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CAPÍTULO 10
111 D. C; DAEMON TARGARYEN.

DAEMON NÃO ERA propenso a demonstrar suas emoções, mas com suas primas ele nunca conseguia escondê-las. Rhaenys e Aemma eram excessivamente observadoras, uma característica nascida de serem mães, ou assim Viserys dissera. Ambas sempre souberam o que ele estava pensando, às vezes antes mesmo que ele pensasse nisso. Ele não estava reclamando, quando crianças eles eram próximos, mas enquanto cresciam eles se separaram até que toda a coisa com Aemma os uniu novamente e Daemon está grato por isso. Ele não precisava mais causar estragos para chamar a atenção e validação de seu irmão, ele poderia finalmente estar com sua família e aterrorizar as pessoas com a permissão de seu irmão.

Sua única reclamação era que Aemma tomava conta dele quando eles ficavam juntos e não que isso o incomodasse, mas Aegon falava alto demais para o seu gosto. O menino era muito parecido com Rhaenyra quando ela tinha aquela idade, quatro anos, e eles só queriam correr e gritar. Ele preferia Helaena, apenas dois anos mais nova e quieta que Aegon, até mesmo Aemond, com um ano de idade, que quase não incomodava. Mas ele não podia reclamar verbalmente, não quando via o sorriso no rosto de sua Rhaenyra quando estava com seus irmãos.

— Cara... — Aegon caminhou até ele, coberto de terra. — Podemos voar?

Helaena exclamou de emoção ao ver o irmão e estendeu a mão para tocá-lo.

— Você deveria ir tomar um banho. — ela olhou para ele, havia sujeira por toda parte.

Aegon olhou para ela por alguns segundos, sem dizer nada, antes de se virar e correr em direção à irmã mais velha, gritando. Helaena o observou ir e fez beicinho, seus olhos se enchendo de lágrimas que logo iriam escorrer.

— Vou voar com Aegon. — Rhaenyra o avisou com a criança nos braços. — Laena e Alicent cuidarão de Aemond.

De onde ele estava balançando Helaena, Daemon viu o sorriso triunfante de Aegon e sua língua de fora quando Rhaenyra se virou para sair do jardim. Besta manipuladora, pensou ele, revirando os olhos. Isso foi definitivamente algo que ele aprendeu com Rhaenys.

— Tio, vamos entrar. — avisou Laena embalando o filho. — Helaena deve lanchar logo.

Ele assentiu e se levantou, colocando a sobrinha nos braços. Alicent e Laena desapareceram pelo mesmo caminho que Rhaenyra, ambas segurando uma criança, mas ele ficou do lado de fora para desfrutar da paz com sua sobrinha. Helaena adorava estar nos jardins, principalmente quando via as borboletas e ele nunca se recusava a ficar com a sobrinha observando os animaizinhos que voavam entre as flores.

Eles caminharam por um longo tempo seguindo qualquer borboleta que chamasse a atenção da jovem Princesa, para todos elesF Daemon fez isso com uma cara neutra, sem expressões, mas se suas primas o vissem certamente diriam que podiam ver o carinho em seus olhos. Eles voltaram para dentro da Fortaleza quando uma donzela foi procurá-lo para avisar que o lanche de Helaena estava pronto, em poucas palavras ele deveria devolvê-la para sua mãe. No quarto da Rainha, uma mesa cheia de doces e purê de frutas de Helaena já os esperava, Aemma estava sentada em uma cadeira lendo uma mensagem quando eles chegaram.

Mãe! — exclamou Helaena assim que a viu estendendo os braços em sua direção.

— Minha Princesa. — Aemma deixou a mensagem de lado e recebeu a filha. — Você vai ficar conosco? — ela perguntou a Daemon.

— Aproveitarei qualquer oportunidade para passar um tempo com minha prima favorita. — o príncipe sentou-se na cadeira vazia ao lado dela.

— Vou contar a Rhaenys. — ela provocou.

