Cap 60. A visita de Lola

Nathan ficou ao meu lado durante o final de semana inteiro e me ajudou a diminuir o tédio provocado pela bota branca. Era muito ruim não poder me locomover livremente. E, só de pensar que eu ainda tinha mais seis dias de prisão domiciliar pela frente, o desânimo batia com força.

Na segunda-feira, Nathan precisou me abandonar para trabalhar e me deixou aos cuidados de Nancy, que prometeu me tratar como uma verdadeira princesa para fazer jus ao padrão de seu filho.

A senhora Nancy de fato me tratou muito bem, mantendo-me entretida com histórias de sua juventude e a todo instante me oferecendo ajuda. Porém, apesar de seu esforço para me agradar, depois do almoço usei a desculpa de que estava com sono e me retirei para o meu quarto. A minha sogrinha era muito legal, mas uma overdose de sogrinha me mimando não. Eu precisava do meu espaço.

Liguei a TV em um canal qualquer, ajeitei-me na cama e, em seguida, depois de passar o fim de semana bem longe do aparelho de celular, tomei coragem para ligá-lo novamente. Meus dedos chegaram a tremer no instante em que a tela acendeu, e o estômago revirou de ansiedade quando acessei a caixa de mensagens. No entanto, voltei ao normal — mais para frustrada — em questão de segundos, ao ver que não havia nenhuma resposta de Taylor.

Havia, sim, algumas ligações perdidas de Lola e duas mensagens dela me pedindo notícias. A vadia não era uma amiguinha com quem eu gostaria de passar horas a fio no telefone, mas a falta do que fazer era tanta que respondi à ligação sem nem pensar muito.

— Riot, Riot! Finalmente fazendo contato. Diga aí, como ficou o seu tornozelo? O gatão loiro cuidou de você como eu mandei?

Bastou sua última pergunta, e se referir a Taylor como gatão loiro, para quase me arrepender de ter ligado.

— Uma semana de gesso, próxima apresentação cancelada — informei-lhe o mais importante. — Faça a performance sozinha ou arrume outra parceira.

— Já esperava essa tragédia. Onde vou arrumar outra como você? Vou pedir para o Dennis cancelar o show, e voltaremos quando ficar boa. Até lá, você poderia participar de umas transmissões ao vivo comigo. O que acha, hein? Alguns homens têm fetiche em perna engessada.

— Quantas vezes vou precisar repetir que não rola? — Revirei os olhos, mesmo que ela não pudesse ver.

— Tá bom, tá bom. Sem mau humor. Mas me diga; e o gatão? Tumulto, que homem é aquele? Chegou lá determinado. Mostrou sua foto no folheto e falou que só queria você. Mandei logo para o quarto VIP; não poderia deixar passar a chance de você ganhar um dinheirão de um ricaço gostoso. Deu tempo de fazer uma fricção ou você foi logo se estabacando?

— Ai, Lola, como você é desagradável... — Bufei.

— Não é todo dia que um astro pop surge no The Heat, Riot. Se você não gostou, da próxima vez eu traço.

— Eu vi você se insinuando para ele, debruçada, quase com os peitos de fora, na janela do carro. Duvido que ele apareça de novo, mas, caso aconteça, pode ficar com o traste todinho para você. Engula e faça bom proveito.

— Foi tão ruim assim?

— Um pé torcido, horas no hospital e uma ressaca filha da mãe. Não, foi ótimo. — E isso porque eu não podia reclamar do resto que aquela visitinha havia me ocasionado. — Se eu tivesse ido embora na hora programada, Lolinha querida, parte disso não teria acontecido. — Sofreria com a ressaca, mas estaria inteira e sem lembranças vívidas de Taylor. — Você tem alguma coisa útil para me dizer? Porque, se não tiver, eu gostaria de desligar.

— Estou com o dinheiro da nossa apresentação. Quer que eu vá até aí entregar a sua parte? Ou prefere esperar a gente se reencontrar?

— De quanto estamos falando?

— Mais de mil dólares. Fizemos história, detonamos a concorrência! Nós duas mandamos naquele clube agora. E esta grana é só o começo.

A ideia de Lola se aproximar da mansão dos Smith me gerava certa apreensão, mas como a quantia era alta, bem mais do que eu estava acostumada a receber por apresentações no palco, aceitei a sua proposta. Apenas impus algumas condições:

— Pode vir, mas quero que me traga, também, uma caixa de rosquinhas. Escolha os sabores que quiser, porque gosto de todos. Menos canela. Hmm. E traga revistas. Quantidade para a semana toda, pois quando Nathan não está aqui, não tenho muito que fazer.

