31. Trinta Um

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Jungkook recebeu um e-mail com um endereço. Quem o enviou? O que irá encontrar lá? Isso é um mistério. Então vamos descobrir.
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É impossível adivinhar que tipos de negócios acontecem além dessas paredes. Jungkook segue pelo corredor estreito do negócio de aluguel, passando por cômodo após cômodo com nada além de uma porta e um número piscando nos painéis laterais. Os números dos quartos refletem nas janelas de vidro do andar, o hall nivelado contra o mundo exterior. Depois de escurecer, Jungkook capta as luzes ininterruptas dos transportes, histórias após histórias abaixo.

Andar 18. Quarto número 1805. Ele não precisa passar por muitas das portas cinza ardósia para chegar ao seu destino. Além dos números claramente iluminados, os dois homens de guarda do lado de fora deixam claro que ele está no lugar certo.

Mas Jungkook para três portas de distância.

Ele estava bem em sua cobertura quando se vestiu para esta noite. Ele estava bem no caminho ate aqui. Mesmo entrando no saguão do prédio e subindo pelo elevador, ele estava bem. Mas agora, quase lá, ele sente os nervos o inundarem como a chegada imediata de um tsunami inesperado. Ele pensou que poderia fazer isso quando vestiu a jaqueta elegante que usava, nada em sua mente além de enfiar um braço em uma manga após a outra. Ele pensou que ficaria bem enquanto olhava pela janela de seu transporte ordenado, observando o tráfego diário da cidade. Ele está esperando por isso.

Quantas vezes ele teve conversas internas consigo mesmo, um lado fingindo ser Kangdae enquanto o outro era o justo Jeon Jungkook finalmente acertando as coisas? Ele imaginou como seria enfrentar Park Kangdae, enfrentar o motivo da morte de seu irmão.

Mas ele hesita aqui, a três portas de distância.

Talvez isso seja uma armadilha. Talvez ele devesse ir embora. Talvez seja melhor não enfrentá-lo. Talvez ele (JK) devesse aceitar que Kangdae nunca terá o que merece.

Talvez Jungkook nem mereça isso.

Não, ele pensa. Foda-se os nervos dele. Isso é maior do que uma centelha repentina de medo do palco.

Jungkook se aproxima dos dois guarda, ambos homens vestidos com roupas de rua um tanto ricas, mas casuais. Suas camisas são largas, provavelmente para esconder as armas escondidas sob o tecido. No topo de ambos os rostos estão os óculos holográficos, os dispositivos transparentes e curvos sobre os olhos como uma tela digital envolvente. Somente eles podem ver o conteúdo do outro lado, deixando Jungkook com nada além de uma visão azul granulada do lado externo. Atrás do azul, os dois homens olham Jungkook com ousada curiosidade quando ele para diante deles, mais confuso com sua chegada do que ameaçado.

Ele deveria se sentir aliviado com isso ou insultado?

— Você está perdido, garoto? — Diz um, seu comentário meio hilário quando ele não pode ser mais do que alguns anos mais velho que Jungkook.

— Estou aqui para ver Park Kangdae.

Os dois homens olham um para o outro.

— E quem é você? — Pergunta o outro, preguiçosamente zombeteiro como se Jungkook fosse um garotinho esquelético que não entendeu o memorando, a versão deles de algum memorando, de qualquer maneira.

Jungkook, por outro lado, está totalmente preparado para entrar por esta porta. Ele pode estar inundado de nervosismo repentino, mas sua determinação não mudou.

— Alguém com hora marcada. — Jungkook responde.

O segundo cara bufa.

— Sim, eu não sei quem você pensa que é, mas você está no lugar e na hora errada.

Jungkook levanta uma sobrancelha antes de pegar seu celular. O primeiro cara imediatamente agarra seu braço em um aperto mortalmente forte, segurando Jungkook no lugar antes mesmo que ele esteja a meio caminho de seu bolso.

