Capítulo 18

Ok, você pode fazer isso. É só pedir desculpas — eu pensei para mim mesma, antes de parar na frente da porta do escritório de Negan.

Bato na porta, provavelmente com força demais, já que estou nervosa. Se fosse em outro momento, eu simplesmente abriria depois de bater, mas dessa vez espero pela permissão e ela vem em forma de um "entre" com a voz grave mau humorada.

— Posso falar com você? — pergunto colocando metade do corpo para dentro da sala. Ele parece surpreso, mas logo seus olhos inquisidores se estreitam, e eu penso que ele vai me mandar sair, mas ele assente com o gesto de cabeça.

Eu entro, fechando a porta, tomando uma respiração profunda antes de encara-lo.

Ele está sentado na grande cadeira de couro escuro, sua jaqueta perfeitamente pendurada na parte de trás, sentado do jeito que uma pessoa normal se senta, exceto pela sua postura. Ele era muito arrogante, muito seguro de si — ele não precisava nem abrir a boca. Isso era, ao mesmo tempo, intimidante e atrativo.

Eu nunca me senti tão tensa, principalmente por ele ser instável e eu não saber o que viria a seguir.

— A que diabos eu devo a honra? — ele pergunta apoiando os cotovelos nos braços da cadeira e entrelaçando os dedos quando eu chego perto da sua mesa.

— Eu queria... — eu começo e travo alguns segundos — Vim pedir desculpas pelo que aconteceu.

— Então peça — ele não desviava o olhar um segundo sequer e eu já estava começando a sentir a sala encolher. Deus me ajude.

— Eu não queria ter falado aquilo — parei por um instante e depois continuei — Eu não devia ter falado aquilo — eu me sentia uma criança de sete anos prestes a levar uma bronca do pai.

— Aquilo o quê? Que eu iria estuprar você? — quando ele disse isso, eu senti a raiva e a amargura na voz dele e vi o quão ruim elas eram — Use as palavras, Emma.

— Sim. Eu estava com raiva e falei sem pensar, me desculpe — eu falo, mas não vejo mudança nenhuma na sua expressão ou no seu olhar.

Agora, depois da poeira ter baixado, eu percebi o quão infeliz tinha sido a escolha das palavras naquele dia; dizer que ele me forçaria a fazer qualquer coisa com ele ia contra as regras daqui — que pelo jeito ele realmente levava a sério — e eu sabia que ele faria qualquer coisa, menos isso.

Eu tinha certeza que ele não iria me desculpar, mas isso era a só a entrada para eu chegar onde eu queria.

— Você já pode ir — ele finalmente fala. Se eu tivesse vindo aqui só para pedir desculpas, eu sairia no mesmo segundo, mas se eu achava que essa parte tinha sido difícil, eu estava com medo da próxima.

— Eu queria pedir algo — eu falo com a voz contida, e ele ergue as sobrancelhas.

— Estou ouvindo — ele diz, e inclina um pouco a cabeça.

Eu quase podia ouvir meu cérebro funcionando, tentando descobrir como dizer o que eu queria dizer. Achei que as palavras óbvias seriam a melhor escolha.

— Quero que você devolva Jax para Alexandria.

— É claro que você quer — ele ri pela primeira vez desde que entrei aqui, mas não era um sorriso amistoso — Mas eu estou me perguntando, o que te faz pensar que eu faria uma merda dessas? — perguntou desafiadoramente, com um tom de voz mais severo.

— Porque eu vou dar a você o que você quer.

— Vai me dar o que? Eu tenho tudo — ele desentrelaça os dedos.

— Eu.

Vi que ele engoliu seco, mas no instante seguinte o sorriso já estava em seu rosto — como sempre. Apesar do sorriso, ele estava tenso. Seu corpo estava rígido.

— Uau — ele ri, se recostando na cadeira — Sabe o que isso me lembra? Aquela porra daquele provérbio chinês, como é mesmo? — ele põe o dedo no lábio, em seguida o levanta — Lembrei. 

— Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida — ele declama, teatralmente, e eu pensei que entraria em colapso a qualquer momento.

— Você perdeu todas elas — ele diz, endireitando-se na cadeira, tentando um tom neutro, sem muito sucesso. Pela primeira vez eu o deixei surpreso, e ele não estava lidando muito bem com isso.

— Mesmo assim você continua me querendo — faço meu melhor para não parecer insegura, mas por dentro eu me sinto mendigar.

— Talvez você não valha tamanho esforço. Porra, eu realmente gostei de bater nele — Negan diz com tom imperioso enquanto ri e passa a mão no queixo, e eu vejo os nós dos dedos machucados. 

Seguro o ar por um momento, pensando em como Jax está. Se a mão dele está nesse estado... Minha garganta queima. Empurrei o pensamento para longe, enquanto recuperava a compostura e ficava suficientemente lúcida para tomar alguma atitude porque eu sabia que ele estava me testando. 

Ele estava fazendo isso para ver se eu ia surtar e me desesperar. Ele sempre fazia isso, sempre queria levar as pessoas ao extremo. Eu tinha que tomar uma atitude, o não eu já tinha, então não teria nada a perder. 

