Capítulo Cinco

Capitulo 05


Antônio estava ainda fora de orbita, devia estar muito louco, por um momento achou que tinha visto Agatha descendo a calçada para atravessar a rua. Mas isso e só loucura de sua cabeça, ela não veio ate hoje, porque viria agora?

O sonho que teve com ela na noite anterior o deixou impressionado e isso, só precisa de um pouco de adrenalina e esta loucura iria passa e iria deixar de pensar nela como vinha fazendo nestes últimos dias, toda vez que fechava os olhos aquilo que aconteceu anos atrás vinha o atormentar como um fantasma camarada que virou assombração constante.

Mas aquela mulher que viu era tão parecida.

Não droga, ele tinha que saber.

_Se viu se aquele carro preto que tava ali do lado, era da fazenda do Munhoz?

_Era sim, o Noel quem tava no carro. Por quê? – sua importância para a conversa era a mínima, o que mais lhe interessava era o que tinha no celular.

_Cê viu a mulher que atravessava a rua? 

_Não, algum rabo de saia seu? - Riu

_Não. Só acho que conhecia, sei lá. Larga de mão, coisa boba.

_Hum. – Arthur era o cara mais desligado do mundo, nunca via nada, nunca sabia de nada sempre agarrado a um celular ou no notebook. Às vezes irritava do quanto ele se isolava do mundo apenas por enfiar a cara numa telinha brilhante fazendo-se sabia deus o que.

Diacho, devia ter descido e ido atrás, assim não estaria nesta agonia maldita agora de ficar no: "e se'.

Isso ia lhe consumir como uma dose de veneno, matando aos poucos ate parar de respirar.

Agatha chegou à fazenda, desceu do carro e entrou rapidamente. Precisava ver os filhos, apenas abraçar os dois e só assim sentir acalmar o coração acelerado. Tinha visto Antônio, o visto tão perto e tão longe, pelo que percebeu ele também a viu, mas não deve tê-la reconhecido, mudou muito em dez anos, não era mais a garota gordinha que o seguia como um cãozinho em busca de uma passada de mão no topo da cabeça ou um afago nas orelhas, era uma mulher agora.

_Momy, você chegou. –Sam sorriu indo abraçá-la. – Como o gradma estar? – olhou curioso.

_Está melhorando querido, só que precisa de uma cirurgia muito importante, mas logo, logo ele estará aqui conosco. –Seu menino era tão doce e carinhoso, diferente de Amanda que era mais geniosa, e sempre queria e queria do seu jeito, da sua forma. – Com esta se sentindo aqui?

_Eu gostar momy, querer morar aqui pra sempre. Josefina me mostrar às galinhas, vi os cavalos são enorme. Gostar muito. – Estava animado.

_Que bom querido, e sua irmã. Onde ela esta?

_Ainda no quarto, estar com raiva. – Revirou os olhos, ambos eram gêmeos idênticos, mas gênios completamente diferentes.

_Por quê?

_Não saber, Momy. Ir dar volta agora, tudo bem? – Quando se tratava de sua irmã ele não dava muita importância aos chiliques dela, sempre achou que era para chamar atenção.

_Sim meu anjo, mas não saia da fazenda e nem fique muito longe. A mesma coisa quando estamos em casa, se aplica aqui? Okay?

Ele confirmou com a cabeça e saiu, estava todo trajado de um vaqueirinho típico da região, botinas, jeans e um chapéu de vaqueiro que seu avô tinha lhe dado a ultima vez que foi a Chicago. Agatha quase babou olhando seu filho sair, já era um homenzinho, porém para ela, ele sempre seria o seu pequeno bebê de dois quilos e quatrocentas gramas que chorou terrivelmente quando nasceu.

Com um suspiro profundo de mãe coruja ela seguiu e foi ate o quarto onde estava filha, largada na cama fitando o teto cantarolando uma musica de alguma boyband do momento.

_O que ouve? – Se aproximou.

_Eu querer ir embora, querer voltar para casa. Não gostar daqui.

_Eu sei querida, mas só aguenta um pouquinho, seu avô não estar bem ainda. Assim que ele ficar melhor voltamos e você volta a sua rotina e seu balé. –Pediu carinhosa enquanto ela deitava a cabeça em seu colo, tinha longos cabelos negros ondulados, finos e macios exalavam o cheirinho de shampoo.

_Aqui ser chato. E my brother também. Só querer ver nosso Daddy. Eu não querer ver ele, mãe. – Fez beicinho.

