Capítulo 07: O Tempo Passa, mas não os Separa

Notas Iniciais

Olá, aventureir♥️s! Tudo bem?

Eu senti muitas saudades!!! Peço desculpas pela demora, o escritório em que trabalho trocou de lugar e como ADM, minha vida ficou extremamente corrida para ajeitar tudo e sem PC, não consegui escrever no mesmo ritmo de antes!

Agradeço de todo o coração por todo o apoio, espera e carinho que essa pequena história está recebendo! Leitores novos, comentários, estrelinhas e isso me deixa com o coração quentinho! Obrigada por estarem aqui comigo! ♥️

Esse capítulo está com 10k de palavras cheias de aventuras e emoções hihi estou perdoada? 🤭♥️

Peguem as garrafinhas de água! Boa leitura! ♥️

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"Olhe bem no fundo dos meus olhos

E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar

O Universo conspira a nosso favor

A consequência do destino é o amor

Pra sempre vou te amar.

Mas talvez você não entenda

Essa coisa de fazer o mundo acreditar

Que meu amor não será passageiro

Te amarei de janeiro a janeiro

Até o mundo acabar."

De Janeiro a Janeiro - Roberta Campos feat. Nando Reis

❄️

[Vilarejo Namsangol, vinte e oito luas de Samil, quarto mês lunar, 1509 d.D]

O ômega aventureiro cantarolava baixinho a bonita canção que Yoongi havia lhe apresentado no piano na lua anterior, sentado em frente ao espelho do cômodo de banho, aprumando-se com as duplas de brincos de ouro em cada uma das orelhas, passando os dedos entre os fios cheirosos e brilhantes de seu cabelo úmido, assentindo para si próprio aprovando o penteado natural caindo ao redor de seu rosto. Levantou-se e passou as mãos pelos tecidos brancos e azuis de seu hanbok, alinhando em seu corpo modelando-se a um ômega adulto gradativamente.

Devidamente pronto, deu alguns passos em direção a saída, porém, parou em seguida olhando para a mão destra com o cenho franzido. Sentiu falta de um atrito familiar. Seu anel de compromisso. Kook abriu um largo sorriso e retornou à penteadeira, complementando suas vestes e seu preparo para o Festival de Primavera, com o objeto prateado em seu dedo anelar direito.

Seu coração agitou-se com a agradável sensação que acompanhava o pensamento na direção de seu escolhido. Floquinhos de neve em fortes rajadas rodopiando e lhe fazendo cócegas desde o interior. Recordou da carta recebida poucas luas atrás e de como o alfa compartilhava sua saudade e desejo de vê-lo, o que causou os passos acelerados para além daquele espaço até a sala de desjejum, onde encontrou sua omma sentada em uma almofada, apoiando elegantemente os punhos na borda da mesa o aguardando.

- Bom dia, omma! - Seguiu sua postura e acomodou-se defronte a ela.

- Bom dia, filhotão! Teve bons sonhos nessa lua?

- Sim! Sonhos doces e coloridos! E a omma?

- Eu também, obrigada querido! - Cuidadosa, a ômega ergueu os braços esticados sobre a mesa e acariciou as bochechas vermelhinhas e quentes, devido ao recente banho, de seu primogênito. - Dizem os sábios que bons sonhos de primavera trazem sorte!

- É sério? Espero que o TaeTae hyung esteja de volta antes do sol chegar no centro do céu!

Misook negou em uma expressão divertida, assistindo o aventureiro juntando as mãos em súplica alinhadas à testa. Após a prece, riram baixinho agradecendo o alimento e colocaram-se a realizar a primeira refeição da manhã.

Jeongguk apreciava a companhia de seus appas à mesa, era um momento especial entre eles, onde conversavam e divertiam-se. No entanto, sequer pensou em esconder o sorriso por ter conhecimento do motivo pelo qual seu appa não estava presente. Ele havia partido logo cedo para buscar seu namorado.

- Omma? - Ele mordeu os lábios, inesperadamente apreensivo, afinal, passaram-se muitas luas desde a partida do alfa. Apesar de todos os pensamentos bons enquanto o esperava, alguns sempre o amedrontavam.

- Sim?

- Acredita que o hyung possa... ter dado atenção para outros lobos? - A matriarca franziu o cenho diante de sua pergunta recheada de preocupação. - D-Digo, de lobos de sua mesma idade?

Misook sorriu compreensiva e tomou um longo gole de sua porcelana de chá, descansando-a na mesa para alcançar as mãos - crescidas além das suas - do ômega que aos poucos estava se transformando em um grande homem lobo.

- Está sendo difícil adaptar-se a essa distância, não é, meu filhotão?

Jungkook suspirou e consentiu, sorrindo pequeno com o carinho que passou a receber da progenitora, sentindo-se acolhido.

- Algumas vezes, durante as luas tão longas que se passaram desde sua partida, meu peito parece machucado, temendo o meu alfa interessar-se por outro alguém, omma. Pensamentos ruins apareceram, com a possibilidade dele encontrar aventuras em outro coração...

- Seu alfa não lhe faria promessas em vão, se não fosse completamente teu, querido.

- Quando o appa esteve distante, como a omma conseguiu ter certeza disso também?

A matriarca Jeon pensou durante alguns segundos de silêncio, ajeitando o corpo sobre a almofada antes de alargar o sorriso diante da curiosidade do outro.

- Seu appa sempre possuiu uma personalidade engraçadinha, durante muitas luas deixava-me enlouquecida com a quantidade de ômegas e betas o perseguindo no Palácio Real.

O aventureiro soltou uma risada anasalada, cobrindo sua mente com imagens de seus appas na mesma idade que si próprio e o namorado, imaginando como deveriam se comportar antes de se tornarem uma família.

- Mas acho que tens idade o bastante para entender o que fiz em minha vez... - O sorriso transformou-se em um sugestivo e os olhos azuis semelhantes do garoto se arregalaram em ansiedade pelas palavras que viriam a seguir. - Eu o marquei com o meu aroma dos pés à cabeça! - Ela ergueu a cabeça e seus olhos se fecharam na expressão orgulhosa. - É um ótimo ensinamento para o alfa entender que ele tem um ômega a qual pertence.

- Como fez isso, omma?!

Apesar das bochechas coradas com a gargalhada da matriarca, Jungkook estava muito curioso.

- Vou lhe contar, pois já tem quase dezessete luas novas, porém, não deixe seu appa saber! - Misook soltou uma piscadela, recebendo como resposta um assentir frenético do filhote. - Nós somos interligados com nossos lobos, cuidamos, protegemos nossa alcateia e nos unimos eternamente aos nossos parceiros. Houve uma época em que podíamos até mesmo nos transformar em um, como se o lobo saltasse para além da nossa alma e tomasse o corpo!

A história enriquecida de detalhes da matriarca, aceleraram o coração aberto para todas as aventuras do garoto sonhador.

- Dizem que perdemos essa conexão porque os dEuses se zangaram com um lobo terrível no passado e a legião enorme de rebeldes que ele reuniu contra a luz... mas nos resta ainda muitas semelhanças com os nossos ancestrais, Kook. Nossa caça, nosso olfato, nossa visão, nosso tato, principalmente, nosso aroma e a conexão com o parceiro escolhido... a marca.

- Nossa... - O mais novo mordiscou a massa quentinha e temperada disposta na porcelana na mesa, sem desgrudar os olhos da progenitora. Estava fascinado. - Na escola não nos ensinam dessa forma, omma!

- A escola não quer revelar o passado com a magia que realmente existiu, filhote.

- A senhora acredita mesmo na magia?

- Tanto quanto você acredita no Tigre Branco que realiza desejos! - A conversa animada entre os dois os deixavam mais próximos. Jungkook apoiou o rosto sobre os cotovelos na madeira plana, sem piscar. - Até mesmo seu appa acredita na magia, toda essa história serve para que eu lhe conte o quanto somos próximos com nossas almas lupinas, apesar de não nos unirmos fisicamente mais, você pode senti-lo, é como uma brisa fresca ao seu redor, acompanhando seus passos, inibindo seu cheiro para o escolhido, o envolvendo e fazendo-o olhar para si, ainda que não possa ver seu companheiro em carne e osso. Você é capaz de sentir seu lobo, mas é algo particular somente entre vocês dois, não posso ensiná-lo como... apenas que deve senti-lo e soltar seus feromônios no momento certo, o alfa irá reconhecê-lo.

- Como terei certeza se consegui fazer com que o TaeTae me reconheça como seu ômega, omma?

- Sua alma irá avisá-lo, algumas vezes é com o toque, outras com um simples olhar. Eu criei um ninho ao redor de seu appa, foram algumas voltas o chamando com os meus feromônios o fazendo inebriar-se. Assim, ele passou a reconhecer meu cheiro e eu o dele, mesmo distantes. Nenhum atrevido tentou aproximar-se dele outra vez depois que o marquei.

- Nossa... - O sorriso de dentes avantajados cresceu sapeca no mais jovem. - Irei fazer isso! Quero que o TaeTae reconheça somente a mim!

- Divirta-se com o seu namorado, querido. - Misook tapou a boca com uma das mãos delicadamente, escondendo um riso com as novas descobertas que seu filhote teria.

O Festival da Primavera iniciou-se logo pela manhã, porém aqueles que Jungkook e Yoongi mais gostariam de ver, chegaram após a segunda refeição partilhada do dia, quando o Mestre Jeon e o companheiro Min sentiram seus lobos arrepiarem-se em ciúmes com os filhotes passando diretamente por eles, indo ao encontro dos alfas primeiramente.

- TaeTae! - Kook enrolou os braços ao redor do pescoço dele, beijando-o na bochecha enquanto Saron os rodeava com o rabo abanando, latindo na direção do Mestre Jeon.

- Eu estou vendo, Saron, só não posso crer! - Junho formou um bico emburrado nos lábios.

- Flor! - Taehyung abraçou a cintura do namorado, farejando seus cabelos, recarregando suas energias somente com a presença dele depois de algumas luas.

Completamente feliz, o alfa forçou os músculos dos braços e rodopiou a flor no ar, ganhando em recompensa uma adorável gargalhada.

