11. Chapter eleven
Jimin estava no meio de sua bebida, sentado na mesa da esquina enquanto esperava por Taehyung. Uma pequena parte dele estava com medo de que seu melhor amigo não aparecesse, mas a parte maior e mais racional dele sabia que, por pior que a briga tivesse sido, não havia como Taehyung não aparecer e deixar Jimin esperando sem explicação.
Jimin levou o Gin-tônica aos lábios e tomou um grande gole, saboreando a sensação de queimação enquanto abaixava o copo, os nervos se acalmando um pouco. Ele não sabia por que estava tão nervoso em primeiro lugar. Ele ia ver Taehyung, o melhor amigo dele. A alma gêmea dele. Alguém que ele passou noites chorando e rindo, e alguém que foi sua fuga quando tudo era uma merda.
Claro, ele já teve brigas com Taehyung antes, mas nunca foi tão séria quanto essa. Talvez por isso ele estivesse nervoso, porque sabia que estava sendo egoísta por não contar a Namjoon sobre Jin. Mas, ao mesmo tempo, era sua vida em risco, era o trabalho dele que estava na balança. Mas havia essa voz irritante no fundo da mente de Jimin dizendo que não era apenas o trabalho... ou Namjoon... Que havia algo mais aqui que ele não estava vendo. Algo importante o suficiente para fazê-lo se agarrar à academia e se agarrar às pessoas que conheceu lá. Mas Jimin afastou o pensamento, não querendo explorá-lo ainda mais. Ele já tinha o suficiente no prato e na mente.
Antes que ele percebesse, seu copo estava vazio e Taehyung estava sentado na frente dele.
– Então. – Taehyung disse, menu de bebidas na mão.
– Então. – Jimin repetiu, já sabendo que ele pediria um Gin-tônica novamente, exceto que desta vez, seria um dobro em vez de um single.
– Gin-tônica. – Taehyung disse olhando para o copo vazio na frente de Jimin.
– Algumas coisas não mudam, Tae. – Jimin comentou.
– Foi o que pensei também antes de me provar o contrário. – Disse Taehyung.
– Tae... – Jimin disse, parando.
– O que, Jimin? – Ele disse, irritado: – O que você poderia dizer agora que tornaria tudo isso melhor?!
Jimin não disse nada. Ele honestamente ficou surpreso com a reação de Taehyung. Ele não esperava que ele fosse tão franco, rude e... louco. Ele pensou que falar sobre isso com bebidas seria melhor.
– Tae, você tem que olhar para isso do meu ponto de vista. – Jimin disse, calmamente, tentando ser paciente.
– Do seu ponto de vista?! – Taehyung repetiu e depois zombou: – Jimin literalmente há uma semana, a coisa mais louca e bizarra que você fez foi ir a essa luta. Essa foi literalmente a coisa mais arriscada que você já fez! E agora você está saindo com membros de gangues Você os escolheu em vez de Namjoon e eu, seus amigos de verdade!
– Este é o meu trabalho, Tae. Eu preciso fazer isso...
– Você acha, Jimin?
– O que isso deveria significar?
– Isso ainda é mais sobre o seu trabalho? – Taehyung perguntou: – Porque o Jimin que eu conheço teria contado a Namjoon imediatamente, em vez de colocar algum trabalho estúpido sobre o bem-estar de seus amigos.
– Meu trabalho não é estúpido e você sabe disso! – Jimin disse, ficando com raiva agora.
– Você estava literalmente escrevendo pedaços de merda que ninguém estava lendo! – Taehyung estalou.
– E eu aqui pensando que meu melhor amigo entenderia.
– Melhor amigo está meio que pressionando* neste momento, você não acha? – Taehyung cuspiu, veneno amarrando todas as suas sílabas.
(*Exercer uma pressão psicológica sobre alguém, para que essa pessoa faça o que está sendo pedido.)
Nenhum deles falou. As palavras que Taehyung pronunciou, pairando no ar, cortando Jimin como uma espada.
– Jimin, eu não... – Taehyung começou a dizer, mas Jimin balançou a cabeça.
Ele não conseguiria. Jimin não podia agora. O que foi dito não poderia ser desfeito. Ele simplesmente pegou a carteira e deu um tapa na mesa suja do bar, ignorando Taehyung enquanto tentava detê-lo.
Jimin precisava ficar sozinho. Estar longe de Taehyung agora.
– Jimin, eu não quis dizer isso! Eu estava apenas...
