46. Quarenta Seis

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Jungkook finalmente acordou e agora tem que lidar com a consequência de seus atos. Mas ele não  vai cruzar os braços e aceitar. Vamos ver como ele irá agir
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Fora do uniforme, a chefe Na está quase irreconhecível. Mesmo depois de já estar sentado em frente a ela por alguns minutos, Jungkook ainda está consideravelmente impressionado com sua capacidade de fazer a transição de uma policial brusca para uma despretensiosa senhora de meia-idade.

Hoje, ela não parece diferente de uma mãe que está alguns anos atrás das últimas tendências da moda. Seu cabelo curto está ondulado em volta do rosto, em vez de preso atrás das orelhas, e ela até se recosta em sua cadeira de café, girando sem pensar o conteúdo de seu café gelado. Sua roupa é mal ajustada e sem graça. Ela é chata. Ela é uma ninguém. Ela combina perfeitamente. Ela poderia ser a própria mãe de Jungkook, ou uma tia, ou uma professora.

Ele veio vestindo calças lisas e uma camiseta gráfica, nada muito chamativo, mas nada que faça parecer que ele está se esforçando demais. Afinal, ele tem vinte e poucos anos. Embora ele nunca tenha se importado com os curiosos quando se trata de seus trajes detalhados, ele achou que era melhor parecer mais um jovem nada imponente hoje.

Ele se anima ao ver Namjoon entrar. Ele também se parece com qualquer outro cara. Na verdade, ele parece um autor estereotipado com seu estilo natural e terreno. Pensando bem, ele não acha que Namjoon se esforçou muito ao se vestir hoje.

Namjoon pede uma bebida no balcão antes de vir. Jungkook bebe impacientemente enquanto espera. Sem pensar, ele levanta da mesa de maneira errada, estremecendo enquanto suas costelas latejam com uma dor surda. A chefe Na lhe lança um olhar levemente preocupado, mas ele apenas balança a cabeça. Jungkook não pode fazer nada sobre isso. Seus analgésicos estão programados e ele não pode pegar uma bolsa de gelo agora. Ele apenas se retrai lentamente para uma posição ereta, respirando profundamente.

Namjoon percebe sua expressão tensa quando se senta entre ele e a Chefe Na.

— Você deveria estar andando por aí? — Ele pergunta no lugar de uma saudação.

— Na verdade, eu não deveria estar em repouso na cama. — Explica Jungkook. — O médico disse para seguir meu dia normalmente, menos qualquer atividade física intensa. Está tudo bem com os analgésicos e o gelo, a menos que eu me mova errado, como agora. Mas bom saber, eu só preciso sentar desajeitadamente assim o tempo todo, não é grande coisa. Pelo menos vocês dois parecem naturais. Espero que isso me anule.

Namjoon não parece estar convencido, mas não diz mais nada sobre isso.

— Então, — Jungkook começa, — agora que parecemos dois irmãos com senso de moda oposto tomando um café da tarde com sua mãe chata, mas muito querida, devemos discutir nossos próximos passos? A qualidade do vídeo está boa ou a câmera estava virada para as minhas roupas o tempo todo?

— A evidência é proficiente. — Responde a chefe Na, sem ênfase. — Na verdade, é mais do que poderíamos esperar.

— Não foi muito vago?

— Não importa se é. Qualquer coisa vaga insinua o suficiente, especialmente quando há imagens claras do culpado comandando a violência física contra um oponente justo, e seu filho inocente e horrorizado sendo contido e forçado a assistir.

Jungkook aperta sua mandíbula, a memória do rosto de Jimin cruel.

— Então, você acredita que é o suficiente para condenação.

— Não pelos canais oficiais.

— Ainda? — Jungkook zomba.

— Seria fechado por quebrar os direitos de privacidade. — Diz Na. — Qualquer coisa que Kangdae dissesse seria nula.

— Mas é aí que entra a opinião pública. — Acrescenta Namjoon.

— Exatamente. Uma vez que as pessoas estão envolvidas, as mesmas desculpas para negar a condenação de Kangdae seriam convenientemente combatidas pelos mesmos tribunais que a fecharam em primeiro lugar.

— E se eles não puderem? — Jungkook pergunta. — Ou ainda não vai?

— Eu não me preocuparia com os detalhes legais. — Garante Na. — Não importa o resultado do processo, o passado de Park Kangdae será conhecido por toda a nação. Seus pecados serão revelados e ele será corretamente retratado como o vilão desta história. Qualquer pessoa influente que fez negócios secretamente com ele ou olhou cegamente sobre seu alcance preferiria se salvar a deixá-lo escapar. Com bastante clamor público, é mais benéfico tomar uma posição do que fechar os olhos. O pior cenário é que nossa filmagem não pode condená-lo, e Kangdae ainda continuará perambular pelas ruas, mas agora as autoridades estarão procurando por cada movimento seu, porque terão motivos para prendê-lo por outra coisa. Eles vão querer.