A passos de gato, caminho até sua frente e me sento no seu colo, uma perna de cada lado do seu corpo. Apoio minhas mãos em seu peito, e inferno, ele era quente mesmo por cima da camisa. Ele olha surpreso, mas ainda sorrindo. 

Ele pousou as mãos pesadamente na minha cintura e inclinou a cabeça, esperando eu dar o próximo passo. Mantendo meus olhos nos dele, mexi meu quadril, me arrumando em seu colo e então levei minha boca até seu pescoço, roçando o lábio até sua orelha. 

— Você tem certeza — sussurro em seu ouvido — Que eu não valho o esforço? — ele tinha um cheiro fresco e limpo. Ele estava tentando ignorar o que eu fazia, me deixando provocar. 

Quando mordi sua orelha de leve, ele soltou um suspiro pesado, e eu percebi que estava conseguindo o que eu queria. Senti sua ereção embaixo de mim e aquilo me fez esquentar como se houvesse uma fornalha dentro de mim. 

Sem eu esperar, sua mão foi até a minha nuca, por baixo do cabelo, e dá um puxão, mergulhando a língua em minha boca num beijo rude, urgente, diferente de tudo que eu já tinha provado.

Não um beijo delicado, mas um beijo raivoso; parecia que ele queria mais me punir do que me beijar, e eu retribui na mesma intensidade, puxando seus cabelos.

A boca quente dele era só uma prova do quão bom devia ser o resto dele também. Sua boca escorrega até meu pescoço, chupando e mordendo. Sua barba me faz estremecer junto com respiração pesada bem perto da minha orelha.

Balancei os quadris para frente, roçando contra sua ereção. Meu corpo parece ter vontade própria e reponde ao menor toque dele.

Ele colocou as mãos no meu pescoço, descendo suas mãos ásperas pelos meus ombros, deslizando a alça da minha blusa e sutiã juntos.

— Olha só pra você — ele arrasta as palavras, olhando minha pele exposta, e eu sinto como se fosse explodir de desejo. Quando ele leva as mãos para abaixar mais e revelar meus seios, eu seguro seus dois pulsos e os coloco no meu quadril, as mantendo ali.

Ele olha para meu rosto, como se saísse do transe. Olhar pra ele tão de perto assim era desconcertante. Desconcertante por que eu estava gostando. Gostando do seu toque rude, da sua ereção enorme roçando no lugar certo. Eu estou tão excitada que não me surpreenderia se eu deixasse uma poça molhada na calça dele quando levantasse.

— Você ainda não me respondeu — eu o olho nos olhos, e movo meu quadril lentamente — Você me quer? — ele não precisava falar, seu pau duro em baixo de mim já era o suficiente, mas eu queria ouvir.

— Jesus, Emma — ele fala frustrado, enterrando o rosto no meu pescoço e chupando — Eu quero você pra caralho.

Esse foi o momento que meu lado lógico venceu a guerra contra o desejo. De um jeito rápido, me levantei do seu colo, ficando de pé na sua frente, puxando as alças da minha blusa pro lugar. Ele me olha irritado.

— Então faça o que eu pedi. Deixe ele ir vivo — fiz questão frisar o "vivo" — É nós podemos terminar isso — olhei pra sua ereção enorme esticando o tecido da calça.

A expressão irritada desapareceu do seu rosto, dando lugar para uma expressão muito mais perigosa. Ele me olha parecendo com raiva e confuso ao mesmo tempo. 

Eu não sei de onde eu tirei coragem pra fazer tudo o que fiz depois de entrar nessa sala. Não consegui esperar a resposta, eu precisava sair da frente do seu olhar. Faço meu caminho mas mal chego até a porta.

— Volte aqui — Negan me agarrou pelo braço, impedindo que ficasse mais longe — Isso foi cruel, boneca — ele sorri e põe as mãos na minha cintura, me puxando pra perto, e eu sinto ele duro na minha barriga. — Você não sabe a merda que eu fiz com você na minha mente — ele sussurrou com um sorriso afetado.

Ele me fez recuar até a porta, comprimindo-me contra a madeira, forçando seu corpo contra o meu.

— Você não pode me deixar duro assim e simplesmente virar as costas e ir embora. Ele segura meu rosto com uma mão e me beija duro, dominante, me fazendo soltar um gemido em sua boca, enquanto aperta a curva da minha bunda. Apoiei as mãos no peito dele para o afastar, mas era como tentar empurrar uma rocha para fora do lugar. Virei o rosto, afastando a boca da dele.

— Para — eu avisei — Isso não vai acontecer até você fazer o que eu pedi. 

Ele inclinou a cabeça para trás um pouco, só para olhar meu rosto por inteiro. 

— Porquê? — seus cílios se abaixaram quando ele se inclinou mais perto de novo — Porquê isso é tão importante para você? — ele murmurou contra a minha boca.

Nós sempre tínhamos esse tipo de conversa quando estávamos prestes a nos comer com roupa e tudo, e isso aumentava ainda mais a vontade. Ele havia levantado um pouco a parte de baixo da minha blusa, seus dedos raspando contra minha pele tornava difícil formular uma resposta.

