Capítulo 4: O Ápizer do Amor


Ápizer, observava com uma debochada arrogância o homem de jaqueta amarela, ainda mais pelo espanto que ele transparecia. O Arca adulterado por sua amada Eclipsia teve alterações fisionômicas e funcionais, após absorver impiedosamente os outros arcas. Atualmente, seu aspecto era de uma pedra polida branca, ao qual transparecia uns líquidos semelhantes a grandes manchas de sangue que moviam cada: nas pernas, braços e peitoral do seu robusto corpo. Mesmo Rádican estando diante um ser de singularidade fisionômica tão ameaçadora, fixava-se desnorteado apenas a sua face. Então Ápizer tranquilamente disse com exaltação a Rádican, enquanto via o interior do general:

"Como posso ver até você de alguma forma está incrédulo perante a exuberância do Amado de minha querida Eclipsia. A única humana realmente de amoroso caráter, ela descobriu como amar a vida, não poupou nem os seus semelhantes, ao transformá-los em objetos, preparativos para as nossas núpcias. Quando nos unirmos eternamente no amor, e pormos ordem a toda realidade universal! Estou vendo como sou diferente de ti, libertei daquilo ao qual está preso, a sua própria natureza... há, há! Veja, Eclipsia desequilibrou sua energia psíquica de modo crescente, elevando seus índices sobre todo o corpo, a partir do sistema nervoso central, possivelmente através da tecnologia de Eldamon! Você não irá suportar, mas eu vou! Deve ter feito o mesmo com os outros humanos, assim, nossa evolução será maior ao absorvê-los, Eclipsia, magnífico!"

Como um computador que acelera o funcionamento dos seus componentes para processar informações ao qual é incapaz no momento, por requerer novos componentes. Rádican, estava vivendo com um componente que o incapacitava a processar informações sobressalentes. Tipo, a verdade sobre sua querida noiva Eclipsia, que levou ao aumento da atividade interna do corpo, e a sofrer fortemente. Poderia Rádican trocar facilmente um componente que mantinha a sua estabilidade psíquica diante tantas perdas do passado, inclusive na Última Guerra. Por um instante desejou queimar o sistema, morrendo com aquela informação, mas havia outros componentes que lhe davam alguma carga, e faria de tudo para usá-los na finalidade de fritar esse traidor componente da sua vida, Eclipsia. Não poderia abandonar os humanos num caos cósmico e social. Assim, o desiludido general disse profundamente enraivecido de tristeza, ao pensar que apenas dar o seu rosto a outro era o suficiente para substituí-lo, ainda a um nem ao menos humano:

"Se ter o meu rosto é o suficiente para você ser tão amado por ela, então você não passa de um objeto vazio!! Muito igual a esse insignificante humano!!"

De súbito Ápizer ficou com semblante muito estranhado e assustado, ao ouvir isso, depois olhou devagar o reflexo do seu rosto na mão, e comparou aos traços faciais de Rádican, que anteriormente para si era apenas um rascunho a se apagar da existência. Vendo a igualdade, colocou a palma da mão sobre a face, apertando-a até esboçar um largo sorriso nervoso, enquanto pensava:

"Eldamon!... Eclipsia!... o único a ser amado, mas com o rosto de outro, ainda tão insignificante e mesquinho como um humano!? Há há!... Manipulado novamente!?... É mais uma simples humana, não uma Amada, ou futura deusa comigo!... Não posso sentir mais esse amor!!! Só por mim!!!"

O frustrado Ápizer, tirou a mão do rosto, e pronunciou olhando para ela pensativo:

"Preciso encontrar em minha o que sou!"

Ápizer havia nutrido uma profunda repugnância pelos humanos após o contato com Eldamon, o que muito influenciou a subverter as predisposições feitas por Eclipsia nele. Isto, atrelado a sua evolução adquirida na absorção dos outros arcas. Nesse momento, o Arca concentrava o líquido interno semelhante a manchas de sangue, as quais representavam fidedignamente o seu sofrimento psicológico, com fim de converter o amor induzido por Eclipsia para si mesmo. Processo este que era doloroso para o corpo e a mente. Ápizer estava se fragmentando enquanto emitia um brilho cada vez mais forte do líquido interno. Rádican observava confuso o aparente suicídio, até que começou a vislumbrar seus pensamentos projetados na realidade semelhante a telas, e depois a ver sua pele com uma consistência luminosa, a matéria orgânica dele se convertia em energia psíquica.

