Cap 88. Distância

Naquele dia, um pouco mais tarde, Taylor apareceu no apartamento para retomarmos a conversa. Tudo indicava que a minha decisão de nos afastarmos não fora bem aceitada por ele.

— Esse papo não será proveitoso, Taylor — respondi, detrás da porta fechada. — Acho que a gente precisa mesmo de um tempinho. Eu, ao menos, preciso.

— A gente se gosta, Belle. Nós precisamos continuar tentando... Devagar, tudo bem, mas continuar tentando. Quando estamos juntos, relaxados, a gente ri, a gente se diverte, não dá para ignorar que tem algo mais. Somos amigos, nosso sexo é ótimo... Com o tempo a relação vai se solidificar.

Deixei-o entrar, decidida a fazer o que não queria, contar a ele o que acontecia em minha vida em paralelo aos seus devaneios românticos.

Taylor me deu um beijo estalado no rosto e foi se sentar na poltrona de frente para o sofá, no qual me ajeitei depois de fechar a porta.

— Então... — Esfreguei as duas mãos nas pernas, próximo aos joelhos, preparando-me para soltar a bomba. — Concordo com tudo que disse e acredito que, por todas as qualidades que você citou, nossa relação teria tudo para se solidificar... Teria, se a nossa reaproximação tivesse acontecido em outro momento. — Olhei para os seus olhos atentos e depois para o chão. — Antes de Nathan surgir em minha vida.

— Esse cara! — Depois de protestar verbalmente, Taylor deu um soco no braço da poltrona, resmungando entre os dentes: — Filho da mãe!

— Quando eu e Nathan terminamos, eu não pretendia correr para os seus braços, Taylor. Fui à sua apresentação na Code Six depois de muita insistência da Lola. Acabou que, com toda aquela confusão, fui resgatada por você e vim parar em sua casa. Mas, desde o primeiro instante, quando você começou a projetar um algo mais entre a gente, eu falei para não criar expectativas.

— É um pouco difícil não criar expectativas com a mulher que amo tão próxima a mim. Lutei tanto para trazer você de volta para a minha vida, para ficar com você...

— Não pretendia jogar na sua cara, mas... o que você fez foi interferir no meu relacionamento. Você lutou de uma forma muito invasiva para me tirar dos braços do meu noivo. — Esperei que Taylor dissesse alguma coisa, mas como ele não disse, respirei fundo e prossegui: — Eu e Nathan estávamos bem e felizes até você aparecer no meio de nossa relação. Eu estava no processo de deixar a nossa história para trás, envolvida com um homem bacana, pronta para me casar e cheia de planos para o futuro, quando você chegou metendo o pé na porta. Foi desrespeitoso. Eu pedi tantas vezes para você ficar longe, eu tentei tantas vezes proteger o que eu tinha... E fiz isso até o fim. Você queria me arrancar dos braços dele e conseguiu, Taylor. Só que isso não significa que você arrancou o que eu e ele ainda sentimos um pelo outro.

Percebi que ao dizer aquilo o coração de Taylor veio parar em minhas mãos, esmigalhado. E o meu não se encontrava em situação muito diferente. O aperto no peito ficou cada vez maior e a tendência era piorar com o desenrolar daquele drama.

— Lutei de forma insistente porque via em você sentimento por mim, mesmo negando. E se o sentimento estava lá, eu me perguntava como ele poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Para mim era muito claro que você estava se forçando a sentir algo pelo outro.

— No começo, sim, mas depois não. Eu me apaixonei por ele.

— Mas continuava apaixonada por mim. — Desafiou-me não só com as palavras, mas com o olhar.

— Não nego. — Mordi o lábio inferior. — Mas precisava fazer uma escolha. E eu fiz.

— Então por que se separaram, se estavam tão bem assim?

— Você não tem nem uma ideia? Jura? — Fui irônica em meu tom e no jeito que estreitei os olhos para ele. — Boa parte é culpa sua. Nathan percebeu que eu ficava abalada todas as vezes que você aparecia, e isso mexeu com ele, a ponto de ele voltar a beber. E, assim, nosso relacionamento foi se deteriorando... O que não quer dizer que o sentimento que tínhamos um pelo outro se foi — reforcei. — O sentimento vive, e por isso fui honesta com você desde o primeiro dia aqui.

