015

CAPÍTULO 15
120 D. C; DAERON TARGARYEN.

QUERIDA MÃE,

Papai e eu chegamos a Sunspear, escreveremos para você assim que soubermos de alguma coisa.

Eu amo você,

Rhaenyra Targaryen.

Aemma suspirou e olhou para os filhos. Aemond e Aegon estavam sentados à mesa esperando ela comer, o mais velho estava ocupado enchendo o prato do irmão com comida então não percebeu que a mãe deles já estava sentada com eles até Aemond falar.

— Foi do pai? — perguntou o mais novo.

— Era de Rhaenyra. — Aemma estendeu a mão para consertar as bandagens do filho. — Ela disse que eles já estão em Lançassolar.

— Eles encontraram Daeron? — Aegon parou de encher o prato do irmão.

— Eles ainda não sabem se está em Lançassolar, acabaram de chegar. — sua mãe sorriu para ele. — Por que você não enche seu prato? Você não precisa apenas cuidar do seu irmão, Aegon.

— Eu sei. — o homem mais velho pegou um pedaço de pão e colocou no prato. — Eles não trouxeram a geléia.

Um pouco mais tarde, quando a geléia de Aegon foi trazida, os três comeram em silêncio. Aemond, para surpresa de Aemma, comeu tudo o que Aegon colocou em seu prato, desde os pães até as frutas. Ver seu filho comendo sem problemas a fez se sentir bem, principalmente depois de ver como ele passou dias sem conseguir comer bem. Porém, quem teve que correr com cachorros para fazê-lo comer foi Aegon que, por estar preocupado com os irmãos, mal comia. Felizmente, quando viu que Aemond estava comendo com vontade, ele comeu também, sem que sua mãe o repreendesse.

Após o café da manhã os curandeiros verificaram o ferimento de Aemond e lhe deram seus remédios, após conversar com eles, Aemma se sentiu em paz pois seu filho estava se recuperando melhor do que todos esperavam. O que ainda os preocupava era Helaena, mas Aemma não deixaria seu lugar com a filha, pelo menos não até que Cregan Stark viesse do Norte com seu tio e os homens de seu pai. O pequeno Stark solicitou um encontro com a Rainha e se apresentou a ela como noivo de Helaena, não como Herdeiro de Winterfell.

— Minha Rainha. — Cregan curvou-se. — Vim desde Winterfell para visitar a princesa.

— Meu Senhor. — Aemma sorriu ternamente, — É uma honra para nós tê-lo na Fortaleza. — a Rainha olhou para Sir Erryk. — Sir Erryk irá levá-lo aos meus aposentos, onde a princesa descansa.

— Eu irei acompanhá-lo. — Aegon olhou para sua mãe.

— Claro. — concordou Aemma. — Encontrarei você assim que terminar de abordar certos assuntos.

— Obrigado, minha rainha. — Cregan sorriu e curvou-se novamente.

Aemma e Aemond observaram-os partir, o menino agarrado à saia do vestido da mãe. Quando a porta da sala se abriu para deixá-los sair, Alicent apareceu com um sorriso tenso, Alyn correndo para o lado dela. O menino estava vestido com as cores da casa Velaryon e carregava um brinquedo na mão.

— Minha Rainha, algo aconteceu no poço do dragão. — a jovem começou, seus olhos se voltando para o príncipe. — Os caseiros fecharam a cova, aparentemente Canibal regressou e desta vez não conseguiram contê-lo.

— E quanto a Silverwing? — Aemma perguntou olhando para seu filho preocupado.

— Eles o colocaram no pátio para subjugar Canibal, mas os guardiões solicitam a presença do Príncipe Aemond.

Aemond olhou para sua mãe e assentiu, ele não via Canibal desde o dia do ataque e ouviu dos servos que o dragão havia sido agressivo. O jovem príncipe seguiu os passos de sua mãe até o lado de fora da Fortaleza, o pequeno Alyn tentando caminhar ao lado dela enquanto ela lhe contava sobre seu novo brinquedo. Aemond não deixou sua mãe até chegarem ao poço e, assim como Alicent havia dito, ele estava fechado.

As portas foram abertas e no meio do pátio dois dragões, Canibal e Silverwing, puderam ser vistos. O dragão prateado rugia para o dragão negro, ambos em posição de ataque esperando que o outro fizesse algo para iniciar uma luta que terminaria em tragédia. Na entrada do poço estava Dreamfyre, o dragão estava olhando para os dois dragões no pátio, ele também rosnando para o dragão negro.