— Ele me salvou. Eu não estaria aqui se não fosse por ele. Não consigo fazer isso quando não sei o que você está fazendo com ele.

— Você quer me ver perder a cabeça, quer me ver desesperado — meu coração parecia querer saltar pela boca enquanto eu ouvia ele falar tão baixo e perto. Minhas mãos subiram pelos seus ombros, parando na sua nuca.

— Você me testa demais, não sei o que vai acontecer com você quando eu perder a paciência — ele lambe meu lábio inferior, e eu não consigo levar a ameaça a sério, não nessa situação.

— Eu não tenho medo de você — eu ainda estou arfando, e sua boca roçando na minha não ajuda a desacelerar meu coração — Você disse que nunca me machucaria.

— E você acredita na merda que qualquer filho da puta fala? — ele ri, subindo as mãos por baixo da minha blusa.

— Eu acredito em você — digo, e as palavras vem antes de eu ter a chance de impedi-las. 

Eu não sabia se eu acreditava, mas as palavras mexeram com ele, fazendo seus ombros se endireitaram. Negan se afastou dando alguns passos para longe, botas pesadas contra o piso de madeira. O ouvi respirar fundo e soltar o ar lentamente antes de olhar para mim e sorrir.

— O que te faz pensar que você está em uma posição para negociar? O que te faz pensar que você pode me dar ordens? — ele voltou ao mesmo tom de quando eu entrei aqui. Eu me aproximei dele.

— Eu não estou lhe dando ordens, eu estou pedindo — eu disse, minha voz caindo para um sussurro — Então, se você me quer o suficiente... Eu sei que você pode fazer isso. 

Ele me olhou com os olhos bem abertos, com um certo ar de desafio, e ficou parado por uns instantes, enquanto eu permaneci ali parada também, esperando uma resposta. Ele com certeza nunca passou por uma situação dessas — ser negado ou alguém impor algo a ele — já que as mulheres praticamente caiam por ele.

Eu sabia que mexia com ele — do jeito sexual — e isso me dava uma vantagem e eu com certeza iria aproveitá-la. Sua expressão estava cada vez mais fria e irritada.

— Você pode me ter — eu desci minhas mãos do seu peito até chegar no seu abdômen. Ele permaneceu imóvel, como se quisesse se manter no controle. Ele passa a mão no cabelo e ri.

— Não vou mentir e dizer que eu não quero entrar no meio dessas pernas e foder você sem sentido, porque porra, eu quero — ele morde o lábio, correndo os olhos pelo meu rosto — Mas são negócios, boneca. Não vai acontecer.

Isso foi como uma facada no intestino. Depois disso tudo isso, ele diz não. Eu não me afasto dele, continuo com as mãos no seu corpo.

— Tudo bem — eu digo, tentando soar natural e não desesperada — Se você não está disposto a fazer o que é preciso, é melhor eu ir embora e encontrar alguém para terminar comigo o que nós começamos. 

Negan segura no meu queixo para cima, uma faísca de raiva brilha nos seus olhos escuros, e os seus ombros formaram uma linha firme e tensa. Os olhos dele se apertaram antes dele chegar mais perto.

— Pare de me provocar — ele avisa. Como se a visão do rosto dele não fosse suficiente, o som de sua voz rouca atinge meu corpo em proporções catastróficas.

— Não estou provocando — eu digo, sua mão ainda no meu rosto, não me deixando desviar o olhar — Você tem suas regras, eu tenho as minhas — puxo meu rosto pra longe da sua mão.

— É justo — ele ri, com os olhos agitados. Eu começo a me afastar, e o sorriso desaparece de seu rosto.

— Onde você pensa que vai? Não mandei você sair — mal cheguei a dar alguns passos quando o senti puxar meu pulso, me puxando e fazendo-me bater contra seu peito.

— Me solta — eu disse, tentando puxar meus pulsos de volta.

— Jesus, você é como um gato no saco, não para quieta — ele ri, enquanto eu tento me soltar. Só ele estava achando engraçado.

— Negan — eu disse, puxando com força o meus pulsos que ele ainda segurava.

— Tudo bem — ele diz e diminui o aperto, mas sem me soltar. Ficamos nos olhando fixamente, sem pronunciar uma única palavra por um tempo que seria insuportável se seu rosto não fosse tão agradável.

— Você vai ficar me olhando assim a noite toda ou vai me deixar ir? — pergunto, arqueando uma sobrancelha. Ele lentamente solta abre as mãos e deixa meus pulsos livres.

Pego sua nuca e puxo sua cabeça para baixo colando minha boca na dele e chupo seu lábio inferior, sentindo o gosto da sua boca.

— Espero que matar ele te de tanto prazer como eu poderia dar.

Sem dar tempo de ele pôr as mãos em mim de novo, caminho até a porta.

— Maldição, mulher — ouço Negan praguejar antes de eu fechar a porta. Ele estava lentamente caindo, do jeito que eu queria. E o pior é que eu estava caindo também.

Oi! 
Mais um capítulo! Estou sem nada criativo para escrever aqui no final então é isso.
Espero que tenham gostado, até o próximo. Beijossss


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top