Capítulo 30

Emma

Eu não conseguia ouvir mais nenhuma palavra. Tudo o que fazia era bagunçar minha mente. Eu não posso gostar desse homem, nem da suas palavras. Ele encosta sua testa na minha, mantendo os olhos firmemente fechados.

— Emma — sua voz rouca murmurou, fazendo com que seu hálito batesse diretamente em meu rosto — Você não sabe o quanto eu preciso disso... O quanto eu preciso que você me queira. 

Suspirei profundamente, forçando minha cabeça a não acreditar nessas palavras. Eu já tinha sido idiota uma vez.

— Chega de resistir — ele sussurrou, aproximando seu rosto do meu ouvido — Eu tentei, mas eu não consigo. Eu só quero você. Ninguém mais importa, baby.

Ele me fitou, e eu fiquei encarando seus olhos faiscantes por alguns segundos, incapaz de tirar alguma conclusão. Ele parecia tão genuíno. Meu coração queimava em meu peito. Por que ele tinha que me falar todas aquelas merdas?

— Já ouvi isso antes. E eu encontrei uma mulher chupando você — minha boca estava seca, e eu não tinha mais como engolir o choro que estava querendo sair.

Eu não devia me importar com ele estar com outra mulher. Isso não era nada perto das coisas que ele fazia. Mas eu o queria, e também queria acreditar no que ele dizia. Eu estava exausta de engarrafar meus sentimentos. Mas eu não posso. Eu estou ajudando as pessoas a ficarem livres dele, como eu posso querer estar com ele?

— Sim, eu estive com outras mulheres enquanto estive com você, mas eu percebi que elas não me importam, porque não são você — ele estava olhando em seus olhos, sincero e atordoado — Eu me sinto tão diferente quando estou com você, eu... — ele parou, sua mão me puxando ainda mais para seu corpo.

— Você o que? — perguntei juntando todo o folego que me sobrou.

— Eu não quero mais ninguém. Acredite em mim.

Ainda que sua voz estivesse mais contida, o desespero latente em suas palavras era nítido.

— Foi você quem me empurrou para longe e agora você quer estar perto de mim novamente, mas de uma maneira completamente diferente — minha voz treme — Não me importo com palavras bonitas. Tudo que sai da sua boca é mentira.

— Você precisa acreditar em mim. Eu não estou mentindo.

— Estou indo — eu me espremi e consegui escapar dele, porque eu iria ceder — e eu sei que ele percebeu isso. Mas eu não podia ceder. Depois de dois passos senti suas mãos a minha cintura me puxando de volta.

— O que eu preciso fazer para você ficar? Tirando a noite incrível de sexo de reconciliação que vamos ter? — ele sorri, e quase me fez esquecer o porquê da discussão. Quase. Ele estava tentando me distrair.

— Você não pode usar sexo como pedido de desculpas. Eu não quero nenhum dos dois. Nem desculpas nem sexo — sustento seu olhar, e ele faz uma cara de eu sei que você está mentindo.

— Eu não posso ficar com uma pessoa que quer matar alguém só porque é meu amigo.

Ele ainda não disse o que faria com Bellamy. E no momento era isso que me preocupava.

— Amigo? Assim que você chama alguém que quer te comer?

— Você é louco — eu o empurro, em vão. Seus braços são como aço ao meu redor.

— Isso que te prende? Ok, porra. Eu não vou machuca-lo. Ele ainda não quebrou nenhuma das minhas regras, e você sabe que eu sou um filho da puta que segue as regras.

Eu vi que ele estava fazendo isso contrariado, ele queria mesmo machucar Bellamy. Mas a culpa foi minha por colocá-lo nessa situação, o mínimo que eu podia fazer era tentar consertar — ou seja, mantê-lo vivo.

— Eu estou louco por você ter saído com ele, e eu quero muito esmagar a cabeça dele — meu corpo treme com a imagem disso acontecendo. Negan percebe e me segura mais firme — Vou deixar passar. Por você.

— Obrigado — isso é a única coisa que eu consigo raciocinar para dizer. Ele sorriu começou a beijar meu rosto, descendo para o meu pescoço. Meu corpo inteiro se arrepiou e esquentou. Eu estava morrendo de saudade disso.

— Vamos para o quarto, querida — ele murmurou contra minha pele, começando a caminhar comigo de costas. Eu o parei.