— Imagine a influência positiva para qualquer equipe que o trouxer depois que suas atrocidades forem lançadas dos telhados. — Diz Namjoon.

Jungkook não tem certeza se ri ou chora. Ele sabe que sempre foi assim, mas a ironia continua a matá-lo. Em vez de se sentir bem por não ser o único que reconhece a corrupção de seu país, a consciência do mesmo só o faz se sentir pior.

Mas ele não pode consertar o que já está quebrado. Não cabe a ele. Ele não quer mudar o mundo, mesmo que deseje. Nunca foi seu objetivo ser um ativista público que denuncia o sistema, mas apenas buscar justiça por sua perda pessoal. Ele é egoísta por fazer isso? Ele não sabe. Ele suspeita que esta é uma pergunta para a qual nunca encontrará a resposta. Se alguém se levantar para rebater, torcerá do lado de fora, mas se for colocado no home plate, teme ser do tipo que ataca.

A única coisa que ele pode fazer é se adaptar e vencer o adversário em seu próprio jogo, longe dos holofotes.

— Namjoon, como vai a lista? — Pergunta a Chefe Na.

— Reuni cerca de 150 contatos até agora.

— Duplique.

— Que lista? — Jungkook pergunta.

— Jornalistas, — Diz Namjoon, — âncoras de notícias, apresentadores de podcast, até mesmo estrelas da mídia social. Qualquer pessoa com alcance nos canais certos. Estaremos enviando essa filmagem para eles como um discurso de relações públicas.

Com pressa preocupada Jungkook pergunta:

— Você ainda não enviou para ninguém, não é?

— Não, claro que não. Primeiro, queríamos falar com você depois que você saísse do hospital.

Jungkook solta um suspiro aliviado.

— Bom. Obrigado.

— De repente, não está com pressa?

— Eu quero explicar tudo para Jimin antes de fazermos qualquer coisa.

Há uma batida de silêncio. Namjoon pressiona sua boca, desajeitadamente pegando sua bebida para beber.

— O que? — Jungkook pressiona. — Você já disse a ele?

— Nem tudo, — Ele admite, — mas eu tinha que pelo menos compartilhar meu lado das coisas. Ele é meu melhor amigo, e eu escondi esse lado da minha vida dele por anos. Eu não planejei exatamente que ele descobrisse quando  eu entrasse para salvá-lo depois que você confrontasse Kangdae, mas Jimin não deveria estar lá em primeiro lugar. Obrigado por isso, a propósito. Se você não estivesse ferido, eu daria um soco na sua barriga, seu filho da puta.

Jungkook mantém a cabeça erguida, recusando-se a recuar de sua decisão anterior.

— Kangdae não teria dito um quarto do que temos no vídeo se Jimin não estivesse lá. Eu sei que você sabe disso.

— Eu não sei disso, na verdade.

— Então você estava realmente disposto a arriscar?

— Sim, porque fui lá com a impressão de que estava presente apenas como reforço para você e não para você e meu melhor amigo.

— Jimin foi o catalisador. Park Kangdae não tinha motivos para repetir verbalmente qualquer coisa comigo se Jimin não estivesse lá para contar e, além disso, tenho certeza de que Kangdae teria me chutado para a rua em um pequeno aborrecimento em vez de me espancar. Tenho certeza que minha dor será um visual convincente para nossa causa. A chefe Na não disse algo semelhante apenas alguns minutos atrás?

— Você se desviou do nosso plano. — Na concisamente interrompe.

Jungkook fica em silêncio por sua declaração severa. Ele não tem escrúpulos em defender suas ações para Kim Namjoon, mas o chefe Na inaugura um senso automático de hierarquia. O mal-estar reprimido de Jungkook por levar Jimin junto volta à superfície quando é ela quem o diz.

— Você confrontou Park Kangdae voluntariamente, — Ela continua, — compreendendo o que estava em jogo. Você não ofereceu a Park Jimin o mesmo.

— Eu disse a ele que estava me encontrando com o homem que matou meu irmão. — Jungkook murmura, mas soa fraco até para seus próprios ouvidos. — Eu disse a ele que era perigoso. E pedi a ele que viesse comigo. Eu não o forcei.

— Mas ele não sabia exatamente quem você o estava trazendo para encontrar. Você claramente optou por não revelar que este homem era o pai dele.