Vossa Majestade. — o zelador principal se aproximou deles. — Nós também tivemos que tirar Dreamfyre. — explicou ele, apontando para o dragão. — Na ausência de Vhagar, não temos dragões maiores que Cannibal.

Tudo bem. — Aemma olhou para Alicent que agora carregava Alyn. — Vou fazer Silverwing recuar. — disse ela a Aemond.

A Rainha avançou pelo pátio em direção ao seu dragão, mas no meio do caminho Canibal percebeu sua presença e rugiu. Silverwing avançou e rugiu para o dragão, elevando-se ao seu tamanho máximo, pronto para proteger seu cavaleiro.

Calma, Silverwing! — Aemma gritou: — Venha aqui, querido!

Silverwing balançou a cabeça e rosnou virando-se para ir com seu cavaleiro, assim que ela o alcançou, o dragão envolveu Aemma cobrindo-a com sua asa. Do outro lado, Aemond avançou com pequenos passos em direção a Cannibal, que ainda estava agitado. O dragão abaixou o corpo e rosnou farejando seu cavaleiro, Aemond parou para esperar o dragão terminar.

Calma, Canibal! — Aemond estendeu a mão tocando o dragão. — Estou aqui!

Canibal contornava-o com o rabo e Aemond não parava de acariciá-lo, o garoto sorriu e sem pensar muito foi montar em seu dragão, subindo com certa dificuldade. Ele podia andar muito bem agora sem tropeçar, mas ainda não tinha voado sem parte da visão. Ele sabia que sua mãe iria repreendê-lo, mas ele precisava voar, Canibal sabia que ele precisava disso.

Voe!

O dragão negro rugiu e abriu as asas, Aemma emergiu de onde Silverwing a havia escondido e observou o maior dragão decolar no ar. Naquele momento Dreamfyre rugiu, levantando voo também, mas indo em direção à Fortaleza.

— Vossa Majestade! — Sir Arryk correu. — A Princesa Helena acordou!

— Bem, Vossa Majestade, vou ficar e esperar pelo príncipe. — Alicent ofereceu deixando Alyn correr para a cova chamando por seu dragão.

Aemma nem pensou nisso, em poucos segundos ela estava em Silverwing, sem se importar com a falta de montaria, e ordenou que voasse. O dragão voou em direção à Fortaleza onde Dreamfyre estava circulando. Com a habilidade aprendida com Rhaenys, Aemma guiou Silverwing para pousar no meio de seu jardim. Ele destruiu várias árvores e arbustos, mas já pagaria algo extra aos jardineiros pelo seu trabalho. A mulher de cabelos brancos deslizou pela asa do dragão até o chão e correu para dentro da Fortaleza, atrás dela o Silverwing se movia destruindo mais coisas.

Quando ela conseguiu chegar ao seu quarto, encontrou Cregan e Aegon sentados no chão do corredor. Ambos olharam para ela quando ela chegou, mas ela não parou para olhar para eles. A Rainha abriu as portas com urgência e suspirou de alívio ao ver sua filha sentada na cama conversando com os curandeiros. Fechando a porta, Aemma foi até a cama e ocupou o lugar da curandeira ao lado da filha.

— Hela, minha menina. — Aemma acariciou o rosto da filha.

— Mãe. — Helaena se jogou em seus braços, lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Shh, está tudo bem minha menina, está tudo bem. — Aemma acariciou as costas da filha. — Ela vai ficar bem?

Vai ficar tudo bem, Majestade. — respondeu uma das mulheres. — Ela só precisa recuperar as forças e tomar os remédios.

Obrigada.

É uma honra servi-la, Majestade.

Depois de garantir que Helaena estava bem, os curandeiros foram embora e as damas de Aemma correram para preparar um banho para a jovem. Foi a própria Aemma quem deu banho na filha, vestiu-a e penteou-lhe o cabelo enquanto esperavam que a comida fosse servida. Quando a comida chegou, Aegon, Aemond e Cregan apareceram na porta. Os dois primeiros, assim que viram a irmã sentada na cama, correram em sua direção.

— Hela. — Aegon foi o primeiro a chegar.

Ouviu-se o som de algo caindo e Aemma deu um pulo imediatamente ao ver o filho caído no chão. Cregan ajudou Aemond a se levantar e o príncipe cobriu as bandagens com as mãos, estremecendo.