— Observe onde você está alcançando. — Ele ferve entre os dentes.

— Não posso nem pegar meu celular? — Jungkook revira os olhos. — Eu tenho um e-mail.

— Que e-mail?

— Bem, — Diz Jungkook com uma doçura exagerada. — você não pode ver exatamente se eu não posso mover meu braço.

O primeiro cara estreita seus olhos já finos para ele antes de lançar um olhar para seu parceiro. O outro pondera por um segundo antes de acenar com a cabeça, e o primeiro empurra o braço de Jungkook sem cerimônia.

— Obrigado. — Jungkook diz, gentil demais para soar gentil.

— Puxe qualquer coisa que não seja um telefone. — Cospe o primeiro, — E você ficará sem uma mão antes mesmo de poder gritar.

Jungkook é humano, essa ameaça libera uma onda de medo em seu sangue. Mas, considerando que ele realmente está apenas pegando o celular, não é difícil manter a calma diante desses bandidos da vida real. Quantas pessoas eles mataram com sua ameaça? Quantas pessoas eles infligiram ainda mais? Ele não pode imaginar isso.

Jungkook pega seu celular, desbloqueando-o para abrir seu e-mail. Ele o segura para os dois capangas lerem.

— Eu não sei nada sobre isso. — Diz o primeiro.

— Nem eu. — Diz o segundo. Ele franze a testa para Jungkook. — Se você é uma distração patética enquanto seus amigos tentam fazer qualquer coisa, você pode acenar com uma bandeira branca agora.

— Eu pareço tão suspeito? — Jungkook pergunta mais para si mesmo do que para eles, examinando sua própria roupa. — Eu tentei me arrumar pelo bem do velho Kangdae.

Os dois homens não estão impressionados.

— Apenas diga ao seu chefe que Jeon Jungkook está aqui para vê-lo. — Diz ele, deixando de lado o atrevimento. Isso deve ser o suficiente, ele pensa. Mesmo algum traficante como Kangdae deve se lembrar da família da criança que ele matou. Kangdae estava consideravelmente interessado no Deca na época. Ele deve reconhecer o nome de Jungkook.

O segundo vigia mantém Jungkook à vista enquanto bate o punho duas vezes na porta atrás dele. Em vez de outro capanga abri-lo, o homem fala com alguém que está conectado aos seus óculos holográficos.

— O que o chefe está fazendo? — O homem diz. Há uma pausa enquanto ele escuta. — Então ele ainda não vai embora?… Diga a ele que tem um garoto chamado Jeon Jungkook aqui procurando por ele… Não sei, ele tem um e-mail com esta localização… Nah, eu vi o remetente, era algo sem sentido… Sério?… Entendi. — O homem cerra a mandíbula em direção a Jungkook antes de silenciosamente dar um passo para o lado, o outro guarda seguindo o exemplo. O último se vira para digitar o código da porta, balançando a mão em falsas boas-vindas quando ela destranca.

Antes que ele possa dar mais de um passo além da soleira, outro capanga, uma mulher, está parando Jungkook para executar um detector em cada centímetro dele. A mulher apenas resmunga para anunciar sua conclusão, deixando Jungkook passar.

A sala de aluguel é um espaço padrão para reuniões, com móveis modernos coloridos em branco, prata e azul. Tudo nela grita corporativo, tornando seus ocupantes atuais um locatário irônico. Há uma mesa comprida na extremidade oposta, mas não é onde Park se senta. Ele está relaxado na área de estar ao lado, de costas para a porta em um sofá de formato pontiagudo. Por um segundo, Jungkook imagina que o homem deve ser um tolo, mas então ele percebe que alguém tão procurado quanto Kangdae só se sentaria em uma posição tão precária se ele tivesse certeza absoluta de que não havia mal em fazê-lo. Em frente a ele está sentado um homem formal e ereto em seu assento, seu foco no tablet apoiado em seu colo. Com base em suas roupas escuro, ele deve ser uma versão nerd dos capangas de Park. Há mais quatro postados sobre a sala, incluindo a mulher que o escaneou em busca de posses proibidas. Eles olham para Jungkook enquanto ele se aproxima do espaço para sentar.

