Dedicatória 4
Dedicatória póstuma, publicada no livro Escolhas do Coração - O Confronto, livro 4:
Dedico essa obra ao amor que sempre existiu em meu coração desde sua formação, desde seu primeiro pulsar ritmado pelo amor, foi o seu desejo que me deu a vida, foi sua voz que me incentivou a crescer no ventre da minha mãe e foi o seu o amor o meu maior alento por toda a minha vida... O teu incentivo tem sido meu único motivo para viver.
Ronaldo Alves, meu pai, meu herói, meu papaizinho lindo e meu grande amor.
Aba, daria tudo para recostar no seu peito mais uma vez e sentir suas mãos acariciando meu rosto, ouvir o pulsar do seu doce coração e sua voz terna dizendo que se eu tentasse mais uma vez e que tudo daria certo...
Eu segui seus conselhos, papaizinho, fiz as escolhas do meu coração, mas o tempo parece parado quando estou longe de você, sinto tanta falta do seu colo e dos seus conselhos, é como se eu estivesse abandonada em meio ao caos dessa vida.
Relembro daquela conversa que tivemos à tarde quando você sugeriu que eu escrevesse os meus textos porque, segundo seus olhos orgulhosos e amorosos, eu era muito talentosa para tal e não deveria desperdiçar essa chance...
Eu escrevi sobre a nossa história, Aba, e muitos se emocionaram com o amor que partilhamos e com os sonhos que sonhamos juntos, o que diriam se soubessem o quão forte a minha fênix foi? Acho que esse é o momento de compartilhar com vocês a minha dor em toda a sua extensão.
O começo do fim foi em 17 de dezembro de 2013 - Santo André - São Paulo
Recebo uma ligação as oito da noite da Ana, namorada do meu pai na época.
--- Weenny, seu pai teve uma convulsão, ele tá muito mal, pelo amor de Deus, eu tô desesperada e aqui sozinha. -- ela diz, chorando e apavorada, me deixando em pânico.
--- Calma, Ana, estou indo para aí, me diz onde é e o que está acontecendo com meu pai, eu vou agora!
--- Não, minha filha, não quero ver você na estrada agora, pelo amor de Deus, vou ficar preocupada com os dois. Você tem que ver que coisa horrível, seu pai falou que tava se sentindo mal e a gente veio aqui para o hospital, a gente tava aqui na minha mãe, aí estávamos esperando o médico e ele convulsionou.
--- Você não consegue ver meu pai? O médico não diz nada?
--- Levaram ele lá pra dentro, estão cuidando dele, quando você vier vai poder entrar porque você é fisioterapeuta. O médico diz que parece que foi um AVC, ele não estava mexendo do lado esquerdo.
--- Eu vou aí.
--- Vem amanhã cedo, pelo amor de Deus, ele tá sendo cuidado, me promete, Weenny.
--- Tá bom.
Arrumo minhas coisas, vou para a rodoviária e pego o ônibus as cinco da manhã, chego meio dia e vou direto para o hospital, alucinada, sem comer, sem dormir, chorando, orando, suplicando para Deus que salve meu pai e me leve no lugar, me mate, me aleije, faça qualquer coisa comigo, mas o deixe vivo e bem.
Mal falo com a Ana, ela me mostra as peças de roupas do meu pai e diz que ele se urinou e quebrou a protése oral durante a convulsão, demonstrando o vigor do momento.
--- O médico diz que ele estava tentando levantar para fazer xixi. - Ana diz.
--- Então o lado esquerdo está funcionando, não é? - constato.
Corro para ver e quase invado a UTI, uso da minha profissão para coagí-los a me deixar entrar e procuro naquela unidade por meu pai e ele está jogado com outros pacientes de qualquer maneira e sem cuidado.
--- Filhinha! -- ele diz com dificuldade.
--- Ah pai -- passo a mão por todo o seu corpo e ele vai levantando.
--- Me leva embora daqui, estou bem.
O médico chega e aconselha a retirarmos meu pai de lá porque senão ele vai pegar pneumonia (e os pulmões dele já estavam com ausculta de roncos), aceito imediatamente e levo meu pai mesmo estando meio sedado, coloco-o na cadeira de rodas e termino de vestí-lo.
--- Doutor, afinal o que o meu pai teve?
--- Achamos na tomografia dele uma pequena mancha, não podemos chamar de AVC, foi somente uma encefalopatia hipertensiva. -- o médico explica.
--- Sem sequelas? -- pergunto e ele confirma.
Chamamos um taxi e deixamos a cadeira de rodas do hospital (que falta ela fez!).
Chegamos na casa da mãe da Ana, descemos do taxi e ela e eu tivemos que carregar meu pai até o primeiro andar, o peso dele recaia sobre meus ombros, mas eu resisti e o levamos até a cama.
Cuidamos do papaizinho e logo ele estava melhor, voltamos para São Paulo e naquele ano passamos o ano novo juntos, o último reveillón dele.

--- Filhinha, shiu -- ele faz um gesto com o dedo --- Não fala nada pra ela, mas minha pressão caiu, pega o aparelho?
Vou em silêncio e pego o aparelho, quando começo a aferir a pressão a Ana começa a se apavorar e fazer escândalo dizendo que meu pai está passando mal, aí ele realmente começa a se sentir pior, o colocamos no carro e levamos para o pronto socorro.
Mais uma vez apenas o medicam e ele retorna para casa, sob meus cuidados e dorme em meu quarto, com sua filhinha preocupada sob vigilância.
Em janeiro, Ana e meu pai decidem retornar para Aracajú, lá os amigos do meu pai decidem fazer exames para ter um diagnóstico preciso dessa tal pequena mancha que apareceu na tomografia e que seria uma encefalopatia hipertensiva e chegam a um prognóstico que seria a sua sentença de morte.
Continua...
Se eu pudesse teria dado a minha vida pela tua, derramado até a última gota do meu sangue por você e não apenas o meu suor e lágrimas.
Com você, por você e em você,
A minha vida, minha obra e meu ser
A sua Riqueza, Filhinha, Amor do Pai, Dra Weenny
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top