Cap 36. Sonho Americano

Nathan passou para me buscar às nove e meia, assim chegaríamos a tempo da nossa reserva às dez no Mastro's e poderíamos jantar até meia-noite, horário que fixara como limite para seguir para o meu compromisso de trabalho. Ele preferia me ver, mesmo que fosse só até a hora da carruagem virar abóbora, a não passar nenhum tempo comigo naquela noite. Fofo, como sempre.

— Você está deslumbrante! — elogiou-me Nathan, ao me receber na calçada em frente ao seu carro, com uma rosa vermelha na mão. — Trouxe para você.

— Que linda! Muito obrigada pela flor e pelo elogio — curvei-me um pouco, pois o sapato de salto me deixava uns dez centímetros mais alta do que ele, e agradeci beijando os seus lábios. Admirando-o de cima a baixo, disse: — Você também está um gato; maravilhoso.

Seu visual, bem diferente do usado pela manhã, indicava que ele havia passado em casa antes de me buscar. Nathan estava com uma calça jeans escura, uma camisa social branca — não mais a xadrez Burberry, a qual eu considerava chamativa demais — e um blazer preto. E eu, ufa, combinando com ele, no mesmo vestido preto de sempre, o usado na inauguração da Beverly Angels. De gola alta, telado do pescoço até o decote, justo no quadril, terminando em camadas soltinhas, suficientes para tapar apenas um palmo abaixo da bunda. O modelo era um meio termo entre o comportado e o provocante, já que do restaurante eu iria direto para a minha apresentação.

— Maravilhoso, eu? — Nathan se ajeitou, sem graça. — Estou apresentável talvez, foi o melhor que deu para fazer.

— Não seja modesto, você sabe que está irresistível assim desse jeito... — murmurei, agarrando-me a ele com as duas mãos entrelaçadas por dentro do seu blazer. — Tão cheiroso... Hmm. — Rocei meu nariz logo abaixo de sua orelha, provocando-o, e segui o caminho pelo seu rosto para tocar-lhe os lábios. Introduzi a língua bem devagar em sua boca, e Nathan respondeu ao beijo, girando a sua ao redor da minha, degustando-me a cada rotação.

— Uma pena você ter que me deixar tão cedo esta noite... — ele lamentou, quase gemendo, depois de fazer questão de deixar seu pênis enrijecido me dizer oi sob a calça. O que um beijo bem dado não era capaz de fazer?

— Também acho, é uma pena... — concordei, sussurrando, e dei-lhe outro beijo de língua, ainda mais tentador que o primeiro. Por sorte a rosa não tinha espinhos, caso contrário, a minha mão e sua parte traseira ficariam cheios deles. Enquanto explorava sua boca, puxava-o com vontade ao meu encontro, estimulando-o com a fricção dos nossos corpos. — Hmm — gemi, sentindo a calcinha molhada após o agarramento na calçada. — É realmente uma pena não poder esticar a noite, mas agora que não estou mais no The Heat, este trabalho é a minha única fonte de renda. Não posso deixar de ir pela segunda vez consecutiva.

As mãos de Nathan desceram pelo caminho da minha lombar até as nádegas, puxando-me mais para perto do seu corpo, direto ao encontro do pecado.

— Já tive que deixá-la nessa manhã, contra a minha vontade, você sabe... E agora é você quem vai me abandonar. Veja o meu estado.

Nosso estado. Olhei para os dois lados da calçada e, como não vi ninguém, trouxe uma de minhas mãos para frente e a enfiei entre nós dois, apertando o seu volume sobre a calça.

— Linda, não faça isso... — Com a sua mão sobre a minha enquanto o estimulava, Nathan me pedia o contrário. — Estou ficando louco aqui.

Melhor parar, Isabelle, melhor.

— Então vamos logo. — Estalei um beijo em seus lábios, ajeitei a lapela do seu blazer e me dirigi para o outro lado do carro. Foi uma atitude emergencial, antes que eu erguesse os babadinhos do vestido, abrisse a sua braguilha e me encaixasse a ele como peça de Lego. — Vamos. Estou doida para conhecer o Mastro's. Sempre ouvi falar bem desse lugar. — Na verdade eu estava doida para conhecer o mastro dele, isso sim. De um jeito bem profundo. Dei uma risadinha boba ao pensar no trocadilho, que só funcionava em português.

Nathan se recompôs, abriu a porta para mim e retornou para entrar no carro pelo lado do motorista. Observei-o colocar o cinto e dar a partida, e, para voltarmos ao nosso estado normal, mantive o papo sobre restaurantes:

— Eu trabalhei no Landon como recepcionista. Você chegou a conhecê-lo?

