mim?
- Não. - Jimin disse, abaixando a mão para acariciar a bochecha de Jungkook: - Eu não tenho medo de você. E tenho certeza que nunca vou ter medo de você.
- Você pode se machucar.
- Você nunca me machucaria. - Jimin disse, convicção em sua voz.
- Você viu do que eu sou capaz, Jimin! Eu machuco as pessoas! É isso que eu faço! - Jungkook disse, afastando a mão do rosto, levantando-se, uma mistura de mágoa e raiva tomando conta dele. - Isso é tudo que eu faço!
- Quem deixou você acreditar nisso? - Jimin disse em uma voz suave, com o coração partido pelo quão baixo Jungkook pensava em si mesmo.
- Olhe ao meu redor, Jimin! Foda-se! Olhe para mim! Olhe o que este mundo faz com você! - Jungkook disse, levantando a voz, apontando para o lábio inchado: - Você não quer estar neste mundo. Você não deveria. Isso destrói você, Jimin...
- Você está nele e ele não o destruiu. - Jimin disse, levantando-se, caminhando em direção a ele: - Você está aqui e se importa o suficiente para querer proteger alguém como eu. Você lutou com quatro caras sozinho só porque eles estavam me assediando. Você estava naquele ringue, contra todas as probabilidades, e espancou um homem que provavelmente estava usando esteróides, só porque ele disse algo desrespeitoso sobre mim. - Jimin se aproximava de Jungkook a cada palavra que falava. - Você é mais do que pensa, Jungkook. Você é muito mais do que isso. Você não é destinado à destruição e não quebra tudo o que toca.
Jimin disse, colocando a mão sobre a bochecha do boxeador, suavemente para não machucá-lo ou magoar o machucado que já estava começando a se formar.
- Alguém destinado apenas à destruição não ficaria nervoso antes de uma luta; alguém que foi feito para a destruição não se importaria com o que algumas pessoas diziam sobre um cara que você conheceu há apenas duas semanas; alguém que foi feito para a destruição não se importaria com alguém como eu; alguém que estava destinado à destruição iria querer destruir tudo ao seu redor. Você não, Kookie. Você é muito, muito mais do que você acredita. Você é doce, gentil e engraçado, que pesquisou e inventando fatos triviais porque sabia que eu gostaria. Então me diga, Kook, como você acha que é destinado apenas à destruição?
Jimin sorriu para Jungkook, desejando que o boxeador acreditasse nas palavras que ele falou. Querendo que ele acreditasse nisso. Precisando que ele acreditasse que era mais do que pensava de si mesmo.
Jungkook nunca foi emocional ou vulnerável com alguém antes. Mas de alguma forma Jimin era diferente. Foi sobre isso que Yoongi falou para ele? O conforto? O fato de que, de alguma forma, Jimin conseguiu derrubar suas paredes e criar um lugar em seu coração? Era assim que era confiar em alguém de todo o coração para expor os pontos mais fracos de si mesmo?
Ele estava se apaixonando?
- Kookie. - Jimin disse, trazendo Jungkook de volta à Terra e para fora de seus devaneios: - Eu sei que você não vai acreditar nas minhas palavras agora, mas eu preciso que você saiba que eu vou dizer isso até o dia em que você acreditar. Você precisa ter mais fé em si mesmo. E você definitivamente precisa parar de pensar que é destrutivo. Eu sei que você é tudo, menos isso.
Jimin deu um passo para trás, ainda sorrindo para Jungkook, carinho brilhando em seus olhos.
- Estou colocando os curativos aqui, se você precisar deles. - Jimin falou, fechando o kit de primeiros socorros. - Embora eu tenha lido em algum lugar que cortes e contusões se curam melhor quando expostos ao oxigênio, então talvez não coloque a menos que você vá tomar um banho. Ah, e se você tomar banho, cubra-os bem! Não esfregue demais! - Ele olhou para Jungkook com um sorriso suave. - Tchau, Kookie.