— Jeon Jungkook. — Kangdae diz, nem mesmo virando a cabeça para trás para acompanhar sua saudação. Ele levanta uma mão do apoio de braço, curvando um dedo. — Venha, venha. Sente-se.

É como se Jungkook fosse um animal de estimação recebendo um comando.

Jungkook se aproxima, seus passos são o único som na sala além dos pequenos toques do homem digitando em seu tablet. O homem não o cumprimenta quando Jungkook se senta na poltrona entre os dois homens.

Kangdae parece exatamente o mesmo. Jungkook pode ter sido jovem, mas ele nunca esquecerá o rosnado irritado que o chefão usou quando aquela bala desperdiçada perfurou Jeongsik. São as mesmas bochechas redondas, os mesmos olhos pequenos, mas ferozes. Superficialmente, suas feições parecem calorosas. Sem se prender a uma expressão, eles parecem deslocados acima do luxuoso terno gradiente esportivo Kangdae. Ele é quase infantil.

Ele se parece muito com Jimin.

Exceto que Kangdae usa um disfarce ofensivo desde o início. Um piscar de olhos em seus músculos faciais e sua verdadeira natureza se revela.

Por alguma razão, ver as semelhanças físicas entre Jimin e seu pai só irrita Jungkook. Ele aperta a mandíbula.

— Olhe para você, — Kangdae começa, examinando-o como se ele fosse um produto em uma prateleira. — todo adulto. Que surpresa que você veio aqui. Quase não acreditei que fosse você. Ruby deve se orgulhar de ter criado um jovem tão bonito. Ela sempre valorizou a beleza, não é?

Jungkook veio aqui na esperança de mascarar seus demônios interiores, apesar da turbulência do homem que ele finalmente está na presença, mas é por confusão, não por raiva ou mágoa, que ele escorrega.

— Surpresa? Você me convidou para vir aqui.

Kangdae não ousa exibir sua própria confusão. Em vez disso, ele levanta uma sobrancelha divertida.

— É mesmo? Bem, então você se importaria de me refrescar a memória sobre este aparente convite?

Não é de admirar que os capangas não o estivessem esperando. Quem quer que tenha lhe enviado o e-mail com a localização de Kangdae hoje à noite, não foi de Kangdae. Isso significa que quem quer que fosse sabia que ele (JK) estava procurando por Park Kangdae. Não só isso, mas eles sabiam onde e quando Kangdae estaria, e por algum motivo, eles enviaram esta informação para ele (JK) com o propósito de... ajudá-lo? Configurando-o?

Jungkook avalia cada capanga na sala. Ele sabia que seria inútil trazer qualquer defesa material, assumindo que ele seria verificado na porta. Mas agora percebendo que sua fonte é desconhecida com intenções desconhecidas, sua falta de qualquer tipo de arma o coloca em uma desvantagem ainda maior.

— Não importa. — Ele responde a Kangdae suavemente. — O que importa é que estou aqui.

Kangdae mal inclina a cabeça para ele, a ação é a personificação da condescendência. Isso lembra Jungkook de um guindaste.

— Interessante. Eu me pergunto o que você poderia ganhar me procurando agora.

— É depois de anos de busca. — Jungkook admite entre dentes. Quanto mais ele se senta aqui, menos ele consegue aguentar. Mas ele precisa.

— Estou lisonjeado por você me considerar tão digno de seu tempo. — Kangdae diz, curvando um meio sorriso altivo. — Quando meu guarda me disse seu nome, levei um momento para lembrar de você, aquele filhinho inquieto de Ruby correndo por seu luxuoso clube de entretenimento. Mas, como eu disse, você cresceu bem. Você é um artista no clube da sua mãe agora? Ou apenas vivendo uma vida separada graças aos seus ricos lucros?