– Eu não posso. – Jimin disse, a voz embargada: – Agora não. Apenas... me deixe em paz.
Taehyung caiu na mesa, pendurando a cabeça nas mãos. Ele deixou a raiva tomar conta dele e afastou Jimin por causa disso.
Jimin precisava ficar sozinho. Ele não podia estar perto de ninguém agora. Ele só precisava pensar. Mas o mais importante, tudo o que ele precisava fazer, precisava fazer sozinho, longe da pessoa que ele fingia ser na academia e longe de seus amigos. A última parte seria mais fácil, considerando que ele só tinha dois amigos: Namjoon e Taehyung... Ou só era um amigo agora? Ele não sabia. Sua cabeça estava uma bagunça, seus pensamentos estavam correndo soltos e sua tendência a pensar demais estava trabalhando bastante agora. A pior parte de tudo isso era que ele não sabia onde estava. Jimin nunca esteve nesta parte da cidade antes, nem nunca esteve tão frio antes. Mas honestamente, ele não se importava. Ele estava triste. Ele estava com raiva. Ele ficou arrasado porque seu melhor amigo o atacou em vez de ter uma conversa normal. Se ele estava exagerando era algo que ele poderia pensar amanhã. Mas agora, com lágrimas picando seus olhos e arrepios pelo frio e forte vento que brotava em sua pele, Jimin precisava se afastar e mergulhar em seus pensamentos.
Ele virou uma esquina, esperando que houvesse mais pessoas do que a rua vazia e escura pela qual ele estava andando, mas ele não encontrou ninguém. Ele continuou a andar, seguindo o alcatrão rachado na estrada em que estava, pensando demais no fato de que era uma idéia estúpida andar em uma rua com quase nenhuma luz e nenhum senso de direção de onde ele estava indo.
Enquanto continuava andando, ele viu uma placa de neon e ouviu risadas e gritos altos. Ele ignorou, pensando que eram apenas pessoas bêbadas, e continuou andando, perdido demais em sua mente para perceber que as risadas estavam ficando mais altas, os passos mais perto dele.
– Hey algodão doce, deixe-me pegar um pouco de açúcar, hein?! – Uma voz atrás dele disse, arrastando suas palavras seguidas por uma risada alta dos outros garotos do grupo.
Jimin não se importava. Ele já estava chateado o suficiente. Ele havia lidado com os gritos o suficiente para saber que ignorá-lo era o único caminho a percorrer.
– Onde você está indo bonita?
– Oh, vamos lá, apenas um pouco de açúcar!
– O quê? Você se acha bom demais para nós?!
Eles ficaram cada vez mais altos e mais altos e mais e mais perto.
Jimin já teve demais. Ele se virou, a boca em linha reta, com lágrimas nos olhos, mas a raiva o ultrapassava. Todas as emoções que ele vinha segurando nos últimos três dias, subitamente se manifestando em lágrimas de raiva. Jimin não suportava o fato de que parecia que ele estava chorando por causa de seus gritos, pois era assim que parecia. Mas não era verdade.
– Deixe-me em paz antes que eu chame a polícia! – Jimin gritou.
Um momento de silêncio passou antes que os quatro homens à sua frente começassem a rir.
Um deles tropeçou para a frente, a apenas uma polegada de distância de Jimin, elevando-se sobre ele, cheirando a uísque barato e suor enquanto cuspia as palavras:
– Vá em frente, querida. Ligue para eles. – Jimin balançou a cabeça, enojado com seu comportamento. Ele se virou, afastando-se, mas o homem o puxou de volta contra o peito, os lábios mordendo o pescoço enquanto dizia: – Eu disse para você fazer alguma coisa, não foi?
– Ele não ouviu. – Outro se arrastou por trás dele. – Devemos ensinar-lhe uma lição?
O medo tomou conta de Jimin quando ele se virou, empurrando o homem para longe dele, lágrimas caindo livremente pelo rosto, assustado e sozinho. Ele não sabia o que fazer.
– Me deixe em paz!
A rua estava escura, mas Jimin quase conseguia distinguir o rosto entre as lágrimas e as luzes fracas da rua. Ele também conseguia distinguir uma tatuagem semelhante que estava na pele deles, espreitando pelas mangas de suas camisas.
– Oh! Babycakes é corajoso, não é? – O homem à sua frente disse, um sorriso sujo no rosto.