— De nome, nunca o frequentei. Mas sei que era muito bem falado. Você sabe por que fechou?

— O dono se mudou para a Europa com a namorada. — O proprietário era o chefe inglês David Campbell, atual companheiro de minha amiga Barbara. — Mas pensei que, com a sua desistência, alguém fosse comprar o espaço e manter o negócio. Era um bom lugar para trabalhar — Suspirei, cheia de saudosismo.

— Por que você saiu de lá? Por causa do encerramento das atividades?

— Não. O meu contrato era temporário. Estava só cobrindo uma licença maternidade, então em algum momento eu teria mesmo que me desligar. Para não ficar com uma mão na frente e a outra atrás, quando foi chegando a hora de o contrato vencer, eu me antecipei e arrumei outro emprego; o de bartender no The Heat. Levei as duas ocupações paralelamente por um tempo, até que acabei largando o Landon de vez. Achei que aguentaria a jornada dupla, mas era bastante cansativa.

— Então você não começou no The Heat como stripper... — Ele desviou um pouco a atenção do trânsito e olhou para mim.

— Só virei stripper meses depois, quando a minha vida financeira deu uma desestabilizada. — Eu não revelaria que minha vida se desestabilizara em todos os quesitos, e não só financeiramente, logo após o término do noivado. Quanto mais eu pudesse adiar essa informação, eu adiaria. Então contei só a parte que interessava no momento: — Eu trabalhava como bartender e vivia num condomínio de luxo em West Hollywood. Não pagava aluguel, então era mais fácil... No entanto, de uma hora para a outra, precisei sair de onde morava e arrumar um lugar para ficar. Sozinha eu não conseguiria bancar tudo, então tive que correr atrás de alguém para dividir um apartamento. A Mirana tinha acabado de chegar do Blue Horizon... Conhece esse clube?

Nathan olhou rápido para mim e assentiu:

— Só de nome também.

— A Mirana veio de lá para trabalhar no The Heat e, assim como eu, precisava de alguém para dividir o aluguel. Então, mesmo sem me conhecer direito, ela me ofereceu uma vaga no seu apartamento. Foi muito legal da parte dela, mas confesso que aceitei com o pé atrás. Não só por ela ser uma estranha na época, mas também pelo fato de ser stripper. Preconceito, eu sei — repreendi-me. — Depois de um tempo, já bem instalada no apê, eu vi que a vida dela como stripper era puxada, mas nada muito degradante, como eu imaginava que fosse. E foi assim que acabou acontecendo: com a confiança adquirida durante a convivência e, principalmente, com a necessidade de fechar as contas do mês, a Mirana acabou me convencendo a mudar do bar para os palcos. Era mais lucrativo, bem mais. E o resto da história você conhece.

— Conheço. Você trabalhou um mês como stripper no The Heat e, depois daquela confusão envolvendo o Max e a Lola, deixou o clube. Mas ainda não consegui compreender... Por que você está trabalhando para a Lola se não confia nela? — Nathan quis saber, tentando aprofundar o papo que tivemos um pouco mais cedo pelo telefone, quando, por alto, ao avisá-lo sobre o meu compromisso da noite, eu lhe dissera que trabalhava para a Lola apesar de seu comportamento duvidoso.

— Eu fiquei sem muita opção depois do The Heat. Poderia ter aceitado um emprego de recepcionista no SPA da academia, mas escolhi o que pagava mais. A diferença era muito grande. Lola pode não ser a melhor pessoa do mundo, mas não dá para negar que é uma máquina de fazer dinheiro.

— Eu sei. Lollie Pop é pop no mundo do entretenimento adulto. Já fez o nome nesse meio. Tem site, câmera ao vivo, loja virtual... — Nathan mostrou-se muito informado, e senti uma pontinha de ciúme. Tinha nada que saber de site X-rated e, muito menos, da Lola.

Respirei fundo.

— Sim, a Lola é bem-sucedida e tem um verdadeiro universo de coisas para administrar, mas não tenho participação em nada disso. — Deixei bem claro. — Só fiz com ela uma parceria para shows de strip privados. O básico para garantir uma boa renda me expondo o mínimo possível.

— Se você gosta do que faz, não vejo problema algum.

— Não é que eu goste. Não é fácil tirar a roupa para estranhos, não faz parte da minha natureza, mas foi a maneira que encontrei de sair do vermelho e, quem sabe, fazer uma poupança. — Dei de ombros. — E pensar que era para eu estar... — Quase deixei escapar era para eu estar casada, mas consegui consertar a tempo, falando a primeira coisa que consegui lembrar: — ...estar cursando biologia.

