Cap 71. O céu e o inferno
— Eu só não falei dessa festa antes porque não tinha cogitado ir e, também, porque achei que você não curtiria a ideia. Sei que não gosta muito da Gio... — explicou-me Nathan quando tomei coragem para questioná-lo sobre não ter me contado do convite para o after-party. — Sugeri vir ao desfile porque sabia que seria bom para você, só por isso. E prontamente aceitei ir à festa quando ela reforçou o convite porque vi que seria a única maneira de você conhecer a Lania. Você quer muito, não quer? Não sabemos quando aparecerá outra oportunidade.
Ficamos nos bastidores tempo suficiente para irmos direto de lá para a mansão de Gigi. Eu ainda não tinha me convencido de que ir à festa era a melhor forma de terminar o dia que não começara bem, mas quem sabe um momento em um ambiente descontraído, com música boa e cheio de gente bacana fizesse bem a nós dois no final das contas. Talvez fosse melhor do que voltarmos para casa naquele clima esquisito, que mesmo depois de tantas horas, e do meu esforço, ainda não tinha se dissolvido.
Identifiquei alguns rostos muito conhecidos assim que eu e Nathan chegamos à área da piscina da residência da estilista. Lania Alden era uma delas, em pé conversando com algumas das Angels; perto do bar vi Leonardo Di Caprio com Gisele Bundchen, e Ashton Kutcher e Brittany Murphy também não passaram despercebidos. Eu não sabia bem para onde olhar, tentando assimilar a grandiosidade daquilo tudo, tanto da exuberância da mansão quanto das celebridades. Durante o meu namoro com Taylor eu havia participado do Late Show com David Letterman; conhecido a Cindy Crawford em um bastidor; passado um Réveillon na casa de um comediante, mas nada se comparava à recepção de Gigi Robins. Não que fosse uma puta festa de arromba, mas o que me encantava era justamente o fato de ser grandiosa em sua exclusividade.
— Esse é o mundo que você vai frequentar. É bom ir se acostumando — disse Nathan, quando sussurrei em seu ouvido que estava maravilhada com aquilo tudo. — Não se assuste se vir consumo de drogas, especialmente cocaína, rolando solto. Apenas finja que não está vendo.
— Você está exagerando, não acha? — rebati seu pessimismo. — Não vi nada estranho.
— Acabamos de chegar. Espere as horas passarem... — Peguei-me olhando em volta, procurando suspeitos. — Eu sei do que estou falando; conheço algumas dessas pessoas lá da clínica. Não ficaram internadas uma ou duas temporadas, mas várias. Às vezes a fama tem um preço.
— Eu sei exatamente qual é o preço — caí na burrice de comentar. — Já passei por muita coisa...
— Ah, sim — ele me interrompeu, ácido. — Por um segundo me esqueci de que o seu ex participava desse meio.
Nunca pensei que fosse dizer isto, mas fiquei feliz e agradecida quando Gigi se aproximou para nos recepcionar. Ao menos a sua presença, por hora, encerrou o nosso assunto.
— Olá, bela e Teddy! — disse ela, com um drinque azul e borbulhante nas mãos. — É um prazer tê-los em minha casa.
Quando ouvi Gigi chamar Nathan de "Teddy", desisti de ficar feliz com a sua presença entre a gente. Que apelidinho era aquele? Eles haviam tido intimidade, nomes fofos eram normais entre casais, mas chamá-lo de "ursinho" na minha frente foi um pouco demais. Respirei fundo mais uma vez naquela noite, tentando ignorar o fato, pois queria muito manter a boa impressão. Preferi pensar que Gigi deixara o apelido escapulir, e não que tivesse feito para me provocar. Dava para ver que ela já tinha bebido bastante, e eu sabia bem que controlar os instintos com o nível de álcool nas alturas era bem difícil.
Depois de nos abraçar toda contente, a anfitriã nos convidou para ir até a rodinha de modelos, para eu ser apresentada a todas elas e principalmente à minha ídola Lania Alden. Nathan preferiu não ir junto, dizendo que era para eu curtir o meu momento, e ficou onde estava. Achei até melhor. Aproveitaria para esfriar a cabeça sem a sua companhia e na volta o questionaria sobre o tal do "ursinho".
