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CAPÍTULO 8
113 D. C; OTTO HIGHTOWER.
QUERIA AEMMA,
Hoje encontrei uma flor que me lembrou você, é uma flor azul muito bonita, mas é venenosa. Rhaenyra diz que você não é assim, mas eu penso o contrário. Sou o único que percebe como você manipula os idosos do conselho? Embora agora que penso nisso, talvez a flor seja mais parecida com Rhaenys com aquela língua afiada dela. Como é que mesmo através das cartas consigo sentir a força das suas palavras?
Devemos deixar Winterfell em dois dias, Helaena está gostando da atenção como a princesa que é. O relacionamento dela com Cregan parece estar indo muito bem, é Rhaenyra quem supervisiona seus encontros, ela diz que as duas crianças brincam por horas até se cansarem. Gostaria de poder voltar hoje, acho que o frio está afetando Caraxes, à noite voa para o Vale e volta pela manhã. Você pode imaginar os insultos de Lady Jeyne nas cartas que ela me envia todas as tardes reclamando dos ninhos de Caraxes no Vale.
Como está Viserys? Ele ainda está chateado por eu ter atrapalhado a viagem de Rhaenyra ao Norte? E como está Aemond? Ele sente falta do seu tio favorito? Aposto que, sim.
Diga olá ao seu filho, Aegon, por mim. Não quero que ele pense que não o amo.
Assinado,
Daemon.
E Rhaenyra. Eu te amo mãe, beije meus irmãos por mim.
Aemma riu ao ler a última, a caligrafia de sua filha estava confusa, mostrando que ela havia lutado com Daemon para escrever na carta. Aegon ergueu os olhos do livro para olhar para sua mãe e seu primeiro pensamento foi que ela estava bonita, para ele sua mãe e irmãs eram as mais bonitas. Embora sua prima Laena também fosse muito bonita, e suas filhas Baela e Rhaena também fossem bonitas. Ah, e sua tia Rhaenys. Concluindo, todas em sua família eram bonitas, mas nenhuma como sua mãe.
— Egg... — uma voz suave chamou e uma mão fechou em seu pulso.
Os olhos de Aegon foram para seu irmão mais novo, que o encarava com os olhos arregalados, a mão livre apoiada no livro.
Aemond foi a criança mais calma que Aegon já conheceu, superando Helaena. Para ele seu irmão era um pequeno tesouro, sendo o mais novo ele sempre seguia sua mãe para todos os lugares e se assustava facilmente, mas também era silencioso, tão silencioso que às vezes Aegon esquecia que estava no mesmo quarto que ele. Quando ele perguntou ao pai por que seu irmão mais novo era assim, ele apenas disse que todo mundo era diferente e apenas assentiu.
— Você terminou de ler? — Aemma olhou para os filhos.
— Sim. — Aegon removeu a mão de Aemond e fechou o livro. — Posso voar com Sunfyre agora?
— Você sabe que não pode ir sozinho. — sua mãe o lembrou. — Aemond ainda está um pouco doente, então não posso ir com você e seu pai está ocupado.
O garoto franziu a testa, os rostos de todos os cavaleiros de dragão residentes na Fortaleza passaram por sua mente até que ele se lembrou de algo.
— O primo Laenor está aqui! — ele exclamou entusiasmado, assustando Aemond quando o ouviu gritar. — Sinto muito, Aemond. — Aegon estendeu a mão para beijar a cabeça de seu irmão.
— Calia, por favor, leve Aegon para Sir Laenor. — Aemma implorou, desistindo.
— Eu te amo, mãe. — o menino de seis anos levantou-se e beijou a bochecha de sua mãe. — Tchau, Aemond!
O menino de três anos seguiu o irmão com os olhos e franziu as sobrancelhas ao vê-lo sair, a mulher de cabelos brancos sorriu e se levantou para pegá-lo.
— Parece que seremos apenas você e eu hoje, meu garoto.
Aemond sorriu beijando a bochecha de sua mãe e apontou para seus brinquedos.
Naquela tarde, enquanto Aegon sobrevoava Sunfyre acompanhado de seu primo e Seasmoke, Aemma brincou com Aemond até que o menino teve que tomar seu remédio e a guerra começou. O menino odiava remédio e sempre chorava quando lhe davam, naquele dia a tarefa de dar-lhe o remédio foi tão difícil que Aemma não teve escolha a não ser interromper os deveres de Viserys que estava na sala do trono ouvindo os pedidos de seus súditos.
