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CAPÍTULO 3
106 D. C; RHAENYRA TARGARYEN.
AEMMA VESTIU RHAENYRA para a cerimônia de nomeação, penteando ela mesma o cabelo e arrumando cada detalhe do vestido para que tudo estivesse certo. Sua preciosa filha estava linda e ela não pôde deixar de chorar quando terminou de arrumá-la, Rhaenyra teve que lutar contra as lágrimas ao ver sua mãe chorar.
— Estou orgulhosa de você, minha menina. — Aemma acariciou as bochechas da filha. — A partir de agora você terá que provar que está pronta para ser Rainha.
— Como posso fazer isso, mãe? — Rhaenyra baixou o olhar. — Eu não estou pronta.
— Você está minha filha, o sangue do dragão corre em suas veias. — ela cuidadosamente ergueu o rosto da filha. — Você está pronta.
Rhaenyra respirou fundo e acenou com a cabeça, se sua mãe acreditava nela, então ela não tinha nada a temer.
A cerimônia foi realizada na sala do trono, Aemma manteve as costas retas e a cabeça erguida o tempo todo, observando enquanto os Lordes e Damas das grandes casas juravam lealdade a sua filha. Em diversas ocasiões ela encontrou olhares direcionados a ela, certamente de pessoas que tinham ouvido falar sobre a grande mudança da Rainha e queriam conferir. Seu sorriso sempre gentil estava em seu rosto toda vez que via sua filha, a garota que ela sempre sonhou em ver naquela posição, sua doce Rhaenyra. Dela e de mais ninguém, nem mesmo de Viserys.
Querido Daemon,
Eu sei que você está chateado, mas isso era necessário. Com Rhaenyra como herdeira e você como segundo na linha, ninguém será capaz de pressionar Viserys a tomar outra esposa. Ainda estou tentando anular seu casamento, mas você sabe como é seu irmão.
Ainda não pedi a ele para reivindicar um dragão, acho que ele não gostou desse assunto.
Quando vai voltar? Viserys sente sua falta, mesmo que ele não diga isso. Rhaenyra também sente sua falta.
Com carinho,
Aemma Arryn.
★
Rhaenyra não era mais a copeira do rei, agora era um membro ativo do conselho, sentando-se ao lado de sua mãe nas reuniões. Como naquele dia em que se reuniram graças a um assalto na cova do dragão. Realmente, quando Aemma disse a Daemon que ela estava voltando, não foi para fazê-lo roubar um ovo de dragão.
— Daemon? — Viserys perguntou em descrença em seu irmão, seu olhar indo para sua esposa que deu de ombros.
— O príncipe deixou uma carta explicando isso, Majestade. — alertou Otto.
O mestre pegou um pergaminho dobrado e o abriu, lendo a mensagem de Daemon. Aemma teve que fechar os olhos para não xingar seu primo-cunhado, ela sabia que ele só queria provocar Viserys nomeando Rhaenyra como sua herdeira, mas isso era demais. Ela gostava de Mysaria, era uma boa amizade e para Daemon usá-la para isso era baixo.
— Que ovo foi roubado? — Rhaenyra perguntou.
— Um ovo Dreamfyre, princesa, aquele que você escolheu para o Príncipe Baelon.
Aemma e Viserys se entreolharam. Embora não a afetasse tanto quanto o marido, ela sabia que afetava a filha e, se afetasse Rhaenyra, ela consideraria a maior das ofensas.
— Otto, prepare um destacamento, eu mesmo levarei Daemon à justiça. — o Rei levantou-se disposto a cumprir sua palavra.
— Sua Majestade. — a Mão do Rei se levantou também. — Receio não poder deixá-lo ir. — o homem abaixou a cabeça. — Príncipe Daemon é perigoso e...
— Daemon nunca machucaria seu irmão. — Aemma o interrompeu, levantando-se. — Mas se você está preocupado com a segurança do Rei, eu irei pessoalmente para Pedra do Dragão.
Vários suspiros de surpresa foram ouvidos e Rhaenyra olhou para a mãe com os olhos arregalados.
— Aemma, eu não vou deixar você ir. — Viserys olhou para sua esposa.
— Como você vai me parar ou Silverwing?
Todos os presentes pareciam desconfortáveis ao testemunhar a luta entre os monarcas, mas ninguém se atreveu a dizer nada. Aproveitando o segundo choque do marido, Aemma saiu da sala com Rhaenyra que a seguiu sem pensar duas vezes.
— Mãe, você vai mesmo?
— Alguém tem que pegar o ovo, querida. — Aemma parou para olhar para ela.