As Angels me receberam muito bem. Algumas aparentavam ser insuportáveis, mas eram, na verdade, muito simpáticas. Consegui não ficar tão acanhada quando Gigi contou a elas sobre a minha vontade de me tornar modelo, e aproveitei para ouvir suas histórias e pegar algumas dicas. Apesar de ser mais fã de Lania, identifiquei-me bastante com Andressa Barros, que também era brasileira e natural do Rio de Janeiro. A carioca, de um metro e oitenta, bronzeada e cabelos cor de mel, fora selecionada por um olheiro enquanto vendia pulseiras de miçangas na praia e viu sua vida mudar de um dia para outro.
Fiquei pelo menos meia hora de papo com Gigi e com as meninas, e quando voltei para o local onde deixara Nathan, vi que ele não estava mais lá. Depois de explorar o ambiente à sua procura, encontrei-o sentado em uma área mais discreta, no espaço de acesso à sala de estar, de frente para a parte coberta da piscina. Notoriamente alheio a tudo, quase escondido por vasos de plantas e debaixo de um letreiro de neon azul, escrito If you do not love me I shall not be loved*, ele bebia o que em um primeiro momento me pareceu ser uísque.
— O que é isso? — perguntei, incomodada com o copo em sua mão.
— Se você não me ama, não devo ser amado* — ele repetiu a frase reluzente sobre a sua cabeça e depois disse: — Rum.
Reprimi mais uma vez a minha intenção de dar-lhe uma bronca. Apoiei as muletas no sofá e me sentei em seu colo, dando beijinhos suaves em seus lábios, pois percebi que tudo o que ele precisava no momento era de carinho.
— Você sabe que não pode beber, não sabe? — Retirei de sua mão o copo com rum pela metade e tomei o resto do conteúdo, para que não sobrasse para ele. Com o gosto forte de álcool na boca, e a garganta fervendo, grudei os meus lábios nos seus novamente, dando-lhe um beijo de língua intenso demais para o ambiente.
— Gostou de conversar com as tops? — perguntou, depois de selar os meus lábios molhados com um beijinho estalado.
— Adorei! — Segurei o seu rosto e retribuí o beijo estalado, como agradecimento por ter me levado à festa. Ele estava certo em não recusar o convite. — As Angels são tão lindas, tão maravilhosas e tão gentis... Merecem estar onde estão. Deus! Meu Deus! O que é aquela Andressa Barros? Que mulher! E não falo só de sua beleza, mas de sua história. Sabia que ela também é do Rio? Estou nas nuvens, Nathan, nas nuvens...
— Assim Lania Alden ficará com ciúme.
— Ah! — Estalei a língua nos dentes e dei um empurrãozinho em seu ombro. — Lania dispensa comentários. Achei que fosse ter um troço quando fomos apresentadas. Aliás, depois de hoje eu já posso morrer feliz. Obrigada por tudo isso.
— Que bom que aproveitou o momento. É muito satisfatório ver esse sorriso em seu rosto.
— Foi tão fantástico! Jamais vou esquecer essa noite. Só esses primeiros instantes já valeram ter vindo. Ah, Nathan — suspirei —, você me traz tantas alegrias... — Beijos, beijos e mais beijos; na boca, na ponta do nariz e na bochecha, tudo para agradecer a ele um pouco mais.
— Sabia que não ia se arrepender de participar desta festa. — Perguntei-me sobre o quanto que ele bebera enquanto estive longe, pois a sua voz arrastada dava claros sinais de embriaguez, e o seu hálito de rum, que eu já havia sentido forte, misturado ao meu durante o nosso beijo, quase me queimou quando ele sussurrou no meu ouvido: — Gostei de ver como está se dando bem com a Gio.
— Gigi é uma garota... hmmm... legal até — admiti. — Não esperava que me tratasse dessa forma, tão solícita, afinal, embora vocês já estivessem separados quando começamos o namoro, eu fiquei no lugar dela. Se fosse o contrário, eu não ia querer nem ouvir o nome.