Jimin começou a andar para trás, querendo nada mais do que correr, mas sem saber para onde ir, ou para onde a estrada conduzia. O homem simplesmente riu das fracas tentativas de Jimin se afastar dele. Ele segurou o pulso de Jimin, movendo-se para puxá-lo para mais perto quando alguém os interrompeu.
– Ele disse para deixá-lo em paz. – Uma voz atrás dos homens disse, seu tom era de aço e áspera.
Os quatro homens se viraram para ver uma figura parada a poucos centímetros deles, as mãos no bolso do capuz preto, cabelos negros caindo sobre os olhos cheios de raiva e fogo.
Jimin sentiu um soluço de alívio por ele, ainda tremendo de medo e raiva.
– Quem é esse coringa? – O homem bêbado se arrastou.
– Você tem três segundos para deixá-lo ir. – Foi tudo o que o homem encapuzado disse, a mandíbula tensa de raiva, travada no lugar, enquanto seus olhos encaravam o pulso de Jimin que estava sendo segurado.
O homem riu em deboche.
– Três.
– Você não pode está... – O homem começou a dizer.
– Dois.
– O que você acha que vai...
– Um. O tempo acabou. – O encapuzado disse, a voz caindo uma oitava.
Jimin jurou que se tivesse piscado, ele teria perdido a coisa toda. Ele teria perdido a maneira como o capuz se soltou quando Jungkook pegou o homem mais próximo dele com a mão e deu um soco na mandíbula, observando o homem cair. Ele foi para o próximo homem, chutando-o na canela e depois socando-o, uma vez, duas vezes, antes de empurrá-lo no chão, rosnando enquanto puxava o terceiro homem em sua direção. Tudo isso sem ser atingido nem uma vez. O fato desses homens estarem bêbados ajudou a ser menos coordenado do que seria, e se estivessem sóbrios, provavelmente teriam mais chances de sobreviver aos punhos de Jungkook. Uma vez que o terceiro homem estava no chão, Jungkook caminhou até o homem segurando o pulso de Jimin.
– Deixe ele ir. – Jungkook pontuou, a voz grave, a raiva pingando de cada palavra. – Agora.
O homem soltou a mão de Jimin, que rapidamente se moveu para trás de Jungkook, querendo nada mais do que se esconder em seu capuz e sentir o calor do boxeador. Mas ele não fez nada. Ele simplesmente se escondeu atrás dele, tentando segurar o soluço que ameaçava sair.
Jungkook se moveu para bater no homem, mas sentiu Jimin puxar seu capuz preto de volta. Ele se virou, olhando para o garoto de cabelo rosa, que parecia tão frustrado e cansado. Jungkook sentiu outra onda de raiva através dele.
– Kook. – Jimin disse, e de repente a raiva foi substituída pela necessidade de protegê-lo. – Por favor. Vamos embora.
Jungkook voltou-se para Jimin. Ele viu os olhos arregalados, cheios de lágrimas, e viu o jeito que o garoto tremia de frio. A raiva derreteu. Os olhos outrora escuros de Jungkook brilharam, voltando ao marrom, e sua mandíbula tensa afrouxou, destrancando-se quando ele olhou para Jimin.
Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Jungkook voltou-se para o homem.
– Vá embora. Antes que eu mude de idéia e coloque sua bunda em um necrotério.
Jungkook não se incomodou em esperar por uma resposta, ele abriu o zíper do capuz e o colocou em Jimin, fechando-o. Ele colocou o braço em volta do garoto menor, esfregando a mão para cima e para baixo tentando aquecê-lo enquanto caminhava.
– Para onde vamos? – Jimin perguntou.
– Para o meu carro. – Disse Jungkook, – Eu vou te levar para casa.
– Não. – Jimin falou, balançando a cabeça: – Eu realmente não quero ir para minha casa agora.
Jungkook tinha um milhão de perguntas a fazer. Mas ele sabia que agora não era a hora. Então ele não disse nada.
– Nós poderíamos ir para a minha? – Jungkook perguntou, suavemente, não querendo que Jimin sentisse que ele estava se aproveitando da situação.
– Sim. Por favor. – Jimin disse suavemente, envolvendo-se ainda mais no capuz que cheirava a Jungkook.
– Ok, Jimin. – Jungkook assentiu, puxando-o para mais perto dele, sentindo o vento frio soprar mais forte. – Qualquer coisa por você.
E Jungkook viu realmente o significado disso. Ele olhou para o garoto de cabelos rosa e percebeu que ele realmente faria qualquer coisa por ele.
