Capítulo 32

Pisco algumas vezes até conseguir focar e ver que não estou no meu quarto, mas logo reconheço onde estou. Sinto braços firmes ao meu redor debaixo das cobertas, e solto um suspiro de satisfação com o calor do seu peito nas minhas costas. Me mexo e Negan puxa meu corpo mais para junto dele, me abraçando por trás.

— Bom dia — sua voz era tão profunda e rouca. Mesmo sem olhar, eu sabia que ele estava sorrindo.

Sinto uma leve dor de cabeça quando mexo a cabeça no travesseiro. Eu não lembrava de vir para cá, não lembrava de estar nua... eu sabia porque estava nua, mas não lembrava exatamente. A única coisa que vinha na minha mente era ressaca.

Me virei de frente, e ele sorriu, com o cabelo todo bagunçado e os olhos pequenos e pesados de sono.

— Que horas são? — minha voz saiu rouca demais, parecia que eu não falava a dias. Eu não tinha noção da hora que era porque as cortinas grossas não deixavam a luz entrar.

— Já passa do meio dia.

— Meu Deus. Porque não me acordou? — eu me sento e me arrependo no mesmo segundo.

Minha cabeça parece que vai cair ou explodir ou qualquer coisa defina a palavra dor. Todas as partes do meu corpo estão doloridas como se tivesse levado uma surra.

— Acordei cedo e você estava nocauteada. Achei melhor te deixar dormir — ele explicou com calma e a voz rouca de sono.

Eu lembro de estar bebendo com Lauren, depois com Jasper... De nós dois no sofá, de Negan dizer que não ia fazer nada comigo porque eu estava bêbada, e de eu implorar para transar com ele. Coloquei minhas mãos nas têmporas, esperando que isso aliviasse um pouco a dor.

— Acho que não preciso perguntar como se sente — Negan diz, acariciando minhas costas — Deite.

Eu deito de novo, virada de frente para ele, puxando o edredom até o pescoço. Ele coloca a mão na minha cintura, me puxando para perto. O contato da sua mão quente com a minha pele nua me faz estremecer.

Ele levanta a cabeça, se apoiando no cotovelo e roça o nariz no meu, se aproximando da minha boca, e me beija lentamente. É tão bom e carinhoso que por um segundo eu esqueço da dor no meu corpo.

Negan me empurra até que eu fico deitada de costas, com ele pairando em cima de mim, sentindo sua ereção pesada na minha coxa. Sua mão sobe e começa a acariciar meu seio e a beliscar meu mamilo com as pontas dos dedos. 

Sinto uma pontada de calor se espalhar pelo meu corpo, e me contorço embaixo dele. Negan se afasta, me olhando, ainda perto do meu rosto.

— Porque você ainda está aqui? Já é tarde e...

— Não sabia que estava cuidando da minha agenda — ele dispara com um sorriso sonolento. Sua mão correu para cima e para baixo na lateral da minha cintura.

— Onde estão minhas roupas?

— Não precisamos delas ontem — sua mão para na minha costela, seu polegar traçando a curva do meu seio, e eu respiro fundo, querendo lembrar o que aconteceu ontem. Sei que parte da dor no meu corpo é mais do que ressaca.

— Eu posso dizer que seu cérebro está indo a toda velocidade — ele ri e observa cada traço meu — Você não lembra de nada?

— Só algumas coisas.

— Que coisas?

— De estar bebendo com Lauren — eu omito a parte de que eu implorei por sexo.

— Que pena que não lembra da melhor parte — com um toque suave, ele passa um dedo ao longo do meu nariz — O sexo bêbado no sofá foi incrível — eu rio e mexo minha cabeça no travesseiro e faço uma careta de dor quando uma pontada me atinge em cheio.

Levo a mão até sua nuca, quando vejo uma marca arroxeada no seu pescoço, e eu me pergunto se ele já viu isso. Passo os dedos em cima, e vejo Negan sorrir.

— Eu não sou o único que gosta de marcar — ele fala com aquela voz satisfeita que eu conheço como a palma da minha mão.

Puxei seu rosto e o beijei. Essa era a primeira vez que nos acordávamos juntos, e era estranho o quanto eu me sentia a vontade. Era certo. Era aqui que eu queria estar. Duas batidas na porta tomam nossa atenção, e Negan se afasta.

— Tome um banho. Tem um roupão no banheiro, e remédio dentro do armário. Vai se sentir melhor — ele me beija de leve antes de levantar, vestir uma calça, e sair do quarto fechando a porta.