— A Gio não vê as coisas desse jeito. Tudo para ela é muito prático, tudo está sempre bom... Você não ficou no lugar dela, ficou onde deveria ficar, e ela foi para onde quis ir; fora do nosso relacionamento, que não estava legal... A Gio é bem resolvida, não perde tempo com baixo-astral e coisas pequenas. A felicidade dos outros é a felicidade dela. É realmente uma menina abençoada. — Hm. Também não precisava tecer tantos elogios. — Vi que você ficou incomodada quando ela me chamou pelo apelido. — Ele deu uma fungada no meu pescoço. — Você não consegue disfarçar quando fica chateada.
— Então temos isso em comum — rebati. — Você passou o dia chateado comigo, ou "pensativo", que foi a palavra que usou para não admitir que ficara chateado... — Nathan sacudiu a cabeça. — Você pode até negar, mas eu sei que ainda está reticente a mim. O que foi exatamente que pensou o dia inteiro?
Um garçom passou e ofereceu mais um pouco de rum. E, como achei que eu precisaria de mais uma bebida para conseguir levar adiante o assunto que acabara de puxar, aceitei. Nathan pediu outro para ele, e, desta vez, eu o reprimi, ouvindo prontamente um desaforo de sua parte, ao dizer que "sabia o que estava fazendo e não precisava de babá". Então, apesar de preocupada com o tanto que estava bebendo, resolvi, a partir daquele momento, deixá-lo decidir o seu limite.
— No que eu pensei o dia todo? Hm. — Ele deu um gole na bebida e olhou para frente, sem se deter em mim ou coisa alguma. — Pensei na possibilidade de... Pensei que... não quero perder você. — Sua voz desapareceu ao admitir.
— Me perder? — Ri de nervoso e bebi bastante do rum. Aquele troço era forte demais, tão forte que fiz cara feia ao engolir. — Nathan, nós vamos nos casar, você não vai me perder. Tire isso de sua cabeça.
— Eu sinto a ameaça perto, viva, e eu tenho... Eu tenho muito medo, ao mesmo tempo em que espero estar errado. Quero estar errado, mas... sinto. Sinto, e sinto muito, de um jeito ou de outro, que a estou perdendo. — Ele bebeu um pouco mais. — Você foi atrás do seu ex...
— Fui! — Dei um corte naquelas palavras truncadas. — Precisava ir. Tinha coisas para resolver. Quero estar livre de amarras para vivermos juntos, plenamente. E foi o que pensei que você quisesse também.
— O problema é que... você não está livre de amarras. Quando perguntei como a situação estava resolvida aqui — ele deu dois toques com o dedo na minha testa, repetindo o gesto que fizera mais cedo —, você disse que tudo estava "mais do que resolvido" na sua cabeça, mas não é verdade. — Sua voz era calma, mas eu podia sentir a sua agitação por dentro. E, no instante em que ele disse o óbvio, também me agitei inteira. — Eu já tinha dito isso a você; "de que tenho noção de que estou dentro do seu coração, mas não absolutamente", e, até então, eu estava levando isso na boa, confiante de que com o tempo seria somente eu aí dentro, mas... quando disse que esteve com ele de novo, e que foi você quem foi atrás, meu otimismo foi embora. Uma coisa é ele vir atrás de você e encher o saco com mensagens e presentes, outra é você o procurar.
— Mas eu fui até ele justamente para pedir que ficasse longe, para determinar isso. Nada mais. — Bebi um pouco mais, com necessidade de sentir minha garganta queimar. — Eu já havia tentado de outras formas e não tinha dado certo.
— Vamos supor que ele tenha entendido a sua determinação. A questão agora não é ele estar longe fisicamente, o que pode ser que nem cumpra... — Nathan bebeu mais um pouco de seu rum. — O inconveniente é algo muito maior; são os seus sentimentos, Isabelle..., que não tenho como controlar.
— Então não pense em controlar nada. Pense que eu escolhi você, que você me escolheu, que somos muito bom juntos, que teremos uma vida lado a lado, que já temos uma vida lado a lado...