Jungkook fica quieto, incapaz de negar.

— Sou indiferente quanto ao certo e errado pessoal. — Na diz a ele. — Não é da minha conta. Mas é fato que você levou alguém para uma operação secreta e não oficial na qual ele tinha uma compreensão confusa de onde estava entrando. Qualquer dano causado a ele estaria em nossas cabeças, não apenas na sua.

Jungkook não contou a Namjoon e a chefe Na porque sabia que eles não teriam permitido. Namjoon, por razões óbvias. Chefe Na exatamente pelo que ela estava repreendendo agora.

— No entanto, — Continua Na. — acho que você está certo em  dizer que Kangdae não teria admitido uma quantidade considerável do que ele fez se seu filho não estivesse presente.

As sobrancelhas de Namjoon disparam quando Jungkook por pouco evita sacudir o torso de surpresa, salvando-se de potencialmente irritar seus ossos em cura.

— Você concorda com ele? — Namjoon fica boquiaberto.

— Objetivamente, foi a decisão mais eficiente.

Namjoon bufa, caindo para trás na cadeira enquanto murmura:

— Inacreditável.

— Se você fosse um policial oficial sob minha liderança, — Na diz a Jungkook, — você seria punido, mas felizmente para você, nada disso aconteceu oficialmente. Não estávamos envolvidos. Quando o vídeo for enviado, não será nosso, mas de um cidadão anônimo indetectável. Todos os nomes além do de Park Kangdae serão apagados, todos os rostos que não sejam dele e de seus homens serão borrados, todas as outras vozes drasticamente alteradas.

Jungkook engole com força, dizendo mais para Namjoon do que para qualquer outra pessoa:

— Por favor, não envie até que eu tenha falado com Jimin. Ele precisa ouvir isso de mim antes da mídia.

— Ainda precisamos terminar de editar e reunir contatos. — Na lembra.

— Se ele ao menos te ver. — Namjoon acrescenta com um grunhido, cruzando os braços.

— O que... o que ele disse?

— Sobre você? Não muito. Tenho certeza que não vou pressioná-lo. Você deveria falar com ele, na verdade.

Jungkook olha para seu colo.

— Ele não respondeu nenhuma das minhas mensagens. Ele não está em seu apartamento ou não atende a porta.

Namjoon estreita seu olhar.

— Você tentou vê-lo?

— Foi o primeiro lugar que fui depois de sair do hospital.

Uma leve surpresa cobre o rosto de Namjoon. Talvez ele pensasse que a primeira prioridade de Jungkook seria esse encontro atual entre os três.

— Se não houver mais perguntas sobre Park Kangdae, — Na menciona intencionalmente, já se preparando para ficar longe da atmosfera pesada. — então eu irei embora. Jungkook, por favor, consulte Namjoon para qualquer atualização, pois é com ele que tenho um canal de comunicação direta. Não iremos prosseguir até que estejamos todos prontos, mas deixe Namjoon saber quando isso acontecer, para que ele possa me informar. — Ela permanece por um momento, seus olhos estóicos mal suavizando. — Estou feliz que você esteja bem, na maior parte, de qualquer maneira. Nunca vou mentir para você, mas tenho esperança de que, pessoalmente, acredito que isso será bem-sucedido.

Com isso, ela acena com a cabeça antes de sair, deixando Jungkook e Namjoon para discutir a principal pessoa que os une.

Jungkook é o primeiro a quebrar o silêncio.

— Você sabe onde ele está.

— Claro que eu sei.

— Por favor, diga.

— Eu não acho que ele quer ver você.

— Você acabou de dizer que eu deveria falar com ele.

— Estou ciente.

— Namjoon. — Jungkook implora. — Por favor. Preciso me explicar para ele, nem mesmo por mim, mas para que ele não fique se perguntando o que era real e o que não era. Tenho certeza que ele ficou confuso quando você se explicou a ele, certo? Imagine como ele deve estar confuso sobre mim. Passei mais tempo com ele no ano passado do que com qualquer outra pessoa.

Namjoon torce a boca, marcando o dedo em cima da mesa. Visivelmente relutante, ele finalmente diz:

— Tudo bem. Mas não quero levá-lo a ele como um pedido de desculpas em uma bandeja de prata. O que quer que esteja entre vocês dois não tem nada a ver comigo.

— Eu sei. Não espero que você escolha um lado.