Jungkook olhou para a porta já fechada.
- Tchau, Jimin.
Ele se sentou nos bancos, com a cabeça baixa, tão pensativo que nem percebeu quando Yoongi entrou.
- Garoto? - Yoongi falou: - Você está bem?
- Estou.
- Você não parece bem.
- Eu disse que estou bem, Yoongi. - Jungkook insistiu.
- Você se saiu bem. - Disse Yoongi, encostado na parede à sua frente.
Jungkook não disse nada.
- Você o derrubou completamente. Eu realmente não esperava que isso acontecesse tão rápido. - Yoongi falou.
- Apenas me pergunte o que você quer perguntar. - Jungkook disse, já sabendo para onde isso estava indo.
- Como você sabia que eu queria perguntar alguma coisa? Eu poderia estar apenas elogiando você. - Yoongi falou, um sorriso no rosto.
- Conheço você desde os meus 15 anos, seu velho. - Disse Jungkook.
- Cuidado, garoto.
- O que você quer saber?
- O que ele disse para você? - Yoongi perguntou: - Eu vi vocês conversando.
- Ele disse algo sobre Jimin. - Jungkook respondeu.
- Foi isso que te deixou tão irritado?
- Isso não me irritou. - Jungkook negou.
- Ele ainda está sangrando, Kook!
- Acalme-se, Leona Lewis. - Disse Jungkook. - Todo mundo com quem luto, sangra.
- Foi diferente desta vez e você sabe disso! - Yoongi declarou.
- Não, não foi. - Jungkook negou, não acreditando nas próprias palavras.
Yoongi apertou os olhos, dando-lhe uma vez mais:
- Você que se limpou?
- Jimin ajudou. - Jungkook falou.
Yoongi cruzou os braços sobre o peito, apoiando o pé na parede, apoiando-se:
- É por isso que você está aqui sozinho? Para pensar?
- O que eu teria que pensar? A luta?
- Sobre o fato de você está se apaixonando por ele. - Yoongi disse.
- Eu não estou! - Jungkook foi muito rápido em negar, o medo em sua voz.
- Você está assustado. - Yoongi disse, uma súbita realização.
- O que? Não! - Jungkook respondeu rapidamente.
- Oh meu Deus! Você está realmente assustado.
- Não estou! Não tenho medo de nada!
- Você está se apaixonando por ele, não está? - Ele disse mais do que perguntou, não dando a Jungkook a chance de responder: - É por isso que você me perguntou todas essas coisas no escritório. Você está se apaixonando e está com medo. Voce tem medo de deixar ele vai entrar na sua vida e ser algo que você não pode controlar. Você tem medo de deixá-lo entrar. Você tem medo de ser feliz e se apaixonar mais e mais e amá-lo, porque você sabe que a única coisa que você não pode controlar é que a felicidade pode ser tirada de você. Você está com...
- Eu não tenho medo de nada! - Jungkook gritou, sua voz alta ecoando pelo pequeno vestiário.
- Você já se apaixonou, não foi? - Yoongi disse em uma voz suave.
Não havia sentido em negar mais isso. Não ia dar certo.
- Sim... - Jungkook admitiu com um suspiro, assentindo: - Sim, eu fiz.
[...]
- Onde ele está? - Jaehwan exigiu, segurando o copo de uísque com mais força.
- Ele está machucado...
- Eu perguntei isso ou perguntei onde ele está? - Jaehwan cuspiu, raiva tomando conta dele.
- Eu vou buscá-lo. - Disse Kang, não querendo provocar a ira do seu chefe. Ele já viu o fim disso muitas vezes, e nunca era bom. Sempre terminava em derramamento de sangue. Pelo menos desta vez, não seria o dele.
Jaehwan recostou-se na cadeira de madeira, levando o copo de cristal aos lábios e tomando um gole do uísque caro, enquanto Kang arrastava o lutador ensanguentado e machucado na frente dele.