É um insulto ou um elogio ser primeiro considerado um artista? Não há vergonha no trabalho, mas imaginar que Jungkook, como filho da dona do Decadentia, se tornaria apenas mais um cajado em exibição, deve ser uma provocação.

— Eu não estou aqui para discutir meus negócios. — Jungkook responde, combinando com o tom pretensioso de Kangdae. — Você se pergunta por que estou aqui. Eu me pergunto por que você ainda tem que perguntar.

— Se você estiver interessado em fazer uma compra específica, Bowon, aqui, pode lidar com qualquer transação...

— Eu não quero suas malditas drogas. Você se lembra do meu irmão?

Kangdae interrompe suas palavras, mas seu rosto seguro permanece. Ele fica em silêncio, esperando que Jungkook continue.

— Às vezes, — Jungkook diz baixinho, — eu penso em como ele seria. Há muitas fotos de quando ele estava vivo, então é claro que ele seria apenas uma versão mais velha de si mesmo, mas em quais recursos ele cresceria mais do que outros? Minha mãe me disse que meu nariz cresceu. Jeongsik tinha olhos como os meus. Seriam tão grandes agora? Talvez seja bom que ele não esteja por perto para descobrirmos. Pelo menos assim, seus olhos nunca ficam cinza. Eles conseguem manter a inocência da infância. — Jungkook nitidamente nivela Kangdae. — Você se lembra dos olhos dele? Como ele se manteve tão calmo e falou com tanto respeito com você, mesmo quando sequestrado e contido? Como ele gritou em agonia quando foi baleado, seu sangue jorrando do pequeno ferimento como uma torneira? Talvez não, né? Você escapou da cena rapidamente.

Kangdae espera, permitindo a Jungkook a chance de dizer mais. Quando ele não o faz, Kangdae responde calmamente:

— Foi uma pena, eu admito.

Jungkook endurece como cola seca.

— Foi uma tragédia.

— Vi crianças morrerem de maneiras muito mais brutais do que seu irmão. — Diz Kangdae. — Perdoe-me se não estou chorando por sua trágica memória.

— Isso não deve significar nada para você. Você nunca teve um membro imediato da família morrendo.

Algo duro, mas breve, passa por Kangdae.

— Você está errado, garoto. Não fale sobre coisas que você não sabe.

— Você está se referindo a sua esposa?

É a vez de Kangdae escorregar.

— Merda, eu sei que você teve um filho, mas você era casado, chefe? — Questiona o capanga mais próximo de onde eles estão sentados, este de alguma forma parecendo jovem e velho ao mesmo tempo. A contradição provavelmente vem da longa cicatriz que vai da sobrancelha esquerda até a maçã do rosto. Com a medicina de hoje, deve ter sido consideravelmente profundo para deixar tal marca. O homem está envolvido na conversa, mais do que os outros três guardas. Sua postura arrogante revela que é um entretenimento distorcido versus uma defesa estóica para seu chefe.

— Não. — Kangdae responde com firmeza.

— Não foi isso que eu ouvi. — Jungkook diz, encontrando facilidade em sua própria voz com o desconforto de Kangdae. Ele até cruza um tornozelo sobre o joelho. — Se bem me lembro, você teve uma esposa que morreu de câncer de mama dezesseis anos atrás.

— Sério? — Bufa o guarda cicatrizado. — Pensei que você tivesse jantado e saído, chefe, não o conhecia...

— Cale a boca se você quiser manter sua língua. — Kangdae estala. O guarda se irrita, pigarreando antes de ajustar sua posição.

Kangdae olha para Jungkook, brasas queimando em suas íris.

— Onde, exatamente, você ouviu essa afirmação?

Jungkook pega um pedaço de fiapo em suas calças.

— Do seu filho.

Ao contrário da menção de sua falecida esposa, Kangdae não oferece nenhuma reação à menção de Jimin.