— Você achou... Isso foi um acordo? Não mata-lo para eu dormir com você? — eu rio, incrédula — Se tudo que você quer é sexo, você tem outras opções que vão te dar muito menos trabalho. 

— A única opção que eu quero é você — ele continua a me beijar, e minha mente tem que lutar contra meu corpo para afasta-lo. Eu puxo minha cabeça para trás, para longe da boca dele. 

— Como vou saber que amanhã eu não vou acordar e ele vai estar morto? 

 — Jesus, Emma — ele exala irritado — O que eu posso fazer? Acelerar a porra tempo para você ver que eu falo a verdade? 

— Eu não confio em você — quando digo isso, e expressão dele desmorona.

— Você só pode estar brincando — ele me larga e se afasta — Depois de tudo o que eu disse, do que eu tô fazendo, ainda acha que eu estou mentindo?

— Me faça confiar em você. Me prova que não está mentindo.

— Que merda é essa, Emma? Você gosta desse filho da puta ou algo assim? — suas sobrancelhas grossas se juntam e ele arruma sua postura.

— Gosto. Porque esse filho da puta foi o único que não foi um filho da puta comigo — minha voz sai firme, como eu queria. Eu não queria começar tudo de novo, mas também queria era certeza que Bellamy ficaria bem. Eu devia isso a ele.

— Estou começando a repensar no que disse sobre não matar ele — ele tira a jaqueta e joga no sofá.

— Viu só? — eu gesticulo com a mão, indo para perto dele — É disso que eu tô falando. Eu sempre tenho que implorar para você. Eu vou para o meu quarto — caminhei para a porta.

— Não, você não vai. Você vai ficar aqui — sua voz troveja pela sala. Respiro fundo antes de virar e encarar seu olhos.

— Você nunca cede. Me trata como se eu fosse um animal de estimação, dizendo o que eu posso ou não fazer — a comparação o fez arregalar os olhos.

Em um movimento ele estava na minha frente. Ele segurou minhas mãos com cuidado. Isso era algo inesperado vindo dele. Com uma respiração profunda, ele tentava se acalmar.

— Você gosta dele? — senti o ciúme em sua voz. Era quase doce, se eu não conhecesse o homem a minha frente.

— Ele é meu amigo. Só isso.

Não passava pela minha cabeça o deixar saber do beijo. Isso só ia complicar tudo ainda mais. E não significou nada para mim, eu via Bellamy só como um amigo. Eu nunca ia sentir por outra pessoa como eu me sentia por Negan. E eu não sei dizer se isso é algo para me deixar feliz ou desesperada.

— Então qual o problema, querida? — ele me fitava como se não entendesse porque eu estava agindo assim.

Pela primeira vez ele estava lutando para conseguir algo, e isso me fazia querer rir. Mas não me fez ceder. Eu não ia cair de novo nisso, me recusava a ser palhaça duas vezes.

— Eu já disse. Eu não confio em você. Quero poder confiar em você antes.

— O que mais você quer que eu faça? É sobre aquelas mulheres? Eu vou me livrar delas. Isso é tudo? — ele pergunta, querendo encerrar o assunto. Eu concordo, e quando ele vem para me beijar, eu o paro.

— Então primeiro você faz isso. Até lá, nada de sexo — seu olhar descrente era impagável. Eu sabia que ele não ia se livrar das outras mulheres, e isso me incentivava a querer ficar longe. A querer ficar longe. Eu devia querer ficar longe. 

— Puta que pariu, você está brincando com a minha cara — ele riu, mordendo o lábio — Você realmente vai sair por aquela porta? 

Eu não queria ir. Eu queria ficar, queria suas mãos em mim, queria toca-lo. Meu corpo ansiava por ele. Mas não ate eu ter certeza que ele não esta me usando. Eu segurei seu rosto, e ele sorriu. Dei um beijo em seus lábios. 

— Boa noite, Negan.

Sai e fechei a porta, sem olhar para trás. Ele não me chamou, não me segurou. Ele cedeu. Pela primeira vez.

Acho que só respirei quando entrei no meu quarto e deitei na cama. Eu não posso fazer isso. Eu repetia as palavras na minha mente, para não lembrar das coisas que ele me disse.  

Não importa o que eu tento dizer para mim mesma. Eu estava caindo por ele. Não graciosamente como uma folha cai de uma árvore, mas duro e rápido como um tijolo atirado de uma ponte. E não há nada lá para amortecer a queda.


Espero que tenham gostado, beijos, beijos e beijos

Vocês são demais! <3



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