Quando as portas da sala do trono se abriram e sua chegada foi anunciada, todos olharam para ela, alguns surpresos ao ver suas roupas desgrenhadas e a criança chorando em seus braços. Do trono Viserys franziu a testa e se levantou, os mantos brancos a deixaram passar para o trono e ela passou Aemond para os braços de seu pai recebendo em troca a espada do Rei. Ele mal conseguia esconder o rosto no ombro do pai. Aemond parou de chorar e se agarrou a ele.
— Parece que o Príncipe se recusa a tomar o remédio. — explicou Aemma.
— Tudo bem, deixe ele comigo, vou dar o remédio para ele. — Viserys recostou-se no trono, acomodando o filho nas pernas. — Onde está Aegon?
— Voando com Sir Laenor. — a mulher de cabelos brancos passou o remédio para o marido. — Irei esperar por ele, quando Aemond adormecer leve-o para a cama.
A Rainha deixou a espada ao lado do trono e beijou a cabeça do filho antes de arrumar seu vestido. Com a cabeça erguida, a mulher desceu do trono e saiu da sala, do lado de fora, Mysaria estava esperando por ela com uma mensagem selada.
Querida Rainha,
Seus filhos estão em perigo, a doença do Príncipe Aemond não foi coincidência, não deixe as Princesas voltarem para a Fortaleza até que eu consiga me livrar do seu maior inimigo.
★
Querido Daemon,
Por favor, retorne à Fortaleza assim que ler esta mensagem e diga a Rhaenyra que ela e Helaena devem ficar mais tempo em Winterfell. Algo está acontecendo e meus filhos são as principais vítimas. Enviei Aegon e Aemond para Pedra do Dragão com Mysaria, Lady Alicent e alguns membros da Patrulha da Cidade. Rhaenys também enviou Laena para Harrenhal com a desculpa de que Jacaerys deveria passar mais tempo no local que herdaria.
As coisas estão tensas, Viserys libertou Vermithor e permite que ele voe sobre a cidade de vez em quando para lembrar aos conspiradores que ele está disposto a liberar a ira de seu dragão sobre eles sem remorso. Lorde Corlys chegou ontem à noite de Derivamarca com um pequeno exército de seus homens, colocou-os à disposição da coroa e tivemos que fazê-los passar por novos membros da Patrulha para que ninguém suspeitasse.
Acho que tenho evidências suficientes para pelo menos apontar Tyland e Jason Lannister como traidores, a coisa de Otto ainda está sendo investigada. Lord Lyonel diz que é apenas uma questão de tempo até que ele caia.
Com carinho,
Aemma.
Daemon chegou a Porto Real no mesmo dia em que recebeu a mensagem, já era muito tarde da noite quando o Príncipe marchou pelos corredores com os ombros tensos e invadiu o quarto do irmão, passando por cima dos mantos brancos. Na manhã seguinte os quatro primos reuniram-se nos aposentos do rei para discutir o que estava acontecendo. Daemon queria ir para Casterly Rock e queimar tudo, Viserys exigia fogo e sangue, mas tanto Rhaenys quanto Aemma tentaram acalmar as coisas e fazer de si mesmos um exemplo.
— Vou mandar Vermithor queimá-los até o chão. — Viserys calçou as luvas.
— Pelos deuses, Viserys. — Aemma olhou para ele séria. — Ainda precisamos que você confesse os crimes de Otto.
— Aemma está certa, Viserys. — Rhaenys a apoiou. — Devemos pensar cuidadosamente sobre o que vamos fazer.
— O que temos de fazer é cortar-lhes as cabeças e queimar a maldita casa deles. — Daemon levantou a voz. — Eles tentaram matar Aemond, meus sobrinhos não estão seguros.
A discussão durou até depois da hora do almoço, quando Kirsi apareceu com uma mensagem de Mysaria. Era uma lista de nomes, incluindo Lannisters e Hightowers, incluindo o de Alicent.
— Não acho que Alicent esteja participando disso, ela é muito amiga de Rhaenyra e Laena. — Rhaenys comentou assim que viu o nome da jovem na lista. — Eu mesma vi o carinho que elas têm uma pela outra.
— Vou convocar os Lannister e os Hightower ao tribunal, teremos um julgamento. — sentenciou Viserys.
★
Querida mãe,
Helaena e eu estamos no Vale visitando Tia Jeyne, então planejamos ir para Pedra do Dragão para ver Aegon e Aemond. Quando poderemos voltar à Fortaleza?
Ouvi rumores de que os Lannister e os Hightower foram presos. Como está Alicent? Lady Mysaria diz que não está em Pedra do Dragão, que voltou para Porto Real. Mãe, ela é acusada de traição? Laena me escreveu e tem medo que algo ruim aconteça com ela. Prometi a ela que tudo ficaria bem, mas a verdade é que não sei, tenho medo.
Por favor, responde.
Com carinho,
Rhaenyra e Helaena.