- Você tinha um trabalho. - Jaehwan disse calmamente, colocando o copo sobre a mesa, estreitando os olhos e olhando fixamente para o boxeador exausto na sua frente. - Seu único trabalho era derrotar JK! Era mutilá-lo na frente de Jin, de todo clã Kim e do resto do mundo, como uma demonstração de força e você não pôde nem fazer isso!
O homem diante dele não disse nada. Ele não conseguia. Sua mandíbula estava latejando, a dor irradiando de cada centímetro de pele.
Jaehwan tomou outro gole de sua bebida. Antes que o copo pudesse ser pousado, Kang colocou uma arma preta na frente dele, o símbolo do Clã gravado no cabo.
- Dê-me uma razão pela qual eu não deveria atirar na sua cabeça. - Jaehwan declarou, monótonamente, tanto a voz como seu rosto desprovida de qualquer emoção.
- Você precisa de mim! - O homem disse, desesperadamente.
- Não. - Jaehwan falou. - Eu precisava de você, mas você me decepcionou. Eu até te paguei o dobro! E ainda... - Ele clicou a língua, olhos na arma, mão no copo de cristal, quase sem álcool. - Que pena... - Jaehwan disse a ninguém em particular: - Você tinha tanto potencial. Tudo isso será apenas... desperdiçado agora.
- Ele tem uma fraqueza! - O homem deixou escapar, uma tentativa desesperada de salvar sua vida.
Ele já viu essa cena muitas vezes, mas nunca pensou que estaria do outro lado desse interrogatório. Ele já viu pessoas implorar, oferecer tudo e qualquer coisa para tentar manter suas vidas; mas Jaehwan nunca foi de misericórdia. Ele nunca pensou que seria assim que sua vida acabaria. Ele nunca esperava estar do outro lado da cerca.
- O que?
- JK! Ele tem uma fraqueza! - O homem repetiu: - A única razão pela qual perdi foi porque o provoquei.
- Fraqueza? - Jaehwan falou, mais do que pediu, o dedo brincando com o punho da arma.
- O garoto! O de cabelo rosa! O cabelo como algodão doce! Eu os vi juntos! JK gosta dele. É ele! O garoto é a fraqueza! - O homem disse, palavras saindo dele, tentando tudo e qualquer coisa para prolongar sua vida. Ele não queria morrer.
Jaehwan olhou para Kang, ambos pensando a mesma coisa. Algodão doce. Isso os fez lembrar de algo.
Digamos que eu acredite em você. - Disse Jaehwan.
- Ele é! Eu sei que ele é! Aquele garoto de cabelos rosa vai derrubar JK! Ele derrubará todo o Kim Clan!
Jaehwan pegou o copo de volta e bebeu os restos da bebida, colocando a arma e a bebida sobre a mesa:
- Vamos torcer para que você esteja certo.
O homem esvaziou, um suspiro de alívio deixando seu corpo.
- Eu sabia que você era misericordioso.
- Eu sou. - Jaehwan proclamou, levantando-se da cadeira de madeira com um rangido quando ele se virou para sair do local. - Kang.
Antes que Jaehwan pudesse piscar, Kang pegou a arma, engatilhou e atirou no homem entre os olhos. Ele ouviu o baque do corpo batendo no chão antes mesmo de ouvir a arma disparar.
- Se eu mesmo fosse matá-lo, eu o faria implorar por uma morte que nunca chegaria. Eu teria gostado de ver a vida escorrer de seus olhos. - Disse Jaehwan, veneno pingando de cada palavra que ele falava, mas o rosto permaneceu estóico. - Então sim, sou realmente misericordioso por dar-lhe uma morte rápida.
- Você é, Jaehwan. - Kang disse, colocando a arma de volta no coldre.
- Esse garoto de cabelos cor-de-rosa que ele mencionou é o mesmo que aqueles quatro homens estavam falando?
- Parece que sim.