— Quer que eu leve consolos de borracha também? O que você está me pedindo é um verdadeiro abuso, mas vou colaborar porque gosto muuuito de você. Don't worry, there's a LolliEx for that* — disse ela, bem-humorada, fazendo trocadilho com o slogan do FedEx e mandando um beijo estalado em seguida. — Em uma hora estarei aí.

— Não se atrase. — Ri, brincando com ela. — Vou mandar o endereço daqui por SMS.

*****

Uma hora depois, cravada, Nancy foi ao meu quarto para avisar que havia uma visita me aguardando. Eu esperava receber a piranha da Lola na porta de entrada externa da mansão e despachá-la sem que nem pisasse no jardim. No entanto, ao chegar à sala, apoiada nas muletas, dei de cara com ela no sofá, mostrando um sorriso no rosto e uma caixa de rosquinhas da Bryant's Cocoa em seu colo. Como se não bastasse ter trazido sabores artificiais, ainda tinham que ser dessa marca? Eu devia ter sido mais específica. Mesmo que Taylor não estivesse mais com Emmeline Bryant, eu a detestaria para sempre. Sempre! Desviei os olhos daquela caixa rosa radioativa e notei, ao lado de Lola, porém no chão, uma sacola de papel kraft. Ali deviam estar as revistas. Uma quantidade absurda, a julgar pelo volume.

— Riot! — Ela deixou a caixa de Donuts sobre a mesa de centro e veio até a mim, para me cumprimentar com um abraço desajeitado e me ajudar a sentar no sofá. — Está se dando bem, hein? Pegou o cantor milionário no trabalho e namora oficialmente o milionário dono desta mansão. Sucesso! — Lola falou aquela merda no meu ouvido, mas não tão baixo quanto eu gostaria. Olhei em volta e dei graças a Deus pela senhora Nancy e nem mesmo Rosa estarem por ali.

— Não achei que fosse entrar aqui, Lola — reclamei, ignorando seu comentário. — Quem permitiu?

— Sua sogra — respondeu e sentou-se no outro sofá, de frente para mim. — A mãe do ruivo é bastante gentil. Confesso que também achei que não entraria... Então ótimo que não foi você quem me recepcionou na porta. Estou amando isso aqui! — Alisou o estofado de couro.

— Trouxe o dinheiro? — perguntei pelo mais importante.

— O dinheiro, as revistas e um pouco mais. Está tudo aqui. — Apontou para a sacola. — E quanto às rosquinhas; não quer abrir a embalagem e me oferecer uma?

— Você não é do tipo que me espera oferecer alguma coisa. Tanto se antecipa que está aqui dentro da mansão. Pegue a caixa inteira e, por favor, vá embora.

— Ah, não! Eu vim para lhe fazer companhia. Você não estava reclamando de tédio? Garanto que comigo, Riot, tédio vai passar longe. — Lola abriu a caixa radioativa, escolheu uma rosca e tirou um pedaço. — Está deliciosa! Você deveria provar.

Como pulando em um pé só, no melhor estilo Saci Pererê, eu não conseguiria expulsar a Mula sem Cabeça, muito à vontade, sem dar o menor sinal de que iria embora, resolvi mudar de tática: convidei-a para o meu quarto. Talvez, se matasse a sua curiosidade de conhecer um pouco mais da mansão, ela me deixasse em paz por vontade própria. Levantei-me e segui pelo corredor com as muletas, e Lola foi atrás, carregando a caixa de Bryant's Donuts e a sacola cheia de tralhas.

No sossego do quarto, Lola soltou-se mais. Tirou os sapatos, e, quando dei por mim, estava em cima da cama, deitada ao meu lado e pronta para altos papos, como se fôssemos grandes amigas.

— Só vou lhe pedir uma coisa — falei sério com ela. — Preciso que vá embora antes de o Nathan chegar. É claro que a senhora Nancy vai contar a ele que esteve aqui, e eu também não vou esconder que essa visitinha aconteceu, mas... não quero que vocês se encontrem. Combinado?

— Isso é ciúme?

Cerrei os olhos para ela, mostrando que não toleraria piadinhas.

— Deixe comigo, Riot. Vou embora antes de o seu boy-calcinha chegar. Mas ele vai me agradecer por ter vindo aqui. Aposto que vai. — Lola mexeu na sacola que trouxera e tirou de lá uma embalagem colorida. — Isto aqui, ó, vem com um vibrador. É pequeno, mas suficiente para engatar no buraco e tocar no ponto G. Parece uma borboletinha inofensiva, mas para quem a está vestindo é uma maravilha. O fio não é muito longo, mas você poderá deixar o controle com seu namorado e brincar de ser feliz, não precisará nem se me mexer. Sei que você está incapacitada.

