Cap 15. Em chamas
Após o almoço, antes de me jogar de volta na cama para pensar nos meus sentimentos, como Mirana havia sugerido, senti-me na obrigação de arrumar a bagunça que eu deixara no quarto antes de sair para trabalhar na noite anterior.
Minha mãe, a pessoa mais metódica que já conheci, costumava dizer que o nosso exterior reflete o nosso interior, e, no meu caso, isso fazia bastante sentido: a baderna era generalizada.
Após colocar as roupas limpas de volta no armário, as sujas no cesto e ajeitar os lençóis e travesseiros, abri minha bolsa para organizar os meus pertences. Devolvi o batom para a maleta de maquiagem, guardei o meu documento e o dinheiro recebido de Nathan na gaveta do criado-mudo ao lado da cama e, em seguida, me estiquei para colocar o celular para carregar.
Depois disso, não teve jeito, com a cabeça no travesseiro, acabei conduzindo-me para a organização da bagunça interna, voltando a pensar em Nathan, no nosso envolvimento, e nas minhas reações nada contidas perto dele.
O que tinha sido aquilo, afinal? Como foi que comecei a noite do Valentine's Day, chateada, imaginando Taylor e Emmeline juntos, e terminei chorando por causa de outro homem?
A resposta para essa pergunta ficaria para outra hora, porque Mirana apareceu no quarto, interrompendo o meu momento ligue os pontos. Eu teria agradecido muito a ela pela pausa no drama, se a sua abordagem não tivesse me irritado logo de cara:
— Sabe o que eu estava pensando? Nathan deu a você mil dólares... — Ela riu. — Diga aí; qual o tamanho do pau dele? Deve ser um troço colossal.
— Uh? Você acredita mesmo que valor da gorjeta e tamanho do pau são diretamente proporcionais? — retruquei, sentindo meu rosto queimar.
— Você está dizendo que não são? Que Nathan acabou com a minha teoria? — Ela deu um pulinho e parou de joelhos em cima da cama.
— Eu disse isso? Eu não disse isso — respondi, sem paciência. — Só acho mais provável que caras que esbanjam dinheiro estejam apenas tentando compensar a falta de volume entre as pernas.
— Então Nathan não tem volume entre as pernas?
Lembrei-me do nosso roçar de corpos naquele quarto convidativo, do consistente volume de Nathan sob a calça jeans em contato com a minha calcinha. Ai.
— Mas é claro que tem! — Caí na provocação. — Mas não quero falar dele, tudo bem? Nem agora e nem mais tarde. Podemos não estender esse assunto?
— Caramba, Isabelle. Está nervosa? — Ela jogou o corpo e deitou ao meu lado, com a cabeça no outro travesseiro. — Foi só uma brincadeira. É que pensei nisso quando saí do banho...
— Chega! Chega de Nathan! — Dei um basta. — E nem era pra você ter pensado nele, nessas coisas...
— Você agora sente ciúmes, é? — Ela riu.
Mandei um piruzinho com o dedo do meio, virei de bruços e fechei os olhos.
*****
Quando acordei, já havia até escurecido. O sono fora tão agitado que eu me sentia ainda mais cansada do que antes, mas havia um sorrisinho em meu rosto que entregava certa serenidade e uma satisfação secreta.
Eu tinha recriado num sonho o meu encontro com Nathan no The Heat, dessa vez com um final completo e bem mais pervertido: eu de quatro no sofá de veludo vermelho, sendo comida por ele, com seu pênis em close entrando e saindo bem devagar, torturando-me devagar enquanto eu gemia e chamava o seu nome.
A transa — ainda que falsa — tinha sido ótima, e o bom-humor e a umidade na minha calcinha eram a prova de que eu gostara.
Bocejei e espreguicei os braços, tentando fazer meus olhos se acostumarem à escuridão, e, mesmo com minha expansividade, não esbarrei em ninguém ao meu lado na cama. Foi assim que percebi que Mirana não estava no quarto.
Chamei seu nome umas três vezes e não ouvi resposta, então acendi o abajur e fui em direção à sala, para ver se ela dormia no sofá, mas também não havia sinal da minha amiga por ali.
Não tinha muito onde se esconder no nosso apartamento, então depois de acender a luz da cozinha e constatar que ela havia saído, logo me chamou a atenção um bilhete preso na porta da geladeira:
Fui para a academia e vou direto para o The Heat. Vejo você lá! Mina <3
Olhei para o relógio do micro-ondas e me dei conta de que seria ideal, no máximo em duas horas, bater presença no clube de strip. Era sábado, dia de encher o bolso, e eu não podia me dar ao luxo de embromar e ficar em casa.
A dor de cabeça não era mais um empecilho, eu me sentia renovada. Mas agora, após aquele sonho erótico, eram as minhas partes íntimas que latejavam. Não seria nada agradável trabalhar seminua, subindo pelas paredes, num lugar repleto de homens em ebulição.
Eu abri a geladeira e peguei uma lata de Beat, um energético sabor cereja, novo no mercado, que eu estava doida para experimentar. Tomei o primeiro gole, para amenizar a quentura exagerada que sentia pelo corpo, e li as informações na embalagem, na tentativa de substituir meus pensamentos pecaminosos pela composição da bebida. Só que não deu.
Heart, fun, desire.* Era isso o que dizia o slogan em letras brancas chamativas sobre o fundo vermelho.
Parte de mim, comandada por um anjinho, achava que eu devia terminar minha bebida, tomar um banho frio e me acalmar, porque os meus desejos sexuais eram condenáveis. Outra parte, atiçada por um tinhoso mirim de chifres, argumentava que não podia ser errado ir adiante e me dar prazer. Não depois de ter passado tanto tempo me sentindo morta.
"Coração, diversão, desejo."
Aceitei a mensagem na latinha como um sinal, e foi como se uma labareda incontrolável tomasse conta de mim. A voz da tentação falou mais alto.
Eu passei a lata suada e refrescante na testa, deslizando-a pela lateral do rosto até o pescoço, na última tentativa de baixar o fogo, mas acabei largando-a de qualquer jeito na bancada atrás de mim.
Recostada ali mesmo, abaixei de uma só vez o short, deixando-o na altura das coxas, preso com a tensão das pernas um pouco afastadas. Em seguida fechei os olhos e imaginei Nathan puxando a minha calcinha com uma das mãos, enquanto me tocava com a outra, explorando o meu interior molhado, ao enfiar mais e mais os seus dedos em mim.
Mordi os lábios para que ninguém no prédio ouvisse os meus gemidos e continuei; desejando-o mais, mais, mais... e mais... E segui me contorcendo, aberta para sua companhia imaginária, até atingir um orgasmo.
.......
[ Nota ]
*Coração, diversão, desejo.
.......
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