- Descubra mais. - Jaehwan ordenou: - Ah, e me traga Archer. Eu tenho algum trabalho para ele.
[...]
Hoseok entrou na academia, ainda bem cedo pela manhã, então não esperava que alguém estivesse dentro. Ele passou pelas portas, ouvindo o rangido característico e o ligeiro protesto das dobradiças que ainda não foram oleadas. Ele foi recebido pela visão de Jimin cantando apaixonadamente as letras, com os olhos fechados, para uma música que ele não reconheceu enquanto segurava um esfregão como se fosse um microfone.
(Eu com a vassoura quando limpo a casa)
Embora Hoseok só conheça Jimin há alguns dias, ele não pôde deixar de ser carinhoso e apaixonado pelo garoto de cabelos rosa e todas as suas travessuras. Ele ficou lá, encostado na parede enquanto assistia Jimin girar, cantando a letra e dançando.
Jimin deu uma volta, colocando a mão para cima, gotas de água pingando do esfregão no chão e uma expressão orgulhosa em seu rosto.
- Essa foi uma boa performance! - Hoseok disse, batendo palmas, o som ecoando nas paredes, um sorriso atrevido no rosto.
Jimin congelou, os olhos arregalados de surpresa, quando ele se virou lentamente, largando a esfregão no chão, puxando os fones de ouvido.
- Hoseok, eu...
- Eu não sabia que você poderia cantar. - Hoseok falou.
- Eu pensei que ninguém estaria aqui e eu estava apenas limpando e eu apenas... - Jimin gaguejou, tropeçando em suas palavras, nervoso e envergonhado.
- Eu também não sabia que você podia dançar. - Hoseok continuou, ignorando o nervosismo de Jimin. - Você dança muito bem.
As bochechas de Jimin ficaram vermelhas.
- Eu brinco.
- Eu também danço. - Disse Hoseok caminhando em sua direção.
- Realmente?
- Bem, eu costumava dançar mais antigamente, mas ainda faço, aqui e ali. - Disse ele, dando de ombros.
- O que aconteceu?
- A vida ficou um pouco ocupada. - Disse ele, com um pequeno sorriso no rosto. - Perguntaria se você queria dançar, mas meus pontos não estão nem perto de cicatrizarem ainda.
- Bem, podemos fazer quando melhorar. Você me deve uma sessão de dança, agora. - Disse Jimin.
- Certificarei de agendá-lo. - Hoseok falou rindo, sentando-se na arquibancada, apoiando o peso nas palmas das mãos.
- Por que você está aqui tão cedo, afinal?
- Eu poderia fazer a mesma pergunta. - Hoseok falou.
- Yoongi me contratou para fazer alguns trabalhos estranhos aqui e ali...
- Ele me contou sobre toda a situação dos desemprego. - Disse Hoseok, balançando a cabeça. - A propósito, sinto muito por isso.
- Não sinta. - Falou Jimin, empurrando a culpa para baixo. - Quero dizer, isso me levou a encontrar todos vocês. Se alguma coisa, eu sou grato.
Hoseok lançou-lhe um sorriso, invejoso e admirado como Jimin era intocado e puro. Uma parte dele preocupava-se com o garoto diante dele, com seu cabelo rosa e inocência infantil. Ele era ingênuo. Quase ingênuo demais. Hoseok não sabia se deveria avisá-lo do perigo ou jogá-lo no fundo do que o mundo realmente tinha a oferecer. Aqui, nesta academia, ele estava protegido, mas também exposto ao que o mundo deles realmente sustentava. Hoseok não teve tanta sorte com sua jornada no mundo das gangues, e ele não queria que Jimin experimentasse a mesma coisa.
- Então porque você está aqui? - Jimin perguntou, colocando a esfregona no balde, inclinando-se contra o poste.
- Yoongi e eu temos algumas coisas a fazer. - Hoseok respondeu vagamente.