—     —     —

Quando saio do banho, as cortinas do quarto já foram abertas, deixando a luz entrar. O remédio estava fazendo efeito, mas a claridade ainda me incomodava. Apertei o cinto do roupão mais forte, antes de sair do quarto e ver Negan de costas e sem camisa na pequena cozinha.

Meu vestido e minha calcinha estão em cima do sofá. Isso me fez lembrar o que Negan disse aquele dia "Isso é intimidade. Eu ajuntando suas roupas pela casa depois de nós dois treparmos feito loucos" e automaticamente um sorriso brota no meu rosto.

— Porra, eu gosto desse sorriso — sua voz me tira dos meus devaneios. Ele está me olhando, com um grande sorriso no rosto, que faz meu coração bater mais forte. Eu caminho para onde ele está — Se sente melhor?

— Sim. Só um pouco dolorida.

— Dessa vez não foi culpa minha — ele sorri maliciosamente.

Vejo ele por comida em dois pratos, seus gestos um pouco desajeitados enquanto ele tira a massa com molho da tigela.

Pelo cheiro parecia ser molho de tomate, já que tinha em abundancia aqui, por causa da horta. Eu nunca comi tanto tomate na vida desde que vim para cá. Era molho de tomate, salada de tomate, geleia de tomate.

— Quer que eu faça? — pergunto me encostando ao lado dele. Ele me olha e me entrega a colher. Merda. Isso era intimo demais. Ok. É só um almoço. Ele apoiou o quadril no mármore da bancada, a onde eu estava, me observando.

— Foi você quem fez? — eu pergunto querendo quebrar o silêncio.

— Não, boneca. Você não teria tanta sorte assim, eu ser bom pra caralho na cama e ainda cozinhar — ele abre um grande sorriso presunçoso e eu tenho que me segurar para não beija-lo.

— Sorte a minha que você é bom em uma delas — eu reviro os olhos, rindo e deslizo um prato em direção a ele, e Negan o põe sobre a mesa, onde já tem uma jarra com suco, talheres e dois copos. Ele se senta e eu pego o outro prato e me sento também.

— O que há de errado com você e Jasper? — Negan pergunta depois de uns minutos em silêncio. Olhei para ele temerosa pela pergunta.

— Nada — menti, e minha voz denunciou o vazio em meu interior. Eu sentia fala de Jasper, mas eu nunca iria falar sobre o show que ele fez quando soube de Negan, porque eu tinha certeza que não ia terminar bem se ele soubesse.

— Tem certeza? Ele pode ser um dos melhores daqui, mas se ele fez qualquer coisa para você...

— Está tudo bem, ele não fez nada — eu garanti antes de ele terminar a ameaça — Ele está com Lauren agora, então é normal que ele se afaste — dei os ombros, continuando a comer.

— Com Lauren? Que merda — ele ri — Parece que a falta de membros é um imã para as mulheres — ele comenta e eu não entendo o que ele quis dizer com isso, então deixo para lá.

— Você não sabia?

— Não. Deveria? — ele coloca os talheres no prato e o empurra, descansando os antebraços na mesa.

— Pensei que soubesse tudo o que acontece aqui — dou um rápido levantar de sobrancelhas, provocando. Ele ri.

— Sei o que preciso saber. Para quem Lauren abre as pernas não é do meu interesse.

Lembrei da conversa de Lauren com Jasper ontem, e do que eu pensei sobre eu e Negan. Mente de bêbado é uma merda mesmo. Balanço a cabeça, tentando me livrar do pensamento e bebo o resto do suco. Sei que ele está olhando para mim, então levanto e pego meu prato e o dele e coloco na pia.

— Eu preciso descer — digo quando viro para encara-lo, ainda sentado, me olhando. Ele se levanta, ficando na minha frente. Concentro meu olhar na tatuagem do seu peito. Ele fica em silêncio, esperando eu olha-lo, e eu o faço.

— Você tem algo para fazer? — ele questiona com as sobrancelhas arqueadas, já sabendo a resposta, já que ele me tirou do serviço que eu fazia. Suas mãos seguram a faixa do roupão, me puxando para perto. Passo os braços ao redor do seu pescoço.

— Não, mas mesmo assim...

— Hoje você não sai daqui — ele me corta, puxando meu lábio entre os dentes — Não é um pedido.

— Está me sequestrando? — faço uma careta, e sinto suas mãos me apertarem mais forte.

— Não posso roubar o que já é meu.

— Mesmo assim tenho que descer e avisar Jasper. Ele vai ficar preocupado depois de ontem.

Mesmo não sabendo se é verdade que Jasper está preocupado, eu queria avisa-lo.