★
— Você confessa seus crimes? — a voz do Rei ecoou por toda a sala.
— Vossa Majestade, você está errado... São mentiras. — Jason Lannister falou com a voz trêmula. — Nunca cometeríamos traição.
Aemma revirou os olhos e olhou para sua prima que estava com uma sobrancelha levantada, além disso, Daemon sorria com intenção assassina, a mão cerrada no punho da espada.
— A Rainha me contou sobre sua suposição em relação à sucessão, isso é considerado traição. — Viserys levantou-se. — Se você confessar darei a misericórdia de ser mandado para o muro, se você não falar será executado e toda a sua família pagará por essa traição.
Houve uma pausa tensa em que ninguém queria nem respirar, todos com medo de desencadear a ira dos Targaryen que estavam perto do trono com olhos ardentes. Do lado de fora, Vermithor e Silverwing sobrevoaram a Fortaleza rugindo, lembrando-lhes que destruiriam o local se alguém fizesse algo tolo como confrontar seus cavaleiros.
— Sinto muito, por favor, sinto muito! — Jason abaixou a cabeça. — Foi só conversa, Majestade, eu juro!
— Quem estava liderando essas fofocas?
— Os Hightowers! — Tyland gritou, seu olhar fixo em Daemon que não conseguia parar de ver sua presa como um dragão. — Eles planejaram o assassinato dos príncipes!
A sala explodiu em sussurros, todos olhando para a Rainha que estava com a cabeça erguida, os olhos nos Lannister que imploravam por suas vidas.
— Você confessa que participou do assassinato de meus filhos ainda não nascidos?
— Não, Majestade. — Tyland olhou para ele. — Confesso que participei dos planos para matar os Príncipes Aegon e Aemond em Pedra do Dragão.
Houve silêncio e antes que alguém pudesse dizer qualquer outra coisa, Daemon desembainhou a espada e desceu-a sobre a cabeça de Tyland Lannister, separando-a com força de seu corpo. Todos na sala engasgaram de surpresa, mas Rhaenys não vacilou, a Princesa correu para a saída gritando ordens para os guardas. Aemma a seguiu, deixando Viserys para trás, que ordenou que os prisioneiros fossem levados de volta para suas celas e preparados para as execuções.
Cinco dragões deixaram Porto Real voando em direção a Pedra do Dragão. Vermithor, Silverwing, Caraxes, Meleys e Seasmoke voaram pelo céu da cidade mais rápido do que nunca. Aemma estava com um nó na garganta, ela havia enviado seus filhos para Pedra do Dragão para mantê-los seguros, e descobriu-se que ela os colocou em perigo. A primeira a chegar a Pedra do Dragão foi Rhaenys que arregalou os olhos ao ver o fogo queimando fora do castelo, no céu havia um jovem dragão cuspindo fogo, mas atrás dele se ergueu um dragão maior como uma sombra, seu fogo queimando mais forte que do menor dragão.
Sunfyre rugiu em reconhecimento à chegada dos dragões e voou em direção a eles, deixando-os ver Aegon, com as bochechas manchadas de cinzas e o cabelo desgrenhado. O menino estava agarrado à montaria do dragão, mas parecia bem. Foi Viserys quem conseguiu se aproximar do enorme dragão negro que continuava atacando o chão com seu fogo, o Rei olhou para a fera e seu coração parou ao reconhecer o cabelo de Aemond contrastando com as escamas do dragão. Quando Aemond finalmente reconheceu seu pai, ele gritou um comando em valiriano e seu dragão defendeu seu ataque.
A primeira a desmontar de seu dragão foi Aemma, que saltou no chão, quase caindo, mas se recuperou e correu até Sunfyre para encontrar Aegon, que se jogou da montaria nos braços de sua mãe com lágrimas escorrendo pelo rosto. Depois de se certificar de que Aegon não tinha nem um arranhão, Aemma deu toda a atenção para o dragão negro que pousou na frente deles, todos ficaram extasiados vendo o animal abaixar a cabeça rugindo, Aemond sorriu para eles das costas do dragão levantando a mão para cumprimente-os.
— Estou vendo coisas? — perguntou Viserys, com o rosto pálido.
— Esse é meu sobrinho! — Daemon gritou.
— Pelos deuses... — Aemma colocou Aegon no chão. — Ele reivindicou um dragão.
Eles não conseguiram chegar perto de Aemond até que ele descesse do dragão e se afastasse porque o animal era agressivo quando alguém tentava se aproximar.
— Mamãe! — Aemond abraçou as pernas de sua mãe. — Canibal! — ele gritou, apontando para o dragão que soltou um rosnado.
