Jurada do Projeto Luna

Alice

Criatividade:
A história está bem desenvolvida criativamente falando, as descrições e falas retratam isso muito bem. Vemos o desenrolar do autor com esse quesito à medida que a historia avança.
Definitivamente perfeito.

Aderência ao gênero/subgênero:
O conto retrata de forma genuína o gênero proposto, mas em parte nota-se que o contexto histórico se sobrepõe ao romance. Entendo o fato e a época em que se tratava o fato, porém mais uma pitadinha de romance cairia bem.

Qualidade da Escrita:
A escrita é fluida, suave, coerente e clara. Cada parágrafo nos deixa imersos na experiência retratada, principalmente na questão das palmatórias, a leitura em si é suave e genuína e nos deixa com um gostinho de quero mais.

Originalidade:
O conto foi bem elaborado com base na originalidade, retratando um pouco da revolução e de como ela se desenrolou, cada pedacinho de texto nos mostra a dedicação do autor de criar uma experiência imersiva e bem explicada.

Autenticidade Histórica:
A autenticidade é gritante e muito bem retratada, A Revolução dos Cravos foi um grande marco histórico para Portugal e isso é um fato marcante no desenrolar do conto, foi certeiro a escolha do autor e a forma como tudo foi genuinamente retratado.

Desenvolvimento do Romance:
Dados aos fatos explicados no conto e o contexto de época em que tudo se passava é notável que houve uma questão respeitosa a ser seguida. Mas acredito que poderia ter dado um jeito para desenvolver um pouco mais, como diz um trecho do conto “Se vamos fazer uma revolução que problema tem de começar já?”

Equilíbrio entre História e Romance:
Apesar do equilíbrio harmônico, ainda ficou faltando algumas coisinhas, o conto acabou puxando mais para o lado histórico que o romântico, o que teria sido bom em caso de conto voltado para fatos históricos.

Considerações Finais:
O contos do autor são sempre surpreendentes e imersivos, sugiro que invista na carreira pois ela tem tudo para ser deum sucesso esplendoroso. Sugiro também que saiba pesar e dosar um pouco as coisas na hora da escrita, manter o equilíbrio nem sempre é fácil, mas com o tempo acredito que você vai conseguir. No mais, meus parabéns.

Jurados do Viva La Escrita

Joy (JoyceSW)

Certamente a escrita aqui é linda e é a cara do gênero deste desafio. É como se o conto fosse mesmo criado em 1973. Uma pena ter tantas repetições de palavras, não se a pessoa que escreveu chegou a revisar antes de enviar, mas uma revisão após alguns dias de escrita já resolvia esse problema que não é lá muito grande, mas é um detalhe. Notei que a repetição de palavras em curto tempo diminuiu ao longo de minha leitura.

Sugiro a troca do travessão curto pelo travessão longo ( — ) pois este é o adequado, ou então as aspas caso assim desejar. A  obra tem o típico erro dos verbos dicendi, mas isso é bem comum. A pontuação dos diálogos não é um assunto que as pessoas estão familiarizadas, mas é importante. Eu mesma tenho uma obra por aqui que contém os mesmos erros e já estou me programando para revisar. Isso leva tempo e paciência. No final vou deixar um link sobre o assunto.

Cara pessoa, você gostou né? Gostou de colocar em pauta narrativa essas ideias provocativas que flertam com 2024, fala a verdade. Pois eu também gostei. Incrível como os problemas antigos ainda se refletem. Como canta Elis Regina : Eles venceram e o sinal está fechado para nós que somos jovens.

Dado a minha ignorância sobre o fato histórico de Portugal, pensei que estávamos lidando com um momento da Ditadura, mas posso dizer com satisfação que este conto me fez aprender algo novo e isso fez com que você ganhasse nota dez. Ainda assim, acho que o trecho da música da Elis Regina ainda reflete o meu pensamento. O desfecho é inspirador e poético, digno de uma evolução.

Vinícius (Machado-Ribeiro)

Aqui é uma história cuja autenticidade histórica é absurda, quase uma transliteração, uma imersão na vida e obra dos portugueses sob o regime das mãos de ferro de Salazar. Faz-se elogios a diversos pontos da trama, desde os anseios dos personagens principais até a rebeldia das classes mais inteligentes, as quais desafiavam o status quo em prol de conquistas pequenas, mas fidedignas. Esse ponto aqui foi perfeito.

Agora as ressalvas: talvez por conta da empolgação do autor em referenciar e imergir o leitor no período histórico, o romance quase inexistiu. Aparecendo de forma esporádica ao longo da narrativa, serviu mais como plano de fundo do que carro-chefe. Cenas passageiras e efêmeras também contribuíram para o romance não fluir muito dentro da obra.

Dito isto, o equilíbrio entre a história e romance deixou a desejar. Claro, sentimos a dor da captura ou a alegria pela liberdade, ainda mais em uma época tão próxima da contemporaneidade, contudo dosar melhor as cenas de romance, focar mais nela do que nas narrativas paralelas funcionaria melhor.