Jimin olhou para o relógio na parede,
- Ele não estará aqui por um tempo.
- Dá-nos tempo para nos conhecermos adequadamente. - Hobi respondeu com um sorriso brilhante, um leve brilho nos olhos.
Hoseok podia ver Jimin hesitando, como se quisesse dizer algo, mas também não quisesse.
- O que está pensando, marshmallow? - Hoseok perguntou com um sorriso.
- Marshmallow?
- Sim, marshmallow! - Hoseok disse, sorrindo animadamente: - Você é pequeno, doce e macio, e até tem cabelo rosa! Assim como um marshmallow!
Jimin sorriu, os olhos desaparecendo, o nariz franzindo enquanto jogava a cabeça para trás no poste acolchoado, divertido.
- Me pergunte o que você quer me perguntar. - Hoseok disse, encorajando-o.
- Eu não quero que você se sinta desconfortável... - Jimin disse, cautelosamente.
- Se eu ficar, não vou responder, ok? - Hoseok tranquilizou.
- Como você entrou nisso, uhh... - Jimin começou, sem saber como formular sua pergunta.
- Como eu, o doce garoto brilhante como o sol, entrei nesse mundo de gangues? - Hoseok terminou para ele, um sorriso quase conhecedor no rosto, como se ele já tivesse feito essa pergunta um milhão de vezes.
- Eu... eu não quis dizer isso de um jeito ruim. Eu só... - Jimin gaguejou, com medo de que ele tivesse dito a coisa errada.
- Você está certo, marshmallow. - Hoseok assegurou: - Confie em mim. Você está certo. É uma boa pergunta, realmente.
- Você não precisa responder. - Disse Jimin.
- Você faz parte da família agora. - Hoseok falou. - Você merece saber.
Jimin sorriu através da culpa, engolindo em seco enquanto tentava manter a compostura. Hoseok estava alheio à guerra interna que Jimin estava passando em sua cabeça. Ele simplesmente lançou um sorriso ao garoto de cabelos rosa e recostou-se nas arquibancadas, imaginando por onde começar.
- Tive uma boa infância. - Disse Hoseok. - Uma muito, muito boa. Eu era filho único; o menino dos olhos de meus pais. Meu pai era um trabalhador de classe média e minha mãe era empregada doméstica. Eu acordava de manhã com um sorriso no rosto, café da manhã na mesa, ia para a escola onde eu saía com um grande grupo de amigos, voltava para casa com minha mãe me esperando com comida, fazia minha lição de casa até meu pai chegar em casa e jantamos juntos. Era realmente uma infância perfeita.
Hoseok suspirou, quase com saudade. Relembrar seu passado, especialmente seus pais sempre enviava uma pontada de dor no peito. Seu coração se apertava e a nostalgia batia forte. Mas a nostalgia é perigosa, e ele sabia disso. É uma mentirosa sedutora. Nostalgia são memórias que você criou enquanto assistia através de uma lente subdesenvolvida. Está presente em você, vendo o mundo como era de olhos ingênuos. Hoseok sabia que se ele voltasse no tempo e vivesse os mesmos cenários e a mesma vida, as memórias não seriam as mesmas. O velho ele estava protegido, intocado... Era puro.
Hoseok não era a mesma pessoa. Ele não é essa pessoa há um tempo agora.
- Eu tinha 13 anos quando descobri a verdade. - Ele disse. - Eu tinha 13 anos quando soube que todo mundo estava fodido à sua maneira; que todo mundo estava vivendo uma fachada e se escondendo atrás de uma fachada que eles colocavam para o mundo. Nós não éramos uma família perfeita. Estávamos divididos de uma maneira que eu nem sabia que poderíamos ser quebrados. Meus pais se odiavam. Eles só me mostravam as partes felizes da vida deles, porque era isso que eles queriam que eu visse. Eles gritavam, brigavam e lançavam palavrões por aí como se isso não significasse nada para eles. Mas quando eu estava por perto, eles fingiam ser felizes; fingiam que nada estava errado. Eles me deixaram com raiva. Eles pensaram que se trouxessem uma criança ao mundo, seus problemas iriam magicamente desaparecer. Mas não. Ficou pior.