Mal sabia ela que eu havia transado todos os dias após o acidente, inclusive naquela manhã.

Enquanto eu analisava o aparato para lá de esquisito, cheio de elásticos confusos, Lola sacou da bolsa mais outro apetrecho sexual. Estava mais para vendedora de sex shop itinerante do que qualquer outra coisa.

— Não sei se você já tem um desses, mas do jeito que é travada, aposto que não. — De onde ela havia tirado que eu era travada? Só não era exagerada como ela, mas gostava de uma boa diversão. — O nome disso é Rabbit. Vibra e gira que é uma beleza. E estas orelhinhas de coelho estimulam o clitóris enquanto o roliço faz o serviço lá dentro. Você vai passar muito tempo sozinha, então achei de bom grado trazer este brinquedinho, mesmo que você não o tenha pedido. Ah, e trouxe lubrificante também. Quer o experimentar agora?

Cerrei os olhos para Lola, fulminando-a. Lógico que não experimentaria um vibrador na presença dela.

— Trouxe também as revistas. Não sabia as suas preferências, então peguei tudo que vi pela frente. Tem futilidade para ler por um bom tempo. Mas claro que você não vai ler nada agora, porque estou aqui. A que horas seu namorado chega?

— Por volta das 7.

— Dá tempo de assistirmos a um filme. Não dá? — perguntou, ainda com o vibrador na mão.

— Não vou me surpreender se me disser que trouxe um erótico lésbico para passar o tempo.

— Não pensei nisso, que pena. — Havia, de fato, pesar na sua expressão. — Nada de erótico lésbico. A não ser que você queira experimentar o vibrador...

— Lola, desista. E tire esta bagunça daqui. — Larguei a borboleta vibratória sobre ela e a empurrei para o lado. — Se tiver que testar essas coisas, será com meu namorado.

Lola recolheu os brinquedos da cama, deixou a sacola sobre a cadeira da penteadeira e voltou para se deitar ao meu lado, com a caixa de Bryant's Donuts entre a gente. Girando no dedo uma rosca coberta de chocolate, ela me perguntou:

— Já deu o cu, Riot?

Uh?

— A gente não ia assistir a um filme? — desconversei, zapeando os canais à procura de algo para nos ocupar, que não fossem rosquinhas.

— Pare de fazer cu doce e me conte. — Ela passou a língua pelo orifício da rosca, circundando-o lentamente. — É só dizer sim ou não.

— Sim, uma vez. Faz tempo. Agora vamos, o filme acabou de começar. — Tentei encerrar o assunto, focando na cena de abertura de Titanic, naquele bando de gente feliz na plataforma acenando para os que morreriam no naufrágio do transatlântico.

— É tão triste... — comentou Lola, também de olho na tela. No instante seguinte, porém, ela se virou para mim. — Ah, só mais uma palavrinha, por falar em coisa triste e, também, em cu. Sabe quem perguntou por você? A cubana. Perguntou para o Dennis, um pouco depois que você saiu pelos fundos, e eu ouvi. Queria saber o que tinha acontecido, como você estava...

Sorri com a notícia, afinal era bom saber que Mirana ainda se importava. Caso contrário, ela não teria perguntado nada. Ressurgiu em meu coração a esperança de que ela poderia me perdoar e voltar a falar comigo em breve. Isso seria ótimo. Quem sabe, da próxima vez, eu passasse uma tarde agradável com ela e não com a vadia.

*****

Livrei-me de Lola tão logo o filme acabou e aproveitei o tempo restante para me arrumar para Nathan. Naqueles dois últimos dias em casa, andara vestida de qualquer jeito; de chinelo, short de malha e camiseta. Então, desta vez, decidi que faria diferente. Depois do banho, escolhi um vestidinho sensual, um vermelho de seda e alças finas que eu nunca havia usado; evidenciei as ondas dos meus cabelos com babyliss e passei um pouco de maquiagem, o suficiente para me deixar menos pálida e os lábios mais convidativos.

Quando meu namorado chegou, por volta de 9 da noite, umas duas horas depois do que costumava chegar, eu o esperava recostada na espreguiçadeira da piscina, enrolada em um cardigã da cor do vestido, olhando para o céu com as pernas esticadas. Ele primeiro me deu um beijo na cabeça, e, depois de eu chegar um pouco para o lado, sentou-se virado para mim, vindo me beijar nos lábios.

— Está tão cheirosa e maravilhosa. Fico até meio desnorteado quando lembro que isso tudo é para mim. — A mão apoiada em minha nuca deslizou pelo pescoço e apertou o meu ombro. — Já jantou?