[...]
Jungkook estava sentado no sofá com o laptop no colo enquanto se deitava, rolando e alternando entre as guias, tentando descobrir o máximo de informação possível sobre Jin. De vez em quando, ele olhava da tela para o quarto onde deixou a porta aberta para Jimin, só por precaução. Ele não sabia o porquê, mas ouvir os roncos suaves ou o farfalhar ocasional dos lençóis enquanto Jimin girava era estranhamente reconfortante para ele. Isso, além do fato dele nunca ter trazido para casa mais ninguém além de membros do clã Kim. Mas sentado no sofá, trabalhando, enquanto Jimin dormia em sua cama era... diferente. Um bom diferente.
Ele voltou para a tela, tendo que trabalhar muito para obter qualquer informação sobre a liderança que Jin lhe deu. Sua pequena viagem ao segundo bar foi interrompida por causa de Jimin. Ele não se arrependia de salvá-lo, mas isso apenas significava que o local que ele tinha na informação poderia mudar e ele precisaria encontrar o novo. Se fosse outra pessoa em vez de Jimin, ele poderia ter ficado irritado, ele poderia ter gritado nas ruas, ou talvez nem se importado em salvá-lo. Mas o garoto não era outro alguém. Ele era o Jimin.
Ele não pôde se conter e lançou outro olhar para o garoto de cabelos cor-de-rosa que estava envolto em uma camisa preta que Jungkook lhe emprestou, juntamente com os shorts que ele teve que amarrar firmemente em sua cintura, porque ele era menor que Jungkook. Mesmo com os olhos vermelhos, inchados, bochechas coradas e pequenas manchas de lágrimas restantes, Jimin ainda era muito bonito.
Depois do que aconteceu hoje à noite, Jungkook chegou a muitas realizações, e todas elas tinham a ver com Jimin.
📽️ Flashback
– Estou na 57ª agora. – Disse Jungkook a Jin no telefone. – Acabei de ouvir que havia outros 2 pontos quentes onde o clã Hwan poderia estar, então eu vou conferir também. Pode estar fora atrasado.
– Fique seguro. – Jin disse.
– Sempre fico.
– Acabamos de recuperar Hobi, Kook. – Jin falou em uma voz suave, geralmente ele não era sentimental. – Eu não quero perder você.
Jungkook fez uma pausa, não acostumado a esse lado explícito de Jin.
Uma batida de silêncio passou para a conversa, ambos sabendo o que o outro queria dizer, mas não dizendo. Nenhum deles estava acostumado a vulnerabilidade ou sentimentalismo. Eles são amigos e família há muito tempo, mas nunca foram tão abertos com seus sentimentos. Demostravam sempre em ações, e não em palavras.
Jungkook se contentou com um suave:
– Eu ficarei seguro.
Ele desligou o telefone, limpando a garganta enquanto olhava para a tela preta do telefone, como se estivesse em choque. Ele balançou a cabeça, dizendo a si mesmo que era apenas o fato de Hoseok estar em casa que estava deixando Jin um pouco sentimental. Ele guardou o telefone no bolso da calça jeans antes de caminhar para o primeiro bar.
Assim que atravessou a rua, o letreiro de neon do bar piscou em boas-vindas, o cheiro de narguilé e cigarro encheu seu nariz, um cheiro familiar. Ele passou pelos fumantes no meio-fio, já cheirando a suor e álcool do lado de fora do bar. Para um bar que era novo, ele já estava sujo e cheio de pessoas que pareciam grandes o suficiente para derrubá-lo no chão em questão de minutos. Jungkook entrou pela porta, a música sendo encoberta por risadas, pelo som de bolas de sinuca sendo tocadas no canto e pessoas conversando umas com as outras.
Ele fez uma rápida varredura na sala, tentando identificar alguém suspeito, até mesmo tentando vislumbrar a familiar tatuagem do crânio de caveira rachado, que ele veio aqui para encontrar. Jungkook caminhou até o balcão do bar e fez um pedido. Encostado no balcão até a bebida ser feita, ele já podia sentir os olhos nele. Alguns olhando para ele como se ele fosse um pedaço de carne, querendo nada mais do que devorá-lo, e outros, olhando-o com desconfiança. Mas ele não se importava, concentrou-se apenas em uma coisa e apenas em uma coisa: encontrar alguém do clã Hwan. Ele precisava pegar o novo lugar, encontrar o ninho.
