Capitulo Um


Capitulo 01

Cidade de Ipameri, Goiás  2016

Antônio estava sentado em uma das cadeiras de balanço na varanda da casa olhando o horizonte o pasto verdinho, as arvores soltando as folhas no chão com o vento. Os dois cabritinhos endemoniados da Catarina dando cabeçadas um no outro, os quarto de milha relinchando pelas éguas que pastavam.

Ele segurava em suas mãos o cordão em ouro que ganhou há onze anos, ainda se corroía por ter sido um completo covarde naquele dia em que, Carlos Munhoz chegou a fazenda de seu irmão com uma espingarda pronto para o acertar um dos cartuchos bem no meio da testa, porém isso não era o que mais o corroía, e sim o olhar de tristeza e desprezo que recebeu de Agatha quando disse que nunca teve nada com ela.

Uma mentira horrível.

Aquilo o assombrava muitas das noites ao longo dos anos, era pior quando fazia sexo com alguém. Quando se arrependeu e decidiu contar toda a verdadeira verdade era tarde, ela já tinha ido embora morar nos Estados Unidos e nunca mais voltou, há uns anos tentou sondar onde ela estava, mas ninguém nunca contou.

Era estranho.

Agora que seu irmão mais velho estava se assentando em uma relação amorosa, ia casar, já tinha um bebê a caminho, ele sentiu que podia ter o mesmo que André. Não tinha inveja de André com Catarina longe dele isso, mas ele desejava ter alguém para amar e amá-lo, ter um amor para chamar de seu, ter alguém com quem dividir a vida, alguém que todas as noites dormissem agarradinho, falar de como foi seu dia, fazer amor todas as manhas antes de ir para lida, ter os próprios filhos, envelhecer ao lado da mulher que o amasse e que ele também amasse.

Só que agora com 30 anos não tinha achado nenhuma que fosse certa para isso, teve mulher aos montes, mas nenhuma o prendeu, no fundo no fundo ele queria resolver o passado para assim poder ter o futuro que desejava.

Nunca teve coragem de olhar na cara do pai dela depois daquilo, sempre que o via na cidade mudava de calçada ou saia do ambiente, era um fraco covarde como ele disse. Nunca teve a coragem de olhar o homem nos córneos ou assumir seu erro, depois de tudo que ouve no dia em que ele foi ate fazenda disposto a atirar nele, André o puxou pela orelha e botou ele para explicar o que tinha realmente acontecido. A vergonha o consumia quando revelou que tirou a virgindade da menina no banco do carro sujo do irmão e depois do ato em si se arrependeu profundamente e a enxotou como se não fosse um nada. Não podia culpar a bebida pelo seu erro, no fundo no fundo ele estava ciente do que fazia, não foi o álcool que driblou sua mente, mas sim o desejo de um homem que não soube controlar seu ímpeto.

André não o julgo apenas lhe disse que se ele estava tranquilo com a consciência depois do que fez que seguisse a vida como estava. Agora se estava arrependido ia atrás da menina e assumia o erro como um homem de verdade.

Horas e horas sentado pensando no que fazer ele decidiu ir atrás dela. Mas não a achou e não soube onde estava, ate que ouviu na cidade que o pai tinha a mandado para casa de uma tia que morava fora e desde então sentia o amargor na boca.

Arrependimento, desprezo por si mesmo e vergonha por não ser o homem que julgava-se ser. Era só um moleque adulto.

_Tá pensando na morte da bezerra, irmão? – Ana bateu atrás de sua cabeça. Sentou ao seu lado e encarou curiosa balançando a cadeira pra lá e pra cá.

_ O que cê quer, peste? – Pois o cordão de volta no pescoço escondendo dentro da camisa.

_Espia, cê anda com uma cara de bunda nos últimos dias, que cê tem? Tá com prisão de ventre e? Olha eu tenho um remédio bom...

_A não enche, cara de bunda quem tem e você. Olivia palito.

_Ah seu escomungado, retira o que você falou agora mesmo. –Agarrou a orelha dele puxando forte a cartilagem que estalou.

_Ai, ai, ai. –Gemia com a dor. – Solta sua peste, isso dói pra diabo. – Rosnava como um cachorro com raiva.

_Vocês dois tem que idade em? –Catarina surgiu com as mãos na cintura os encarando.

_Foi ele quem começou. Me chamou de Olivia palito. Este paia. - Acertou o cotovelo na costela dele que se encolheu.

_Foi nada. Eu tava aqui no meu canto e ela chegou me chamando de cara de bunda. –Massageou a costela.

_Olha só, eu vou chamar o André e dizer que vocês dois estão me estressando. – Passou a mão no ventre redondinho, estava com quatro meses e se podia ver a barriguinha se formando. Estava fofa.

_Não. – gemeram juntos.

_Então se comportem. –Sorriu. Ela estava diabólica, qualquer briga que acontecia na casa, ela ameaçava chamar André, e o homem estava igual um pavão rondando ela, só faltava a carregar de lá pra cá no colo. Não queria a ver estressada, não queria a ver preocupada, estava um verdadeiro porre.

_Seu monstrinho perverso. –Ana franziu a testa em completo descontentamento.

Catarina piscou os cílios angelicais e os olhou.

_Aqui, Leide quer estas coisas da lista pra fazer o almoço. – Entregou a listinha para Antônio. –Já que cê num ta fazendo nada vai comprar tudo, o meu vaqueiro ta ocupado com Adrian curando um boi bichado. Além do mais o André não me quer dirigindo sozinha por ai, então Tony vai lá, vai.

_Ta bom, mandona. – Olhou a listinha. – Espia só, pra que a Leide quer salgadinhos de pimenta mexicana? –Lhe encarou.

_Não e pra, Leide. E pra mim. E desejo, o bebê quer salgadinhos. Você não quer deixar o seu ou sua sobrinha com vontades quer?

Com uma careta de desgosto ele saiu resmungando.

Ele que não fizesse o que Catarina queria para ver, André seria capaz de o por no troco e lhe dar chibatadas.

Ele estava completamente assustador.

_Este cabra ta estranho, de uns dias pra cá ta melancólico. Tem coisa errada nesse angu.

_Quer dizer o que com isso? – Seguiu para rede se deitando.

_Num sei bem, cê sabe que ele e alegre, mas eu sinto que e uma mascara que ele usa pra esconder uma tristeza. E acho que tem haver com a pessoa que deu aquele cordão pra ele. Vejo segurando aquilo como se a vida toda dele tivesse naquele trem. – Se juntou a ela.

_Eu sinto isso desde que anunciamos sobre o bebê e o casamento. Será que ele não gostou disso?

_ Ah larga de se besta. Num tem nada haver com vocês, e coisa dele mesmo. E eu vou descobrir, ou não me chamo, Ana Maria Borges Valente. – Estava decidida. Já havia ajudado um irmão, agora faltava ajudar um outro.

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