— Não há escolha; Eu estou sempre do lado de Jimin. É por isso que mantive o controle sobre o pai dele por tanto tempo. Não foi apenas uma coincidência que a chefe Na me fez vigiá-lo. Qualquer um de seus espiões secretos poderia ter aceitado o trabalho, mas insisti que Kangdae era meu. Eu nunca quis que Jimin entrasse em contato com ele. Eu sabia que isso só traria problemas. Trabalhar com você era um risco, mas era possível desde que Jimin não soubesse. Assim ele não se machucaria. Mas você o levou junto.

— Kangdae se preocupa com ele. — Jungkook diz pela enésima vez, ficando cansado de sua própria repetição. — Em seu próprio jeito doentio, ele se importa. Ele não iria realmente machucá-lo...

— Porra, o coração de Jimin está machucado, Jungkook.

Se Jungkook fosse uma flor, ele teria murchado tão rapidamente quanto uma em um lapso de tempo ao ouvir isso.

— Não é sobre levar um tiro, — Namjoon se irrita, — ou levar um soco, ou ser cortado com uma faca. Embora essas coisas sejam preocupações genuínas, esse não é o ponto. A questão é que eu sabia que, se tivéssemos sucesso, Jimin descobriria a verdade sobre seu pai eventualmente, mas seria por meio de uma fonte terceirizada. Seria indireto. Ele não teria que enfrentar o homem que o fez crescer com problemas de pai e descobrir por sua própria boca que seu pai não era apenas um pai de merda, mas um verdadeiro traficante que cometeu uma infinidade de crimes devido à natureza de seu cartel. Ele ouviria no noticiário, talvez lesse online, e se sentiria perplexo. Ele juntaria as incógnitas de sua infância e faria com que fizesse sentido, e ele poderia se sentir mal por isso, talvez surtado, mas ele provavelmente seria capaz de aceitá-lo com muito mais facilidade do que se ouvisse os horrores diretamente da boca de Kangdae. Mas não foi isso que aconteceu.

Namjoon continua, muito irritado.

— Não, Jungkook, o que aconteceu foi que ele ouviu tudo da boca de seu próprio pai. Você pode imaginar como isso é traumatizante? Principalmente quando Park Kangdae não dá a mínima para tentar suavizar o golpe?! Ele se virou contra você tão rapidamente também, para puni-lo, e ele devia saber que revelar suas verdadeiras intenções para Jimin não apenas machucaria você, mas Jimin também. Kangdae não teve nenhum problema em fazer isso. Ele não teve nenhum problema em bater em você, forçar o filho a assistir, você pode imaginar, Jungkook? Ser forçada a testemunhar o cara por quem você está basicamente apaixonada sendo espancado por seu pai há muito perdido, que acabou por ser um traficante, ao mesmo tempo em que descobre que o cara que o pai está batendo só pretendia usar você?

Jungkook se encolhe.

Namjoon não parece simpático.

— Talvez você e a chefe Na estejam certos, — Namjoon fala severamente. — talvez Kangdae não teria dito tanto se Jimin não estivesse lá, mas você é um cara esperto, Jungkook. Tenho certeza que se você quisesse, poderia ter conseguido. Mas não foi isso que aconteceu. Sem me dizer, você levou Jimin, colocando-o em uma situação que eu nunca, nunca quis que ele experimentasse. Você pode continuar falando sobre como Jimin nunca esteve em perigo físico, o que é besteira, a propósito, porque você pode presumir, mas não pode realmente saber. E a mentalidade dele? Está foda agora. Não preciso imaginar como ele está confuso sobre você. Eu vejo isso todos os dias.

Namjoon continua.

— Ele está ficando na minha casa comigo. Você quer vê-lo? Vá hoje. Vou ficar fora por algumas horas. Vou enviar uma mensagem de texto com o endereço e ligar para o saguão para avisá-los e permitir que você suba no elevador. Eu tenho uma câmera de segurança, então Jimin saberá que é você se ele verificar. Diga a ele tudo o que você quer, e talvez ele abra a porta, mas se ele não abrir, então não tire uma soneca no corredor. Não quero voltar e encontrar você esperando como se fosse um filme de romance fofo, porque não é. OK?

Jungkook só pode olhar fixamente para ele, grato e triste por tudo o que Namjoon disse.

— Obrigado. — Jungkook sussurra.

— Sim, tanto faz. Pelo bem de Jimin, não pelo seu, eu realmente espero que vocês dois possam fazer as pazes.

 
 

CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Pobre Jiminie. Espero que ele fique bem. Gostaram do capítulo com algum esclarecimento a mais. Também espero que Kangdae fique logo atrás das grades. Homenzinho demoníaco. 🤣😡

Vocês querem que Jimin perdoe Jungkook rápido ou que dê um gelo nele primeiro?

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