Capitulo 04

Antônio e Arthur estavam se arrumando para ir pro Povoado da Vendinha, queriam participar do Mocajee Cross¹ tinha um jeep já pronto para começar sua diversão.

_Porque eu num posso ir?

_Doce, pelo amor de deus, este bando de caboclo e doido, eu não vou deixar você no meio disso jamais. E perigoso pra você e pro bebe, me peça pra arrancar um braço que eu faço com maior prazer, agora deixar você no meio disso ai, eu num deixo não. Pode esquecer esta ideia absurda.

_Mas por quê? Se e perigoso porque eles tão indo então? - fez beicinho.

_Porque os dois tem merda de boi na cabeça, por isso. E como, meu doce não tem, não deve se por no meio disso. Vai ficar aqui em casa cercada de segurança que e o que você merece.

_Eu só queria olhar. Deixa vai, vaqueiro? - Olhou angelical circulando o indicador em seu peito, fazendo beicinho.

_Esta sua carinha bonita de se ver não vai me fazer mudar de ideia, Catarina. - beijou-lhe a ponta do nariz.

_Ta vendo não e bebê, seu pai esta ai sendo, mau e cruel comigo. - Saiu falando com a barriga.

André suspirou arrancou o chapéu da cabeça e bagunçou os cabelos o puxando.

_Ela tá me deixando doido, tá ficando custosa demais. - Resmungou para os dois que arrumavam as mochilas.

_ Tá não, o que te deixa mais doido e que cê num pode ir com a gente. Tem que fingir que não gosta só pra ela não bater o pé e ir junto. - Caiu na risada com Arthur.

_Bando de idiota. - Saiu pisando duro atrás de Catarina. Do jeito que ela estava era capaz de se esconder no carro para ir junto. Estava ficando a teimosia em pessoa e os hormônios dela a deixavam um monstrinho.

_Eu já estou pronto, e você? -Arthur ergueu e pesada mochila apoiando nas costas.

_Só falta meu capacete ai podemos ir. -Pegou detrás do sofá e seguiram para a porta.

Os dois saíram minutos depois, o Jeep era novinho, Antônio tinha comprado especialmente para aquilo. Era louco por adrenalina e o que melhor que corrida com jeep. Ia comprar uma moto, mas André não deixou avisou-lhe que se comprasse ele ia na mesma hora devolver, já que não podia mais montar em touros devido o machucado do ano anterior. Tinha que ir atrás de algo novo. E o jeep foi a melhor opção.

Agatha tinha passado a noite junto da mãe, a fez dormir boa parte da noite, vigiou o pai e pensou no que a mãe havia lhe dito sobre arrependimento, mas logo chutou isso fora da cabeça, Antônio pelo visto jamais se arrependeu do que fez, porque nunca foi atrás delas. Pensando nisso viu o sol raiar, lia algo no celular quando o medico que cuidava de Munhoz adentrou seguido por mais um medico, aquilo não tinha cara de ter boa noticia. Segurava duas folhas em mãos e falava algo baixo com o outro.

_Esta tudo bem, Doutor? -Sentou-se ereta.

_Sim, mas temos que conversar um pouco.

_Claro, só um minuto, por favor. - Caminhou ate a mãe que ainda dormia. -Mamãe? Acorda o medico esta aqui.

Parece que Alana havia levado um choque sentou-se imediato.

_Aconteceu algo? Seu pai piorou? Porque não me acordou querida? - Arrumava os cabelos.

_Não mamãe, você precisava descansar, e ele dormiu boa parte da noite, acordou duas vezes só. Mas logo dormiu. - A ajudou vestir o casaco, o quarto era frio devido ao ar condicionado ligado direto.

Já recomposta ela se acomodou na cadeira ao lado do marido. Agarrou sua mão e encararam os dois médicos.

_Vamos acordá-lo. Assim poderá ouvir. - O medico se aproximou da cama, checou o sinais vitais decidiu retirar o oxigênio, e chamou Carlos algumas vezes. Ele resmungou, xingou como um bêbado no boteco, mas acordou. -Como esta se sentindo senhor, Carlos?

_Bão demais, já pode me mandar pra casa. - Tentou parece o homem que sempre foi. Olhou para esposa que beijou sua mão.

_Não tão rápido. Temos que conversas um pouco.

_Arré, já vi que num vem coisa bão nisso ai não. - Bufou desgostoso.

_Papai, por favor. - Ficou ao seu lado na cama e segurou-lhe a outra mão. - Pode falar doutor.

_ Este que esta aqui e o doutor Paulo, ele e cardiologista. Vimos pelos exames que seu pai tem um pequeno problema na veia coronária. Ela tem que ser cuidada, e isso só se faz com cirurgia, vamos por um cano dentro da veia para assim o sangue poder passar sem dificuldades.