— Você está bem, querido? — Aemma se agachou ao lado dele. — Dói? — Aemond assentiu. — Traga o remédio para dor!

Aemma carregou o filho para a cama e o levantou ao lado de Helaena. Assim que ele chegou perto de sua irmã, Aemond a abraçou e Aegon abraçou os dois, Aemma sorriu e olhou para Cregan que também sorria de onde estava, mas ela podia ver a saudade em seus olhos.

— Cregan. — ela chamou suavemente. — Você gostaria de se juntar a nós para um lanche?

— Claro, Majestade. — respondeu o jovem.

Os cinco tomaram chá nos aposentos da Rainha, durante o chá Cregan entregou um presente para Helaena. Era uma corrente de prata e ouro com o amuleto de um lobo e um dragão enrolado em um rubi. Aegon franziu a testa para Cregan, Aemond simplesmente continuou comendo sua sobremesa e Helaena corou em agradecimento pelo presente.

Aemma já podia ver Aegon acompanhando durante a visita de Cregan.

Querida Aemma,

Quando esta carta chegar às suas mãos estaremos voando de volta, pedi a Rhaenys, Laena e Daemon que voltassem para a Fortaleza. Eles chegaram? Se ainda não chegaram, não devem demorar.

Como estão as crianças? Recebi uma carta da Helaena ontem, Rhaenyra chorou a noite toda lendo ela. Ele chorou também.

Desculpe por isso, Rhaenyra ainda tem o hábito de bisbilhotar as cartas de outras pessoas.

Agora, a notícia que você estava esperando. Encontramos Daeron, os Martells interceptaram um navio pirata e o encontraram a bordo. Ele está bem, um pouco assustado, mas graças a Laenor com Tessarion ele se sente um pouco melhor. Não se preocupe, estaremos aqui em breve.

Eu amo você,

Viserys Targaryen.

E Daeron Targaryen, sinto tanto a sua falta, mãe.

A Rainha dos Sete Reinos apareceu diante da corte com as costas retas e usando uma coroa de ouro e rubis semelhante à de Aegon, o Conquistador. A mulher estava sentada no trono quando as portas se abriram e as pessoas entraram, todas baixando a cabeça em submissão à aura de autoridade que a mulher exibia. Abaixo do trono estavam Daemon, Laena e Rhaenys, todos os três vestidos com suas roupas de montaria, Lyonel Strong assumindo seu lugar como Mão do Rei.

Assim que as pessoas foram localizadas em seus lugares, os mantos brancos entraram arrastando alguém, atrás deles estavam Harwin Strong e Corlys Velaryon, ambos vestidos com suas armaduras. Os mantos brancos pararam em frente ao trono e jogaram o prisioneiro no chão diante da rainha. Quando o homem levantou a cabeça, todos engasgaram de surpresa ao reconhecê-lo como Larys Strong.

— Minha Rainha, trago-lhe o traidor. — Harwin fez uma reverência. — Larys Strong é o cérebro por trás do ataque aos príncipes.

Houve murmúrios e suspiros de surpresa, todos olhando entre o comandante da Patrulha da Cidade e a Mão do Rei. Aemma olhou para o homem caído no chão e sorriu, causando arrepios na espinha de todos.

— Diga aos guardiões do dragão para prepararem Silverwing. — ordenou ela a Sir Harrold. — Diga-lhes que é hora de comer.

Lyonel Strong abaixou a cabeça e cerrou as mãos.

— Larys perderá seu sobrenome e qualquer título que ele possua. — a Rainha se levantou-se — Ele também não terá direito a um julgamento. — seu olhar foi para as pessoas que estavam olhando para ela. — Se alguém tiver uma reclamação, pode falar com Silverwing, ele ficará feliz em receber suas reclamações.

Aemma desceu do trono, cercada por mantos brancos.

— Todos estão convidados para o poço do dragão! — Daemon levantou a voz.

Rhaenys lançou-lhe um olhar de reprovação, mas seguiu a prima em direção à saída. Laena caminhou atrás de sua mãe e Daemon foi o último a se mover, agarrando Larys no caminho para arrastá-lo para o buraco.