— Eu te amo tanto... — disse Nathan, olhando nos meus olhos. E, para responder à sua declaração, invadi a sua boca com minha língua e o beijei de maneira exagerada mais uma vez.
— Por favor... — pedi, ainda recuperando o fôlego —, não fique pensando besteiras.
— Foi difícil imaginar vocês dois no The Heat, mas pensar no encontro a sós, na casa dele, na casa que foi de vocês...
— Você não confia em mim?
Ele virou o resto de seu rum rápido demais e, em seguida, mandou de uma vez a pergunta que certamente ficara entalada em sua garganta o dia inteiro:
— Ele não tentou nada?
Foi minha vez de beber depressa e sentir o grande teor de álcool me corroer. Meu coração pareceu que ia sair pela boca.
— Claro que tentou. Tentou me convencer a dar a ele uma nova chance, pediu de joelhos para que não me casasse com você, para reconsiderar, mas... nada vai mudar, Nathan. Eu fiz a minha escolha, e já fiz há algum tempo. Estou no colo do meu futuro marido e quero fazê-lo feliz... neste momento, agora, hoje, amanhã, depois... sempre.
Por mais que o meu encontro com Taylor, e especialmente o beijo trocado, tivesse mexido — e muito — comigo, a minha decisão já estava tomada. Eu perdera o meu sono e a minha paz após a visita ao West Wind, mas ainda não tinha perdido completamente o juízo. Se o meu coração se encontrava irmãmente dividido, que a chance fosse dada ao cara que não apenas havia me prometido o céu, mas que com atitudes me dava um pedaço dele todos os dias.
Nathan olhou para o burburinho ao redor da piscina, com o pensamento distante. Para trazê-lo de volta para nós dois, toquei a sua barba, acariciando o seu o rosto, e o virei para mim para mais um beijo. Sua energia tocava o solo, pesada, como eu nunca vira antes, e avaliei se não era pelo fato de estar bebendo e isso exacerbar seus pensamentos negativos sobre o meu encontro com Taylor.
— Se eu quisesse estar com o meu ex, eu estaria. Mas é com você que eu quero estar. Você é o meu homem, Nathan.
Aproveitei que mais um garçom passou pela gente e entreguei os nossos copos vazios. Em seguida, deixei o meu tronco cair de lado sobre o de Nathan, apoiando o meu ombro em seu peito e puxando o seu rosto em direção ao meu. Com a mão firme em sua nuca, abri os seus lábios com a minha língua e dei a ele mais um beijo quente. Sem me importar com o que os outros poderiam pensar, devorei os lábios do meu noivo, com paixão, com a certeza de que a quentura da bebida tinha feito o meu fogo aumentar.
— Acho que poderíamos aproveitar essa casa enorme e achar um cantinho mais discreto para nós dois... — sussurrei em seu ouvido, descendo a mão entre os nossos corpos para apalpar o pênis de Nathan sobre a calça. — Vamos fazer ficar tudo bem entre a gente. Hmm, o que acha? — provoquei, mordiscando o lóbulo de sua orelha.
— Acho que... não estou com cabeça pra isso. — Plaft! Nathan afastou minha mão de sua calça, de onde minhas carícias não fizeram o menor efeito, e aceitou quando o garçom lhe ofereceu outro copo de rum.
— É triste ver que, depois de tudo o que eu disse, você não está com cabeça para me comer, mas muito interessado em beber essa merda. Ofereci meios mais gostosos e mais saudáveis de obter prazer.
Fiz uma alavanca com o corpo para sair do colo no qual me afundara, mas não tive sucesso. Equilíbrio não era o meu forte com a bota de gesso, e o braço direito de Nathan me prendeu onde eu estava. Ele apertou a minha cintura e mordiscou o meu queixo com os seus lábios com o sabor do Caribe.
— Aonde pensa que vai? — ouvi sua voz arrastada questionar.
— Você acabou me rejeitar. E... não estou a fim de ficar aqui de plateia, vendo-o encher a cara. Não acha que já chega?