Nathan olhou para mim com as sobrancelhas unidas e dois vincos na testa, aparentando bastante surpresa com a minha última declaração. Em seguida, ele voltou a atenção para o trânsito.

— Ficou chocado, eu sei. Essa realidade está tão distante de mim agora que até eu me espanto ao relembrar. Nem parece que aconteceu. Mas há uns anos eu vim do Brasil para os Estados Unidos para isto, para estudar. — Mais cedo, quando Nathan me levou de carro de sua casa para a minha, eu lhe revelei a minha nacionalidade, falei que era carioca, da zona sul, mas não lhe dei muitos detalhes da minha vida pessoal. Conversamos apenas sobre o Rio de Janeiro, praia, música e cultura de maneira geral, mantendo-me na minha zona de conforto.

— Eu realmente não esperava, mas achei bastante interessante. O que fez você escolher biologia?

Tirando o fato de ser uma de minhas matérias favoritas na escola; nada além disso tinha me feito escolher biologia. Nenhum grande amor por bichos e plantas. Meu amor por Taylor Hanson me fez optar por biologia. Não importava o curso, interessava-me estudar qualquer coisa nos Estados Unidos para ficar mais perto dele.

— A biologia? Nem eu sei direito o porquê. — Ri de nervoso. — Vai ver por isso não deu certo.

— Me fale mais. Você devia ser ótima aluna, visto que conseguiu ser aceita em uma universidade daqui.

— Eu era, sim, uma ótima aluna. Sempre fui. Por isso, no último ano fiz uma prova para tentar cursar o ensino superior aqui nos Estados Unidos. Essa conquista era muito importante para mim na época, por vários motivos... Então me dediquei, estudei além do normal, e acabei fazendo 104 dos 120 pontos possíveis.

— Nossa! — Nathan abriu um sorriso lindo para mim. — Essa pontuação é maravilhosa, mais do que suficiente para conseguir uma bolsa.

— Sim. Consegui uma bolsa integral na Universidade de Miami. Fui para a Flórida, comecei a graduação em biologia, porém, por algumas questões, acabei me perdendo e abandonando tudo pelo meio do caminho. Hoje sou o que sou.

— Não seja tão dura com você. — Ele esticou a mão direita para acariciar o meu rosto enquanto dirigia. — Deve dar para retomar os estudos, se assim desejar. De repente em alguma outra área que você goste mais... Quanto tempo faz que largou a graduação?

— Ah, tem um bom tempo. Tempo suficiente para perder a bolsa.

— Já ouvi dizer que algumas meninas trabalham como stripper para pagar a faculdade. Colegas do meu ano, embora não admitissem, eram strippers.

— Eu sei, conheço quem faça esse esquema, mas não tenho mais interesse em voltar a estudar, de qualquer jeito. Nos meus últimos tempos na faculdade, estive mais envolvida com a equipe de líderes de torcida do time de futebol do que qualquer outra coisa. — Eu devia ter vergonha de admitir, mas se ele sabia que eu era stripper, todo resto era pinto. — Larguei um projeto de pesquisa para me dedicar aos pompons. Acredite — depreciei-me, relembrando a chuva de críticas coletivas que recebi na época.

— Então, na verdade, você gosta de dançar, de entreter. E faz seu papel muito bem. Está mais para as artes do que para a ciência, e não tem nenhum problema nisso.

— Me sinto burra de vez em quando, pelas minhas escolhas.

— Não se sinta. Às vezes temos que passar por experiências bem diferentes para descobrir o que de fato gostamos de fazer. Você ainda é muito nova, tem muito pela frente. Por um lado, foi inteligente interromper o curso, antes que perdesse anos de sua vida fazendo algo que não lhe dava prazer.

— Não me sinto muito à vontade com esse assunto, fico meio angustiada. — Massageei o peito com a ponta dos dedos.

— Por que, linda? — Ele segurou a minha mão livre, confortando-me.

Olhando para baixo, vendo o filme de minha vida passar, abri o meu peito:

— É estranho ter certeza de que não estou no emprego certo, mas, ao mesmo tempo, ter noção de que os meus desejos não têm como acontecer.

— Como sabe disso? — Nathan acariciou o dorso da minha mão com o polegar, e olhei para ele, cabisbaixa.

— Ah, pessoas importantes jogaram água fria em alguns dos meus sonhos... Pessoas que me fizeram voltar para a realidade, sabe?