Na entrada do poço Laena parou e fez Harwin parar com ela. Rhaenys olhou para eles, mas não parou para perguntar se estava tudo bem, ela sabia que Harwin não ficaria feliz em ver seu irmãozinho morrer. A princesa foi para a frente, onde Silverwing podia ser visto claramente sendo acariciado por Aemma, o dragão rosnando enquanto Daemon vinha arrastando Larys para mais perto. Aemma nem precisou dar a ordem, o dragão atacou Larys e o agarrou com seu focinho enorme, empurrando Daemon para fora do caminho no processo. Silverwing ergueu a cabeça, lançando Larys no ar e soltando uma rajada de fogo que o consumiu. Nesse momento apareceram Cannibal, Dreamfyre e Sunfyre, o mais novo dos três voando sobre o poço e os outros dois destruindo o corpo de Larys.

Silverwing cobriu seu cavaleiro com sua asa, ele virou a cabeça para as pessoas e rugiu fazendo-as recuar, todas assustadas. Aemma aninhou-a sob a asa e saiu para olhar sua prima no meio da multidão, Rhaenys sorriu para ela concordando.

Só dois dias depois é que anunciaram o avistamento de quatro dragões. O Rei retornou na companhia de sua Herdeira, o Herdeiro de Driftmark, e de seu quinto filho, o Príncipe Daeron Targaryen. Aemma, assim que recebeu a notícia, correu para o poço do dragão para recebê-los. Felizmente Vermithor a reconheceu e não a atacou porque a mulher de cabelos brancos foi até o enorme dragão e ela mesma desmontou do filho que chorou assim que a viu.

— Shh, ok, aqui estou meu menino. — Aemma abraçou o filho dando beijos em sua cabeça. — Oh meu pequeno príncipe, senti tanto a sua falta.

Daeron agarrou-se à mãe soluçando, todo o seu corpo tremendo de medo. Atrás deles Tessarion rosnou.

— Mãe... Eu estava com muito medo...

— Eu sei, meu príncipe, eu sei. — Aemma se afastou para vê-lo. — Mas você está em casa agora e nunca mais deixarei que nada aconteça com você.

Os servos da Fortaleza choraram de alívio ao ver a Rainha andando pelos corredores com o filho mais novo nos braços, o menino de seis anos agarrado à mãe olhando tudo com olhos marejados. Ao chegarem aos aposentos da Rainha encontraram os três adolescentes esperando ansiosamente, assim que Daeron foi colocado no chão, seus irmãos o atacaram com abraços. Depois de verificarem se o irmão estava bem, cada um atacou a irmã mais velha e o pai com abraços.

— Nyra, senti sua falta. — Aegon abraçou sua irmã.

— Eu também senti sua falta, Egg. — Rhaenyra beijou a cabeça do irmão.

— Pai, Aemond pode andar e correr agora. — Helaena comentou animadamente enquanto seu pai a levantava no ar.

A menina de onze anos sorriu e abraçou o pai com força.

— Minha princesa, você não sabe o quanto senti falta de ouvir sua voz. — Viserys beijou a cabeça da filha.

— Irmã. — Aemond olhou para Rhaenyra. — Você está bem?

Rhaenyra sorriu e se agachou para ficar na altura do irmão, a princesa beijou a bochecha do mais novo e o abraçou.

— Estou bem, Aemond. — ela sussurrou. — Você está bem?

Aemond assentiu, abraçando-a de volta.

— Tenho que dar banho em Daeron. — avisou Aemma. — Ordenei que a comida fosse preparada, então vão se trocar.

Tanto Viserys quanto Rhaenyra seguiram as ordens imediatamente, esta última depois de beijar e abraçar sua irmã Helaena.

Naquele dia, depois de tantos dias angustiantes, a família jantou junta. Eles não falaram sobre o ataque ou o sequestro de Daeron, apenas falaram sobre bobagens. Aemma olhou para sua família e se sentiu com sorte, um sorriso se formando em seu rosto ao ver Rhaenyra brigar com Aegon porque o mais novo não queria comer os vegetais.

— Não! — Aegon, o Jovem, gritou, jogando um pedaço de vegetal.

Todos ficaram em silêncio olhando para Viserys, que foi vítima do vegetal voador.

— Aegon, você está dando um mau exemplo para seu sobrinho. — Rhaenyra repreendeu, contendo o riso.

— Eu sou um cara legal! — gritou o menor ofendido.

Daemon foi quem começou a rir e todos ecoaram sua risada.

Aemma definitivamente nunca se arrependeria de ter pedido ajuda a Daemon. Não quando ela tinha aquela linda família.

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