— Vai depois, ai você já passa no Carson — ele diz e beija logo abaixo da minha orelha, de um jeito delicado e lento, e o roçar da sua barba na minha pele me faz querer desmanchar.

Carson era o médico daqui. Eu já estava bem, a ressaca não foi tão ruim assim, então não entendi por que eu devia ir vê-lo.

— Passar no Carson para quê? — minha voz sai um chiado. Ele arrasta sua boca até ficar de frente com a minha.

— Para tomar uma dessa pílulas de emergência. Ontem não usamos camisinha e...

— Você não usou? — eu o interrompi, levando as mão ao seu peito e franzindo o cenho — Como assim você não usou?

Quem em sã consciência faz uma merda dessas nos dias de hoje? Eu me afasto e ele me encara como se eu fosse louca.

— Vai com calma, boneca. Foi você quem disse que não precisava.

— Talvez porque eu estivesse bêbada? — minha voz saiu mais alta, incrédula. Incrédula por que eu não queria acreditar que foi eu quem pediu isso.

— Vem cá. Vai ficar tudo bem — ele disse em meio a um sorriso, me deixando com mais raiva, e eu dei um passo para trás.

— A menos que você seja estéril, não me prometa o que não sabe — eu fiquei de costas para ele.

 Apoiei minhas mãos na mesa, batucando os dedos, forçando meu cérebro a pensar. Minha menstruação era regular e levando em conta a última vez que veio... eu não estava no meu período. Isso fez eu me sentir um pouco aliviada. Mas ainda assim era arriscado. Eu passei a mão no rosto e relaxei um pouco.

— Acho que vai ficar tudo bem — disse mais calma, quando virei para ele. Negan estava no mesmo lugar, com a mesma expressão.

— Claro que vai — ele passou a mão na barba, parecendo aliviado que meu ataque de fúria passou — Você tem que ir com calma, porra. Eu nunca faria nada que fosse te prejudicar.

— Me desculpe — eu digo, e Negan solta uma risada, vencendo a curta distância entre nós e passando uma de suas mãos por minha cintura, arrepiando-me por completo com um simples toque.

— Você fica linda quando está zangada. Parece um gatinho irritado.

— Você não tem negócios para lidar? — pergunto, pousando as mãos no seu peito. Ele balançou sua cabeça. 

— Eu não tenho nada com o que me preocupar, a menos que Simon venha correndo pela porta me dizendo que algo muito ruim aconteceu. Eu preciso de uma pausa — ele diz e eu concordo.

— Pensei que você quisesse fazer alguma coisa — ele fala e parece meio desconfortável, ou meio sem jeito. Percebendo que eu vi isso, e ele me vira de costas, ficando atrás de mim, com as mãos dos dois lados de meu pescoço, gentilmente massageando meus ombros.

— Podemos fazer qualquer coisa que quiser. Alguma coisa normal — ele aperta meus músculos tensos e eu gemo — Isso também — ele brinca.

— Alguma coisa normal? — eu tombo meu pescoço um pouco, fechando os olhos enquanto suas mãos trabalham em mim — Não é como se fossemos sentar e ver um filme na tv.

— Você quer ver um filme?

— Não tem uma tv aqui — eu falo. É estranho ele ter tudo aqui, menos uma tv.

— Você quer? — ele afastou a gola do roupão, beijando meu pescoço. Eu murmurei que sim, levando minha mão para trás, até seus cabelos, o incentivando a continuar. Ele riu baixinho e me virou de frente para ele.

— Espere aqui — disse, se virando e entrando no quarto. Ouvi sua voz longe mas não entendi o que dizia, provavelmente estava falando no rádio. Tirei o resto das coisas da mesa e depois de alguns minutos Negan voltou. Ele vestiu uma camisa que estava em cima do sofá quando alguém bateu na porta e ele mandou entrar.

Um cara entrou segurando uma tv nas mãos. Ele era alto e gordo, e a televisão era grande, mas parecia uma folha de papel nas mãos dele. Eu lembrava tê-lo visto ontem. Ele parecia meio nervoso, olhou para mim mas no mesmo segundo desviou para Negan.

— Lá dentro — Negan mandou, adotando aquela postura rígida, apontando para o quarto. Eu fiquei o olhando com as sobrancelhas arqueadas.

— Você disse que queria ver tv — ele disse num sorriso debochado, antes de me beijar. Sua mão envolveu meu pescoço de um jeito possessivo, me mantendo no lugar, enquanto a outra desceu para a minha bunda, apertando e colando meu quadril no seu.