Nós nos encaramos pelos instantes seguintes, calados; e o silêncio foi deveras desconfortante.

— Taylor, no dia seguinte à Code Six, quando você me deu aquele bolo no almoço, por sei lá que imprevisto que surgiu na obra, Nathan me mandou uma mensagem. Ele disse que me amava, contou que estava indo para uma clínica de reabilitação e me pediu para esperar 15 dias até que saísse de lá, para a gente conversar... Eu decidi aguardar e estava muito certa disso, tanto que me afastei de você e neguei todos os programas para os quais me chamou... — Suspirei, pesada. — Até que não consegui resistir à sua insistência.

— Isso significa que você não estava tão certa assim de que queria esperar por ele.

— Estava certa, sim! — retruquei, firme. — Mas não sou indiferente a você. Muito pelo contrário. — Nossos olhares tristes se encontraram novamente no silêncio. — Eu não vou negar; estava numa luta interna entre o que era certo e racional e o que era instinto. Sei lá, eu... eu resisti até onde deu.

— Só que você se arrependeu.

Taylor se ajeitou na poltrona, cruzando as pernas e pressionando os dedos nos apoios para braços. Tudo nele refletia sua angústia, sua mágoa verdadeira, e engoli em seco sua colocação.

— Não é certo eu ficar com você sabendo que vou conversar com Nathan daqui a alguns dias e que, talvez, a gente se acerte. Não era para eu ter deixado acontecer, Taylor.

— Mas aconteceu.

— Sinto muito por isso. — Era tanta pressão que meu ouvido começou a zumbir. — Sinto por eu ter cedido, e você deveria sentir muito por ter insistido.

— Eu aposto na gente, Isabelle, por isso não consegui abrir mão de o que queria. Eu não consigo! — Seu rosto ficou vermelho com a exaltação ao falar. — Se você apostar na gente também, se esquecer do resto que está acontecendo, essa coisa de reatar com o ex... Se deixar isso para trás...

— Não tem como deixar o Nathan para trás. É o que estou dizendo desde o início desta conversa, desde cedo. Preciso que você entenda isto: eu não quero apostar na gente. — Com um peso enorme nas costas, no peito, na cabeça e em todo resto, falei bem pausadamente a última frase, para ver se ele entendia. — Eu estava apostando em algo antes, algo imenso. Eu ia me casar, Taylor, no fim desse mês, e, quem sabe, eu ainda me case.

— Não tô acreditando! — Depois de socar os braços da poltrona, ele se levantou, e, andando para lá e para cá, claramente desorientado, continuou: — É sério que você realmente cogita voltar para ele e se casar?

— Eu e Nathan temos coisas para acertar, mas nada que não dê para colocar no lugar.

Taylor encostou-se a uma parede e vi que os seus olhos estavam cheios d'água.

— Isabelle, isso é inacreditável.

— Peço desculpas, mais uma vez, pelo que aconteceu entre a gente.

Fez-se mais um silêncio interminável na sala, e, desta vez, eu não tinha mais nada para falar. Taylor permaneceu encostado à parede, olhando para um ponto fixo à frente enquanto roía as unhas. Depois de sacudir a cabeça, parecendo voltar a si, ele me encarou.

— Você disse que gostava dos dois e eu pensei que fosse meio a meio, mas a verdade é que está, e sempre esteve, muito mais inclinada para o lado dele do que para o meu. Sua paixão não está bem dividida, tanto que, se estivesse, você estaria contente com o que rolou entre a gente, e não parece que está. Nem parece que gostou.

— Eu gostei. Claro que gostei. — Gostara mesmo, não era mentira apenas para agradá-lo. — Só não é certo a gente continuar junto com a possibilidade de essa entrega ser apenas uma coisa passageira, divertida, que vai acabar em um passe de mágica quando eu e Nathan nos acertarmos. Não é difícil de entender que só não quero que eu e você nos machuquemos ainda mais.

— Pode não ser passageiro eu e você. — Sua voz trêmula partiu o resto do meu coração, mas permaneci centrada para lhe escutar. — Se você deixar rolar, sem neuras, pode ser tão bom que você nem cogite mais voltar para o outro. Eu sei que sou capaz de fazê-la mudar de ideia em questão de dias. Você nem vai querer saber quem é Nathan.