Enquanto o sol se punha, nove dragões sobrevoaram Porto Real, anunciando o retorno da família real. Rhaenyra chegou a Pedra do Dragão com Laena no momento em que a família decidiu voltar para casa e se juntou a eles. Graças à natureza agressiva de Canibal, eles tiveram que preparar uma caverna atrás do poço para o dragão, uma cerca que Vhagar ocupava se ele pensasse em causar problemas, ela pode facilmente subjugá-lo, argumentou Viserys quando Laena protestou. E a pedido de Rhaenyra, começou a confecção de uma montaria para Dreamfyre. Helaena vai reivindicá-la.
No dia seguinte, o mesmo Daemon foi encarregado da execução de Jason Lannister e tanto a esposa do homem quanto seus dois filhos foram perdoados após serem considerados inocentes. Johanna Westerling jurou lealdade aos Reis e ao seu herdeiro em nome de toda a casa Lannister e como sinal de lealdade enviaram baús cheios de ouro para a Fortaleza. O filho de dois anos de Jason foi nomeado Senhor de Casterly Rock e, como promessa de lealdade, foi assinado um contrato para que a filha de um ano do casal se tornasse dama de companhia de Helaena quando ela completasse dez anos.
Quanto aos Hightower, todos, exceto Alicent, foram considerados culpados, e seu irmão Gwayne foi perdoado graças aos apelos da jovem. A própria Alicent foi quem confessou os crimes de sua família diante de toda a corte, de joelhos diante da família real. Gwayne foi nomeado Senhor de Hightower e Alicent manteve seu lugar na corte como dama de companhia de Rhaenyra, mas o resto de sua família foi condenado à morte sem chance de ir para a parede. A questão das execuções coube ao próprio Daemon e Viserys, mas Aemma pediu para acabar pessoalmente com Otto e seu irmão. As execuções foram realizadas no pátio da cova com dragões voando no céu e alguns outros nas paredes e na própria cúpula.
Daemon torturou Otto pessoalmente nos dias que antecederam sua execução e, quando finalmente o jogou aos pés de sua cunhada, ninguém conseguiu reconhecer o homem outrora respeitável. Silverwing rugiu atrás de seu cavaleiro, pronto para obedecer a qualquer ordem. Os presentes viram a mulher à sua frente e não reconheceram a gentil Rainha que estavam acostumados a ver, agora viram uma mulher que faria qualquer um pagar sem piedade.
— Finalmente você terá o que merece: — Aemma olhou para o homem com desprezo. — Você vai pagar por tudo que fez comigo.
— Senhora... Majestade...
— Quieto! — Silverwing rosnou. — Seus malditos deuses não vão te ajudar agora. — Aemma se moveu para o lado. — Esmague, querida.
O dragão rosnou enquanto avançava sobre Otto que gritou tentando fugir, mas não conseguiu se mover quando uma das garras de Silverwing se fechou em seu torso. Houve suspiros de surpresa quando a fera abriu a boca e fechou-a em torno do homem, o grito ensurdecedor de Otto morreu quando o dragão rasgou seu corpo completamente. Canibal desceu do céu e pousou ao lado de Silverwing recebendo os restos do corpo quando ela os cuspiu. Ela não come lixo, mas gosta de matá-lo, garantiu a Rainha.
— Ele também, querida. — Aemma acariciou a lateral do corpo de Silverwing, apontando para o irmão de Otto que gritava por misericórdia. — Acabe com ele.
Dessa vez Vermithor também se aproximou e mordeu as pernas do homem enquanto Silverwing mordeu seu braço, os dois dragões puxaram ao mesmo tempo e o sangue espirrou por toda parte conseguindo manchar a Rainha que sorriu ao ver como entre os dois destruíram os restos mortais do homem e Canibal foi buscá-los para comer. Naquele dia todos viram um novo lado da Rainha. Aemma acariciou Silverwing quando ela se aproximou dela e sorriu, sem se importar que ela estivesse coberta de sangue.
Nos sete reinos foram celebradas as mortes dos traidores e o anúncio da gravidez da Herdeira.
Só lembrando para vocês sempre olharem os títulos de cada capítulo, pois podem tá um ano a frente ou ano atrás.
Idades das crianças em 113 d. C: Aegon: 6. Helaena: 4. Aemond e Jacaerys: 3. Baela e Rhaena: 1.
A seguir estão os nascimentos de Aegon, o Jovem, Lucerys e Daeron! Prepare-se que Viserys está chegando, Daemon e Harwin sofrendo por suas esposas grávidas e Alicent aproveitando a tortura.
A propósito, Aemond se tornou o cavaleiro de dragão mais jovem da família, com três anos de idade e afirmou ser Canibal. Aemma estava certa quando disse que Aemond seria o melhor em tudo.
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