— Não estamos sozinhos — eu consigo ofegar as palavras no meio do beijo. Negan ri e chupa meu lábio, como se eu não tivesse dito nada. Gemi, involuntariamente me esfregando mais nele.

Houve um tropeço e eu virei o rosto, dando de cara com o homem. Sentindo como se eu estivesse saindo de um transe, percebi a imagem que passava: ofegante e excitada, me esfregando em Negan, enquanto ele estava com um punhado da minha bunda nas mãos.

Engulo em seco, rezando para que ele não tenha visto o show no meio da sala por muito tempo. Negan não se afastou, só desceu a mão do meu pescoço para a minha cintura. O homem parecia um coelho preso, os olhos correndo em toda parte, não querendo focar diretamente em nós. Ele teve que limpar a garganta duas vezes antes que ele fosse capaz falar algo.

— Já... Já está tudo funcionando — ele faz um gesto com o polegar por cima do ombro para o quarto.

— Pode ir — Negan fala rude e ele assente rapidamente, abrindo a porta e saindo.

— Isso não é engraçado — eu revirei os olhos e o empurrei, mas ele não me soltou.

— Não seja mal humorada — ele riu e deu um apertão na minha bunda, antes de me guiar para o quarto, onde a tv estava posicionada de frente para a cama. Apoiei um joelho na cama, vendo ele tirar a camisa e pegar o controle.

— Porque está fazendo tudo isso? Esse não é você — perguntei, incapaz de conter minhas palavras, e imediatamente senti meu rosto corar. Não era isso que eu queria? Algo normal?

— Estou começando a achar que você só está comigo para sexo — ele brincou, querendo desfaçar e fugir do assunto. Era estranho ver Negan querendo fugir de algo. Mas ele estava tão desconfortável e inseguro quanto eu.

Ele viu que eu fiquei com a mesma expressão, esperando uma resposta, e ele exalou lentamente. Ele largou o controle em cima da cama e ficou na minha frente.

— Quero que relaxe — Negan segura meu rosto com as duas mãos. Olhei fundo em seus olhos, agora tão próximos, e senti seu hálito quente contra meus lábios — Quero que fique à vontade comigo ou isso nunca vai dar certo. Eu não sei mais como isso funciona, você vai ter que me ajudar. 

— Eu me sinto a vontade com você — digo, mesmo não sendo inteiramente verdade.

Não era que eu não me sentia a vontade, mas era estranho imaginar que ele fazia coisas normais assim. Era tudo tão extremo com ele, tão intenso e rápido, que a ideia de algo normal era distante — até agora.

Eu queria isso, queria as coisas normais de estar com alguém. E ele estava querendo me dar essa normalidade, então porque eu estou achando estanho se era isso que eu queria?

— Não. Você se sente a vontade fazendo sexo comigo. Quero que se sinta bem comigo o tempo todo.

Eu entendia o que ele queria dizer. Sexo era uma coisa, e mesmo ele já tendo me tido de todas as formas, nós dois éramos duros demais para demonstrar carinho. Isso parecia uma linha difícil de ser cruzada para nós dois, mesmo querendo. Eu odiava isso, me sentir carente — e ele também. Mas nunca pensei que ele quem fosse tomar a frente para mudar isso.

— Eu quero ser bom — ele coloca um pedaço do meu cabelo molhado atrás das orelha — Para você.

Olhei fundo em seus olhos, sentindo meu autocontrole desmoronar, e um sorriso grato se formou em meu rosto. As palavras entraram aquecendo meu coração, a sensação era reconfortante demais.

— Eu também quero ser boa para você — eu disse, cobrindo suas mãos com as minhas, e ele se aproximou da minha boca.

— Quer ser uma boa menina para mim? — disse com a voz rouca, deslizando sensualmente suas mãos por minha cintura — Isso me dá ideias — ele sussurrou num tom de confissão em meu ouvido.

— Você só pensa nisso? — eu inclinei a cabeça, segurando o riso, grata por ele estar quebrando o momento tenso.

— Sempre penso em muitas coisas quando olho para você. Principalmente sabendo que você esta sem nada por baixo desse roupão — ele diz e eu dou um tapinha no seu braço e me sento na cama, esperando ele pôr o dvd.

Negan se deitou ficando meio sentado e abriu seus braços. Eu caí em seus braços, aninhando meu rosto em seu peito. Não conseguia dizer qual era a sensação que eu estou sentindo. Ele enterrou a mão no meu cabelo, deslizando os dedos no meu couro cabeludo. Não consegui presar atenção no filme, só na sensação de estar aqui, tranquila com ele.

Beijos e até o próximo capítulo!

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