- Como você está forte, alfa... - Atrevido, Jungkook apertou suavemente os braços de Taehyung, sendo colocado de volta ao chão.

- Estamos coletando materiais para a primeira atividade em campo livre! Tem sido exaustivo, Seokjin hyung não nos dá trégua! - De bochechas coradas, porém ainda sim exibido, Tae flexionou os braços para que o ômega pudesse tocá-lo livremente.

- O que é isso?! - O Mestre Jeon os separou de prontidão, empurrando delicadamente as costas do filho em direção às mesas postas diante da entrada do templo. - Kook! Por favor, ajude sua omma a preparar a mesa da família!

- Mas appa... acabei de cumprimentar o meu namorado! - O ômega cruzou os braços, permanecendo o encarando com um bico nos lábios.

- Há! - Junho gargalhou desesperado. - Imagino o que não vem depois de um simples cumprimento como este, não é?! Agora vá!

Inflando as bochechas, contrariado, Jungkook marchou o caminho novamente até sua omma, deixando o appa ainda preocupado para trás e Taehyung rindo baixinho de sua fofura.

No entanto, engoliu o riso em seguida com o olhar nublado do sogro em si.

- Tome cuidado com toda essa exibição, meu genro... - Ele se despediu com fortes e discretos tapas em suas costas.

- S-Sim senhor!

Yoongi e Jimin que os assistiam lado a lado, riam divertidos, aquietando-se igualmente com olhar estreito do senhor Min, esse resmungando ao vê-los separados por uma distância segura, porém trocando risadas e conversas baixinhas o seguindo até a mesa onde a esposa estava preparando suas oferendas.

Alegres com a estação cheia de fartura e com cores diversas e brilhantes, os patriarcas das famílias finalmente aclamaram-se na companhia das esposas, perdendo os filhotões de vista para a feira que se estendia pelo caminho largo em frente ao templo. Quando retornaram, Jungkook usava uma coroa feita de delicadas miosótis azuis e Yoongi de crisântemos vermelhos, testando os corações de seus appas ao perceberem ser presentes dos alfas.

Com a tradicional oferenda da mesa da família aos dEuses, Junho bebericou de seu vinho com cuidado, pois das últimas vezes recebeu alguma surpresa dos filhotes sentados lado a lado. Jungkook e Taehyung por suas vezes, estavam presos em seu próprio mundo de aventuras, estendendo as flores de cerejeira sobre a bacia de ouro preenchida com água pura e de mãos dadas reforçaram seus sentimentos, trocando beijinhos nas bochechas por fim. Os gestos agitaram o patriarca ciumento e o amigo canino responsável por dedurá-los.

Um pouco afastada, estava a família Min, terminando de compartilhar o vinho e o alimento, ensinando o Jovem Mestre Park sobre a importância da obediência e fé nos dEuses de seu povo. O monge budista, após abençoá-los, se afastava lentamente, sendo surpreendido ao ser chamado pelo alfa em um ato de coragem.

Jimin sentia suas pernas bambas ao dar alguns passos de joelhos em direção a ele, juntando as duas mãos rente a testa em súplica. Era o momento pelo qual havia se preparado toda a viagem.

- Monge budista, o senhor teria um par de pulseiras Sin Sai?

- São meus presentes de fato, se assim os dEuses enviarem um sinal de que são seus desejos primeiramente. Por que desejas?

- Quero realizar o desejo d coração de Yoongi e também, desejo guias espirituais em nossos caminhos.

- Venham até mim... - Chamou o monge, assistindo com muito cuidado o alfa estender a mão para o ômega, sendo retribuído e assim, pararam ajoelhados diante de si. Auras leves e frescas ao redor.

Sorrindo pequeno, retirou de seu manto um par de pulseiras fortemente entrelaçadas. Um elo forte nascido entre os jovens e aceito pelos dEuses.

- Agora pergunto, alfa... você irá proteger e cuidar do ômega?

- Sim, eu irei. - Jimin afirmou de cabeça erguida, desviando o olhar para o oceânico brilhante e envergonhado de Yoongi.

- Estenda o braço direito. - Obedeceu, sentindo cócegas com a delicada pulseira sendo amarrada ao redor de sua pele.

- Ômega... você irá proteger e cuidar do alfa?

- Sim, como um honroso ômega. - As palavras saíram doces dos lábios róseos e Yoongi sorriu até mesmo com os olhos para seu escolhido. Desde a última lua nova do alfa, não precisaram esconder novamente quais eram suas escolhas.

- Estenda o braço esquerdo. - Yoongi fez o que ele pediu e então a pulseira foi amarrada, contrastando com sua pele pálida.

- Que os espíritos guiem seus caminhos conforme as palavras de vossos corações, que essa união seja abençoada!

Os mais jovens curvaram-se em completo respeito, assistindo o monge se afastar seguindo para a próxima família. Yoongi tornou a se sentar ao lado de sua omma adotiva, admirando a pulseira em si, bem como Jimin acomodando-se ao seu lado, acenando discretamente para Taehyung, mostrando-lhe seu par e que o desejo de seu coração, compartilhado com o ômega, foi realizado. O gesto não passou despercebido pelo senhor Min, que pigarreou chamando suas atenções.

- Então... - Cruzou os braços na altura do peito, olhando diretamente para o alfa. - Devemos organizar um jantar em nossa hanok?

- Appa! - O ômega escondeu o rosto com as mãos, disfarçando o sorriso envergonhado.

- Marido! Tenha calma, eles irão falar conosco no momento certo! - A senhora Min riu de forma delicada, soltando uma piscadela cúmplice para o jovem alfa.

- Eu... honrarei o meu desejo e o de seu filhote, senhor Min! Com todo o meu respeito! - Jimin curvou-se novamente em direção ao beta.

O senhor Min não lhe respondeu com palavras, somente apontou para os próprios olhos, em seguida, para ele.

❄️

Ciumentos e desolados, os patriarcas foram obrigados a assistir obedientemente ao lado das esposas, os filhotes aproveitando todo o tempo do Festival juntos. Ao pôr do sol, Jimin e Yoongi caminhavam de mãos dadas entre os arcos de flores coloridas, conversando sobre diversos assuntos, afastando a saudade pelas luas que ficaram afastados. Taehyung e Jungkook chegaram ao topo da colina, onde a imensa árvore - de onde quebraram alguns galhos ao tentarem capturar a última flor de outono luas atrás - estava vívida e repleta de flores cor de rosa.

Com os poucos segundos de proveito das mãos entrelaçadas, Jungkook, ainda pensando nos conselhos de sua omma, soltou-se do alfa e o chamou com seu olhar. Sorrindo de forma sapeca, deu a primeira volta em seu corpo, tentando sentir aquela sensação da conexão com o lobo em sua alma.

Deu mais três voltas e não conseguiu sentir nada. Resmungou frustrado.

- O que está fazendo, flor? - Tae perguntou, não conseguindo guardar a curiosidade e a novidade trazidada da atitude do namorado.

- Estou testando algo novo. Fique parado, hyung!

Jungkook insistiu em rodeá-lo, arrancando-lhe uma gargalhada divertida.

- Não sei o que está fazendo, mas não parece estar dando certo! - Provocou-o.

- É porque não está parado!

- Mas eu estou parado! - Taehyung negou para si próprio, as mãos entrelaçadas na frente do corpo, obediente ao namorado.

- Está sentindo algo diferente, príncipe?

- Acho que só estou zonzo com todas essas voltas!

Jungkook bufou e Taehyung riu outra vez.

Determinado a aquietar sua flor, ele segurou sua cintura e o virou de costas para si. Abraçou o corpo quentinho. O surpreendendo, sentiu seu corpo se arrepiar com o desejo do homem e do lobo, daquele novo contato. Curioso, encostou o nariz na pele macia da nuca do namorado, inspirando profundamente os feromônios de coco e baunilha, onde futuramente teria a marca de suas presas quando atassem pela primeira vez. Reconheceu, com uma imagem real e vívida em sua mente, um lobo adorável e espoleta conectado à alma dele.

O ômega, por sua vez, sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiarem com o gesto do alfa, porém, ouviu algo como se fossem delicados cristais balançando ao vento morno de primavera, e os sentiu transportando com eles seu aroma, cercando a si próprio e o namorado. Sorriu, havia reconhecido uma loba calma e carinhosa com cheiro de trufa negra e âmbar. Encontrou o equilíbrio com sua metade e passariam a reconhecer somente um ao outro, não importando a distância.

- Eu senti saudade, alfa... - Com muito esforço, o Jovem Mestre desvencilhou-se do toque, virando-se de frente para ele, enlaçando seu pescoço com os braços.

- Eu também, flor, muita. - Abraçaram-se com vontade, se afastando somente para que os lábios pudessem encostar em doces selinhos, ainda atordoados com as boas sensações que seus cheiros mesclados e os lobos encontrados em suas almas trouxeram. Assistidos pelo pôr do sol, aproveitaram para aprender a beijar um ao outro até que a lua completasse sua subida ao céu, iluminando-os.

Na manhã seguinte deveriam despedir-se outra vez, porém, naquele momento, pensavam somente em eternizar seus novos toques e beijos

[Terras do Reino de Gojoseon, seis luas de Chilwol, sétimo mês lunar, 1509 d.D]

A cabana que acolhia o grupo de alfas era grande e fresca para aquele verão. Feita com todos os materiais que colheram durante as luas do final da primavera. Utilizaram madeira nobre, os encaixes precisos amarrados com cipós resistentes formaram a estrutura hexagonal, e a cobriram com folhas de coqueiro e palhas de cana. Aquela foi a primeira atividade ensinada aos jovens: construir o próprio abrigo.

Taehyung foi o mais dedicado, acompanhado de Jimin. Ambos passaram uma lua em claro sob a chuva refrescante, despertando a admiração de Seokjin ao vislumbrar pela manhã seguinte a cabana instalada na área destinada aos dormitórios.