Ele balançou a cabeça, uma risada amarga caindo da boca.
- Eu não sei como não vi isso. - Disse ele. - Não vi como não éramos uma família perfeita. Não vi como minha mãe me encarava como se eu fosse um erro que ela desejava nunca ter feito. Eu não vi como meu pai odiava voltar para casa, o que, em retrospectiva, foi provavelmente o motivo pelo qual ele mal estava em casa. Foi por isso que fugi. Logo depois do meu décimo terceiro aniversário, decidi que não podia mais morar lá. Coloquei todas as minhas roupas em uma sacola e tirei o dinheiro que meus pais tinha em suas carteiras, e quando ficou escuro e eles se cansaram de brigar, eu corri. Eu não sabia para onde estava indo, e também não pensei nas consequências de minhas ações. continuei correndo, correndo e correndo até não reconhecer mais onde estava.
- Mas você tinha apenas treze anos... - Jimin disse em voz baixa, olhos arregalados de preocupação pelo garoto de treze anos que não existia mais. - Como você sobreviveu?
- Eu não tive escolha a não ser sobreviver, principalmente porque eles não vieram me procurar. Eles ficaram felizes por o pequeno erro deles ter desaparecido. - Hoseok zombou: - Eu fiz o que tinha que fazer para sobreviver. Pegava nos bolsos e invadia pequenos prédios para passar a noite, se fosse necessário. Se houvesse alguma cozinha de sopa por perto ou comida estragada que ninguém queria, eu aproveitava a chance de pegá-lo, pegava ônibus para fora da cidade, explorando os lugares com o dinheiro que conseguia... As coisas eram difíceis, mas era a minha vida. E lidar com essas dificuldade me ensinou a ser uma pessoa melhor. Eu nunca culpei ninguém, nem mesmo meus pais, se você pudesse chamá-lo assim.
Hoseok se inclinou para frente, mais sério agora.
- Conheci alguém aos 15 anos, que me disse que a vida é como um baralho de cartas. Quando nascemos, recebemos um conjunto de cartas. Algumas pessoas recebem mais, outras recebem menos; algumas se saem melhor que outras, enquanto outros não se saem tão bem. Recebemos essas cartas e cabe a nós decidir como queremos jogar. A única diferença entre esse jogo de cartas e o pôquer é que, no pôquer, sempre há um vencedor e um perdedor. Mas no jogo da vida, tudo o que pode ser feito é tentar sobreviver. - Hoseok disse: - Eu levei esse conselho a sério. Eu sobrevivi. E não culpei ninguém por nada, porque joguei de acordo com minhas regras.
- Como você se envolveu com tudo isso? - Jimin perguntou.
- Eu conheci algumas pessoas logo depois dos dezessete anos. Eles eram o tipo de pessoa que sua mãe avisa pra não andar. O tipo de pessoa que compra prostitutas, transam com elas e não as paga depois. O tipo de pessoa que quando você vê na rua, você atravessa ou segue o caminho mais distante para não precisar vê-los. O tipo de pessoa que gosta de vê-lo sangrar e o tipo de pessoa que até os traficantes têm medo. - Hoseok disse, com um gosto amargo em sua boca pelas lembranças: - Alguns relacionamentos são como dívidas... "Você não os cumpre; você os paga". E era isso que eu tinha que fazer. Eu estava fugindo deles. As coisas que eles me fizeram fazer, coisas que eu tinha que ver, testemunhar com meus próprios olhos... Eu nunca desejaria isso ao meu pior inimigo. Era intoxicante no começo. O poder que isso lhe dá. Você se sente como um Deus quando ouve pessoas implorando por sua vida, sabendo que elas estão à sua mercê. Mas uma vez que isso desaparece, e você vê o medo nos olhos delas... Isso chega até você. Ter que lavar o sangue das mãos, sabendo que sempre haverá algumas que você nunca conseguirá tirar.