Nathan passou o copo de uma mão para a outra e, discretamente, passou os dedos gelados entre as minhas coxas, subindo para se esconder sob o vestido, invadir a minha calcinha e me tocar ali mesmo.
— É isso o que você quer?
Fui eu quem provocara, mas ao sentir os seus dedos me acariciando, como se fosse só por obrigação, porque eu ficara chateada com a recusa dele, achei melhor interromper. Puxei o seu braço e o coloquei sobre o assento do sofá, e, depois, tirei o copo de sua outra mão e entornei todo o rum, arregalando os olhos e tossindo quando o líquido desceu incendiando a minha garganta.
— Não quero assim. — Fui dura com Nathan, que me observava sem reação.
Desta vez consegui sair de seu colo, e, irritada, rapidamente peguei as muletas e fui andando em passos apressados em direção bar, que ficava do outro lado, no final da extensão da piscina. Naquela área os convidados se acabavam na pista de dança, e lamentei não estar em condições de dançar, porque seria essa a minha opção para tentar aproveitar a noite, já que meu noivo estava — com direito a trocadilho — um porre.
Apoiada ao balcão, enquanto esperava o barman me preparar um mojito, vi de longe quando Nathan se levantou do sofá, tonto o bastante para ter que se sentar de novo antes de partir para a segunda tentativa. Ele veio de onde estava até a mim, sem pegar mais nenhum outro drinque; mas a primeira coisa que fez depois de me abraçar e cheirar o meu pescoço, foi meter a boca no canudo do meu copo e puxar um pouco da mistura de rum branco, suco de limão, soda e folhas de hortelã.
— Desculpe. — Ele passou a boca do canudo para os meus lábios, com o rosto vermelho e os olhos fora de órbita. — Ainda quer achar um cantinho mais discreto para nós dois? Eu conheço um muito bom... — Sua língua correu do meu lóbulo pela cartilagem da orelha, fazendo-me arrepiar todinha.
Puxei um pouco do mojito pelo canudo, fazendo bico, disfarçando o sorriso e reconsiderando a proposta. Agora que ele se arrependera, não ia desistir enquanto não me convencesse.
Soltei um gemidinho quando Nathan me imprensou no bar, com o seu volume na calça social inflado, mostrando-me que estava pronto, e deslizou a mão pela lateral do meu vestido justo. O casalzinho hollywoodiano ao nosso lado não ficava muito atrás no quesito agarramento, fazendo-me ficar excitada só de olhar por onde andavam as suas mãos; e a música Sweet Dreams, a mesma versão que tocara no final do desfile, escolhida pelo DJ naquele instante, aumentou ainda mais a luxúria.
— Vamos? — Nathan reforçou o convite, mordiscando o meu ombro e imprensando-me mais uma vez, provocando-me com o seu volume ainda mais rígido.
Com o rosto ardendo em chamas, assim como outras partes, terminei meu mojito e me ajeitei com as muletas, sem dar a ele uma resposta com palavras, mas com um sorriso safado concordando.
Pegamos o caminho de volta à parte coberta em frente à piscina, e não sei qual de nós dois tinha o andar mais instável. Eu tinha noção de que chegara ao meu limite de álcool, ou, até mesmo, passado um pouquinho dele, mas Nathan ainda pegou mais outro drinque no caminho, desta vez uma margarita.
*****
A mansão de Gigi mais parecia uma caixa moderna, estéril, do que uma residência familiar, tanto por fora quanto por dentro. Todos ambientes eram grandes salões com portas deslizantes que, quando abertas, acabavam por mantê-los integrados. Não sei onde Nathan iria arrumar um canto reservado para aliviarmos nossa tensão sexual, se até os quartos eram impessoais e compartilhados assim. Por onde passávamos só havia obras de artes, espalhadas no que pareciam mais galerias de museu do que ambientes privados.
