Capítulo 5


Conheci a maioria das pessoas de Alexandria. Meu coração inchou quando vi que Rick tinha uma bebezinha chamada Judith. Maggie veio conversar comigo durante a semana, no começo percebi que ela queria saber mais de mim pelo motivo obvio de não confiar em desconhecidos. Mas nos dias seguintes ela me contou sobre sua família, como o grupo de Rick chegou a Alexandria.

Percebi que eles realmente confiavam em mim quando me pediram para cuidar de Judith. Ela era uma criança adorável, praticamente não chorava. Ela era uma distração, já que eu não podia fazer nada com muito esforço e mesmo dividindo a casa com Jax e Daryl, eu os via poucas vezes.

- Já troquei a fralda dela e dei comida, está pronta para dormir – disse a entregando a Carl. Ele era um garoto incrível, um pouco fechado, mas muito gentil. Nos primeiros dias ele me olhava desconfiado, mas acho que passei no teste de confiança dele.

- Desculpe deixar ela aqui até essa hora – ele fala enquanto Judith puxa o cabelo dele e tenta arrancar o chapéu da cabeça.

- Sempre que precisar. Ela é um amor – aperto a bochecha dela e ela ri.

- Você precisa de algo? – ele pergunta antes de sair.

- Não, tenho tudo aqui. Carol passou mais cedo deixando algumas coisas.

Eu me sento na varanda, olhando para o céu cheio de estrelas. Sempre gostei da noite. Parece mais bonito agora, ou talvez seja por que perdemos tudo, começamos a dar valor para as pequenas coisas.

Ouço um rangido e vejo um cara alto subir as escadas da varanda.

- Oi. Sou Spencer – ele se apresenta estendendo a mão. Ele tinha um sorriso simpático e uma barba rala, que combinava com seu cabelo castanho.

- Sou Emma - sorrio para ele.

- Eu sei – ele dá um meio sorriso – Todo mundo está falando de você.

- Ah – digo sem graça – Espero que bem – brinco e ele assente.

- Como fez isso? – ele pergunta apontando pro meu pé.

- Acidente de percurso – dou os ombros.

- Se precisar de algo, pode me procurar – sorriu e piscou um olho quando vejo Jax subir as escadas da varanda.

- Tudo bem... Spencer, obrigada – sorrio amarelo sem entender a necessidade da piscadela.

- Vi que deu sorte com os suprimentos – Spencer fala para Jax assim que o vê, meio que querendo puxar assunto.

- Sim – respondeu, num tom neutro, mas com o olhar frio.

Um silencio gélido se formou entre nos três. Jax olhou para ele com cara de poucos amigos, e eu vi claramente que ele estava incomodado. Spencer limpa a garganta.

- A gente se vê, Emma – ele se despede e sai. Jax o olha caminhar pra longe.

Ele se sentou na mureta da varanda e tirou um maço de cigarros do bolso, acendendo um. Fico olhando para Jax enquanto ele traga o cigarro e exala uma nuvem de fumaça, olhando para longe. Ficamos no mais absoluto silêncio.

- Dia difícil? – pergunto vendo que ele parece cansado. Ele, Daryl e Rick e outros saíram pela manhã em busca de suprimentos e voltaram agora a noite.

- Às vezes é difícil – ele diz, simplesmente – E você? – ele pergunta mesmo já sabendo a resposta.

- Alternei entre ficar sentada e deitada enquanto Judith destruía sua sala – faço uma careta olhando para o céu ele ri.

- Isso parece bem chato – ele inclina a cabeça, me olhando como se pensasse em algo – Seu pé ainda dói? – ele pergunta jogando o cigarro fora.

- Não. O remédio que me deram é forte até demais. Mas Maggie quer que eu fique mais uns dias parada – ele concorda com a cabeça lentamente.

- Vem – ele estende a mão para mim – Vamos num lugar onde você vai poder ver melhor o céu.

Caminhamos até a rua de trás, cortando caminho por entre as casas. Já era tarde e não havia ninguém na rua, exceto quem estava de vigia perto dos portões. Chegamos onde havia um grande lago e um coreto no meio do jardim.

- Isso é lindo – disse olhando tudo. Mesmo estando escuro, o lago refletia o céu. Fazia tempo que eu não via coisas bonitas assim.

- Achei que fosse gostar. Pelo menos você não fica olhando pro teto o dia todo – ele deu os ombros e caminhou para trás do coreto, e deitou na grama, dando uma batidinha ao lado.

- Se vamos olhar o céu, vamos fazer isso direito – ele fala e eu faço uma careta.

Me deitei ao lado dele, olhando para o céu lá em cima. Ficamos em silêncio um bom tempo, mas um silêncio confortável, bem diferente daqueles em que procuramos algo para dizer. Pensei em Jasper, nos meus pais, em como era minha vida antes de tudo isso.

- Jax - chamo seu nome e ele vira a cabeça - Obrigado. Não só por me ajudar lá fora, mas por tudo que você está fazendo. É muito gentil da sua parte.

Ele se apoia no cotovelo, e me olha de forma intensa, e mais uma vez me perco. Os olhos dele moveram-se de acima e a baixo, inspecionando cada centímetro do meu rosto, antes de se concentrarem na minha boca, se inclinando para me beijar.