— Viserys vive dizendo que é o primo favorito de Rhaenys, é justo que você seja a minha.

Eles comeram o lanche em meio a risadas, principalmente de Helaena que riu de seu tio favorito como Daemon havia sido nomeado. Quando terminaram de comer, Aemma colocou Helaena para dormir e acolheu Aegon que estava meio adormecido nos braços da irmã. Daemon e Rhaenyra ficaram com Aemma até Aegon tomar banho e deitar na cama ao lado de Helaena, só então eles foram embora para que as crianças pudessem dormir sem barulhos desnecessários. O único que não dormia era Jacaerys que caminhava pelos corredores da Fortaleza nos braços do pai olhando tudo ao seu redor.

— Sir Harwin... — Rhaenyra o cumprimentou. — Estávamos prestes a encontrar Laena.

— Princesa, Príncipe Daemon. — o homem fez uma meia reverência. — Laena está com Lady Alicent, elas estavam indo para a biblioteca na última vez que as vi.

— E meu irmão? Ele já está dormindo?

— Sim, Princesa, o Príncipe Aemond já está dormindo. — o guarda confirmou.

Rhaenyra assentiu e cumprimentou Jacaerys com um sorriso que o garoto gaguejou de volta. Depois desse encontro, Daemon deixou sua esposa ir buscar as amigas e ele foi provocar seu irmão, sua coisa favorita de fazer quando todos estavam ocupados. Ele o encontrou na sala de reuniões do conselho com Rhaenys, Otto Hightower e Lyonel Strong. Assim que o viram entrar, tanto seu irmão quanto sua prima reviraram os olhos ao reconhecerem o sorriso em seu rosto.

— Irmão, prima. — ele os cumprimentou, caminhando até eles. — Lorde Stong, Senhor Mão.

— Príncipe Daemon. — ambos os Lordes se curvaram.

— Daemon, pensei que você estivesse com Aemma. — Viserys o seguiu com o olhar até que ele se sentou, na cadeira que pertencia à Mão do Rei.

— Os pequenos animais tiveram que dormir. — ele comentou casualmente. — O que vocês fazem?

— Discutimos assuntos menores. — Rhaenys recostou-se na cadeira. — Acho que podemos continuar a conversa outro dia.

— Claro, claro. — o rei acenou com a mão. — Deixe-nos em paz.

Lyonel foi o primeiro a sair, Otto demorou mais, mas saiu mesmo assim. Assim que partiram, Daemon olhou para o irmão e a prima em busca de respostas.

— Estávamos conversando sobre alianças futuras, só isso. — disse Viserys a ele.

— Otto quer casar Aegon com uma de suas sobrinhas, ou primas, não me lembro. — acrescentou Rhaenys. — Uma aliança que poderia ser benéfica, mas não neste momento.

— Um casamento com os Martell seria ainda mais benéfico do que um casamento com os Hightower. — Daemon revirou os olhos.

— Aemma garantiu uma união com os Stark no Norte. — lembrou-lhes Viserys. — Talvez não fosse errado colocar os olhos em Dorne e nas Terras da Tempestade.

— Os Baratheons são minha família. — Rhaenys cruzou as mãos sobre a mesa. — Mas talvez um casamento não fizesse mal.

— E quanto ao Vale? — Daemon olhou para o irmão. — Aemma é filha de um Lorde do Vale, seus filhos estão na fila para serem herdeiros.

— Lady Jeyne e Aemma estão em contato, mas não creio que tenha havido qualquer menção à sucessão do Vale. — disse-lhe o irmão. — Talvez no futuro Aemond possa se casar com Arryn e herdar o Vale.

— Um dragão no Vale, isso será algo para se ver. — Rhaenys sorriu divertida.

Querido tio,

Espero que esta mensagem o encontre bem.