O próximo ensinamento do alfa liderando os grupos como o appa adotivo lhe garantiu, foi a caça. Os jovens trabalhavam de forma lenta e desorganizada, restando aos lobos de Namsangol conseguirem o próprio alimento. Jimin retornou com um saco grande repleto de galinhas, quanto a Taehyung um enorme porco, as adagas manchadas de sangue foram deixadas de lado somente quando Seokjin aprovou a limpeza e o preparo do jantar. Muitos de seus exemplos eram voltados para a família que cada alfa construiria no futuro, como construir a própria casa para o parceiro escolhido, o alimento para a família, demonstrando o valor que deveriam depositar nas feiras e no trabalho duro de cada aldeão que caçava em troca de poucas moedas de ouro. Porém, nem todos estavam interessados nesse futuro, quebrando as regras e pernoitando longe, aquecidos por ômegas e betas antes do momento correto, divertindo-se a troco das carreiras que acreditavam estarem feitas somente porque tiveram a chance de serem treinados pelo filho do Lorde Jung.

Trazendo orgulho para esse, Taehyung, Jimin e poucos rapazes de suas idades, permaneceram obedientes, escutando seus ensinamentos para que pudessem ter oportunidades para se tornarem jovens subordinados do próprio Rei.

Uma nova lua subiu ao céu, permitindo-os descansarem. Na cabana havia apenas Taehyung e outros dois alfas que se tornaram seus amigos, mostrando-lhe um pouco de toda a diversidade que existia no Reino, passando a conhecê-los melhor quando percebeu que eram os escolhidos um do outro. Sorria ao espiá-los discretamente vez ou outra, trocando carinhos inocentes na cama ou apenas conversando de mãos dadas pelas trilhas da floresta. Nem mesmo seu hyung tentava contrariá-los. Era bonito, mesmo a forma como mantinham a seriedade e respeitavam o treinamento que estavam passando.

Suspirou levando o olhar de seu anel prata brilhante para o pedaço de papel amarelado em sua frente, as interações deles o faziam entristecer-se sentindo imensa saudade de sua flor.

Não sabia sequer por onde começar a contar sua nova aventura, Seokjin passou a ensiná-lo os passos para se tornar um nobre alfa e eram muitas atividades diferentes do que imaginou. Igualmente não importou o quão próximos eram durante toda sua vida, era tratado igual a todos os outros lobos. O seu hyung era justo.

Antecipando seu movimento com o pincel pela folha, as duas partes da cortina de pele na entrada se moveram revelando o Jovem Mestre Park, com os cabelos úmidos denunciando que havia se banhado, carregando um pincel e uma folha como a sua. Ele se aproximou relutante, encarando-o sem dizer uma palavra inicialmente. Ambos mantinham poucas conversas e amizades quando estavam próximos dos ômegas, mas ali, não sabiam como aproximar-se novamente.

- Olá, Jimin. - Cumprimentou com um sorriso pequeno.

- Oi, Taehyung. - Desajustado, Jimin se sentou ao seu lado sem pedir permissão, dividindo a pequena mesa para apoiar sua folha.

Taehyung alargou o sorriso, animado por tê-lo perto. O outro alfa realmente passou por uma grande transformação desde que se conheceram.

- Escrevendo para o Kook?

- Sim. Escrevendo para o Yoon?

- Sim.

A pouca troca de palavras se encerrou por alguns segundos.

- O que pretende escrever? - Tae perguntou, aproximando-se um pouco mais tentando espiar o papel do outro.

- Nada demais, estou apenas desejando boas luas e avisar que assim que receber minhas primeiras moedas de ouro, lhe enviarei uma escova nova, reparei que a última já está gasta. - Abrindo um sorriso de forma inusitada, Jimin encarou a pulseira Sin Sai em seu pulso direito. Em seguida, franziu o cenho encarando o outro alfa, que soltou uma risadinha em sua direção. - O que foi, Taehyung?

- Por que não o presenteia com um anel de uma vez?

Aquela pergunta somada ao sorriso quadrado exageradamente grande, causaram o bufo irritado e as bochechas coradas do Park.

- Não seria possível.

- Não?

- Não, Taehyung! - Jimin arrastou o corpo para o lado, afastando-se com a expressão emburrada piorando, no tempo que o aventureiro o seguia. - Olhe para mim, eu machuco as pessoas, o que você tanto vê? - Perguntou com o peito acelerado, dominado pela raiva, mas que atualmente conseguia manter presa dentro de si.

- Primeiramente, nunca mais o vi machucando alguém, e, neste momento, vejo um amigo apaixonado e cheio de saudade do seu escolhido.

Jimin interrompeu seus movimentos, estava decidido a ignorar o outro, no entanto, aquelas palavras o surpreenderam.

- O-O que disse?

- Que está apaixonado e com saudade, por isso, não deveria temer presentear o Yoon com um anel.

- Quanto a isso, devo me curar primeiro, não quero correr o risco de machucá-lo... - Suspirando desgostoso, Jimin permitiu o apoio da mão alheia em seu ombro. - Mas se algum dia for procurar por um anel, gostaria de sua ajuda.

- Ajudarei com prazer, é o que os amigos fazem!

- Eu sou seu amigo? - Observou o sorriso quadrado do outro alfa, livre em sua direção.

- Claro! Por que não seria?

- Já lhe fiz mal antes...

- Está no passado! Você é o meu amigo, Jimin! - Taehyung afirmou com clareza.

- Obrigado, Tae. - Os olhos dourados deles se encontraram, transmitindo carinho e parceria. O peito do Park finalmente pareceu se acalmar. - Bom, volte a escrever a sua carta! - Chacoalhando os ombros afastando o toque, o de cabelos negros voltou-se a escrever para Yoongi.

- Está bem, amigo! - Carregando a felicidade daquela conversa resolvida, Taehyung apoiou o pincel na folha escrevendo o nome bonito de Jungkook, organizando todos os acontecimentos das últimas duas luas para contar a ele, preenchendo a folha.

Entretanto, a cabana logo se movimentou novamente com o restante dos alfas, vindos da escapulida para a feira no centro do Reino, rindo e fazendo comentários obscenos dos ômegas que avistaram por lá. Taehyung revirou os olhos.

- Aí estão os favoritos do Lorde Seokjin-ssi! - Debochou um deles, o mais corpulento, fechando as mãos em punhos quando percebeu que os quatro alfas presentes ali primeiramente, não lhe deram atenção. Provocativo, espiou as folhas sobre a mesa, puxando a de Taehyung para si. - Ah! Então é você quem está cortejando o Jovem Mestre Jeon? - Perguntou após ler o cabeçalho.

- Não o estou cortejando, já és o meu namorado! - defendeu-se ele, alheio à expressão sombria de Jimin ao seu lado, na direção do alfa defronte.

- Estranho... o Mestre Park nos visitou e fez questão de divulgar que em breve o seu filho irá desposar a sua... flor! - Gargalhou ao varrer a folha com os olhos, acompanhado dos demais.

- Meu appa está enganado! - Pronunciou o de madeixas escuras em defesa do amigo. - Não irei desposar Jungkook!

- É sério? Não posso crer que passará seu amigo para trás e tomará o ômega dele para si! Ou dividirão?!

Jimin se levantou, o sentimento esmagante de raiva borbulhando em sua mente outra vez, cobrindo a razão lhe fazendo puxar o outro alfa pelo tecido do hanbok cinza.

- Jimin! - Taehyung se levantou igualmente, preocupado com o que o alfa maior poderia causar em seu amigo.

- Não ouse repetir essas palavras inescrupulosas! Respeite Jungkook, pois nem ele ou outro ômega são objetos!

- Está bem! Calma, Jovem Mestre Park! - O sorriso sarcástico não deixou os lábios do outro alfa. - Me equivoquei a seu respeito.

- É bom que saiba qual é o seu lugar... - Jimin odiava utilizar sua posição social para se sobressair, mas aquele alfa precisava de uma lição. - Garanto que seu appa se esforçou muito para colocá-lo aqui, o meu não precisou sequer pedir. Minha presença é requisitada. - Dessa vez, o sorriso debochado abriu-se em seus lábios.

- Largue-me. - O sorriso desapareceu do maior.

- Com todo o prazer. - Empurrando os ombros dele, Jimin o assistiu se estatelar de bunda no chão, o papel voando de sua mão sendo pego no ar por Taehyung.

- Peça desculpa ao meu amigo.

O alfa se ergueu, os olhos dourados brilhantes de raiva.

- Desculpe-me, órfão. - Taehyung sentiu o corpo estremecer e seus feromônios fortificarem-se, mas não iria ceder à violência, seu padrinho havia o ensinado muito desde filhote. - De qualquer forma, todos nós sabemos que só está próximo do Jovem Mestre Jeon devido sua riqueza, nada provará o contrário.

O aventureiro perdeu a postura inabalável e antes, piscando rapidamente afastando a presença da loba em sua alma, aconteceu novamente, a brisa fresca envolvendo seu corpo, falando consigo e lhe mostrando que poderiam ser unidos, o homem e a loba. No entanto, aquelas provocações o deixaram atordoado e não conseguiu terminar de ouvi-la.

- Aguarde e pagará com sua própria língua. - Foi tudo o que disse, pegando seu pincel, esbarrando seus ombros ao dar a volta pela mesa, deixando a cabana.

Taehyung caminhou por algum tempo sem um rumo certo, a carta amassada contra seu peito, enquanto, as palavras cruéis do outro martelavam em sua cabeça. Não escutou nem mesmo Jimin o chamando ao longe.

O filhote carente e esperançoso por palavras que preenchessem aquele vazio, ainda vivia nele. Queria ser forte, compreender que realmente era órfão, mas que não era ruim, pois durante sua vida, desde o momento que conheceu sua flor, não sentiu-se mais solitário. O novo problema era a voz sarcástica cuspindo em seu rosto que havia escolhido Jungkook por sua riqueza.

Era mentira.

Porém, os pensamentos bagunçados voltaram a aturdi-lo: Se tudo o que o outro falou era mentira, por que insistia em perguntar a si próprio por que escolheu Jungkook? Quais eram seus verdadeiros sentimentos? Estava comprometido com ele somente porque cresceram juntos? Por que aquela família sempre o acolheu e encheu de amor? Por que afastaram sua solidão? Por que haveria um motivo além de somente se apaixonar?

As primeiras lágrimas inseguras escorreram pelo seu rosto e secando com a palma da mão resvalando forte sobre a pele, punindo a si próprio pelos sons ensurdecedores em sua cabeça, seu corpo efervesceu e amassou o papel jogando-o no chão. Um rosnado cortando o ar da trilha enquanto observava o que fez.