Não aguentei e soltei um risinho. Era impressionante sua capacidade de persistir.

— Você é um pouquinho convencido. — Revirei os olhos. — Taylor, eu já me decidi: darei ao Nathan a chance de conversar, darei a chance de voltarmos a ficar juntos. Perdoe-me por, sei lá, sem querer, ter brincado com os seus sentimentos. Eu só quero pedir para não insistir mais. Podemos ser amigos.

— Aprecio sua amizade, mas nunca me contentarei somente com isso. Não consegui ficar longe nem quando você estava com ele, na casa dele, dividindo sonhos e os lençóis, imagine agora.

— Por favor, Tay. — Bufei, cansada de repetir as mesmas coisas. — Se for melhor, e talvez seja, darei um jeito de ir embora daqui. A gente fica longe um do outro e...

Caminhando em direção a mim no sofá, ele me interrompeu:

— Escuto-a falando isso e não sinto verdade. Você não quer se afastar de mim.

— Taylor... — sussurrei, quando ele tocou o meu queixo, levantando o meu rosto para olhar para ele. — Estou falando sério. Quero que se afaste de mim.

— Como posso ver os dias passarem e deixar de lutar para ficar com quem amo? — Seu polegar roçou os meus lábios e meu estômago deu voltas inimagináveis.

— Se você me ama mesmo, desta vez respeite o que estou lhe pedindo. Por favor.

Taylor deu um passinho para trás e ajoelhou-se na minha frente, apoiando as mãos no sofá, uma de cada lado de minhas pernas. Seu rosto ficou quase na altura do meu, consideravelmente próximo.

— Quando você e esse cara vão se reencontrar?

— Segunda ou terça, provavelmente. — Não consegui encarar os seus olhos, perscrutando o meu rosto sem dó. — Ele disse que entraria em contato quando saísse da clínica.

— Tudo bem. Respeitarei o que você quer; manterei distância até vocês se encontrarem. Mas não serei hipócrita de dizer que ficarei na torcida para que dê certo. Quero você, Isabelle, e sei que você me quer. Eu sinto, mesmo que você negue. — Ele levantou o meu rosto, tocando meu queixo novamente, e me obrigou a olhar para ele. — Estarei aqui esperando. Não tem problema se ficar na fila for um pouco humilhante. Eu não me importo de ficar de joelhos por você.

*****

O resto da semana entre mim e Taylor foi o mais estranho de todos desde que eu chegara ao West Wind. A gente nem se viu. E, por mais que eu quem tivesse pedido para que ele ficasse longe, o distanciamento doeu.

No sábado à noite, cansada daquele clima, resolvi subir para ver como ele estava.

— Ah! Oi. — Desviei os olhos da região logo abaixo de sua cintura, onde a toalha estava amarrada. Custava ter me recebido vestido? — Não cheguei em boa hora. Eu posso voltar depois...

— Entre. — Taylor escancarou a porta e observei uma gota escorrer de seu cabelo pelo caminho da coluna, quando ele se virou de costas para mim. Os glúteos pequenos, mas firmes, marcados na toalha, deixaram-me tão desconcertada quanto à visão da frente. — Estou me arrumando. Hoje farei a segunda apresentação na Dark Circuit.

— Ah, é. Tinha me esquecido. — Perdi-me tanto durante a semana que realmente ignorara os seus compromissos. — Animado?

— Nem um pouco. — Ao virar-se para mim, ele ajeitou a toalha na cintura, abrindo-a ligeiramente, com cuidado para não revelar suas partes íntimas. — Estou doido para isso começar e acabar. Amanhã, quando acordar, pegarei a estrada. Resolvi dar um tempo longe daqui.

— Ah. — Sacudi a cabeça e passei meus olhos da cintura, onde minha atenção permanecera por um bom tempo, para os seus olhos distantes. — Sozinho?

— Com quem mais? Estou precisando desanuviar... — Correu os dedos pelos cabelos molhados, parecendo tenso. Um pouco triste talvez. — Aluguei uma casa em Santa Barbara, em frente à praia, por uma semana. Vai ser bom... Aproveitarei o tempo para compor.