— Estava esperando você. E sua mãe está aguardando o seu pai, para comermos juntos. Ela pediu para Rosa preparar a minha comida favorita, acredita? No almoço comentei que no Brasil, pelo menos onde eu morava, o prato mais comum é o arroz com feijão, bife e batata frita, então ela disse que teríamos isso para o jantar.

— Hmm, parece bom. — Ele esticou as sobrancelhas. — E parece que minha mãe resolveu mimar a nora.

— Definitivamente ela está empenhada em me fazer me sentir bem.

— Pois me conte; além dos mimos da minha mãe, como foi o seu dia?

— Meio louco. Lola veio me fazer uma visita. — Nathan franziu a testa, e notei que a senhora Nancy não havia falado sobre isso com ele. — Eu não esperava que ela fosse ficar, pois só pedi que viesse trazer o dinheiro arrecadado no The Heat. Mas você sabe como ela é...

— Foi bom para lhe fazer companhia, não? Mesmo sendo a Lola. — Riu. — Sua carinha está ótima.

— É... Foi. Ela me trouxe rosquinhas, presentes, assistimos a um filme... Foi divertido no final das contas.

— Talvez ela deva vir visitá-la mais vezes.

— Ah, não, não, não. Quero aproveitar estes dias para ficar longe, se possível. — Nem pensar passar mais tempo com a Lola. — Ah! Sabe o que ela disse? Que Mirana perguntou por mim. Essa sim poderia vir me visitar e me fazer companhia. Sei que nossos últimos encontros foram bem ruins, mas sinto tanta saudade da nossa amizade... — Suspirei. — Lola me deixou uma esperança, bem lá no fundinho, quando me contou da preocupação da minha amiga. Ou, ex-amiga. Enfim, se ela perguntou por mim, talvez queira se reaproximar.

— Linda, vá com calma, para não se machucar. Nem tudo é o que parece. Ela pode ter perguntado por simples curiosidade. Neste momento você precisa se cercar de pessoas que vão colocá-la para cima com toda certeza. Não pense agora na Mirana e no que ela pode, ou não, estar pensando. Calma. Veja; a Lola é meio doida, mas eu consigo ver no seu rosto que ela lhe fez bem.

— Ela é uma piranha, uma vaca, mas é animada; não dá para negar. Ligada direto na tomada. De qualquer jeito, foi boa a visita, mas não pretendo repetir a dose. E o seu dia, como foi?

— Fiquei no consultório o tempo todo, não saí nem para almoçar, e, no final do expediente, tive uma reunião com um advogado. Por isso demorei a chegar em casa.

— Reunião com advogado... Algum problema?

— Não, nenhum problema. — Nathan sorriu e tocou a ponta do meu nariz. — Soluções, na verdade. Você sabe que gosto de resolver tudo com certa rapidez, que deixar para depois não é comigo. Pois bem, fui conversar com um advogado de imigração, para me informar sobre a sua situação e sobre como poderia resolvê-la.

— Sério? — Sorri de volta para ele e me ajeitei na espreguiçadeira, sentando-me com o tronco ereto. — E tem solução? Eu vou poder ter um número de seguro social e trabalhar?

— Expliquei bem direitinho o seu caso para ele, do jeito que você havia me contado; visto de turista renovado uma vez, não conseguiu renovar em uma segunda tentativa, expirou... E, bem; há algumas maneiras de resolver o problema, de conseguir o Green Card mesmo estando agora com um visto fora de status. Uma delas seria se você investisse quinhentos mil dólares no país, e esse investimento criasse pelo menos dez empregos para americanos, o que não é o caso.

— Não mesmo — Ri de nervoso, um pouco decepcionada. — O que mais ele disse? Alguma opção perto da realidade?

— A maneira sugerida, a única plausível para que consiga regularizar a sua situação, e rápido, seria... se casando. Exatamente o que você pretendia fazer quando veio para cá com o visto de turista.

— Então se eu... — Faltaram-me palavras e só consegui gaguejar. — Se eu... quiser... Eu... preciso me casar. — Não era uma pergunta, mas uma constatação. Eu tinha essa desconfiança, mas agora que Nathan consultara um advogado, não havia mais dúvida.

— Eu disse que resolveríamos o seu problema, não disse?

— Mas Nathan...