— É mesmo?

— Mmm. — Acena Jungkook. — Park Jimin? Provavelmente sua altura, lábios carnudos, uma marquinha bem aqui na testa? Bem, eu suspeito que você não saberia como ele é hoje em dia, tendo deixado ele tão jovem. Inicialmente, ele contou uma história sobre você fugir com uma jovem russa, provavelmente porque não tinha interesse em discutir a realidade de seu drama familiar. Claro, eu sabia que ele estava mentindo, porque sabia que você não teria deixado sua quadrilha de drogas. No entanto, — Ele aponta com um dedo levantado. — eu não sabia que Jimin estava mentindo apenas para se abster de repetir notícias antigas e não manter segredo onde quer que você tivesse ido, porque eu percebi que ele genuinamente não tinha ideia onde você está, mas não tem ideia do que você é. Ele nem sabe que você é um chefão do tráfico, muito menos um assassino de crianças.

Este tem sido o ponto de tudo, porque Jungkook se preocupou em manter sua proximidade com Jimin, apesar dele não saber nada sobre seu pai. Bem, agora, tudo está fechando o círculo. Jungkook se força a ignorar as complexidades mais profundas de seu relacionamento crescente com Jimin. Não importa. Isso não pode distraí-lo do que ele está tentando realizar esse tempo todo.

— E você compartilhou com meu querido filho a verdade sobre minha carreira? — Kangdae pergunta, seu tom de repente ilegível.

— Ainda não. — Jungkook responde, não precisando enfatizar o ainda para chamar atenção.

Kangdae sorri. Jungkook não tem certeza de como ler isso, então ele sorri de volta.

— Então você está aqui para me ameaçar com isso? — O homem pergunta. — Porque revelar ao meu filho a natureza da minha ocupação dificilmente é uma preocupação minha.

— Foi por isso que você o abandonou? Porque você se importa tão pouco? — Jungkook suga uma respiração pensativa, inclinando a cabeça. — No entanto, ele não tem ideia de quem realmente é seu pai. Talvez você o tenha deixado para não arrastá-lo para sua vida patética.

A maneira como eles se encaram lembra Jungkook da faísca antes de uma chama. Suas palavras são zombarias encorajando um empate de algo mais sombrio, algo mais difícil, apenas esperando a desculpa para atirar.

— Você sabe o que é fascinante, Jeon Jungkook? — Começa Kangdae. — Você parece ter vindo até mim com ressentimento rançoso, puxando conversa sobre meu filho há muito esquecido, como se eu me importasse em ouvir qualquer coisa sobre o que quer que ele esteja fazendo ultimamente. Não sei qual é o seu relacionamento com ele, mas claramente é de notável importância para você com o quão apaixonadamente você está falando sobre ele.

Kangdae ganhou um ponto, e ele sabe disso, porque Jungkook para dois segundos a mais. Chamar a atenção para si mesmo sobre ter qualquer opinião positiva sobre Jimin é a última coisa que ele queria que Kangdae reconhecesse. Não ajuda ninguém. Isso pode arruinar tudo.

— Minha paixão não é por ele, — Jungkook tenta assegurar, — mas por você.

— Eu vou ter que recusar o seu afeto.

— Jimin é um artista do Deca. — Jungkook explica casualmente. — Um dos bons. Antes de nós, ele era stripper e camboy, o que começou a fazer no colégio. Jovem, não era? Mas valeu a pena, porque agora ele vive todo o esplendor e glamour do Deca.

O Kangdae de rosto sério de momentos atrás muda. Um ponto para Jungkook, ao que parece. Também parece que Park Kangdae realmente não tem ideia do que aconteceu com seu filho, e ouvir que ele acabou como artista no Decadentia depois de uma carreira igualmente focada em sexo não é o que Kangdae esperava. Talvez não seja o que ele sempre quis, e querer se refere a cuidar. Preocupar-se, mesmo. Se não for uma preocupação pessoal, talvez Kangdae esteja apenas chocado por nunca ter sido informado sobre o que Jimin está fazendo. Talvez estar por dentro seja importante, mesmo que ele afirme o contrário.