Sei que faz muito tempo que não lhe escrevo, mas desta vez achei importante que você soubesse o que eu estava discutindo com Sua Majestade, o Rei Viserys. Você, assim como eu, tem o sangue do dragão correndo em suas veias e é por isso que quis propor um casamento entre as casas Baratheon e Targaryen. Talvez com os descendentes do seu filho, meu primo, Borros Baratheon, mas não quis insistir muito antes de saber sua opinião sobre o assunto.

Em breve visitarei Ponta Tempestade para ver você, pode ser bom para meus filhos visitarem a casa de onde vem a outra parte da família, e você deve conhecer Jacaerys, ele tem uma grande semelhança com minha mãe.

Com carinho,

Rhaenys Targaryen, Senhora de Derivamarca.

Aemond estava tão calmo que muitas vezes as pessoas esqueciam que ele estava com elas. Como naquela ocasião, Daemon estava com seus sobrinhos mais novos mais uma vez, mas o menino ficou em silêncio por tanto tempo que, se não fosse por Aegon chamando por ele, ele teria deixado Aemond comer sujeira. Depois de limpar as mãos sujas do menino, Daemon decidiu que seria melhor carregá-lo.

Melhor prevenir do que remediar.

— Ovo! — exclamou Helaena, sacudindo seu brinquedo.

Aegon deixou de lado o que estava fazendo, cavando um buraco no chão, e deu toda a atenção à irmã.

— É muito lindo, Hela. — o mais velho dos dois pegou um dragão de madeira. — Você quer brincar de dragão?

Daemon revirou os olhos enquanto observava seu sobrinho deixar de lado o que estava fazendo para se concentrar em outra coisa. Ele o lembrava muito de Rhaenyra e até de Laena, ambas sempre deixando as coisas pela metade para fazer outra coisa.

Aemond bocejou nos braços de seu tio e apoiou a cabeça em seu peito fechando os olhos, Daemon olhou para ele e não pôde deixar de sorrir ao vê-lo tentando dormir com seus irmãos gritando ao fundo. Não se afastando muito das crianças, Daemon sentou-se numa cadeira e embalou Aemond para dormir.

— E Silverwing vence a competição! — Aegon gritou, pulando e fazendo sua irmã rir. — Silverwing é o melhor dragão. — disse o menino à irmã. — Vermithor pode ser o terceiro porque Sunfyre é o segundo. — disse ele com a cabeça erguida. — Nyra me deu!

Helaena aplaudiu sem entender o que o irmão dizia, a menina simplesmente adorava aplaudir tudo o que os irmãos e pais diziam.

— Quando você crescer, Nyra vai lhe dar um dragão desse tamanho. — Aegon esticou os braços. — Podemos dar um a Aemond também. — acrescentou entusiasmado.

Que crianças inocentes, pensou Daemon, observando-as brincar sem qualquer preocupação. Pobres, se soubessem o que os espera quando crescerem.

Aemond se mexeu em seus braços e suspirou. Ele havia prometido a Aemma que cuidaria dos filhos dela e faria isso, não falharia com ela.

Querida sobrinha,

Minha saúde não tem estado das melhores ultimamente, mas saber que você vem visitar esse velho me faz sentir melhor.

Jacaerys? Ele é filho de Laena? Quanto essa garota cresceu? Parece que foi ontem que você me apresentou ela. Estou ansioso para conhecê-lo e ver aquela semelhança com minha irmã de que você fala. Há muito que esqueci como ela era, tudo o que me resta são pinturas empoeiradas.

Adoraria que nossas casas se unissem novamente, pelo sangue sempre estiveram unidas e não vejo por que não uni-las mais uma vez. Embora isso aconteça quando eu não estiver mais neste mundo, tenho certeza de que Borros não perderá a oportunidade de se juntar ainda mais aos Targaryen.

Como já disse, ficarei ansioso pela visita.

Boremund Baratheon, Senhor de Ponta Tempestade, Senhor Supremo das Terras da Tempestade.

O capítulo a seguir será ambientado em 116 e abordará os sonhos de dragão de Helaena. Nessa altura Viserys II e Joffrey já terão nascido.

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