Segredo revelado.
No final da aula, peguei na mão de Thalita, impedindo-a de sair da sala.
— Podemos conversar?
— O que você quer? Por que não me deixa em paz e esquece que um dia já fui sua amiga? — Seu tom de voz se elevou e eu me assustei, ela estava mesmo com muita raiva de mim.
— Ei... que tom é esse? Olha o respeito, garota — a repreendi, minha vontade era de lhe dar uns bons tabefes.
Ela riu e me empurrou com força, coisa que nunca havia acontecido antes, ela nunca tinha gritado comigo, ficado com tanta raiva de mim, brigado em nível de querer bater, o meu passado estava mudando drasticamente! Mas não de um jeito muito agradável... as coisas estavam saindo um pouco fora de controle.
— Thalita! Você está ficando maluca? Doeu! Tudo isso é só por causa do Gustavo? Você ainda não o superou? Não seja ridícula! Tantos meninos por aí, e você está fazendo esse "show" todo por causa do Gustavo? Ele é bonito sim, mas não precisa exagerar, não é o único no mundo! — Gritei, com raiva.
Seus olhos verdes se esbugalharam e eu notei o rancor crescendo cada vez mais pela forma como me olhava e por suas expressões faciais.
— Falsa... quanto mais te olho, mais vontade eu tenho de te bater muito...
— Então me bate! Anda, me bate, Thalita! — Gritei com raiva.
Ela levantou a mão, que ficou parada no ar por uns segundos, parecia analisar se devia me bater de verdade, quando notei que ela havia se decidido em me dar um tapa, fiquei sem reação, eu não esperava que ela fosse me dar um tapa de verdade! Só queria ver até onde ela ia... mas, Gustavo se intrometeu na minha frente e segurou o braço de Thalita, foi tudo tão rápido, que eu nem percebi ele se aproximando.
— É assim que você quer resolver os seus problemas, Thalita? Batendo na sua melhor amiga? — Perguntou ele, em um tom irritado. Ele a soltou, e se colocou ao meu lado, pegando na minha mão na frente dela.
— Vocês dois se merecem, tenho nojo de vocês dois — ela disse, de fato, parecia enojada, aquilo me magoou muito.
— Apenas resolva os seus problemas com Alícia agora, vão ficar brigando até quando? Você ainda gosta de mim, Thalita? — Ele perguntou, confuso.
— Não, eu odeio você, na mesma intensidade que estou odiando ela.
— Por que nos odeia? — Gustavo insistiu, sem soltar a minha mão.
— Não enxergam mesmo o que fizeram a mim? É por isso que eu os odeio! Eu era apaixonada por você, Gustavo! Eu falava o tempo todo de você, para ela! Alícia sempre soube dos meus sentimentos por você e ela me dava a maior força, até que um dia, ela me convenceu a confessar meus sentimentos a você! E foi o que fiz, eu achei que você fosse aceitar pelo menos me conhecer... mas você me recusou naquele dia, nem me deu uma chance, tudo bem, doeu, mas eu tinha o consolo da minha amiga! Das minhas amigas... eu tinha te esquecido, Gustavo, eu te superei, é verdade, não gosto mais de você como antes eu gostava. Mas ver e saber que a minha melhor amiga está toda intima do garoto de quem eu gostava! Do garoto que me rejeitou, e simplesmente não ter me contado como essa aproximação aconteceu e ter fingido que não sabia dos meus antigos sentimentos por ele, isso me magoou muito! Você fez pouco caso de mim, Alícia! Você agiu como se eu fosse à surtada, sendo que você me traiu! Me apunhalou pelas costas... eu nem sabia que você tinha ficado amiga dele, e está nítido o quanto ele te deseja! O que quer que eu pense? Eu não duvido nada que vocês dois já estejam ficando juntos e esteja escondendo de mim! E se foi capaz disso, quem garante que você já não gostava dele na época que eu também gostava? E que me incentivou a ir atrás dele, justamente para que eu pudesse ser rejeitada e você pudesse ficar com ele? Eu não te conheço mais, Alícia. Não parece mais a mesma amiga da qual eu me lembrava, está diferente e eu te odeio por tudo isso! — Thalita gritou, estava enfurecida e lágrimas escorreram por seu rosto.