Inesperadamente, com uma memória olfativa o envolvendo, como se a loba soubesse que precisava daquilo, o cheiro inconfundível de coco e baunilha se fez presente, acalmando-o em instantes.

Jungkook não merecia que pensasse daquela forma.

Desesperado, se abaixou trazendo o papel para suas mãos, desdobrando conseguindo ver apenas as letras iniciais do nome do seu escolhido, o resto a tinta fresca borrou o deixando com a sensação de culpa maior.

Soluçando, colocou a carta contra o peito, a abraçando com o desejo incontrolável de que fosse sua flor para acalmá-lo com a voz suave misturada ao doce cheiro.

Taehyung não soube contar por quanto tempo ficou ajoelhado naquele espaço aberto, somente voltou a si quando Seokjin e Jimin o encontraram, levando-o novamente para a cabana e o colocando para descansar.

❄️

Algumas luas se passaram, Jimin acompanhava o amigo na maior parte do tempo em silêncio e um pouco distante, estranhando quando os mensageiros chegaram para coletar as cartas e não o viu entregando nenhuma destinada ao vilarejo Namsangol. Igualmente, não queria se intrometer, pois não sabia como deveria agir, ou o que poderia fazer para vê-lo animado outra vez.

- TaeTae! - Seokjin se aproximou, acariciando seus cabelos. - Está tudo bem? Você se sente melhor?

- A bem da verdade... não, hyung. - Desanimado e sem olhar para o mais velho, Tae continuou a limpar os peixes pescados anteriormente, como havia sido ensinado.

- O que aconteceu, filhote? - Sozinhos naquela parte da fogueira, o Lorde Jung soou carinhoso e verdadeiramente interessado em ajudá-lo.

Tae ergueu os olhos finalmente, brilhantes de lágrimas. Porém, decidiu ocultar a maior parte do que lhe trazia dor, por ter assistido os mensageiros irem embora sem uma carta para sua flor.

- Estou pensando ultimamente, nos motivos pelos quais apareci no vilarejo Namsangol. Se fui abandonado ou se a intenção era ser morto no rio. - Contou com frieza.

- P-Por que está falando assim de repente?!

- Não é a verdade? Eu devo pensar nisso, sou somente um órfão, Jin hyung.

Escutando algumas palavras ao longe, Jimin fechou as mãos em punhos com a confirmação de suas suspeitas. Enraivecido, passou a bater os pés sobre a terra seca, marchando em direção ao alfa que havia detestado desde o primeiro momento. Seu peito subia e descia rapidamente, porém, deixaria a raiva sair. Sorrindo grande, sentiu que sua doença o ajudaria pela primeira vez e o outro jamais voltaria a provocar o seu amigo. Iria ser o causador de uma confusão, mas somente daquela vez.

- Eu compreendo que é difícil viver com dúvidas, mas... - Seokjin foi interrompido pela explosão na voz rouca do mais jovem.

- Como podes compreender?! Você teve seus appas, pode se lembrar deles! Eu não tenho nada!

- Entendo a sua dor! - O Jung controlou-se para não usar o tom de voz lupino, o que era muito comum enquanto treinava os alfas, porém a usava somente nos momentos corretos. - Mas não se dirija desta maneira a mim, não lhe fiz nada!

Taehyung fungou.

- D-Desculpe, Jin hyung. - Foi acolhido pelo abraço do mais velho. - Eu não queria me comportar mal com você, e-eu só... desejava tanto saber.

- Está tudo bem... Kim.

- O que? - Tae afastou um pouco o rosto para encará-lo.

- O manto que lhe enrolava no cesto, estava bordado com o sobrenome Kim.

- Mas... por que nunca me contou?

- Porque você era apenas um filhote... - Seokjin sorriu pequeno. - E estava tão feliz por ter conhecido o Kook e se aventurarem juntos, que não achei correto alimentar algo que está no passado. - Outra vez a culpa dominou o mais novo, temendo que seus sentimentos pelo ômega não fossem verdadeiros como ele merecia. Sentia-se somente um órfão carente e ruim para ele. - Porém, és um adulto agora, deve tomar as decisões da sua própria vida.

- Obrigado, Jin hyung! - Taehyung o apertou contra si, ignorando o ferro gélido de sua armadura cobrindo todo o peitoral largo, sentindo-se seguro sob os feromônios protetores do hyung que sempre o cuidou, buscando por uma resposta para seus pensamentos confusos.

- Não é nada, em preces peço que os dEues o guiem para o bom caminho. Hoje irão receber suas primeiras moedas de ouro, chame Jimin para...

Antes que pudessem dar continuidade a conversa, gritos e uma aglomeração incomum chamaram suas atenções. Seokjin se levantou apressado, com Taehyung o seguindo sentindo o medo subindo por suas estruturas ao vislumbrar o hanbok vermelho e familiares cabelos negros no centro da confusão.

- Afastem-se! - O Lorde Jung vociferou, sem receio ao adentrar o círculo barulhento e separar os dois alfas. Jogando-os para os lados opostos os assistindo cair sentados no chão. - O que pensam que estão fazendo?! - A maioria se encolheu, eram jovens e inexperientes perante o líder, além de não estarem habituados a voz lupina.

- Esse louco me atacou! - Acusou o segundo alfa, apontando para Jimin.

- Eu o ataquei!

Seokjin franziu o cenho, levando seu olhar do alfa corpulento para o amigo do aventureiro.

- Pode ver, meu Lorde? Ele admite!

- Eu sou responsável pelos meus atos! - Jimin se levantou, o rosto com marcas de arranhados. - E o dei uma lição para que nunca mais consiga dizer palavras cruéis ao meu amigo!

- Louco! Eu não falei nada!

- Não é alfa o bastante para admitir? - provocou Jimin, escondendo-se da visão do outro, atrás do líder.

- Basta! - Seokjin esbravejou, apontando para o garoto de hanbok cinza. - Já que és tão bom de briga, escolha três amigos e irão limpar os estábulos reais!

- M-Mas, meu lorde!

- Não me ouviu?! - O Jung o encarou enraivecido. - Só tem permissão para retornar quando não houver nenhuma sujeira! - O jovem não ousou desobedê-lo ou esboçar quaisquer expressão, acenou com a cabeça para os amigos e seguiu mancando em direção a saída do campo de treinamento. - Todos voltem às suas tarefas! - Ordenou para os restantes, em seguida, apontou para Jimin. - Me acompanhe até minha tenda. - Bateu os pés sem esperar que o alfa o seguisse, ignorando o filhotão, não queria afetá-lo com sua irritação.

Porém, antes que Jimin pudesse passar de cabeça baixa por Taehyung, sentiu a mão gelada lhe agarrar o pescoço e suas testas se encontraram.

Arregalou os olhos, sentindo uma onda quente e invisível de seus feromônios o cercando e os seus próprios retribuindo, como se tivesse uma cauda e ela abanasse alegre com o gesto dele.

- Obrigado, amigo. Porém, não arrisque-se mais por este assunto.

- Não é nada. Eu encerrei o assunto neste momento de qualquer forma.

Se afastando, sorriram um para o outro em despedida. Jimin ergueu a cabeça correndo para alcançar o líder e Taehyung voltou a se martirizar pela conversa anterior. Ainda restavam tantas dúvidas.

❄️

Em um segredo compartilhado, Jimin não foi castigado como os outros, apesar de Seokjin não ter aceitado aquela confusão como uma atitude correta. Assim, os amigos voltaram às suas tarefas e ao receberem suas primeiras moedas de ouro, guardaram boa porcentagem para o futuro, como o líder instruiu, e seguiram a passeio pela feira do Reino.

- Eu não esperava que este fosse o primeiro objeto de minha escolha! - O Park resmungou, encarando todas as opções de aneis sendo vendidos naquele quiosque. Taehyung gargalhou.

- Escolha bem, amigo! - Deu um tapinha nas costas dele. - Na próxima primavera jantará na hanok da família Min, é sério? - provocou.

- T-Tanto faz! - Jimin empurrou seus ombros. - Vire-se, está me causando constrangimento!

Erguendo as mãos em rendição, Taehyung girou nos calcanhares, o sorriso quadrado e brincalhão no rosto.

Ambos haviam mudado durante todas as luas que aprenderam a construir, caçar e preparar o próprio alimento, para os próprios e para as suas futuras famílias. Ganharam músculos e expressões maduras da fase adulta. Sendo recém chegados ao Reino, chamavam atenção por onde passavam.

Duas jovens, ambas beta e ômega, acenaram para Taehyung, pensando que seu sorriso era em direção a elas.

Envergonhado, ele virou o corpo na direção oposta, franzindo o cenho com as risadinhas que ouviu. Curioso, voltou a olhá-las e acenou timidamente em retribuição.

Lembrou-se de suas inseguranças e Jungkook dominou seu pensamento assim que uma delas o chamou com um gesto de mão.

Lutando contra seus pensamentos, tombou a cabeça suavemente para o lado, observando-as. Eram bonitas, os hanboks em tons de rosa e os cabelos compridos na altura da cintura, os feromônios sendo soltos à distância, florais.

Franziu o nariz. Não sentiu nada.

Dois garotos ômegas passaram a poucos metros de distância, os sorrisos bonitos expostos para si, vestindo hanboks brancos, exalando feromônios doces.

Nada. Nem o simples interesse em querer saber seus nomes.

Cruzou os braços fechando os olhos. Eram pessoas bonitas, admitiu. Mas nenhuma delas era Jungkook.

Seu coração palpitou.

Seu sorriso renasceu e a brisa conectada a sua alma suavizou. O peso saiu de seus ombros.

Jungkook. Pensou e outra palpitação o agitou.

Uma resposta surgiu.

Ele não gostava de Jungkook somente porque foi um órfão solitário e se conheceram ainda filhotes, porque cresceram juntos e se aproximaram como o dia precisava do sol e a noite da lua. Gostava porque ele era doce e sempre o tratou com amor. Porque desde o momento em que encontrou seus olhos oceânicos, soube que iria adorar admirá-los. O escolheu porque mesmo sendo teimoso, ele tinha uma expressão bonita no rosto, uma chama para lutar com aquele que o contrariasse. O escolheu porque a imensidão de sua bondade e do seu jeito engraçadinho o tornavam a pessoa mais fofa do mundo. Porque suas lágrimas de emoção e sua empatia, eram contagiantes. A risada o seu som favorito e o sorriso o mais raro e belo.