Meia hora se passou, e Jungkook ainda não tinha nada. Ele havia tomado dois drinques e havia circulado o bar inteiro duas vezes. Nenhum clã Hwan. Sem tatuagem. Ninguém suspeito.
A informação estava errada.
Jungkook bebeu os restos de sua bebida, quase quebrando o copo com a força que ele bateu no balcão, por frustração, e saiu do bar. Ele respirou fundo, tentando se acalmar, lembrando-se de que ainda tinha mais 2 bares para ir. Ele decidiu andar, visto que eles estavam a apenas alguns quarteirões de distância um do outro. Atravessou a rua, seguindo um caminho desconhecido e virando esquinas, esperando ver alguém que talvez o levasse ao ninho do clã Hwan.
Ele ouviu um grito inconfundível de
– Deixe-me em paz!
Normalmente, Jungkook ignorava essas coisas, deixando a natureza seguir seu curso. Ele nunca se envolveu nos negócios de outras pessoas. Ele não se importava o suficiente. As únicas pessoas com quem ele realmente se incomodava eram aquelas que ele mantinha perto de seu coração enegrecido. Mas havia algo nessa voz... Algo familiar.
Ele se aproximou do som, levantando o capuz da jaqueta preta, mantendo a cabeça baixa e se misturando às sombras.
– Onde você está indo bonita?
– Oh, vamos lá, apenas um pouco de açúcar!
– O quê? Você se acha bom demais para nós?!
"Algodão doce".
"Não. Não poderia ser".
Jimin não estaria aqui tão tarde da noite, especialmente nesta parte da cidade. Este não era um lugar para alguém como ele. Este era o território de Jungkook. Esta era a parte da cidade que você não visitava depois do anoitecer, a menos que estivesse: em uma gangue, ou tivesse algum tipo de proteção ou um status para que ninguém pudesse machucá-lo.
Jungkook se aproximou. Ele andou perto o suficiente para ver o que estava acontecendo e, mais importante, quem era que esses quatro bastardos bêbados estavam assediando.
Cabelo rosa. Lágrimas.
Jimin.
Jungkook viu vermelho. Ele não queria nada mais do que puxar Jimin para perto dele e matar aqueles quatro idiotas que ousavam tocar 'no que era dele'.
– Me deixe em paz! – Ele ouviu Jimin gemer, voz dolorida e quebrada, lágrimas caindo em suas bochechas.
Um dos homens avançou, fazendo Jimin recuar enquanto os outros três assistim rindo. Jungkook ia fazer com que se arrependessem disso. Ele iria fazê-los se arrepender de todos os malditos movimentos que eles fizeram. Ele ia ter certeza de que eles se lembrassem dos punhos em seus rostos, a dor que Jungkook lhes causou por sequer olharem para Jimin.
Ele viu o medo nos olhos de Jimin quando o homem avançou e isso foi suficiente para ele.
– Ele disse para deixá-lo em paz. – Jungkook disse, mãos no bolso, mandíbula apertada de raiva, capuz, cabelos negros caindo sobre os olhos.
Era como se o fogo da raiva o dominasse, apenas alimentado pelos soluços de Jimin no fundo. Tudo o que Jungkook viu foi vermelho. Ele ouviu seus punhos estalarem, nus e ensanguentados na pele dos homens. Ele ouviu os grunhidos e os gemidos dos socos que ele deu. A próxima coisa que Jungkook sabia era que Jimin estava puxando sua camisa enquanto ele fumegava, parado na frente do homem que fez Jimin chorar.
Ele estava indo para matá-lo com os punhos.
– Kook. – Ele ouviu Jimin dizer baixinho, dor e terror entrelaçando sua voz. Ele se virou e viu a mão de Jimin puxando seu capuz preto. – Por favor. Vamos embora.
Jungkook não queria nada além de fazer aquele homem pagar. Mas com a maneira que o medo misturou cada palavra que Jimin falou, e a maneira que o garoto estava tremendo pelo frio, pedindo a ele para ir, com lágrimas riscando suas bochechas... Jungkook não podia dizer não.
A próxima coisa que ele soube foi que Jimin estava em seu carro, tremendo no capuz que o envolvia. O calor estava alto e Jungkook estava quase suando, mas nada disso importava. Jimin estava com frio. Ele estava assustado. Ele estava triste. E Jungkook sabia que havia mais na razão além daqueles quatro homens.