Talvez isso só importe quando se trata de seu filho.

— Então você está aqui para me informar sobre o sucesso dele? — Kangdae pergunta, sua voz perfeitamente mascarada como sempre. — Parece que ele está vivendo bem.

— Ele está. — Jungkook concorda, — Especialmente porque sou seu único patrocinador. Você se lembra de como funciona o clube da minha família, não é?

O leve sorriso de Kangdae permanece, mas não atinge seus olhos.

— Ainda estou ciente. Então você gostou do meu filho, é o que estou ouvindo?

Jungkook ri. Ele sabe que soa como um idiota quando faz isso.

— Eu pensei que você fosse mais esperto do que isso, Sr. Park. Você conseguiu iludir a mim e às autoridades por anos, mas não consegue analisar corretamente por que estou aqui hoje? Então, novamente, acabei encontrando você, no final. Eu não sabia que Jimin estava entrando para o Deca até que nosso chefe de talentos me informou sobre sua contratação. Imagine como fiquei chocado ao saber que o filho de Park Kangdae era um stripper vindo trabalhar no negócio da minha família, não um herdeiro arrogante andando por aí com você vendendo drogas para pessoas desfavorecidas para viver dos lucros.

— Pelo contrário, meus compradores variam em todos os níveis de renda.

— Quando Jimin se juntou ao Deca, — continua Jungkook, mantendo sob controle seu desgosto pelo homem diante dele, — achei que era com um propósito duplo. Talvez você estivesse fazendo alguma piada de mau gosto. Mas eu já disse que ele não tem ideia de onde e quem você é, o que me deixa em vantagem.

É a vez de Kangdae rir. O som definitivamente não imita o de seu filho. Não há vida nisso.

— Sua definição de ter vantagem deve significar algo diferente da minha, visto que você está cuidando bem dele como seu patrocinador.

— Ele é talentoso e bonito. — Jungkook admite com o disfarce de um espectador objetivo. — E alegremente inconsciente de você, assim também colocando-o no escuro em relação a como você e eu nos conhecemos.

A paciência de Kangdae para a conversa em questão diminui rapidamente.

— Você está andando em círculos, garoto. Já disse, não me importo se ele sabe...

— Eu não pretendo contar a ele. Não é por isso que estou aqui. — Jungkook senta-se ereto na cadeira, descruzando a perna da outra. — Você ainda não entendeu? Eu vim falar com você hoje por dois motivos: Primeiro, você é o motivo da morte do meu irmão, algo que você claramente esqueceu. Dois, seu filho trabalha na empresa da minha família, está sob meu controle e não teria motivos para suspeitar que eu teria interesse em usá-lo para chegar até você. Derramar para ele o segredo de sua identidade não é a ameaça que você erroneamente assumiu que estou aqui hoje.

Park ri mais uma vez, o som cada vez mais feio.

— Você é ousado, eu vou te dizer isso. Mas você é um blefe.

— Posso garantir que não sou.

— Eu o elogio por seu coração, mas aqueles de nós neste mundo que viveram um pouco mais do que você, entendem que é inútil perder tempo com vingança mesquinha. É natural sentir emoções de raiva e perda, que podem nunca passar, mas agir sobre elas? Um homem inteligente sabe quando não. Um tolo nem sabe que tem escolha.

— Então, você não está nem um pouco preocupado com seu filho. — Jungkook conclui, estreitando seu olhar. — Por isso você está me chamando de blefe? Não porque você está realmente preocupado com qualquer dano que aconteça a ele.

Kangdae encolhe os ombros.

— Mesmo se eu estivesse preocupado com o perigo de meu filho, ainda não preciso, por isso estou chamando de blefe.