Outra vez uma brisa quente o rodeou, trazendo os feromônios de coco e baunilha. Jungkook era a pessoa mais cheirosa que conhecia e tinha efeitos inimagináveis sobre si.

Franziu as sobrancelhas com a lembrança do último Festival da Primavera o invadindo. Era por aquele motivo que ele o permitiu reconhecer seu lobo, desejava que entendesse que o pertencia.

Outra resposta.

Gostava de toda a espertice que o namorado tinha. Ele lhe divertia e encantava. Era incrível.

Abriu os olhos novamente, o corpo formigando de saudade. O sorriso marcando seu rosto. Ele não era um alfa ruim para a flor.

No entanto, sobressaltou-se de susto ao encontrar diretamente os olhos dourados sob as sobrancelhas franzidas de Jimin.

- Pensei que estivesse dormindo em pé! - Soltaram risos anasalados. - Em que estava pensando?

- Em Jungkook. Estou com saudades... - Os ombros dele caíram em desânimo. Não havia enviado mais cartas a ele e sabia que poderia tê-lo magoado com seu gesto confuso. Mas não deixaria seu escolhido acreditar que seus sentimentos haviam acabado. Escreveria várias cartas e o mimaria como sempre gostou de fazer até receber seu perdão. - Preciso encontrar um presente para ele!

- Eu lhe ajudo. Já escolhi o anel que vou oferecer ao Yoon. - Jimin guardou o pequeno embrulho no saco que carregava preso à cintura.

- Deixe-me ver! - Pediu de forma curiosa.

- Não! Enquanto ficou sonhando acordado com o seu ômega, eu escolhi um modelo que verá somente quando estiver no dedo do meu! - O moreno empinou o nariz.

- Está bem! - Revirando os olhos, Taehyung olhou ao redor ignorando os sorrisos exibidos e olhos brilhantes e interessados em sua direção. Jamais se interessaria por outro alguém. - Ali! Há um quiosque de livros. Vamos!

A dupla retornou ao pôr do sol, carregando os sacos pesados contra os ombros. Presentes para os ômegas. Nada para eles próprios.

O Jovem Mestre Park permaneceu sentado sobre sua cama, admirando discretamente o anel que escolheu para Yoongi, escrevendo sua próxima carta.

Taehyung permanecia sentado em frente a mesa pequena que construiu com a ajuda do amigo, todos os objetos que comprou espalhados, enquanto escrevia uma carta para cada um deles contando sobre as últimas luas e o que neles o fizeram lembrar do namorado.

Estava tão concentrado em refinar o traço do pincel em suas palavras da última folha em mãos, que surpreendeu-se com a sombra cobrindo a luz da lareira na entrada e escurecer sua folha.

Ergueu o rosto encontrando o sogro.

- O-Olá, Padrinho! - Se levantou, prontamente sendo imitado pelos outros alfas, reverenciando o mais velho.

- Já lhe disse para não tratar-me tão formalmente, afilhado! - Apesar da falta do sorriso no rosto, o Mestre Jeon lhe puxou para um abraço apertado. As costas de Taehyung estalaram. - Encontrei o Lorde Jung no Palácio Real e ele avisou de seu interesse em me ver.

- Sim! Podemos conversar?

- Mas é claro!

Taehyung indicou a saída da cabana outra vez e o sogro voltou os passos rapidamente, alheio a todos os objetos e cartas secas que o mais jovem coletou às pressas e guardou em um saco de linho dourado, o seguindo.

- Vamos nos aproximar da fogueira! Há iluminação!

- Certamente.

Ambos sentaram-se lado a lado e permaneceram em silêncio durante os primeiros segundos.

- Como... como o Kook está? - Taehyung baixou a cabeça, sentindo-se envergonhado ao vislumbrar o anel prata em seu dedo anelar e lembrar-se do motivo pelo qual seu peito doeu ao imaginar seu namorado sem o belo sorriso no rosto.

- Direto ao assunto, admiro isso em você, meu genro... - Junho apoiou a mão no ombro do mais novo. - Por obséquio, há algumas luas percebi as lágrimas no rosto do meu filhote e em uma conversa com sua omma, escutei indiretamente que o motivo era você. O que aconteceu?

- Passei por algumas turbulências, padrinho. - O filhote foi sincero. - Como ensinou-me antes, não fui violento, mas guardei as palavras cruéis para mim e fiquei inseguro quanto aos meus sentimentos. A culpa é toda minha.

- És um alfa forte e destemido, sei que aprenderá a lidar com as pessoas ao redor, infelizmente não teremos a sorte de nos encontrar somente com espíritos bons, TaeTae.

- Certo! Obrigado pelo conselho, e por não julgar-me, sogro.

Junho riu anasalado, ainda não estava adaptado ao título.

- Eu não irei intrometer-me no seu compromisso com o meu filhote, desejo apenas que possam resolver esse mal entendido. Kook ficou preocupado com você.

- Tenho conhecimento, ele é a melhor pessoa do mundo. - De bochechas coradas, disfarçadas pela lua subindo ao céu e escurecendo o campo de treinamento, Taehyung ergueu o saco sobre seu colo, ajeitou os presentes e dobrou as cartas, distribuindo-as de forma organizada. - Posso lhe pedir um favor?

- Ajudarei com prazer, meu genro.

- São para o Kook, poderia entregar a ele? - Ofereceu o pesado suporte de tecidos ao Jeon.

- Por algum acaso gastou todas as suas moedas de ouro neste presente? - Brincou ele, apoiando o objeto em suas pernas.

- Fique tranquilo, sogro, estou economizando minhas moedas de ouro para construir uma hanok grande e confortável para o Kook no futuro! - O sorriso quadrado e orgulhoso do alfa não contagiou o outro, este que se levantou rindo de maneira nervosa.

- Está bem! Estou tranquilo! Nunca estive mais tranquilo! - Taehyung tapou a boca escondendo um riso sapeca. - Bem... não há mais nada lhe perturbando, querido? Sabes que pode contar com o seu padrinho, não é?

- Não mais. Estou bem outra vez!

- Certo! - Junho bagunçou seus cabelos. - Eu gostaria de ficar um pouco mais, porém minha família está esperando em nosso lar. - Taehyung consentiu. - Logo chegará a sua vez, desejo essa felicidade a você.

- Eu agradeço, padrinho!

Os alfas despediram-se na entrada do campo de treinamento e Tae acenou para o beta Min aguardando o Mestre Jeon na carruagem, com o peito apertado desejando voltar com eles. Afinal, ainda existia um filhote carente dentro de si.

Chacoalhando a cabeça quando se afastaram, voltou para a cabana respirando aliviado, com a esperança de receber uma carta do namorado em breve.

Alimentando seu amor, essa não demorou a chegar, algumas luas foram o suficiente para receber uma carta do mensageiro real. O namorado era a melhor pessoa que conhecia.

Animado, leu com um grande sorriso no rosto todo o sermão dele e as incontáveis vezes que foi chamado de alfa bobo, em seguida, agradecendo cada um de seus presentes e assinar oficializando seu perdão.

Entretanto, mesmo sem o peso nos ombros e preocupado somente em nutrir seu amor e continuar aprendendo a ser um nobre alfa, outro pensamento ainda estava lhe causando dor de cabeça.

Kim.

Deveria estar conformado, foi acolhido por Noona e ensinado a encarar sua origem sem tristezas, porém aquele deveria ser o seu sobrenome, e queria descobrir de onde vinha. Se a direção do rio que foi acolhido levava ao Reino. Ele iria descobrir.

[Vilarejo Namsangol, vinte e dois sóis de Palwol, oitavo mês lunar, 1510 d.D]

Jungkook intercalava seu olhar em longos espaços de tempo entre o anel brilhante e recém polido em seu dedo, o caderno de capa dura bordô em seu colo - presente do namorado - e a paisagem ao redor. Ainda que a vista fosse repleta de detalhes novos que percebia a cada observação, suspirou desgostoso. Não sentia ânimo para realizar qualquer atividade. Seu peito acelerava constantemente, porém, exclusivamente devido à saudade que sentia do alfa companheiro. Não havia outro motivo além das intermináveis luas de distância entre eles.

O grande cão São Bernardo estava deitado atrás de si, lhe servindo como um encosto quentinho e macio, respirando calmamente e babando na grama.

De repente, ele ergueu a cabeça peluda inclinando de um lado para o outro, a testa enrugada e orelhas altas observando a direção que originava ruídos estranhos. Um galho se partiu próximo deles. Saron soltou um latido contido e rosnou. Virando para o lado, lambeu a bochecha à mostra do aventureiro, demonstrando que queria acalmá-lo, pois iria oferecer proteção.

- Está tudo bem, Saron! - Jungkook acompanhou a direção que ele olhava, acariciando as orelhas do cachorro. Assistiu com um sorriso a mulher de idade vindo ao seu encontro. - Consegue ver? É a noona!

Apontando a língua para fora, Saron abanou o rabo e voltou-se a deitar completamente. Despreocupado.

- O Mestre Jeon fez um ótimo trabalho em treiná-lo para protegê-lo! Saron é um exímio guardião.

- Devo concordar. - Soltando uma risadinha sapeca, o ômega ergueu uma mão para que a mais velha se apoiasse para se sentar ao seu lado na inclinação da clareira. - Está tudo bem, Noona?

- De minha parte só alegria! Vim colher mais ervas e temperos. - A cesta recheada de folhas verdes descansando ao seu lado confirmou. - E você, querido? O que faz aqui tão só?

Outro suspiro preencheu o espaço aberto.

- Sinto muitas saudades do TaeTae, Noona...

- Compreendo. É difícil ficar distante de quem escolhemos, mas precisamos suportar, não é?

- Sim. A bem da verdade, tinha esperanças de que o hyung pudesse voltar no inverno para ficar comigo.

- Sabes que se dependesse dele, viria, não é mesmo?

- Com certeza, noona!