— Hmm. É, parece bom. — Encostei-me ao braço da poltrona, cruzando os braços.

— E você... Quais os planos para hoje?

— O mesmo dos outros dias: nenhum. — Peguei-me dando um sorrisinho fora de hora. — A não ser que...

Taylor ergueu uma das sobrancelhas, alerta, mas não completei a frase. Não estava certa de que me oferecer para ir com ele à boate era uma boa ideia. Pegando como exemplo a vez anterior, melhor não.

— Devo ficar em casa, estou um pouco... cansada. Um cansaço eterno.

— Entendo. Também me sinto cansado. — Taylor estreitou os olhos, em minha direção, enigmático. Depois de certo silêncio, continuou: — Pensei em convidá-la para jantar, como amigos, claro, antes de ir para a boate. Está cedo e... Acho que... Bem, a gente quase não conversou essa semana.

— Uhum. Seria ótimo. Um jantar... Como amigos, claro. — Foi mais forte do que eu. De novo. Sempre. Que merda. — Eu só preciso me arrumar. Se você me der uns vinte minutinhos...

O diabo abriu um pouco os braços e desceu as mãos ao longo do peito até a cintura, para mostrar o quanto ainda estava desarrumado. Não que não desse para perceber.

— Meia hora. — Ajeitou mais uma vez a toalha, abrindo um dos lados e prendendo-a novamente. — Eu passo lá embaixo e pego você.

— Combinado.

Mordi o lábio inferior, prendendo o sorriso enquanto o apreciava um pouquinho mais antes de deixar o apartamento. Admirar aquela perfeição não poderia ser considerado pecado.

******

Com a imagem do ser loiro e gostoso, apenas de toalha, grudada na cabeça, revirei minhas malas no chão do quarto em busca do que vestir. Como não havia perguntado a que tipo de restaurante nós iríamos e, dependendo do desenrolar do jantar, eu acabaria indo à boate também, achei que o melhor era vestir um pretinho básico. Escolhi o que eu costumava usar; um curtinho, de gola alta e saia de babados, combinando com meu Louboutin que me deixaria da altura de Taylor. Optei por não lavar o cabelo, a fim de me arrumar mais rápido, e fiz um penteado com ele preso em um coque, com fios soltos na lateral do rosto.

— Gostei do visual — comentei quando Taylor passou em minha porta, de jeans escuro e camisa social azul, com dois botões abertos, deixando seus cordões aparentes, e um blazer cinza.

— Também. — Taylor percorreu o meu corpo com o olhar e depois me elogiou com certa rigidez: — Você está muito bonita, Belle, como sempre.

— Obrigada. — Sorri. — Aonde vamos?

— Fiz reservas no Chaosan, um restaurante novo. Acho que você vai gostar. — Ah, eu adoraria ir com ele ao restaurante onde tinha sido pedida oficialmente em casamento pelo Nathan. Ótimo. Parabéns. Taylor não poderia ter escolhido lugar melhor. Talvez dessa vez eu conseguisse provar a comida sem vomitar. — Como eu sei que você quer discrição e evitar paparazzis, pedi uma mesa em um local reservado. Entraremos separados também, se preferir.

Foi legal Taylor tem pensado no meu desejo de ser discreta, mas o Chaosan, apesar de novo, que eu soubesse, ainda não virara point de celebridades. Não teria problema entrarmos juntos.

— Gostei de você ter me procurado e aceitado jantar comigo, apesar de sua decisão de não rolar mais nada entre a gente, que agora acho acertada — disse Taylor, ajeitando-se no carro, antes de sair do estacionamento do West Wind. — Bem, a gente pode conviver.

— Sim, claro. É que, logo depois daquela conversa, ficou tudo meio... esquisito, mas está tudo bem agora. Ainda podemos nos divertir juntos, claro. — Sorri para ele, um pouco sem graça, com o estômago roncando, e não era de fome.

— É só o que quero para esta noite; que a gente possa se divertir. Eu não sei até quando ficaremos perto um do outro, porque, bem, porque agora tem um... — Ele fez uma pausa brusca e pigarreou. — Bem, porque o dia do encontro com o seu ex está próximo. Então eu pensei que, bem, se vocês voltarem, isso aqui pode ser uma despedida. — Um aperto no peito me acertou com tudo. — Mas quero que seja uma despedida alegre. Acho que somos capazes.

