Capítulo 11

3 dias depois

Se arrastando. Foi assim que os dias se passaram. Eu acordava, fazia o que era pedido, dormia e recomeçava o loop interminável. Eu não sabia nada de Jax, nada de Alexandria, ou qualquer outra coisa. Tudo ia bem, embora Negan parecia sempre estar me observando como um falcão.

A única coisa que me arrancava dessa rotina deprimente era conversar com Lauren. Ela se mostrou ser uma boa pessoa, e nós nos damos bem. Ela me disse que o pai dela foi o primeiro cara de confiança do Negan – por isso ela o adorava – e depois que ele morreu, Negan a acolheu como uma irmã.

Estava na cozinha com Lauren e outras mulheres quando Simon entra.

- Negan quer falar com você – ele dispara olhando para mim. Todas as cabeças se viram para mim em silêncio quando ele fala isso. Olho para Lauren, suas sobrancelhas estão juntas e parece tão confusa quanto eu, mas da os ombros.

- Anda logo, ou você acha que ele tem a tarde inteira? – ele fala, fazendo sinal para eu segui-lo.

Subimos dois níveis de escada e Simon me empurrou para dentro da sala e saiu batendo a porta. Negan estava sentado em uma mesa e vi que a sala era um tipo de escritório.

- Emma – ele sorriu pra mim e se levantou.

- Negan – eu respondi sem ter certeza do que estava prestes a acontecer.

- Eu estive com seus amigos ontem, você quer que eu te conte como foi? – quando ouvi essas palavras, todo o ar que eu tinha nos meus pulmões foi sugado para fora deles.

- Eles estavam muito preocupados com você, sabia? – ele disse, cruzando os braços, e se encostando na mesa – Isso me deu uma ideia. Eu realmente não queria matar nenhum deles, eles são pessoas fortes, valem mais pra mim vivos do que mortos.

Ele faz uma pausa, mas nada sai da minha boca.

- Então eu disse que estava com você e que se eles não colaborassem, eu machucaria você. Muito – ele fez questão de frisar o muito.

- E não é que essa porra funcionou? Claro que eu tive que aparar umas arestas, tipo um cara ruivo que tentou vir pra cima de mim, você sabe essa merda de tentar ser o herói do pau grande nunca funciona.

Ai meu Deus, Abraham.

Desejei que o chão se abrisse e me engolisse inteira. Isso seria mais fácil de gerir do que a situação atual.

- Mas – ele continua – Antes de eu poder usar minha garota, um dos meus homens explodiu a cabeça dele – ele balança a cabeça, com um sorriso – Uma pena, Lucille voltou com sede para casa. Mas nunca é tarde, não é mesmo?

Senti as lagrimas nos meus olhos, mas pisquei furiosamente em uma tentativa de neutralizá-las. No entanto, uma maldita lágrima conseguiu se libertar, fazendo caminho até a metade do meus roso antes de eu enxugar com a parte de trás do seu braço.

- Você inspira um instinto de proteção fodido nas pessoas, você já notou essa merda? Todos querem proteger a Emma – ele se inclina para trás, como se me analisasse – Tirando o bosta do seu namorado – ele riu antes de acrescentar – Ex-namorado. Desculpe.

- Por que está me contando isso? – foi a única coisa que eu consegui perguntar. Não perguntei o porquê ele ter feito isso, o motivo era obvio.

- Pensei que quisesse saber que deu tudo certo.

Quando ele andou na minha direção, eu instintivamente dei alguns passos para trás. Em vez de rir ou dar uma resposta sarcástica, Negan olhou sério, dando alguns passos mais perto, e parou bem na minha frente, correndo um dedo ao longo da minha bochecha.

- Acha mesmo que se eu quisesse fazer mal para você, você estaria aqui conversando comigo? Eu não precisei torturar você pra saber alguma coisa sobre Alexandria. Eu não sou a porra de um amador – ele se afastou um pouco, caminhando para uma porta nos fundos da sala.

- Você sabe por que eu fiz o que eu fiz? - ele perguntou quando ele se encostou na moldura da porta. Ele não se importou por eu não responder, apenas continuou. 

- Rick matou muitas pessoas. Ele matou 50 dos meus. Dormindo. Foi justo que eu quisesse matar um dos dele. 