Seus olhos vidraram, quase como se estivesse revivendo a coisa toda repetidamente em sua cabeça, um arrepio percorrendo seu corpo.
- Por isso eu corri. Eu não aguentava mais. Mas eles não me deixavam. Para onde quer que eu corresse, eles me encontravam. E foi exatamente isso que aconteceu. - Ele disse, finalmente olhando para cima, o brilho em seus olhos desapareceu há muito tempo. - Isso foi há alguns anos atrás. Eu pensei que finalmente os tinha perdido, que tinha me livrado. Eles não foram capazes de me encontrar por meses. Então, eu estava voltando uma noite, quando vi algumas pessoas me seguindo, e sabia que eram elas. Tudo o que me lembro de fazer foi correr, correr e correr. A próxima coisa que soube foi que eu estava aqui, ofegante, tão perto de desmaiar e...
- E eu perguntei quem você era. - Disse Yoongi, encostado na parede, o queixo esticado enquanto ele continuava a história: - Você não respondeu nem na primeira vez, nem na segunda. Você estava sem fôlego.
Hoseok olhou para ele com amor nos olhos, o brilho retornando lentamente:
- Tudo o que eu disse foi 'me ajude'. Você não fez perguntas depois disso. Pegou sua arma e apontou para a porta.
- Eu sabia desde a primeira vez que te vi que você era confiável. - Disse Yoongi com um sorriso.
- Você sempre teve uma queda por perdidos, não é? - Hoseok disse a ele, os olhos nunca deixando os de Yoongi enquanto o observava atravessar o chão da academia, e ficar em pé na sua frente, gentilmente segurando sua bochecha.
Jimin olhou para o chão, o momento parecendo íntimo demais para ele.
- Você só tem um jeito especial de capturar o coração das pessoas. - Yoongi disse suavemente. - O meu especialmente.
- Você é a única coisa boa que fiz na minha vida. - Hoseok disse, alto o suficiente apenas para Yoongi ouvir.
Eles se entreolharam, comunicando-se apenas com os olhos e com toques suaves de fantasmas. Eles não precisaram dizer mais nada. Eles sabiam. E isso era o suficiente.
Hoseok colocou a mão sobre a de Yoongi, que estava em sua bochecha, inclinando-se para o toque dele, e sorrindo para o homem que amava. Ele pegou a mão de Yoongi entre os dedos entrelaçados enquanto a tirava da bochecha, olhando para Jimin que ainda estava olhando para o chão.
- E essa é a história trágica de Jung Hoseok. - Brincou Hobi. - Mas não me arrependo de nada do que aconteceu. Tudo isso me levou ao lugar em que estou agora: feliz.
- Posso te perguntar outra coisa? - Jimin perguntou em voz baixa.
- Qualquer coisa.
- O que aconteceu com aqueles homens? Aqueles que perseguiram você? - Ele perguntou.
O brilho nos olhos de Hoseok queimaram com um piscar de olhos, os olhos ficando escuros, a voz caindo uma oitava enquanto ele dizia:
- Eles tiver o que mereciam.
E isso era tudo o que Jimin precisava para entender.
- Esse capítulo da minha vida acabou agora. - Hoseok disse a ele.
- Falando em vida. - Disse Yoongi. - Jimin, preciso que você me faça um favor.
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶
Jikook tão apaixonadinhos aquece meu coração. Yoonseok também aquece meu coração.
Que história triste a do Hoseok, não é?? Ainda bem que ele encontrou o Yoongi.
E Jaehwan, o que ele irá fazer agora que descobriu a fraqueza do Jungkook? E que favor é esse que Yoongi pediu para Jimin?
Prepare-se pôr o próximo capítulo ta pegando fogo
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