Ouvíamos de longe a música, as vozes, quando finalmente chegamos ao que pareceu ser o nosso destino. Nathan entrou em um lavabo aceso, do outro lado da casa, e me puxou para dentro, quase me fazendo desequilibrar. Deixei as muletas caírem, batendo nas paredes e indo ao chão, fazendo o maior barulho, enquanto ele batia a porta e a trancava atrás de si, apoiando-se a ela e me sustentando com um dos braços. Vi que Nathan oscilou um pouco, cambaleante, equilibrando meu peso de um lado e a margarita de outro. Visivelmente bêbado, mas cheio de tesão, ele encheu a boca com um pouco da bebida e passou parte do líquido da sua para a minha, fazendo-me sentir o gosto da tequila, do licor de laranja, do suco de limão e do sal da borda do copo.
— Sabe que outro drinque eu estou a fim de beber? — instigou-me ele, passando a língua ardida no meu pescoço, fazendo com o que estava a fim de beber jorrasse pelo meio das minhas pernas.
Eu mesma enfiei o dedo médio no melado da minha vagina e trouxe até os seus lábios, perguntando a ele se o gosto estava bom. Nathan lambeu e chupou o meu dedo, e, dando dois passos à frente, colocou-me sentada sobre a tampa do vaso.
Apressada, faminta, subi o meu vestido até o umbigo e abri as pernas, deixando a minha calcinha branca de renda à mostra. A marca de umidade era visível e Nathan olhava fixo para ela, quase lambendo os beiços, quando se ajoelhou bem naquela direção. Ele não puxou a lingerie para baixo, a fim de deixar os lábios molhados livres para serem devorados, apenas a arregaçou para o lado e, depois de circundar o meu clitóris com o dedo, acariciou-me ali com a sua língua. Puxei seu cabelo com força, deliciando-me com as sensações, e soltei um gemido ao sentir a pontinha da língua tentando me penetrar. Depois de enfiá-la um pouco mais fundo e babar nos meus lábios, Nathan fez uma pausa, olhou para mim e bebeu um pouco mais de sua margarita. Pedi a ele um gole, mas o safado sorriu e, em vez de fazer o que eu pedi, despejou o resto na minha vagina inchada e pulsante.
Ao sentir o líquido gelado, fechei as pernas, mas logo as arreganhei de novo, doida para ver e sentir que ele faria em seguida. Nathan lambeu minha carne de maneira vigorosa, abocanhando-a de vez, embriagando-se com meu gozo, álcool e lascívia. Ele me torturou, chupando, beijando e lambendo cada ponto sensível, intensificando o contato no clitóris, girando e girando, deixando-me chegar ao limiar do orgasmo, até que parou e ficou de pé, com os braços apoiados na parede atrás de mim.
— Não pare, Nathan. Hmm... — Eu mal conseguia falar, enquanto ele me observava implorando.
Com uma das mãos me masturbando e a outra no cós de sua calça, tentei desabotoar o botão para ter acesso ao seu pau, mas Nathan segurou os meus dedos afoitos e me impediu de prosseguir. Cheguei para frente e mordisquei o volume cilíndrico sobre a calça, depois esfreguei os meus lábios e passei minha língua na ponta. Usei a mão que me masturbava para, com as duas, tentar descer o zíper de sua calça, mas Nathan mais uma vez me impediu. Com os braços imóveis pela sua força, vi quando ele comprimiu os lábios depois de suspirar e, em seguida, disse:
— Não tenho tanta certeza de que vai gostar do meu sabor...
Suas mãos apertavam os meus pulsos a ponto de deixá-los vermelhos, e eu não consegui entender o porquê de tanta resistência se pela calça eu conseguia ver o seu pênis se mexer involuntariamente. A ereção tão grande e tão firme certamente deveria estar doendo ali dentro.
Nathan me soltou, apagou as luzes, deixando o banheiro no breu e voltou para o que estava fazendo, ajoelhando-se entre as minhas pernas e me chupando com vigor. Fechei os olhos para aproveitar a sensação deliciosa, com a escuridão fazendo a minha cabeça girar, deixando-me me guiar pelos arrepios, pelos espasmos e pelo barulho erótico de sua saliva misturado ao da minha lubrificação. Atenta aos sons, percebi quando Nathan abriu a calça e começou a se tocar, batendo uma punheta, vigorosamente, enquanto me excitava, penetrando-me com os dedos. Seu gemido espalhou eletricidade pelo meu corpo e me acabei num êxtase maravilhoso, gritando o seu nome e pedindo para que metesse ainda mais em mim.