Poderia ter sido cruel, mas ele também estava certo em algum tipo de ponto. Era sobre a sobrevivência agora e nada mais.

- Eu sei - eu assenti, olhando para o chão.

- Estou feliz que você aceitou o negócio – eu podia ver o sorriso nas palavras dele sem mesmo precisar olha-lo.

- E por que isso? Não é como se você precisasse me explicar porque fez isso - perguntei, levantando a cabeça para olhar para ele.

- Porque eu gosto de você – ele disse, descruzando seus braços – Você é interessante, diferente de todos os outros – senti um rubor subir para minhas bochechas – Eu gosto desse olhar em você.

Eu não sabia se essas palavras me animavam ou me assustavam.

- E eu também tenho a certeza que você não teve nada a ver com essa merda toda.

Isso não foi uma pergunta. Ele realmente achava que eu não havia participado.

- Não. Eu não tive nada a ver com isso – eu disse, esperando que minha voz não soasse tão instável como eu me sentia. E se ele descobrisse? Ele ia bater com Lucille na minha cabeça? Com certeza.

- Eu sei, você não seria capaz de fazer isso – com o capaz, ele não quis dizer era por eu ser boa, mas sim por eu ser fraca. Eu queria esfregar na cara dele que sim, eu era capaz e sim, eu matei três dos dele.

- Amanhã vamos em Alexandria fazer a primeira coleta. Você vai junto – ele avisa.

- Porque? - eu perguntei, não certa se devia. Eu queria ir, rever todos. Mas ele não me levaria apenas para matar a saudade.

- Você realmente achou que eu não levaria você? - ele questionou animadamente - tirando as coisas que eu vou tomar deles, você e a coisa mais divertida nessa merda. Amanhã as 07:00. Isso não é uma sugestão; é uma ordem do caralho.

Eu concordei e sai da sala, andando o mais rápido, sabendo que iria desmoronar a qualquer momento. Minha tristeza deve estar escrita por todo o rosto, porque quando passei por Lauren, ela  imediatamente correu para perguntar o que estava errado. Balançando a cabeça, continuei sem dizer uma palavra e voltei para meu quarto.

- Agora não, Lauren – falo quando vejo que ela entrou no meu quarto. Viro de costas, limpando as lagrimas e respirando fundo – Pode descontar dos meus pontos, eu não vou voltar pra lá hoje.

- Tudo bem, não se preocupe – ela fala e eu faço uma careta. Lauren era uma boa pessoa, mas nunca privilegiava ninguém. Aqui não existia isso.

- Isso tem algo a ver com seu antigo grupo, não é? – ela me faz virar e ficar de frente para ela – Apenas esqueça e siga em frente.

- Certo – eu falo. Não adiantava expor meu lado ou qualquer outra coisa com alguém que era do fã clube do Negan.

- Não, ouça-me por um minuto – Lauren diz, me cortando – Percebo que o que aconteceu com seus amigos causou uma impressão. Mas, confie em mim quando eu digo que ninguém aqui está esperando para jogá-la aos mortos, entendeu? – ela levanta os braços para cima, apontando ao redor.

- Você honestamente acha que algo como isso é construído e mantido no medo e opressão? Sim, Negan faz isso, mas ele também protege essas pessoas, em primeiro lugar e acima de tudo.

Lauren bloqueia os olhos em mim.

- E agora, ignorando o que diabos aconteceu hoje, isso inclui você também. Você é parte deste lugar. Você é um de nós – ela deixa cair os braços, dando um suspiro – Entenda que isso não é uma prisão para essas pessoas, é um refúgio. E se você quiser, pode ser o mesmo para você também.

***

Sentei nas escadas do lado de fora do Santuário. Como já era noite, quase todos já estavam em seus quartos, havia apenas quem ficava de vigia do lado de fora. Amanhã eu ia rever todos, finalmente. A lua prata no céu era um espetáculo à parte, e me fazia esquecer por um momento toda essa merda. Não por muito tempo.

- Uma bela noite, não é mesmo? – Negan desce as escadas e para na minha frente.

- As noites sempre foram bonitas. Mas nós paramos para admirar só agora que perdemos tudo – respondo ainda olhando para o céu.