— Você não pode deixar ninguém definir a sua realidade. Sua vida, suas escolhas. E quem a quiser por perto que se encaixe. Se você não se sente feliz no trabalho como stripper, se não é o certo, repense, veja se vale a pena continuar só pelo dinheiro. — Ao parar em um sinal, ele virou-se para me olhar melhor, acariciando os meus cabelos e o meu rosto com uma sensibilidade absurda. — Pense nas outras coisas que você gosta e não faz, ou não tenta, porque alguém a inibiu, porque a fez acreditar que não era capaz... Linda, você deve se dedicar ao que ama, à sua vocação, e não insistir em um trabalho forçado. A sua não realização pode lhe trazer vários problemas de cunho emocional; estresse, que pode evoluir para ansiedade, depressão... — Ele beijou minha mão, e meus olhos se encheram d'água. — Desculpe se eu parecer invasivo, mas... Eu posso saber quais são os seus sonhos?

— Você não vai rir de mim? — perguntei, com a voz embargada.

— Mas é claro que não. — Nathan beijou minha mão mais uma vez, antes de voltar ao volante. — Confie em mim.

Encarei o chão, com as palavras entaladas na garganta, presas pelo medo de ser ridicularizada, ainda que confiasse nele.

— Eu sempre quis ser...

— O que você sempre quis ser? — Pegou a minha mão novamente, e a segurança do gesto tornou mais fácil colocar tudo para fora.

— Atriz ou modelo — cuspi as palavras —, mas nunca me apoiaram nessa decisão. Achavam fútil. E quando se é menor de idade, sem a ajuda dos pais, não se chega a lugar algum. Para testes, concursos, tudo precisa passar por eles. Então acabei deixando esses ideais de lado. Fiz a tal da biologia, larguei a biologia, a vida foi indo em frente, outras coisas aconteceram, tomei outros banhos de água fria... E agora estou velha. Velha para começar do zero, principalmente na carreira de modelo. Ah, e desanimada também.

— Não desanime. — Nathan apertou a minha bochecha. — Você está em Los Angeles, a um passo de Hollywood, no lugar certo. Linda, você tem muita luz própria, tenho certeza de que conseguirá alcançar qualquer um de seus objetivos. Se jogaram água, trate de enxugar e colocar fogo nisso.

— Não é assim tão simples. Sem um visto válido, não me sobram muitas opções.

— Não sabia que está no país em situação irregular. Hum. O visto de estudante espirou — concluiu.

— Esse foi cancelado há muito tempo. Eu voltei para o Brasil quando desisti da faculdade, só depois retornei para cá. E vim com um visto de turista. Fiquei seis meses, que foi o tempo dado na imigração, e depois, aqui mesmo, pedi a renovação de permanência. Consegui a estender por mais seis meses, entretanto, na segunda tentativa, não deu mais.

Na ocasião em que decidi voltar aos Estados Unidos para morar com Taylor, ele deveria ter solicitado o visto K-1, um visto para noiva ou noivo de cidadão americano, para que possa viajar para os Estados Unidos com a finalidade de se casar e morar no país. A questão foi que naquela época não éramos noivos, e ele ainda não tinha falado de casamento. Como eu estava brigada com a minha mãe e tinha pressa de viajar, mesmo que tivéssemos pensado no visto K-1, o de turista era mais rápido e fácil de se conseguir. E foi com ele que eu viajei, pensando em me casar durante a sua validade e dar logo entrada no Green Card. Teria dado certo. Teria.

— E sua permanência como turista está vencida há quanto tempo?

— Um pouco mais de três meses.

— Você entrou pela porta da frente... Vencida há três meses... Hum. — Ele parou de confabular. — O ideal seria você voltar imediatamente para o Brasil e tentar retornar depois...

Mais uma vez os meus olhos marejaram. Eu não o deixei terminar de falar e, fazendo força para não permitir que as lágrimas caíssem, com a voz embargada, protestei:

— Voltar para o meu país não é uma opção. Na situação em que me encontro, se eu deixar os Estados Unidos, não existe garantia de que conseguirei voltar. E minha vida é aqui agora, mesmo que seja tão complicada.

— Sim, mas quanto menos tempo você extrapolar o prazo de permanência, menor o tempo de punição. Saindo agora, talvez em três meses você consiga voltar.

— Nathan — fiz uma pausa —, eu não vou embora daqui. Não posso viver baseada em hipóteses.

— Shhh, tudo bem, tudo bem... — concordou ele, com serenidade na voz, dando tapinhas reconfortantes na minha coxa. — Vamos tentar dar um jeito no seu problema, eu prometo. Confie em mim. E o mais importante; confie em você mesma. Não há nada que não possa fazer. Mas agora, por favor, coloque um sorriso no rosto, não quero ver a minha linda triste.