Nathan se levantou, ainda se tocando, grunhindo, e, logo depois, enfiou o seu pau na minha boca, penetrando-a com força a ponto de me fazer engasgar. Tentei segurá-lo, para controlar a pressão, mas ele prendeu as minhas mãos no alto da cabeça, meteu mais algumas vezes até a garganta e depois se afastou. Tomei tempo para respirar, ainda me recuperando do orgasmo seguido de sua tora me sufocando, mas o descanso não durou muito.
— Você consegue trocar de posição comigo? — Ouvi a sua voz ofegante e ao mesmo tempo áspera, de tanta bebida. — Vou me sentar e você se senta por cima, montada em mim.
Ergui-me, apoiando a maior parte do peso na minha perna esquerda e senti suas mãos na minha cintura, enquanto no pequeno espaço do lavabo nos ajeitávamos. Nathan sentou-se e ouvi o barulho da calça e da fivela de metal do cinto tocarem o chão, o que me fez pensar que seu pênis já estava apontado para cima, prontinho para mim.
— Venha... Pode se sentar. Encaixe gostoso no meu pau... Rebole.
De costas para ele, firmei-me com a mão direita na bancada da pia e me agachei devagar, tateando no escuro, apoiando a mão esquerda na parede ao lado do sanitário. Nathan passou as mãos pelas minhas nádegas, apertando-as com firmeza e, em seguida, enfiou a ponta do polegar no meu cuzinho. Depois de dar um gritinho pela surpresa e me erguer para fugir da dedada, cheguei mais para trás e o deixei me puxar para baixo, penetrando a minha vagina, que ansiava por mais.
— Não tenho camisinha — avisei, preocupada, mas deslizando lentamente até embaixo. — E você?
— Só desça assim, vai... — ele gemeu ao sentir o pau inteiro engolido pelo meu calor. — Rebole, sem camisinha... Você vai beber tudinho na hora certa...
Apoiei as duas mãos nos seus joelhos e continuei o sobe e desce, enquanto Nathan apertava os meus seios comprimidos no vestido. Sua respiração ofegante se emaranhou no meu cabelo solto, junto às suas palavras obscenas no meu ouvido, entremeadas às repetidas afirmações de que ele era o meu homem.
— Eu sou o seu homem, seu homem... Repita pra mim...
— Você é o meu homem. — Senti o seu pau estocando mais fundo, rápido, enquanto ele me pedia para continuar afirmando o mesmo.
— Agora vai, desça no meu pau, desça com tudo no meu pau. Minha, minha...
Sua penetração poderosa, consistente, nos fazia suar e preencher o ambiente com os nossos gemidos. E, excitada com o sexo fora de casa e com Nathan me chamando de "sua", possessivo e viril, tive outro orgasmo, ainda mais intenso do que o anterior. Ainda comigo me desfazendo sobre o seu pau firme, Nathan, com as mãos na minha cintura, prendeu-me enterrada a ele e gemeu tão alto e sôfrego que tive certeza de que ele tinha acabado de gozar dentro de mim.
Ah, não.
Senti, logo depois, o sêmen escapar e se acumular entre a gente. Tinha sido bom, mas... Ah, não. Não tinha sido isso o combinado.
Enquanto Nathan desfrutava o torpor do seu clímax e repetia "minha, minha", demostrando estar bastante embriagado, estiquei a mão e acendi as luzes.
— Ah, não! Não! — Desatei-me dele, com o gozo escorrendo pela vagina, chocada com seu pau, ainda ereto, adornado por uma calcinha de renda, arriada e presa debaixo de seu saco. — Você não fez isso!
.......
[ Notas ]
*Frase de Samuel Beckett.
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→ Vejam fotos da mansão de Gigi no meu Instagram (caasitaylorfic), especialmente as da piscina e do lavabo.
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