Ele ri, apoiando um pé no primeiro degrau da escada.

- Isso é a porra de uma verdade, querida - Negan apoia Lucille no chão perto de mim. Dwight passa com um cara e me dá um rápido aceno de cabeça.

- Dwight, então? - ele pergunta, estreitando os olhos - Você é uma garota que gosta das aberrações - ele balança a cabeça, rindo - Você me surpreende cada vez mais, Emma.

- Não sei do que você tá falando - falo o mais suave que posso, tentando não parecer intimidada. Ele realmente achava que eu teria qualquer coisa com algum desses caras?

- Isso é uma pena, uma porra de um desperdício - ele continua, ignorando o que eu falei - Você pode conseguir bem mais que isso.

- Você devia ir. Sua mulher não tá gostando de te ver aqui comigo - eu falo olhando para a loira que está nos encarando. Ela está falando com uma oura mulher, mas seus olhos estão fisgados aqui.

Eu sabia que ela não era mulher dele, pelo que eu ouvia e Lauren me contou, Negan tinha algumas mulheres que transavam com ele em troca de passe livre aqui, ou seja: não precisar trabalhar.

Ele junta as sobrancelhas, seguindo meu olhar, e em seguida dá uma gargalhada, olhando para ela. Ele inclina a cabeça para me olhar, como se estivesse ainda pensando no que eu disse.

- Você sabe que ela não é minha mulher. Não desse jeito. 

Com o "não desse jeito" ele quis dizer sem exclusividade.

- Eu não me importo com as suas mulheres - faço questão de frisar o suas - Problema delas se gostam de compartilhar. 

Nessa hora eu vi que devia ter calado a boca. Qual a merda do meu problema? Discutir com Negan sobre quem ele come? Eu estava ultrapassando a linha de algo que eu não tenho a ver.

- Eu sempre quis poder foder um monte de mulheres, então por que me prender a uma só? Não vejo motivos para continuar seguindo as mesmas velhas e tediosas regras. 

  Como ele podia ser tão vulgar?

- Sua vida pessoal não me diz respeito - eu digo me levantando e limpando o jeans, e ele fica na minha frente, seu rosto perto demais do meu.

- Essa merda desse seu nariz empinado já está enchendo a porra do meu saco – minha respiração acelerou apenas pela forma como sua voz soou dizendo as palavras, toda profunda e grave.

- O que você quer?

- Acho que você já sabe a resposta, boneca - quando ele tocou minha cintura, eu segurei a respiração - Eu poderia dar tudo o que você quisesse - sua voz rouca perto de mim fazia minha espinha gelar numa mistura de sensações que eu não sabia explicar. 

Aposto que ele era sexy como o inferno sem todas essas camadas de roupas. Aposto que ele tinha um grande... Merda. Eu estava indo para o inferno por pensar isso, se há mesmo era um inferno fora deste mundo em que os mortos vagavam com os vivos. 

Eu cruzei os braços na frente do corpo, como se isso fosse me proteger ou bloquear o que eu sentia. Eu não podia ser atraída por um cara como esse. Ele não se afastou, e eu senti o couro da sua jaqueta roçar na minha pele. 

- Só... Me deixa ir - eu disse num sussurro. Isso nunca aconteceria. Não que ele não fosse atraente... Céus, ele era extremamente atraente e suas investidas não ajudavam em nada a afastar esse pensamento. 

Mas depois do ele está fazendo com as pessoas de Alexandria... Ele teria meu eterno não em letras neon.

- Por que diabos não? Eu sei que você quer. Está escrito em todo o seu rosto, porra – ele dá um leve aperto na minha cintura, e eu sinto seu toque me queimar.

- Porque eu não quero - pela primeira vez minha voz soou realmente firme. Ele limpou a garganta e recuou um pouco, o suficiente para me olhar.

- Eu tenho todo tempo do mundo, não estou indo a lugar nenhum - ele, então, finalmente, permitiu um sorriso contorcer seus lábios – Esperar só vai fazer o gosto da vitória ainda mais doce – ele fala antes de sair andando.

O próximo capitulo sera em Alexandria!!! Beijos espero que tenham gostado


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