— Uhum. Somos.

Estiquei-me para ligar o rádio do carro. De repente uma música animada ajudasse a melhorar o clima, porque apesar de nos julgarmos capazes de exalar alegria, a realidade era bem diferente. E a realidade veio também dos autofalantes que, àquela hora da noite, quando as rádios deveriam animar os baladeiros em suas pré-festas, tocava Everybody Hurts do REM. Pensei em trocar de estação, mas Taylor foi mais rápido e se esticou para aumentar o volume, acompanhando Michael Stipe em sua dor palpável nos primeiros versos.

When your day is long
And the night, the night is yours alone
When you're sure you've had enough
Of this life, well hang on
Don't let yourself go
'Cause everybody cries
And everybody hurts sometimes
Sometimes everything is wrong
Now it's time to sing along

Desliguei o rádio logo após o verso agora é hora de cantar junto e Taylor interrompeu a cantoria, deixando o carro em silêncio.

— Este pode até ser nosso jantar de despedida, mas nada de todo mundo sofre, todo mundo chora. — Forcei um risinho. — Você disse, e eu concordei: teremos uma noite alegre.

Taylor olhou para o lado e nossos olhares se encontraram um pouco antes de ele parar em um sinal, quando virou-se completamente para mim.

— Belle. — Fez uma pausa antes de continuar. — Falei que não seria hipócrita e torceria contra o seu lance com esse cara, mas, se é isso mesmo o que quer, e é isso que vai deixá-la feliz, não vou mais impedir. Quem sou eu, aliás, para impedir alguma coisa? — Ele mordeu o lábio inferior, sem jeito. — Se alguém tiver que sair machucado dessa história, que seja eu.

— Tay...

— Eu te amo, Belle. Isso é a mais pura verdade, mas reconheço que já fiz muito mal a você. E fico pensando que... se eu fizesse mais qualquer coisa que a pudesse magoar, eu...

— Shhh. — Encostei meu dedo indicador, de leve, em seus lábios.

Taylor segurou a mão que eu usara para o silenciar, deu um beijo na palma e continuou seu discurso, terminando de entregar os pontos:

— Espero que esse cara a faça feliz, como não consegui fazer, como eu jamais conseguiria, nem se me esforçasse. Porque eu, hmm, mesmo quando não quero errar, eu erro.

Apertei o ombro de Taylor e apontei para frente com um movimento de cabeça, indicando que o sinal abrira. Seu papo estava muito confuso e eu não fazia a menor ideia do que dizer. Sentia que qualquer coisa que saísse de minha boca poderia deixar o clima ainda pior.

— Eu pensei muito nesses dias que ficamos distantes. — Deu-me uma olhadela enquanto voltava a acelerar. — Para ser justo com você, e, também por outros motivos, eu preciso mesmo tirar o meu time de campo. Então, vamos aproveitar o jantar, do melhor jeito que der, e, depois, se você quiser, sinta-se convidada para me acompanhar à Dark Circuit. Como amiga; claro.

O conformismo de Taylor me pegou de surpresa, e o meu estômago agitado iniciou uma revolução.

— O que planejou tocar esta noite? Só não me diga que terá Everybody Hurts no set, por favor. Se me garantir músicas pouquinho mais animadas do que essa, eu topo ir até lá.

O desafio lançado por mim era completamente ridículo, visto que qualquer música no universo era mais animada do que aquele hino da depressão. Taylor entendeu o meu "sim" para o seu convite, corroborado quando sorri, sem graça, para ele. E, visivelmente abalado, mas resignado com nossa nova condição, da mesma maneira sem graça, ele sorriu de volta para mim.

......

[ Notas ]

Música citada:
"Everybody hurts" (REM, 1992)

*Quando o seu dia é longo
E a noite, a noite é somente sua
Quando você tem certeza de que já teve o suficiente
Desta vida, bem, persista
Não desista de si mesmo
Pois todo mundo chora
E todo mundo sofre às vezes
Às vezes tudo está errado
Agora é hora de cantar junto

.......


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