Agatha arregalou os olhos. Que o filho queria muito conhecer o pai não era novidade para ela, nunca explicou aos dois o que ouve, Samuel nunca aceitou homem algum em sua vida, sempre disse que só queria seu pai e ninguém mais, só que ele não sabia quem era, não sabia de onde era, como ele descobriu que o pai era dali, alguém o contou, mas quem? Isso a deixou em total pânico.

_Como assim querer ver o pai de vocês, Amanda?

_Ele saber que nosso pai morar aqui. Ver foto que você guardar.

_Como assim, filha? – A encarou. Tudo que não queria estava acontecendo em apenas dois dias que chegou ali.

_Ele ouvir conversas suas. Ele saber tudo sobre daddy. Eu também saber, mas não ter curiosidade.

_O que você sabe?

_Que ele deixou você, que não saber sobre nos. – Em sua voz, Agatha sentiu um tanto de magoa e rancor por isso. Ela se sentia magoada, mas com quem? Agatha ou o próprio pai que nem sabia de sua existência.

Lembranças dolorosas surgiram para atormentá-la.

Depois que desceu do carro de Antônio quando ele a escorraçou correu para casa, queria esquecer aquilo tudo, queria apagar aquela noite, era sua culpa mesmo, ela deixou isso acontecer, se não fosse tão burra, se não fosse estupida demais, ele não teria a tratado como vagabunda, agora não havia mais jeito. Ela entrou a casa estava escura, todos estavam dormindo. Seus pais achavam que ela tinha ido dormir na casa da amiga, mas não, tinha saído e ido atrás dele com aquele presente idiota.  Subiu para o quarto e chorou agarrada a travesseiro a noite inteira.

Culpou-se, se sentiu suja, se sentiu imunda, se sentiu uma vadia.

Pensou logo que sua mãe iria descobrir que não era mais uma mocinha, Alana era tão sagaz, o medo de ser descoberta fazendo coisas idiotas ficou maior a cada minuto, sempre foi centrada, nunca mentiu para os pais, mas por Antônio fez tudo que sua mãe e seu pai pediram-lhe para não fazer.

Os tinha decepcionado, e isso se tornava ainda pior, por um momento pensou em cortar os pulsos. O arrependimento bateu firme.

Levantou-se era dez da manha, tirou aquelas roupas que ainda tinha o cheiro dele, rasgou com uma tesoura e queimou-as. Só tinha 16 anos pensava idiotices e fazia idiotices, seus pais a amavam, não ia deixar isso acabar com ela, um dia teria que haver, pelo menos foi com alguém que ela amava, não foi o final que esperava, mas agora era seguir em frente e passar uma borracha no que ouve.

Ate ai tudo bem, mas os meses seguintes foram estranhos, seu corpo começou a mudar, sentia coisas diferentes, sua menstruação foi à primeira coisa que mudou, seus seios já eram grandes estavam maiores, sua barriga que já era saliente foi ficando mais redonda e foi ai que a ficha caiu. Estava grávida. Não só ela percebeu, sua mãe também, tentou negar mais a barriga ia ficar cada vez maior e logo o bebe ia nascer não tinha pra onde fugir. Seu pai foi questão de dias para descobrir o que sua mãe já sabia há um mês. Ai foi que tudo virou uma bola de neve, seu pai sabia que ela tinha uma queda por Antônio, ligou uma coisa à outra. Ficou louco, disse coisas dolorosas que só um pai magoado e envergonhado diria. Depois pegou uma arma e saiu atrás de Antônio, mesmo ela e sua mãe implorando para não fazer isso.

Por um momento achou que seu pai ia mata-lo. Ela não desejava isso, mas desejou quando ele negou que ouve algo com os dois, aquilo foi pior que um chute na cara com uma botina de bico fino. O amor que tinha por ele naquele momento virou uma magoa tão grande que desejou ela própria pegar a arma do pai e atirar nele.

Após toda aquela cena, chegou em casa chorou tanto que engasgava com os soluços, seu pai vendo que ela sofria tomou uma decisão, ele sabia que o pai era Antônio, e já que ele não foi homem para assumir o que fez, não era homem para assumir o filho, então ela ia sair da cidade, ir para outro lugar ate o bebe nascer, Agatha não questionou só acatou a decisão dele, queria sumir e cuidar do filho queria nunca mais ser vista por ele.

A surpresa maior veio quando descobriu que eram um casal de gêmeos, eram lindos, bochechas gordinhas, brancos que se podia ver as veias pelo corpinho, os olhos foi a primeira coisa que ela percebeu que tinham puxado do pai, ate então eram carecas, e os cabelos foram nascendo loiros, mas em uma certa idade começou a ficar negros. Os dois eram seu mundo agora, e faria o impossível para nunca machucar ambos, e desta vez mataria, Antônio Valente se ele fizesse.

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