Ele hesitou um pouco antes de tocar meus lábios, mas em seguida segurou-me com suavidade pelo queixo.

Ele me beija de uma forma gentil. Sua mão toca meu rosto, ele me beija mordendo o meu lábio devagar. A leve aspereza de sua barba na minha pele fez meu corpo se arrepiar. Deslizei minha mão para a nuca dele, o trazendo para perto de mim.

Seu beijo se torna forte e envolvente, e não queria nem tentei fugir, eu estava entorpecida com aqueles lábios. Sua mão desceu e apertou minha cintura, me fazendo arquear o corpo na sua direção.

Ele chupou meu lábio inferior antes de parar o beijo e se afastar um pouco para me olhar. Nem preciso me olhar no espelho para saber que estou corada.

- Acho melhor eu levar você pra casa – ele diz sorrindo, sua respiração pesada junto ao meu rosto preen​chia meus pulmões. Ele baixou a cabeça e roçou os lábios nos meus, esperando eu responder.

- Você planejou isso? – perguntei estreitando os olhos, e ele começou a rir. Mordi o lábio, tentando ficar seria, o fitando. Acho que eu não conseguiria desviar os olhos nem se quisesse.

- Não, juro que não – ele para de rir e me olha sério antes de colar os lábios nos meus, me dando um beijo rápido, levantando em seguida.

Ele estendeu a mão para me ajudar a levantar e caminhamos em direção à rua, enquanto eu limpava as folhas de grama da roupa.

- Eu estava procurando por você – grita Daryl, descendo os degraus de um edifício, vindo em nossa direção – Sasha está saindo e precisa de você na vigia – ele fala olhando pra Jax e em seguida pra mim.

- Eu não sabia. Estava mostrando o lugar para Emma - ele dá um sorriso contido e Daryl se mexe desconfortável, como se quisesse sair dali logo.

- Boa noite, Emma – Jax fala antes de sair andando em direção aos portões. Daryl me encara antes de desviar o olhar.

- Tem grama no seu cabelo – fala antes de começar a caminhar.

Ótimo. Agora ele vai achar que eu estava rolando com o irmão dele na grama.

Passo a mão no cabelo rapidamente e começo a segui-lo até em casa.

Quando chegamos e um silêncio tenso se fez, eu perguntei a primeira coisa que me veio à cabeça.

- Quer que eu faça algo pra você comer? – ele me olha espantado e eu seguro o riso.

- Porque eu ia querer? – ele responde, curto e grosso como sempre.

- Porque você esteve fora o dia todo e eu não me importo em fazer – falei tranquilamente.

Acho que ele não percebia como ele respondia as pessoas. Ele parecia estar sempre na defensiva, excessivamente reservado. Ele me olhou por mais dez segundos antes de responder.

- Tá, pode ser – ele deu os ombros, se sentando no sofá.

- Pronto – disse depois de alguns minutos.

Ele me olhou desconfiado quando se sentou na cadeira. Deslizei o prato de omelete com verduras para ele e me sentei na sua frente com o meu.

Nós comemos em silêncio, por alguns minutos, apenas o som de nossos talheres tilintando nos pratos. Então, me ocorreu, pela primeira vez, que eu poderia usar isso para tentar conversar com ele.

- Então, o que você fazia antes disso tudo? – pergunto remexendo na comida com o garfo.

- Nada demais – ele deu os ombros, sem se preocupar em me olhar, e continuou comendo – E você?

- Faculdade. Faltava um ano para eu terminar.

- De que? – ele pergunta e eu fico surpresa por ele querer prolongar a conversa.

- Arquitetura.

- Legal – ele diz, olhando pra longe – A gente ta querendo, você sabe... Expandir e construir mais por aqui. É bom ter alguém que entenda disso.

- Isso é ótimo! – exclamei – Quando acontecer, eu adoraria ajudar – digo e ele concorda – Eu me sinto desconfortável por estar aqui sem fazer nada.

- Você ta se recuperando, é diferente de estar sem fazer nada – ele calou-se por instantes, depois continuou – Vou falar com o Rick amanhã – ele se levanta e leva o prato até a pia.

- Obrigado pelo jantar – ele fala meio baixo, com a voz áspera, grossa, sem jeito – Vou subir – ele fez um gesto em direção a escada.

- Sem problemas – sorrio para ele – Bom, boa noite. Até amanhã. Ele tinha esse jeito de homem das cavernas, mas eu gostava dele.

Deitei em minha cama, e fiquei pensando no meu beijo com o Jax, a cena não saia da minha cabeça. Sua boca, seu cheiro, a textura macia do cabelo em minhas mãos... Parecia que as coisas estavam voltando ao normal. 

Quero dizer, que tipo de cara que te leva pra ver o céu em pleno fim do mundo? Ao mesmo tempo que eu o queria, eu não queria me apegar em alguém que poderia partir ou se machucar a qualquer momento. Mas algumas coisas vale a pena se arriscar. 

Eai, o que acharam? Deixe seu voto! 

No próximo capitulo teremos um hot finalmente! 

Beijos.

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