Olhando a sua mão direita cerrada firme com esta peculiar textura, percebeu que estava próximo o seu fim, mas não se permitiria morrer sem destruir consigo todo esse caos. A destruição do caos é a ordenação. Assim, Rádican disse ao ver Ápizer, erguer-se como um líquido vermelho mais pegajoso de aspecto menos humanoide, e face bem disforme:

"Se estamos destinados a angústia do fim, posso tentar ao menos amenizá-la"

Ápizer vendo todos os processos do organismo daquele homem que consentia em parte com suas dores, disse compreendendo o estado de Rádican, mas ainda sim desprezando ele:

"A decepção gera uma solidão que nos tortura, entendo essa insegurança. Isso mostra nossa fraqueza, esse é o alimento para ascendermos a um outro nível. Mas, as frágeis carcaças humanas não o suportam! Que sofram por nada!"

Quando avançaria para massacrar Rádican, uma parte de sua massa corpórea adentrou aquela superfície energético planetária, absorvendo um resquício de energia. Assim, voltando-se para baixo viu o quanto poder poderia ter, todo aquele planeta criado pela energia da vasta galáxia. Desse modo, Ápizer, começou a se contrair para adentrá-lo mais rápido. Neste instante, Rádican percebia estar sentindo um fluxo suave pelo corpo, que lhe dava o pressentimento de grande potencial, porque as suas funções psíquicas estavam se elevando por quanto mais matéria orgânica era convertida em energia psíquica. Assim, deduziu com precisão o que o profundamente disforme inimigo planejava, correndo muito velozmente até ele, gritando contra Ápizer e a vida, sua voz expressava uma esperança quase concreta.

Espantado, o ganancioso Ápizer transformou seu braço direito em diversas formas afiadas e alongadas, que bloqueou a passagem de Rádican no meio do trajeto, desferindo múltiplos golpes sobre ele. Porém, incrivelmente, o consagrado general conseguia bloquear e contra-atacar, como se fosse um boneco que tivesse por marionetista o próprio Deus. Rádican aproximava cada vez mais do realmente desumano adversário, para a humilhação e ira dele. Tendo se fortalecido com a energia do solo, Ápizer aumentou o poder do ataque desferido contra o extremamente motivado general, expressando uma igual vontade, seu orgulho próprio não permitiria desistir, nem acreditar no que acontecia.

Neste cenário avermelhado pelos restos gosmentos de Ápizer, o sangue do esperançoso Rádican começava compor essa vermelhidão. A exaltada criatura estava o atingindo, sendo inclusive ajudada pelos pensamentos dele, que exibiam memórias aflitivas, aos quais o desconcentravam, como seu noivado com Eclipsia. Porém, transformou essa aflição em desejo de superação, a única solução era dar a estas memórias um novo sentido, com lágrimas retidas sua energia psíquica se elevou, acelerando sua morte. Olhando fixo para as memórias, Rádican estava com olhos e a pele avermelhados pela intensa emoção, e fazia agora, sua espada deslizar mais velozmente sobre Ápizer, o reduzindo em instantes numa mera porção dentro da superfície. Mesmo tendo estraçalhado o alvo, Rádican desferiu alguns golpes de espada no solo, chorando silenciosamente. Pois, percebeu que restou uma parte viva do inimigo, e seu tempo de vida havia abreviado. Exclamou ele:

"Não, não!! Quase me livro pelo menos dele!!"

Aquele lugar que era apenas uma grande fonte para a realização do mais arrogante desejo de Ápizer, lhe tornou também um local de fuga para sua sobrevivência, igual das criaturas mais inofensivas, que são mais fracas que meros objetos do mundo. Estando afundado na sua humilhação, submergia naquele solo, pensando:

"Malditos humanos!... Teimosos!"

Rádican, ajoelhado com a roupa coberta pelo líquido do organismo de Ápizer, que havia se espalhado grandemente no lugar, olhava abatido o horizonte, pensando nos outros humanos dispersos naquele singular planeta, acometidos pelo mesmo mal que destruía seu corpo. Em seguida, viu a mesma vermelhidão que marcava aquele conflito no solo, se expandir velozmente na superfície, fazendo contraste. Ou seja, não adianta olhar para outro coisa, aquela marca chegaria lá, era preciso cessar o conflito com a vitória, tinha que dar o seu sangue-vermelho para isso. Esse mal possivelmente chegaria para além daquele lugar, mesmo que já estivesse acontecendo um tenso conflito por lá, na torre onde a tecnologia da Engenharia Energética, sustentava aquele caótico planeta.