Interrompi o pensamento, boquiaberta. Por acaso ele estava me dizendo que pretendia se casar comigo? Não tive coragem de perguntar. Porém meu namorado, percebendo a inquietação, segurou as minhas mãos e disse:

— Linda, talvez um casamento não estivesse nos seus planos agora, mas se você aceitar se unir a mim, resolveremos isso num instante. Você ficará livre desse tormento e, em breve, poderá trabalhar do jeito que quer. Depois de ver o resultado das fotos do Gavin e perceber a sua angústia, por continuar sem poder seguir o seu sonho, resolvi dar mais um passo para realizá-lo. É um grande passo, eu sei. Mas eu o comecei, então irei até o fim.

— Nathan...

Eu não conseguia falar. Os olhos ficaram cheios d'água, e, quando vi, desabava no pranto diante dele. Me casar? Assim? Realmente não estava nos meus planos. Gostava de Nathan, muito, muito mesmo, mas havia quanto tempo que estávamos juntos? Não era meio precipitada uma proposta daquela? Precipitada para ele, para mim... Eu não precisava de outro desastre na minha vida. Nem Nathan. Nós dois mal havíamos desatado laços com outras pessoas. No meu caso, nem me considerava desamarrada de Taylor de verdade. E se fosse mais um casamento fadado ao fracasso? Mais uma tentativa para não dar em nada, apenas expectativas e frustrações. Fui tomada por medo. Medo e nenhum outro sentimento.

Meu namorado me abraçou, e descansei a cabeça em seu ombro, soluçando enquanto as lágrimas desciam pelo rosto. Eu gostaria de lhe agradecer, dizer que não me casaria, não agora. Mas também gostaria de aceitar seu pedido, porque era a coisa errada mais certa a se fazer. Passavam-se em minha cabeça tantos sentimentos conflitantes que achei que fosse ter um troço.

— Essa coisa de casamento... Isso é tão difícil para mim — desabafei, com o rosto afundado em seu pescoço. — Eu... Fui pega de surpresa... Nem sei o que lhe dizer Nathan. E você não tem que fazer isso por mim.

— Ei... — Nathan segurou o meu rosto e enxugou as lágrimas, forçando-me a olhar para ele. — Eu só dei uma sugestão. E não estou fazendo isso apenas por você, mas por nós dois. Quero me casar com você, linda, independentemente de qualquer outro motivo. Porque a amo. Se não fosse por amá-la de verdade, nem teria levantado o assunto. — Ele roçou seus lábios nos meus, usando a língua para abri-los devagar. O beijo suave terminou com sua testa apoiada à minha, a respiração tocando-me o rosto frio. — Sei que pode parecer precipitado e vou compreender se você precisar de um tempo para pensar. Não precisamos correr, mas quanto antes nós resolvermos isso, antes você resolverá a sua situação profissional. — Os lábios gentis de Nathan tangenciaram os meus. — Não quero que chore, nem que se sinta culpada por não me dar uma resposta positiva agora. Estou bem, okay? E quero que você fique bem também.

— Ah, Nathan. — Eu o abracei e voltei a chorar, como um bebê que precisava de colo. — Você é muito bom para ser verdade. Eu não estou nem acreditando...

— Linda, quando estiver pronta, eu estarei aqui. Porque não vou sair do seu lado. — Ele acariciou os meus cabelos e me apertou em seus braços. — Sei que você tem muito a superar, questões emocionais, questões fortes, justamente ligadas a casamento. Não tem problema. Eu prometi juntar os cacos do seu coração e lhe mostrar o que é o amor, e vou lhe mostrar. Meu amor é paciente. Pense com carinho e não se sinta pressionada. As coisas vão se ajeitar, temos todo tempo do mundo.

— Eu não disse não... — murmurei para um Nathan cabisbaixo. Encarei-o com os braços entrelaçados em seu pescoço, acariciando os cabelos finos daquela região. Como eu poderia dizer não para o homem que fizera tanto por mim em tão pouco tempo? Nathan era meu príncipe, desses de contos de fadas, perfeito. Ele me fazia feliz, tínhamos uma boa relação, amizade, sexo de qualidade, e em seus braços eu me sentia segura e completa. Não havia por que negar seu pedido, levada pelo medo de fracassar e por estar presa à sombra do relacionamento anterior. — É difícil pensar em casamento, na responsabilidade, mas... Claro que aceito me casar com você!

Um sorriso largo se abriu no rosto de Nathan, seus olhos brilharam mais do que as estrelas acima de nós, e a emoção reverberou em mim. Lágrimas tornaram a escorrer pelo meu rosto, um friozinho gostoso preencheu-me barriga e logo nossos lábios se reencontraram, em um beijo infinito e molhado.

......

[ Nota ]

*Don't worry, there's a FedEx for that. - Slogan do FedEx entre 2002 e 2003.

Tradução: Não se preocupe, tem um FedEx para isso.

.......


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