- Seu amor pelo TaeTae é lindo de se observar, querido. Sinto até mesmo uma nostalgia recordando de quando foi a vez do Namu.

- Ele sentiu muita falta do Jin hyung?

- Sentiu. Ele o havia escolhido, afinal, mas precisou ser paciente e esperar.

- Acredito que não consigo ser assim, por pouco não peço ao appa para me levar até o TaeTae!

Noona Kim gargalhou divertida.

- Terão toda a vida para estar juntos, concentre-se na felicidade das lembranças e na espera. Seu alfa prometeu e voltará para você.

- Certo! Vou tentar, noona! - Jungkook alegrou-se por um momento, tirando o caderno de seu colo o descansando na grama e abraçando os joelhos contra o peito. - Não quero fazê-lo pensar que estou desesperado para que retorne e minhas palavras escondam o quanto realmente me sinto feliz, por ele estar gostando e pensando em formar uma carreira por lá no futuro.

- Tenho certeza de que está escolhendo boas palavras de saudade. Não tema, Kook!

- Obrigado pelo conselho, noona!

- Não é nada. - Os olhos azuis dela encontraram o caderno. - Uma nova viagem? - Perguntou de forma curiosa.

- Não, está em branco, noona. Foi um presente do TaeTae.

- Então está pensando em alguma pintura?

- Talvez, o pedido do hyung foi que eu sentisse a sua companhia, mesmo a distância, enquanto estivesse preenchendo as folhas. Mas não estou me sentindo inspirado... - Resmungando, escondeu o rosto nos joelhos.

- Podes tentar algo novo! Algo que goste e que vá ajudá-lo a distrair sua saudade ao praticar.

- Que tipo de algo novo?

- Você pode testar sobre tudo o que gosta e então, descobrir.

- Prometo que vou tentar, Noona!

Ambos sorriram, voltando a observar a paisagem.

- Vejo que você e o TaeTae encontraram a tundra da floresta antes de sua partida para o Palácio Real...

- Tundra? - Jungkook franziu o cenho, gesto que não durou por muito tempo, pois logo arregalou os olhos. - Me lembro de Noona ter nos contado... sobre o Tigre Branco morando em uma toca na montanha da tundra! É esta?!

- TaeTae irá retornar e vocês descobrirão. - Ela sorriu de forma contagiante.

- Finalmente parecemos próximos de encontrar o Tigre Branco!

- Acredito que sim! Vocês são ótimos aventureiros! - Noona se levantou, trazendo a cesta para suas mãos. - Tento imaginar quais aventuras devem os esperar por lá.

- Sim! Vou anotar todas as informações, enquanto o TaeTae não pode vir!

Jungkook trouxe o caderno para suas mãos, batucando com o dedo indicador no queixo e um pincel na mão livre, organizando tudo o que descobriu. Começou a destacar pequenos fragmentos.

- O que acha sobre?

- Sobre essa aventura?

- Sim, mas especificamente sobre as anotações, és um viajante sem sair do lugar, pode escrever alguma aventura de sua imaginação...

Jungkook pensou por alguns segundos, abrindo um largo sorriso, pois a folha em branco, logo se preencheu com palavras... como um livro!

Poderia aquele ser o livro de aventuras fantásticas que pertenceria somente a si e ao seu namorado.

- Está certa, noona! Vou escrever algo enquanto espero pelo TaeTae!

- Fico muito feliz em vê-lo animado outra vez, querido! Assim as luas não demorarão a levá-los ao encontro um do outro. - Ela acariciou seus cabelos. - Aliás, não gostaria de jantar conosco hoje? Os filhotes sentem sua falta. Leve Yoongi com você!

- Certo, noona! Iremos juntos!

- Eu os espero então, até mais querido. - A ômega de sorriso delicado e fofo se afastou gradativamente.

- Até, noona!

O aventureiro voltou-se enérgico para a paisagem, arrancando aquela primeira folha ao que uma nova ideia surgiu.

- Que tal se começar com... era uma vez... Saron? - Perguntou, soltando uma risadinha em seguida, tendo recebido o focinho grande cutucando suas costas, como se o amigo canino estivesse o incentivando a começar a escrever suas aventuras. Suas e de Taehyung.

[Terras do Reino de Gojoseon, quinze luas de Sibilwol, décimo primeiro mês lunar, 1510 d.D]

Tantas luas haviam se passado, que Taehyung continuou as contando em risquinhos feitos com sua adaga em uma árvore próxima a cabana. Intermináveis estações o separaram de Jungkook desde a última primavera, quando o visitou no vilarejo e foi acolhido por seus abraços e beijos, afinal, ainda aprendiam os efeitos de um sobre o outro.

Guardava todas as cartas que recebia juntamente dos mimos dele, bem como adorava presenteá-lo igualmente. Concentrou-se também em economizar o máximo de moedas de ouro possíveis, observando as hanoks nos arredores do Palácio Real, decifrando como poderia construir uma bonita o suficiente para seu namorado e futuro marido, como mencionaram em muitas cartas amorosas, imaginando suas próximas aventuras e planejando o passo seguinte de seu compromisso.

Porém, em segredo, o alfa seguia buscando por respostas de seu passado, perguntando a cada aldeão que estivesse disposto a lhe contar uma história, quaisquer feitos, de uma família com o sobrenome Kim. Chegou a enfrentar Seokjin hyung algumas vezes, pedindo-o que o deixasse procurar pelas respostas sem lhe dar satisfações.

Naquela manhã, passeava pela feira desacompanhado do amigo que igualmente voltou a enfrentar problemas com o appa e adiou seu pedido de compromisso com a família Min. Parou em um quiosque de frutas e a doce senhora que lhe prometeu uma investigação, não encontrou muitas pistas diante de todos os aldeões que compravam seus produtos todos os dias.

- Um alfa bonito como você não deverá demorar para encontrar sua família!

- Obrigado. - Sorriu pequeno para ela, lhe entregando uma moeda de ouro pelo pequeno saco de frutas sortidas que levaria para dividir com Jimin e o casal de amigos na cabana, sorrindo ao se lembrar de como seu namorado ficou maravilhado ao lhe contar a história deles.

Os surpreendendo, uma terceira voz soou.

- Com licença... você está a procura de sua família, garoto? - Um homem alfa de cabelos grisalhos e barba mesclada entre castanho e branco, o abordou amigavelmente, mostrando um sorriso caloroso de covinhas e rugas ao redor dos olhos dourados. - Peço perdão, não pude deixar de ouvir a conversa, somente é que durante uma invasão de um país estrangeiro, muitos filhotes de meu vilarejo foram raptados, inclusive o de uma família amiga...

- É sério?

- Sim! Eles buscam por seu filhote desde então.

Taehyung e a beta de idade avançada se entreolharam, divididos entre a dúvida e a confiança.

- E... E qual era a idade dele?

- Era um bebê, o filhote havia acabado de conhecer o mundo, e sofreu tanto.

- O sobrenome da família... - O aventureiro foi interrompido com a aproximação do outro em sua direção. Apoiou a mão no cabo da adaga presa em sua cintura, em um gesto de defesa. O aliviando, não precisou usá-la.

- Encontre-me ao pôr do sol próximo ao rio no oeste do Palácio Real, buscarei os appas da família para que se encontrem, tenho certeza de que pode ser você, se não me falha a memória, o filhote deveria ter a sua idade atualmente e está bem aqui! Além da aparência... lembra-me muito!

- E-Eu...

- Também preciso de uma recompensa, sou pobre e miserável, veja... - O alfa apontou para uma ômega e três filhotes juntos dela, cabisbaixos e magros. - Pode ser o valor que desejar oferecer se a família for realmente sua!

Taehyung passou os próximos segundos em silêncio, intercalando o olhar entre o alfa e aqueles que ele dizia ser sua família.

Respirou fundo e soltou a resposta firmemente:

- Está bem! - Precisava ser corajoso em sua busca.

- Oh obrigado! - O homem ajoelhou-se no chão, curvando-se diante do mais jovem como se ele fosse o próprio Rei, atraindo alguns olhares curiosos. - Estou certo de que é parte daquela família, essa bondade não nasce em qualquer um! - Ele se levantou, afastando alguns passos. - Nos vemos mais tarde!

O alfa consentiu de forma ainda relutante, porém seu peito gritava para que ao menos visse os rostos daqueles que poderiam ser seus progenitores.

- Não me recordo de tê-los visto antes por essa feira, tome cuidado, querido. - A senhora atrás da bancada de madeira o alertou.

- Certo, noona!

❄️

Ansiando por respostas, o jovem passou a andar de um lado para o outro quando retornou ao campo de treinamento, ficando para trás quando os companheiros se juntaram a lareira para o jantar, buscando dentro do baú com seus pertences pessoais ao lado da cama, o saco com suas moedas de ouro. Estava disposto a entregar todas elas se enxergasse a si mesmo nos appas daquela família. Depois recuperaria todas para a construção da sua própria.

Fechando o baú, levantou guardando o saco no semelhante resistente e preso em sua cintura. Virou-se para a entrada e sobressaltou assustado com Seokjin parado e lhe encarando com os braços cruzados rente ao peitoral coberto pela armadura de ferro.

- Onde vai?

- Eu... gostaria de comprar um item importante na feira, hyung.

- Ao pôr do sol? - Seokjin estreitou os olhos.

- S-Sim! Combinei com o dono do quiosque para entregar-me discretamente. - Taehyung baixou o rosto em direção aos pés, evitando olhar para seu hyung.

- Deve ser um item de imenso valor, para lhe custar tantas moedas de ouro...

Franzindo o cenho, o aventureiro voltou a erguer o rosto.

- Por que está se intrometendo? Deixe-me em paz, hyung! - Esbravejou, reconhecendo a fúria de Seokjin ao assisti-lo juntar as sobrancelhas e estalar a língua no céu da boca.

- O que aconteceu com você nas últimas luas? Está tratando-me como seu inimigo!

- Não aconteceu nada! É simplesmente porque manda em mim como... se fosse meu appa! - Arregalou os olhos com a acusação. - H-Hyung, eu...