Ele queria perguntar. Ele queria tanto perguntar para poder consertar. Para que ele pudesse ver o sorriso pelo qual ele havia se tornado tão apaixonado. Mas com o jeito que Jimin estava olhando pela janela, tentando afastar as lágrimas, o rosto afastado para não olhar o boxeador e o capuz para cima; Jungkook tinha a sensação de que ele não queria falar sobre isso. Mas ele não aguentava, ele não suportava ver Jimin triste.
– Jimin. – Jungkook disse gentilmente, olhando para ele, tirando os olhos da estrada por um segundo.
Jimin não disse nada.
– Você quer ouvir outra coisa que aprendi na aula de ciências? – Ele perguntou, tentando lembrar o que tinha lido nos vários sites que ele visitou e memorizou os fatos.
Jimin não disse nada.
Jungkook tomou isso como seu avanço de qualquer maneira, tentando preencher o silêncio que estava engolido o carro para que Jimin não pensasse demais.
– Você sabia que você queima mais calorias dormindo do que assistindo televisão? – Jungkook disse, olhando para o garoto de cabelos rosa, mas vendo nada além do tecido do capuz, – Outro fato interessante: um crocodilo não consegue esticar a língua. E os porcos fisicamente não podem olhar para o céu! – Jungkook disse, lembrando outro fato.
Ele lamentou não ter memorizado mais fatos. Ele tinha acabado e o silêncio estava voltando ao carro; algo que ele não queria.
– O ketchup foi usado como remédio na década de 1930. – Jimin disse com uma fungada tão suave que Jungkook quase perdeu.
– Realmente? – Jungkook perguntou, mais surpreso que Jimin tivesse falado do que pelo fato do ketchup ser usado para tratar doenças.
– Estou começando a pensar que você realmente não aprendeu isso na aula de ciências. – Disse Jimin, a voz rouca de tanto chorar.
– Você não pode provar nada. – Jungkook falou com um sorriso.
– Você pesquisou isso? – Jimin perguntou.
– Não sei do que ta falando. – Jungkook corou.
Jimin finalmente se virou para olhá-lo, os olhos vermelhos, o nariz um tom profundo de rosa, a voz suave e áspera quando ele disse:
– Obrigado, Kookie. Realmente...
– Eu não fiz nada.
– De alguma forma, você sempre está perto quando eu preciso de você e eu apenas... – Jimin disse, os olhos se enchendo de lágrimas mais uma vez.
– Se eu te contar outro fato, você vai sorrir? – Jungkook se viu perguntando.
– O que?
– Se eu contar um fato, você vai sorrir?
– Vou tentar. – Jimin respondeu.
– Que tal uma piada?
– Jungkook... – Jimin parou, suspirando.
– Uma piada é então! – Jungkook declarou, virando na esquina e parando o carro.
Quando desligou o motor e as luzes voltaram a acender, ele se virou para encarar Jimin, tentando se lembrar de todas as piadas idiotas com as quais Jin havia torturado, ele, Yoongi e Hoseok.
– Por que os franceses comem caracóis? – Jungkook perguntou.
– Uhh, eu não sei?
– Porque eles odeiam fast food.
Demorou um segundo para Jimin processar essa piada sem graça antes de sorrir. As bochechas de Jungkook ficou vermelha de tanta vergonha, mas ele não se importava porque Jimin estava sorrindo. Ele fez Jimin sorrir, e essa era a única coisa que importava.
– Ok, aqui vai outra! – Jungkook disse, um sorriso crescendo em seu rosto enquanto observava Jimin de perto.
– É tão ruim quanto a primeira? – Jimin perguntou, sorriso apenas crescendo, olhos inchados de chorar.
– Pior. – Jungkook avisou.
– Estou pronto.
– De que tipo de música os balões têm medo?
Jimin esperou pela resposta.
– Música pop.
Jimin riu, jogando a cabeça para trás quando caiu na gargalhada, Jungkook sorrindo com a reação que a piada esfarrapada provocou. Ele fez uma anotação mental para prestar mais atenção em Jin quando ele estivesse contando piadas para que ele pudesse contar a Jimin e ouvi-lo rir novamente.
Este era o seu novo som favorito.
Seu único som favorito: o som de Jimin sendo feliz.
Fim do flashback 📽️
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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︶︶︶︶︶︶︶︶︶︶
B
errooooo... Essas piadas são horríveis.
Acho lindo esse contraste de Jungkook, um boxeador violento para um boiolinha apaixonado e doce.
Espero que também esteja gostando.
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