Rhaenyra assentiu e se virou quando ouviu seu pai chamar o nome de sua mãe. A jovem princesa foi para o seu quarto e trocou o vestido por roupas de montaria, ela não queria que os pais brigassem para ver quem iria pegar o ovo para que ela mesma enfrentasse o tio. Quando Rhaenyra e Syrax deixaram o poço do dragão, Aemma foi imediatamente avisada e teve que deixar a discussão com o marido de lado.
— Eu vou atrás de Rhaenyra e do ovo. — sentenciou a mulher, terminando de vestir suas roupas de montaria. — Talvez se você tivesse um dragão não precisaria depender tanto dessa sanguessuga que você tem como Mão.
Viserys ficou atordoado ao ver sua esposa sair da sala, suas palavras ecoando em sua mente. Se você tivesse um dragão. Ele poderia reivindicar outro dragão depois de Balerion? Aemma conseguiu reivindicar um dragão mesmo quando relutava em passar tempo com as feras, embora nunca tivesse estado muito perto de um. Com esse pensamento, ele decidiu discutir o assunto com ela quando voltasse.
Silverwing rugiu no ar, o dragão voou sobre King's Landing em direção a Dragonstone e Aemma esperava encontrar Rhaenyra no caminho, mas não havia sinal do dragão de sua filha. Quando finalmente chegou a Pedra do Dragão ouviu os rugidos de dois dragões, Syrax e Caraxes, não demorou muito para ela encontrar os dois dragões na ponte que ligava o castelo ao porto. Silverwing rugiu acima, permitindo que Aemma visse sua filha e Daemon no meio da ponte, ambos olhando para o dragão voando acima deles. Syrax abriu suas asas e saiu da ponte, deixando espaço para Silverwing pousar.
Aemma era muito paciente, mas sua paciência se esgotava em momentos como aquele.
Ela saiu de seu dragão sentindo que ela mesma era uma e estava prestes a cuspir fogo. Rhaenyra abaixou a cabeça quando seu olhar colidiu com o de sua mãe e deu um passo para o lado, permitindo que ela e Daemon olhassem melhor.
— Daemon... — Aemma olhou para o ovo nas mãos de seu cunhado. — Você roubou o ovo do meu filho.
— Achei que você viria me parabenizar, prima. — o homem de cabelos brancos sorriu divertido.
— Saia do teatro, Daemon, devolva-me o ovo do meu filho. — Aemma exigiu, mantendo-se firme.
— Meu filho também merece um ovo de dragão, cunhada. — Daemon argumentou.
— Quando seu filho nascer eu mesma irei colocar o ovo no berço dele. — seu olhar foi para Mysaria que a olhou tristemente. — Enquanto não houver bebê, o ovo é de meu filho.
— Minha senhora... — Mysaria fez uma reverência. — É bom ver que você está bem.
— Obrigada, Mysaria. — Rhaenyra ficou surpresa ao ouvir. — Sinto muito, Daemon arrastou você para tudo isso.
— Não se preocupe, minha senhora. — a mulher sorriu e olhou para Daemon. — Se você me der licença.
Sem dizer mais nada, Mysaria se virou e marchou de volta para o castelo. Aemma e Daemon se entreolharam e o príncipe riu.
— Nossa, você mudou, Aemma. — ele olhou para Silverwing, que parecia uma sombra atrás de seu cavaleiro. — Espero que você mantenha essa atitude na frente da quadra.
Daemon recuou e girou, jogando o ovo em Rhaenyra, que engasgou de surpresa, mas o pegou a tempo. A princesa olhou para a mãe e aproximou-se com passos suaves antes de lhe entregar o ovo, Aemma recebeu-o com cuidado e suspirou acariciando a casca. Daemon e seu exército já estavam marchando de volta para o castelo quando Rhaenyra soltou um grito assustado que os fez parar. Silverwing rugiu e Aemma prendeu a respiração vendo o ovo tremer em suas mãos, ela podia sentir o calor emanando do ovo através de suas luvas, mas ela não o soltou. Daemon olhou de onde estava e seus olhos se arregalaram ao ver como um dragão saiu do ovo que sua cunhada estava segurando.
— É lindo. — Rhaenyra soluçou olhando para o pequeno dragão com escamas douradas. — Mãe...
— Eu sei. — Aemma sorriu, incapaz de parar de olhar para o dragão.
— Como vamos chamá-lo? — perguntou a princesa animada.
— Como você quer chamá-lo?
— Sunfyre. — ela respondeu imediatamente. — Me lembra o sol quando brilha alto no céu.
Aemma virou a cabeça e seu olhar encontrou o de Daemon, e ambos assentiram e seguiram caminhos separados. O príncipe voltou ao castelo e Aemma voltou para King's Landing com sua filha e um dragão dourado descansando em seu ombro.