- Isso é ser uma família, Taehyung! - O líder afastou uma parte da cortina de pele, lhe dando passagem. - Mas se lhe incomoda tanto, faça o que desejar. Só vim avisar que Namu gostaria de falar com você, então esteja de volta antes do anoitecer!

- Certo. - Desinteressado por aquela discussão, o mais jovem passou por ele, correndo em direção a saída do campo de treinamento.

Seu hyung não compreendia o quanto precisava saber, o quanto sua cabeça rodava e o fazia sentir-se confuso, o quanto seu coração acelerado queria ser preenchido por respostas.

Com o coração palpitando em preocupação, Seokjin não evitou escutar suas intuições fraternais, seguindo o filhote contra o vento para que ele não sentisse sua presença pelos feromônios, estranhando o caminho pouco movimentado da parte oeste do Palácio. Sabia que iriam tentar alguma maldade contra ele.

Espiando atrás de uma carruagem velha e abandonada repleta de feno, um alfa apareceu conversando com Taehyung e filhotes pequenos o rodeavam em uma brincadeira. Decidiu agir quando ele exigiu primeiramente a tal recompensa antes de apresentar desconhecidos a ele, iludindo-o com a sensação de que estaria encontrando sua família do passado.

Seu coração apertou com a inocência e o desespero do filhotão por aquelas respostas.

- Afaste-se dele! - Caminhou rapidamente até o centro daquele pátio, apontando a espada para o homem, que ergueu as mãos em rendição dando alguns passos para trás. Entrou na frente de Taehyung.

- H-Hyung!

- Depois nós iremos ter uma séria conversa! - O encarou brevemente, com as sobrancelhas franzidas de raiva.

- Acreditei que era um alfa solitário, prometeu-me uma recompensa em troca de conhecer sua verdadeira família! - Protestou o outro alfa, encenando uma expressão amedrontada.

- Então onde esses tais estão?!

- O-O senhor mentiu para mim? - Ao contrário da face que ele mantinha, Taehyung espiou sobre os ombros de seu hyung e viu o outro sorrir.

- Os pobres e miseráveis necessitam de outros meios para garantir a sobrevivência de sua família, apenas encontrei em você a oportunidade perfeita!

- M-Mas... - O jovem não conseguiu terminar sua expressão, tendo o pulso segurado firmemente pelo líder, puxado em direção a saída.

- Estou com alguns guardas, se não quiser comprometer sua família, dê o fora! - Seokjin ameaçou, recebendo como resposta o alfa mais velho segurando suas crias e os guiando para longe.

Sem sibilar nenhuma outra palavra, continuou o caminho, deixando seus feromônios dominarem a estrada e o filhotão atrás de si.

- H-Hyung. - Tae chamou, tentando desvencilhar-se do contato.

O Jung soltou seu pulso, virando em sua direção.

- Você está bem? Ele lhe machucou? - O aventureiro negou, abaixando o rosto para esconder as lágrimas, em uma mistura de frustração e medo. Seokjin suspirou, massageando as têmporas. - Ah TaeTae... o que poderia ter acontecido com você?! Foi uma completa irresponsabilidade de sua parte, não é assim que um jovem adulto deve se comportar!

Em resposta, um soluço preencheu os segundos seguintes de completo silêncio entre eles.

- M-Me desculpe, hyung.

- Ele era um malfeitor! Iria lhe machucar! - Os olhos dourados o encontraram com notável medo. - Não é porque se tornou grande e forte que vai conseguir se livrar de enrascadas sozinho! Se algo acontecesse com você eu não saberia nem o que poderia fazer! - Inesperadamente, Seokjin sentiu os braços dele ao seu redor, pedindo-lhe acolhimento. Ofereceu rapidamente, respirando fundo para se acalmar e transmitir o mesmo para ele. - Fiquei com medo de te perder. - Abaixou o tom de voz, acariciando os cabelos castanhos dele. - Vamos, Namu lhe dirá palavras melhores.

Os alfas não demoraram para chegar no alojamento da família Jung e Taehyung não pode admirar por muito tempo todo o luxuoso lugar, pois logo sentiu as mãos quentinhas de Namjoon tocando suas bochechas úmidas, perdendo o sorriso de covinhas com a expressão tornando-se preocupada. Seokjin também não poupou detalhes em lhe contar tudo o que ocorreu nas últimas luas, enquanto permanecia em silêncio de cabeça baixa. Estava sentindo-se envergonhado, não queria preocupá-los daquela forma.

- Isso foi extremamente perigoso, filhote!

Taehyung não respondeu, apenas assentiu, o corpo tremendo em busca do conforto que o do ômega o embolando em seus braços oferecia, juntamente dos feromônios doces e voz melodiosa.

- Também devo desculpas por ter gritado com você, não foi correto de minha parte, estava somente preocupado, filhote. - Seokjin acariciou suas costas.

- T-Tudo bem, hyung. - Tae se ergueu lentamente, sentando-se entre os mais velhos. - Perdoe-me não ter sido bom para você, hyung.

- Está tudo bem.

- O que está lhe perseguindo, filhote? Conte para os seus hyungs, sim? - Namjoon acariciou sua bochecha com carinho e a reação tão gostosa de acolhimento fez com que o alfa voltasse a chorar fortemente.

- E-Eu desejava apenas sentir-me parte de uma família, ouvir que nunca quiseram abandonar-me, que haveria pessoas procurando por mim como eu estava procurando por elas! - Seokjin e Namjoon se entreolharam com as lágrimas se acumulando nos cantinhos dos olhos e um corte profundo e invisível na garganta, ao ouvirem o mais novo tão tristemente. - E-Eu desejava com todo o meu coração pertencer... a algum lugar.

- E você pertence, querido! - Seokjin aproximou-se, o enrolando em seu abraço. - Todos os lobos do vilarejo, Noona, eu e Namu, principalmente o Kook, lhe queremos tanto!

- Eu sei que sim, e sinto muito ter causado essa preocupação em vocês. - Apesar das lágrimas continuarem a escorrer, Taehyung sentiu-se calmo novamente.

- Está tudo bem, querido. A propósito desse assunto, há algo que lhe pertence e queremos que fique com ele, mesmo que não encontre o passado. - Se afastando, o mais jovem assistiu Namjoon retirar detrás das costas um tecido grosso e branco de pelo de carneiro, entregando-o. - Eu e o Jinie buscamos isto na hanok de Noona, no tempo que conversávamos sobre uma proposta há tempos em nossos corações...

- U-Uma proposta? - Taehyung franziu o cenho, ainda que encantado pela manta, resvalando os dedos delicadamente pelo sobrenome "Kim" gravado em hangul antigo no tom carmesim, decorado com flores esmeraldas, temendo que o toque pudesse apagá-los. Era lindo.

- Sim! - Seokjin respirou profundamente. - Há algum tempo queremos lhe dar essa manta, conto com sinceridade que também não encontramos resquícios desse sobrenome pelo Reino, mas é tão nobre que não queríamos correr o risco de que tentassem machucar você a troco de mentir sobre ele. Eu já havia percebido suas ações e adiei esse momento devido a minha preocupação, filhote.

- Eu entendo, obrigado hyungs... - Erguendo o tecido, Taehyung o farejou, não encontrando nenhum cheiro, porém, seu coração não partiu outra vez. Estava finalmente conformado.

- Tão adorável! - Lhe provocando, Namjoon apertou suas bochechas. - Sempre recordo-me de seu jeitinho manhoso quando pedia colo ou que eu lhe amasse... - Namjoon riu baixinho.

- E eu quando vinha pedir-me conselhos para que Jungkook nunca quisesse deixar de ser seu amigo. - Completou Seokjin, bagunçando seus cabelos. - Era um filhote pequeno e tão esforçado em distribuir seu amor!

- Não somos ridiculamente mais velhos, mas sempre cuidamos de você, filhote. - Aquele carinho curava todas as inseguranças do aventureiro, que consentiu com um sorriso pequeno. - E com isso, a proposta que decidimos lhe fazer, é um reflexo desse amor.

- O que querem dizer, hyungs? - Tae amassou de forma nervosa a manta entre os dedos.

- Construímos nossa hanok no vilarejo com alguns quartos a mais e... gostaríamos muito que um deles fosse seu.

O alfa mais jovem abriu e fechou a boca várias vezes, o coração palpitando acelerado querendo fugir de seu peito pela garganta.

- Como um filhote em seu lar?

- Sim! - Confirmou Seokjin com um largo sorriso no rosto.

- E-Então eu desejaria... boa noite, appas?

O casal riu em sincronia.

- Sim! Isso mesmo! - Dessa vez, foi o ômega.

- Se aceitar, pode ser que em sua certidão de nascimento não tenha o sobrenome Kim, mas sim, Jung. O que acha? - Seokjin o empurrou com seu peso, arrancando-lhe uma risada incrédula.

- É... tudo o que jamais pensei que teria! Eu sempre amei vocês hyungs, de todo o coração! - Secando as novas lágrimas, os três se juntaram e um abraço apertado. - Mas... Jin hyung? Eu lhe disse palavras duras mais cedo...

- Não fiquei magoado! A bem da verdade, irei continuar mandando em você de qualquer forma, filhote rebelde! - Os mais velhos criaram cócegas em Taehyung, que se contorcia e intercalava sua atenção entre o riso e as lágrimas emocionadas nos braços deles.

- Está bem, alfas! - Namjoon foi o primeiro a se afastar e levantar, puxando uma mão de cada homem dominante. - A lua já subiu ao céu. Vão se banhar, pois o jantar está pronto.

Taehyung e Seokjin foram obedientes e encaminharam-se para os devidos cômodos de banho do alojamento real.

Após o reencontro à mesa, novas conversas e conselhos rodearam Taehyung de carinho. No final do jantar, conversaram um pouco mais sobre aquela decisão em suas vidas antes de se despedirem para dormir, ainda envergonhados com os novos títulos. Porém, o mais jovem não fechou os olhos, rolando de um lado para o outro na cama, mal conseguindo segurar-se para contar tudo com detalhes ao namorado em sua próxima carta.

Seu coração palpitava com aquela aventura que lhe trouxe tantos ensinamentos.