O Senhor dos senhores da energia estava imobilizado por um dos corpos robóticos que havia construído para receber as mentes humanas, sem haver resistido. Porque ainda tinha a esperança de poder recuperar a mente dos senhores da energia, que sua sobrinha havia modificado no sistema dos corpos, e até dela mesma, a partir de seu corpo robótico ao qual construiu. Eclipsia, segurando qualquer início de tristeza, passou os dedos na mecha do seu cabelo para atrás da orelha, depois pôs o dedo polegar e indicar na haste de seus óculos, dizendo com leve rispidez:

"Você ainda pensa que alguma coisa pode ser recuperada!? Espero que esta serenidade seja de aceitação da derrota, pois já perdemos a tempo! Quando nossos familiares ajudaram a conter as forças inimigas nos outros países, para que fizéssemos a investida que devastaria com quaisquer resquícios de civilização, foi feito, na esperança de que salvaríamos a humanidade, ao acabar com as guerras eminentes! Tudo pelo futuro! Mas, e nosso presente, aqueles que amávamos!? Mas, juro, nada disso repetirá, o mundo precisa de um ser superior, que possa estabelecer a ordem para sempre no amor"

Tendo dito esta última palavra, o sentimento saiu por um instante do seu controle, escapando em forma de uma lágrima sobre a capa da sua agenda, a qual segurava junto do seu terno vermelho feminino. Justamente, era a que ganhou de presente do seu tio Eldamon, em um dos seus aniversários da infância. Vendo isso, o Grande Senhor da energia fechou as pálpebras apertando levemente, depois as abriu, olhando pensativo e triste para o molhado da lágrima, disse forçando confiança:

"Você ainda quer estar conosco! Porque perder mais!?"

Movendo os olhos para a esfera energética, ela retrucou com semblante sério:

"Se for para ganhar algo bem melhor!"

Diante o olhar de Eclipsia, a esfera energética começou contrair e retrair desordenadamente, com movimentos rápidos e leves, até surgir um homem radiante caindo violentamente no chão, deixando traços de sangue. Restava em seu corpo apenas algumas partes orgânicas, estava irreconhecível pela fisionomia, senão fosse a espada, ao qual apoiava para se levantar lentamente. Assim, Eclipsia espantou expressando um olhar triste, pois não queria ver o malefício do seu plano diante seus olhos, dizendo:

"Rá-di-can!?"

Eldamon ficou assustado, mas com olhar pensativo, e voltando-se para sobrinha, perguntou exclamando:

"Você fez isso!?"

Em seguida, a esfera energética se desfez, dando lugar a um ser colossal, que tinha o aspecto de uma pedra polida branca, ao qual transparecia uns líquidos negros, semelhantes a grandes manchas que moviam cada: nas pernas, braços, peitoral e face. O seu rosto não tinha nenhum traço facial. A criatura pronunciou com sua voz extremamente grave e alta:

"Humanos, vocês estão vendo o Poder, não há limites para ele, tudo que existe é uma oferta para o aumento de meu esplendor! Ápizer vaga em busca do ápice! Eu pude ver o passado deste mundo, e o momento mais doloroso da humanidade, a partir dos pensamentos projetos de cada um que sofria das alterações da energia psíquica. Assim, vocês terão uma punição verdadeiramente de um deus, por me profanarem de modo tão imensurável. Aproveitem, também estou prestes a expressar minha misericórdia pela insignificância de vocês! Eis o momento, ao qual chamaram de "A Última Guerra"! Contemplem o Poder!"

O líquido no interior do corpo de Ápizer começou se agitar e emitir algumas luzes em si, até projetar inúmeros raios, que abrangiam a terra inteira. Estes construíram pessoas, animais, árvores, prédios, e diversos outros seres, com uma precisão inacreditável do que o mundo era na "Última Guerra". Mesmo não tendo voltado no tempo, o mundo aparentava o contrário. Ápizer premiou até Rádican, refazendo sua estrutura orgânica. Eldamon, Eclipsia e Rádican, olhavam extremamente emocionados ao redor, enquanto Ápizer dizia:

"Eu mesmo quero levar a humanidade a extinção, junto com todos que vocês amam!

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