Eu sorri. Sua energia era contagiante. Do jeito que Nathan falava, por mais que eu duvidasse de mim, parecia mesmo ser capaz de conseguir qualquer coisa almejada. Ele acreditava em mim, na minha capacidade, a que Taylor, e os meus próprios pais, sempre fizeram pouco caso. E mais; ele conseguia visualizar as portas abertas, mesmo aquelas que eu julgava estarem trancadas a sete chaves. Então, enquanto a realização do meu sonho profissional não chegasse, eu ficaria muito, mas muito satisfeita de, pelo menos, começar a viver o meu ideal romântico ao lado dele.

— Se você tivesse aparecido antes na minha vida, só com o seu incentivo, eu teria vivido tudo que queria viver... Talvez nunca tivesse virado stripper.

— Ou não. Talvez nunca teríamos nos esbarrado se você não tivesse virado uma. Tudo foi como tinha que ser. Pense no daqui para frente agora. — Ele segurou firme a minha mão. — E pense que, seja lá o que acontecer, viver seu sonho só depende de você, e não de outra pessoa. A força é sua, o resto apenas flui.

Com o meu coração preenchido de sentimentos bons, nas nuvens, mandei um beijinho para ele. Logo em seguida, a velocidade do carro diminuiu, coincidindo com a visão do mármore branco, do vidro, da cortina d'agua e do logotipo em dourado da estonteante fachada iluminada do Mastro's.

*****

Nosso jantar foi muito agradável, tranquilo e descontraído. Sentados na varanda, próximos à Mariah Carey, comendo e bebendo do bom e do melhor, Nathan me contou um pouco de sua vida em três empregos. Seu ritmo era bem pesado, dividindo-se entre um consultório recém-montado, plantões no hospital da UCLA e o trabalho sem dia certo na clínica em Malibu. Eu aproveitei para falar mais sobre a minha dinâmica profissional com a Lola, reforçando mais uma vez que fazia apenas strip, e assegurando-o de que tomaria muito cuidado para não ser drogada novamente. Depois relembramos todos os nossos encontros no The Heat, os aleatórios, em outros lugares, e o penúltimo, na casa dele — em especial a parte quente. Por fim, fizemos planos para o final de semana. O tal final de semana com os seus pais.

Pelo Nathan estava mais do que decidido: eu chegaria à sua casa na sexta à noite e só sairia na segunda de manhã junto com ele. E, por mim, tudo ótimo. Porque apesar da ansiedade gerada ao pensar em passar dois dias inteiros na presença de sua família, ficar grudadinha em Nathan era tudo o que eu mais queria. Ele me tornava especial, colocava-me para cima, e essa era uma sensação que eu não experimentava havia muito tempo. Realmente, ele era um príncipe. E, ao seu lado, eu me sentia uma verdadeira princesa.

Tão princesa que, no horário limite do encanto de Cinderela, Nathan se ofereceu para me levar do restaurante até o local de trabalho. Que outro homem dirigiria por mais de quarenta minutos para levar a sua garota para uma apresentação erótica seminua? Eu desconhecia. E a cada uma de suas atitudes surpreendentes eu gostava mais e mais dele.

*****

— Quer que eu venha buscá-la logo mais? — perguntou Nathan, antes que eu saísse do carro em frente à mansão em Calabasas.

Eu sorri para ele, embasbacada com a oferta.

— Não, meu príncipe, você já me ajudou muito me trazendo até aqui. Durma tranquilo, eu pegarei um táxi e num instante chegarei em casa.

— Então você manda uma mensagem para mim quando chegar?

— Mando, sim. — Sorri, entrelaçando o seu pescoço para dar-lhe um beijo de despedida. — Sonhe comigo.

— É só o que venho fazendo.

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[ Nota ]

Importante: Muita gente está achando estranho a Isabelle ter dito que fez biologia, porque na Hanson's Creek era medicina. Pessoal, eu alterei na Hanson's Creek. Não tinha sentido ser medicina, porque é muito difícil para estrangeiro cursar medicina nos Estados Unidos (ainda mais do jeito que foi). Minha prima faz medicina lá (em Miami mesmo) e foi complicado todo o processo. Além disso, para Depois do Fim não era interessante que a Isabelle tivesse feito medicina. E não se preocupem, a alteração não mudou nada no desenvolvimento da Hanson's Creek. Espero ter esclarecido a dúvida de vocês.

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