— Você realmente não se importa com o que acontece com ele? — Jungkook pergunta, sua suave leviandade se esvaindo dele. — Ele me disse que você pode não ter prestado muita atenção nele quando criança, mas ficou claro que você amava a mãe dele. Ele é filho dela, tanto quanto é seu. Como ela se sentiria sabendo que você o deixou nas ruas todos esses anos? Para se vender para filhos da puta abusivos em clubes?

— Aparentemente, ele está vivendo uma vida boa hoje em dia por causa disso.

— Demorou muito para ele chegar a esse ponto. — Justifica Jungkook. — Tenho certeza que a mãe dele ficaria envergonhada se estivesse viva...

A fúria explode de Kangdae.

— Não a mencione novamente. Você não sabe nada sobre isso.

Estalando a língua, Jungkook diz:

— Bem. Parece que você ainda se preocupa com ela, pelo menos. Parte disso deve ser transferido para o filho dela, para o seu.

— Ele foi um erro, — Kangdae diz, — um que você não fará nada para corrigir. Acho sua confiança admirável, Jungkook, se não cativante como uma criança é cativante. Por causa disso, vou deixar você sair hoje inteiro. Seria um desperdício mandá-lo de volta arranhado. Tenho certeza de que isso só aumentaria seu desgosto por mim.

Quase insultado por Kangdae reduzir seu ódio por ele a algo tão simples quanto desgosto, como ele não gostar de um determinado doce ou cor, Jungkook hesita:

— Meu desgosto?

— Sinto muito pelo seu irmão, a propósito. — Diz Kangdae, voltando para sua fiança, sabendo que apesar de tudo que Jungkook disse a ele esta noite, Kangdae está liderando o placar. — Foi um acidente infeliz, que arruinou meus planos de utilizar a base de clientes do Decadentia. Se sua mãe não fosse tão teimosa, eu não teria que usar medidas tão violentas. — Ele suspira, como se esse acidente fosse tão decepcionante quanto uma caneca quebrada recém-saída da caixa. — Infelizmente, a morte de seu irmão foi o que estragou minha tentativa, então sinto muito pelo meu próprio bem, e não pelo seu.

O mais doentio de tudo é que ele parece sincero. Ele lamenta ter perdido uma oportunidade de negócio, não a morte de uma criança. A morte de Jeongsik atrapalhou os lucros potenciais, e isso é o pior de tudo.

Quão insensível uma pessoa pode ser? Jungkook pensou que sabia, mas enfrentar Kangdae depois de todos esses anos prova que ele nunca soube. Isso torce seu estômago como videiras espinhosas.

Ele foi tolo por pensar que poderia enfrentar Kangdae e obter uma resposta desejada, por pensar que seria capaz de falar com ele. Ele veio aqui usando uma máscara de confiança, e ela foi arrancada de seu rosto e cortada em pedaços. Ele fica vulnerável à brilhante sala de reuniões, todos os seus ocupantes inimigos o encarando com o conhecimento prévio de que ele nunca teve uma chance em primeiro lugar. O homem com a cicatriz está sorrindo por baixo dos óculos holográficos, como se estivesse assistindo a uma comédia emocionante.

— Foda-se. — Jungkook murmura para Kangdae, as palavras baratas são a única coisa que vem à mente.

Kangdae apenas zomba.

— Sua imaturidade apenas acrescenta mais evidências ao seu blefe. Chaeyeon, — Ele aponta para a mulher na porta, — escolte Jungkook para fora. Nossa conversa acabou.

    
  

CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Jungkook é um babaca mesmo viu. Ele vai desafiar um veterano do crime. Uma criança desafiando um veterano. Não sabe nem planejar algo direito. Ai ai. Viu. A raiva o cegou. E quanto a Kangdae, que homem ruim,eu Deus. Ele não tem um grão de sal de arrependimento. É muita maldade no coração.

O que vocês acharam desse capítulo?

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