★
Querida Aemma,
Lord Corlys veio pedir minha ajuda no Stepstones, então achei apropriado perguntar se você queria experimentar na área de guerra, como você está surpreendendo a todos com sua mudança de atitude.
Dragonstone será deixado sozinho, vocês podem vir quando quiserem, Vermithor não sai de sua caverna há semanas, então Viserys pode visitá-lo sempre que quiser. Pelos sete infernos, faça-o reivindicar o maldito dragão ou eu mesmo irei procurá-lo em Caraxes para fazer isso.
A questão de entrar na guerra é séria, aguardo sua resposta.
Assinado,
Daemon.
Assim que Aemma recebeu a mensagem de Daemon, ela preparou uma viagem para Dragonstone, apenas para a família real. Rhaenyra estava animada que seu pai iria voar com elas, embora ela não soubesse o verdadeiro propósito da viagem. Eles partiram na manhã seguinte ao recebimento da mensagem, quando Rhaenys chegou de Driftmark e foi nomeada princesa regente porque Aemma preferia morrer a deixar Otto governar tudo.
Viserys não conseguia conter a felicidade que estar em cima de um dragão com sua esposa gerava, ele já havia esquecido como era voar e estar livre no ar. Rhaenyra e Syrax estavam com eles e ele não conseguia parar de ver o rosto animado de sua filha que não parava de sorrir desde que sua mãe lhe contou sobre a viagem. Eles chegaram a Dragonstone na hora do almoço e logo foram conduzidos por sua esposa para a caverna de Vermithor, Rhaenyra seguindo curiosamente. A caverna tinha algumas tochas nas paredes, provavelmente obra de Daemon, então o caminho estava iluminado.
— O que estamos fazendo aqui? — Rhaenyra perguntou a sua mãe em um sussurro.
— Você vai ver. — Aemma olhou para o marido. — Viserys, você deve ir sozinho. — ela passou uma tocha para ele.
— Tem certeza? — o homem hesitou, mas pegou a tocha.
— Vá. — sua esposa o empurrou para o interior escuro da caverna.
Mãe e filha ficaram sob a luz das tochas observando Viserys se mover em direção ao lado mais escuro da caverna. Houve um movimento e o Rei parou, os três maravilhados com a rajada de fogo que foi lançada em direção ao teto da caverna. O enorme dragão de bronze rugiu, abaixando a cabeça, os olhos fixos no homem à sua frente.
— Ele vai reivindicá-lo? — Rhaenyra perguntou o mais silenciosamente que pôde.
— Este é o plano.
Viserys foi incapaz de reivindicar Vermithor até uma semana depois, no último dia de sua estadia em Dragonstone. Naquele dia, como nos últimos dias, ele foi sozinho para Dragonmont, mas desta vez ele voltou para o castelo acima de Vermithor. Rhaenyra foi a primeira a descobrir, já que estava preparando Syrax para voar, assim que viu o dragão de bronze no ar, ela subiu em seu dragão e voou. Eles deixaram King's Landing com dois dragões e voltaram com três, a notícia do rei reivindicando um dragão se espalhou pelos reinos como uma praga.
quinze
Novamente Aemma notou um olhar estranho em Otto Hightower.
Querido Daemon,
Antes de responder à sua pergunta, você deve saber que encontrei algo. Alguém deixou uma mensagem no meu quarto enquanto eu não estava em King's Landing, era um local, então enviei os guardas que você me designou. Eles encontraram o meistre conversando com um homem misterioso, infelizmente não conseguiram pegar o homem, mas agora temos mais testemunhas para confirmar a conspiração do meistre.
Ainda estou procurando quem pode ter deixado a mensagem, mas não tenho nenhum suspeito. Você acha que alguém está realmente tentando nos ajudar ou está apenas tentando manipular as coisas? Pedirei a Viserys para trazer Mestre Gerardys e remover Mellos como Grão-Mestre, acho que tenho provas suficientes para acusá-lo de traição.
Agora sim, respondendo à sua pergunta, não vou negar que me sinto atraída pela ideia de ir para a guerra, mas não acho que no meu estado eu possa fazê-lo. Ah, Daemon, os curadores me deram a notícia de que estou esperando um bebê. Talvez quando eu me recuperar eu possa entrar na guerra.
Talvez eu até leve Viserys comigo. Suponho que você já saiba que ele conseguiu reivindicar Vermithor, obrigada por deixar a caverna iluminada. E caso você esteja se perguntando, eu vomitei quando pousamos.
Espero que você fique seguro na guerra, por favor, não arrisque muito.
Com carinho,
Aemma Arryn.
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