[Vilarejo Namsangol, vinte e cinco luas de Sibilwol, décimo segundo mês lunar, 1510 d.D]

Sentado com as pernas cruzadas em sua cama, Jungkook organizava suas peças de roupas na caixa de madeira que levaria consigo para o Palácio Real. Seu coração retumbava acelerado no peito, imerso nos pensamentos que o acompanhavam na esperada fase adulta. Muitas luas anteriores foram testemunhas de suas dezoito luas novas, confirmando as novas responsabilidades que chegariam juntamente da mudança para a Capital.

Após um longo suspiro, fechando a tampa ao descansar o último conjunto de tecidos azuis e brancos, direcionou o olhar para Saron, esse apoiando a cabeça grande e peluda sobre o colchão, lhe encarando com os olhos brilhantes como quando era uma pequena bola de pelos.

- Não fique triste, meu amigo, sabes que eu adoraria levá-lo comigo, não é? - Acariciou os pelos mesclados entre castanho e branco. O rabo peludo abanou.

- É bom que reconheças uma ideia inaceitável no Palácio Real, filhote. - Seu appa riu anasalado, adentrando o quarto acompanhado da esposa. - Iremos cuidar do seu amigo.

- Saron seria um ótimo funcionário real, eu diria... - Kook sorriu de forma sapeca, levantando-se e apontando para a caixa fechada, indicando que seu trabalho estava encerrado. - Preparei minhas coisas para partir...

Os progenitores do aventureiro se silenciaram e passaram a somente assisti-lo, os sorrisos trêmulos nos rostos já indicando a saudade que sentiriam dele.

- C-Cresceu tão rapidamente, filhote!

- Chegou um momento de dar um novo passo em direção ao seu destino, meu filhotão. - Sua omma desvencilhou-se do marido e se aproximou o capturando em um abraço quentinho e gostoso. - Há espaço para mais um hanbok em sua caixa de viagem? - sussurrou ela, arrancando um riso baixo seu com os olhos curiosos do appa tentando ouvi-la.

- Sim, omma!

- Ótimo! Vou buscá-lo!

Misook deixou o quarto animadamente, o marido e o filhotão ficaram para trás.

- O que sua omma foi buscar?

- Um hanbok de tecidos dourados... - Junho ergueu as sobrancelhas, surpreso. - Gostaria de vestir algo diferente quando encontrar-me com o TaeTae, quero surpreendê-lo!

O alfa engoliu em seco, se aproximando do ômega adulto alcançando a altura de suas têmporas. O abraçou com ternura.

- Eu o perdi para um alfa... me parte o coração!

Jungkook gargalhou.

- Não me perdeu appa! Sou seu filhotão para sempre! - Sentindo a mesma sensação de proteção e acolhimento que o alfa lhe passava desde pequeno, ele se infiltrou no abraço, farejando os feromônios de noz moscada e canela. Confortável o suficiente para fazê-lo esquecer de qualquer temor que passasse por sua cabeça.

- Filhote, escute-me bem... - Junho os separou, encarando os olhos azuis semelhantes aos da esposa. Arregalou os próprios demonstrando o quão estava preocupado. - Se Taehyung tentar segurar a sua mão em privacidade, dê-lhe um golpe!

- Está bem, appa, irei cuidar-me bem! - Jungkook concordou sem receios, afinal, não queria deixar o Mestre Jeon preocupado. Ainda que seus pensamentos estivessem cercados com os ensinamentos de sua omma, sobre como educar seu alfa.

- Sobre o que estão conversando? - A matriarca voltou ao cômodo, intercalando o olhar entre os dois homens de sua vida.

- Appa está compartilhando algumas dicas sobre a estadia no Palácio Real, omma. - Cúmplice, ele lançou uma piscadela para o mais velho.

- A-Ah sim! Não estaremos mais por perto para protegê-lo, querida.

Aproximando-se ainda desconfiada, Misook entregou as peças especiais para o filhotão. Junho esboçou uma expressão descontente lembrando-se do objetivo delas.

- Está certo, marido! Nosso filhotão precisará aprender a se proteger sozinho a partir da próxima lua cheia e o início de sua nova jornada!

O Jovem Mestre assistiu com o coração apertado seus progenitores baixarem as estruturas fortes e fraternais para permitirem as lágrimas escorrerem por suas bochechas, no tempo em que se abraçavam consolando um ao outro.

- O-Omma, appa... - chamou igualmente emocionado, aninhando-se entre o abraço deles, sendo cuidado e enrolado pelo calor e os primeiros feromônios que conheceu na vida. - Sentirei muitas saudades!

- O que precisar poderá contar conosco, filhote! - Misook ergueu os braços para apertar suas bochechas. De fato, seu primogênito havia se tornado um grande homem lobo. Um ômega alto e forte.

- Está bem! - Junho desfez o abraço, segurando uma mão de cada ômega a qual pertencia de todo o coração e alma. - Adiaremos esta despedida, vamos nos divertir em família!

- É uma ótima ideia, appa!

- Qual tal um jogo após o jantar? - A única mulher presente sugeriu, recebendo largos sorrisos em confirmação. - Certamente irei adorar observar suas expressões quando vencer todas as partidas.

- Não mais, omma! - Provocou o mais jovem acompanhando os appas para além de seu quarto, sorrindo soltando um assovio baixo chamando pelo amigo canino, que se dividia entre os homens-lobo, ganhando carinhos por onde esfregasse a cabeça. - Tenho treinado, irei vencê-la!

- É o que veremos, filhote!

[Vilarejo Namsangol, dois sóis de Jeongwol, primeiro mês lunar, 1511 d.D]

A família Jeon emaranhou-se em um longo abraço nos portões da propriedade. Todos os aldeões que passavam conseguiam vislumbrar o sofrimento daquele momento, apesar dos cochichos sobre como esperavam elogios do Palácio Real em direção ao Jovem Mestre, que havia se tornado um belíssimo ômega, e se o Herdeiro Real fosse um alfa, com todas as certezas, poderia interessar o Rei para um casamento.

- Nos escreva imediatamente quando chegar em seus novos aposentos, querido! - Misook secou as lágrimas insistentes, em seguida, passou a segurar e acariciar os dorsos das mãos douradas do primogênito.

- Assim o farei, omma!

- Também sabemos que gosta de aventuras juntamente do TaeTae, mas peço que se comportem! - Junho acariciou o topo de sua cabeça com a mão livre, pois a outra segurava firmemente a corda enlaçando o pescoço peludo do cachorro, para impedi-lo de perseguir a carruagem. Afinal, havia chegado o momento do mascote da família aposentar-se na companhia do casal mais velho. - Eu irei de tempos em tempos para reuniões com o comitê de Vossa Majestade. Iremos lhe visitar!

- Certo, appa! - Jungkook deu um último abraço em seus pais, abaixando-se para abraçar Saron, rindo com a lambida que recebeu no pescoço descoberto. - Obrigado pela companhia, meu amigo! Voltarei em breve, até lá, proteja a omma e o appa, compreendeu? - Saron soltou um latido rouco e forte. - Bom menino!

Se erguendo, notou a senhora Min despedindo-se de Yoongi e o incentivando a subir na carruagem. Sorriu grande e emocionado por ver o amor crescido tão rapidamente entre eles.

- Escreva-nos em breve! Não deixe de usar as misturas para a pele e tome cuidado com o sol, filhote!

- Está bem, omma!

- Ah! Mais um detalhe! - Yoongi inclinou o corpo para ouvi-la melhor e riu surpreendido com o beijo doce que recebeu na bochecha. - Não esqueça de se divertir!

- Confie em mim, omma! Trarei orgulho para nossa família!

- Já faz isto, chegou o momento de pensar em si mesmo! Agora vá! - A beta abanou as mãos no ar, incentivando-o a adentrar completamente a carruagem, afastando-se para que o aventureiro pudesse se despedir igualmente e acompanhar o de madeixas claras. - Cuidem um do outro!

- Certo, Noona Min! - Jeongguk sorriu exibindo os dentes perfeitamente alinhados e brancos, contendo o detalhe especial nos primeiros da frente, sendo avantajados como os da mãe, tendo a sorte, como Yoongi, de crescerem e os dentes alinharem naturalmente com o passar das luas.

Com a última despedida de palavras doces e carregadas de saudades antecipadamente, os filhotões foram escondidos pelas estruturas da carruagem.

Porém, antes de partir, o senhor Min ergueu-se do cocho e acenou para o patriarca da família.

- Mestre Jeon! Peço-lhe para partilhar essa honra, são nossos filhotes, afinal!

- Tens toda a razão, senhor Min! - Com uma pergunta silenciosa de permissão em seu olhar, Junho entregou a corda para a esposa ao receber um assentir e uma risada anasalada, selando seus lábios em despedida. - Retorno antes do jantar, esposa. Eu te amo!

- Esperarei por você, marido. Eu também te amo!

Uma leve corrida até a carruagem levou o patriarca Jeon a subir no cocho e dividi-lo com o beta. Eram dois appas amorosos e protetores guiando seus bens mais preciosos para uma nova aventura: a fase adulta.

Dentro da carruagem, os ômegas mantinham os braços entrelaçados e conversas animadas, apesar das ondas de frios pelas novidades que viriam em breve em suas vidas. Jungkook desviava o olhar constantemente para o anel em seu dedo. Yoongi imitava seu gesto com a pulseira Sin Sai presa em seu pulso esquerdo. Ambos compartilhando a sensação de borboletas no estômago pelo conhecimento dos alfas lhes aguardando no Palácio Real.

Seria aquela a aventura completa. Era o que pensavam.

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NOTAS FINAIS

E então, o que acharam??

Editar pelo celular é horrível aaaah mas se faltar algo ou tiver mais correções para fazer, irei ajeitar!

Esa foi a última fase com mais de uma data! Agora os filhotões são oficialmente adultos! 🤭♥️

Eu realmente quis trazer uma história diferente em que pudesse desenvolver as personalidades deles desde pequenos e que elas os ajudassem a compreenderas tomadas de decisões de cada um! Se vocês chegaram até aqui, pudram acompanhar todas as fases dos aventureiros! Como foi assisti-los crescer??

Agora as aventuras serão um pouco diferentes, o que será que pode acontecer?? 🤭🤭

Perdoem os errinhos, espero que tenham gostado! ♥️

Se cuidem direitinho e até o próximo capítulo! ♥️

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