_E caso não seja feito? - Carlos questionou.

_Ela entope e você morre pelo coração não receber o sangue. - Olhou para mãe e filha. - O infarto foi só um aviso, ele fazendo a cirurgia tem chance de voltar à vida normal em 89%. Vai ter que pegar leve com certas comidas, e não exagerar no trabalho. Fora isso tudo será igual, a vida que ele tem, mas sem sustos.

_Quais são os riscos ao fazer a cirurgia?

_Qualquer cirurgia tem riscos, ate em tirar uma verruga você corre risco. Mas o doutor Paulo já fez isso mais de 200 vezes e 99% dos pacientes estão vivos e saudáveis. Queremos fazer esta cirurgia, depois de amanhã. Será o tempo de fazer mais exames e começar o procedimento. Quanto mais rápido for feito, mais rápido volta à vida normal. - Explicava fazendo anotações. - Vou deixar vocês decidirem e quando tomarem a decisão e só me chamar. Só não demorem muito. - Ele só dava a noticia, não preparava em nada o paciente. Coisa de medico que passava por aquilo quase todo santo dia.

Os dois saíram deixando os três com caras indecifráveis.

_Ou eu faço esse trem e morro, ou não faço e morro. Bem específicos os cabras. - Bufou.

_Eu vou pesquisar sobre este medico ver se ele e tão bom como dizem. -Agarrou o celular e foi para a busca sobre o medico. - Espia só, o homem e muito bom. Ele estudou dois anos na universidade de Harvard. Especializou-se em um renomado hospital de São Paulo, aqui diz que ele e muito bom no que faz. Recomendando por grandes nomes.

_Se e para ter uma vida saudável, eu concordo. Não quero você tendo aquilo novamente não. - Alana segurou firma sua mão lhe dando forças. Aquele homem pularia de uma ponte se aquela mulher pedisse. - Eu num do conta de outro susto daqueles não Carlos. - De olhos marejados acariciou sua face.

_Tá bão, se o cara e bom deste jeito. Eu faço isso. Pior que tá num fica. - Estava decidido, odiava ver a mulher emocionada daquela forma.

Agatha saiu do hospital depois de o pai e mãe decidirem tudo sobre a cirurgia. Estava exausta, precisava de um banho demorado e dormir algumas horas. Desceu a calçada para atravessar a rua quando um jeep verde passou ao lado, o motorista com um dos braços escorando na porta, falava com alguém e se virou para ela, foi tudo tão rápido, mas viu quem era muito bem, os anos não mudaram nada, continuava o mesmo homem de anos atrás, imponente, bonito e misterioso.

Agatha quase deixou cair os glóbulos oculares de o tanto que arregalou os olhos. O carro brecou de uma vez, ela acelerou o passo e entrou na caminhonete onde, Noel estava aguardando. Olhou para traz e viu o motorista do jeep se esgueirando pelo retrovisor buscando olhar quem era, mas logo seguiu o caminho.

Droga!

Sua mãe tinha razão, quando a pessoa não e vista por anos e fácil falar que odeia que sente raiva, mas quando ver poucos metros a sua frente e diferente, por um decimo de segundos sentiu todos os sentimentos que sentiu anos atrás quando o viu pela primeira vez, surpresa de como era bonito, depois vergonha porque estava ficando como uma beterraba, e uma louca vontade de ficar olhando ele por horas para nunca esquecer nenhuma detalhe do quanto era bonito, a barriga como um vazio, as mãos suando, arrepio só de ouvir sua voz, pernas fracas o coração batendo tão louco que chegava o ponto de os ouvidos tamparem com um zumbido.

Era uma idiota mesmo, como podia imaginar tudo isso, quando o cara só a usou em uma noite e depois escorraçou sem olhar para traz.

Chega Agatha. Você e melhor que isso garota.

_Tá bem menina? -Olhava curioso.

_Sim, só cansada. Não dormir nada. - Fingiu um bocejo.

_E o patrão, como que o homi tá?

_Vai ter que operar. Uma veia do coração corre o risco de entupir.

_Nossa senhora. - Se benzeu. - Coisa seria então

_Ele vai ficar bem, a cirurgia e para o bem dele, se não fizer pode entupir e isso causar um ataque cardíaco serio. Papai e forte. Ele vai sair desta logo. Com isso ele muda um pouco a rotina e delega mais tarefa aos outros. Qualquer coisa eu assumo tudo ate ele ficar 100%.

_Vamo rezar por ele. Logo patrão tá em casa.

1 - Mocajee Cross, corrida de motos, jeeps e carroças modalidade esportiva da região.