Escutar todas essas acusações acabaram comigo, porque, ela estava certa em se ressentir de mim por isso, a Alícia que era sua melhor amiga não era mais a mesma, porque eu já havia crescido, eu tinha 27 anos e estava no meu corpo de 14, mas meus pensamentos não eram mais os mesmos, e eu não me lembrava de tudo da minha juventude, algumas coisas eu havia esquecido, para mim havia se passado anos e eu já havia vivido tudo, mas aquela Thalita que estava ali, chorando e gritando, ela ainda era uma menina, tinha 14 anos e não entendia o motivo de sua amiga estar tão diferente do dia para a noite, não sabia quando foi que a amiga havia se aproximado do Gustavo sem contar a ela com antecedência, como eu não consegui enxergar seu lado antes? Eu estava tão concentrada em mudar o meu passado, focando apenas em mim, que me esqueci de pessoas importantes que estavam a minha volta, a Thalita de 14 anos não tinha culpa de suas mancadas em relação a nossa amizade no futuro, ela ainda não sabia que iria vacilar na amizade comigo, e eu já estava vacilando com ela, para facilitar o processo mais tarde.
Ela ainda não entendia tudo o que o Gustavo e eu entendíamos. O que eu faria? Eu não queria continuar dependente dela no futuro e sofrer novamente, mas se eu a afastasse de mim naquele momento estaria magoando uma menina inocente que ainda não sabia de nada do que aconteceria futuramente.
— Eu sinto muito, me desculpa, Thalita... perdão! Eu sou uma tola! Não enxerguei isso, não fiz essas coisas por maldade, realmente, o Gustavo que me chamou no MSN e desde então, ele tem ficado atrás de mim, eu não fui atrás dele porque o queria, nem foi para o roubar de você. Eu nem sabia que ele gostava de mim, fiquei sabendo recentemente... nunca quis te magoar — pedi desculpas, de coração, vê-la chorar naquele estado, me magoou muito, fiquei com pena, eu não queria traumatizar uma menina inocente.
— Ela está falando a verdade, Thalita. Ela não sabia que eu gostava dela, e fui eu que a chamei para conversar, eu que estou correndo atrás dela, se quer culpar alguém, culpe a mim — Gustavo falou.
— Mas você fingiu não se lembrar dele... sendo que além de eu gostar dele e falar dele o tempo todo, ele era da nossa sala! Como explica isso?
Não tinha como eu explicar aquilo... — Desculpa, eu fiquei confusa com suas perguntas e com toda a situação, e não soube te explicar direito o ocorrido — menti.
— E por isso, fingiu não se lembrar? Por isso fez aquelas gracinhas de não saber quem era o Gustavo? Isso só mostra que você é fingida...
— Eu estava nervosa, Thalita! E com medo de você não querer mais ser a minha amiga, sinto muito, estou arrependida!
— Então, por que ainda continua de mãos dadas com ele? Não parece que está arrependida.
Só então percebi que minha mão estava entrelaçada a de Gustavo, fiz o movimento para me desprender dele, mas o mesmo não permitiu, ele me puxou em sua direção e me abraçou de lado, me envolvendo com carinho.
Fiquei surpresa com sua atitude. — Ela está arrependida por ter te magoado sem querer, mas por que ela precisa se afastar de mim para comprovar seu arrependimento? Você não gosta mais de mim, por que está se incomodando tanto com o fato de nós dois nos gostarmos? Mesmo que a Alícia me rejeite, eu continuo gostando dela! E vou lutar por ela, então, se quiser continuar sendo amiga dela, terá que aceitar me ver perto da sua amiga o tempo todo — ele disse em um tom autoritário, aquilo me pegou de surpresa. Suspirei fundo e tentei me afastar dele educadamente, também não queria magoá-lo.
— Não quero mais falar com vocês dois — ela disse e se virou, saindo apressadamente para fora da sala de aula.
Ele me soltou, mas passou a mão por meu cabelo com carinho. — Não fica assim, ela vai superar isso. Não sabia que a Thalita era tão rancorosa.
— Nem eu...
— Você fez tudo o que podia, se explicou, se ela quiser continuar a amizade ótimo, mas se não quiser, precisa aceitar e deixá-la partir, Alícia. Quando voltamos ao passado, nossas novas atitudes interferem no presente e no futuro, voltamos para mudar o nosso passado, e as mudanças estão ocorrendo, mesmo que não seja do jeito que queremos... não da para mudar o passado continuando com ele da mesma forma de antes.
— Eu sei... mas não era desse jeito que eu queria que as coisas acontecessem, quero que minha vida melhore, e não que coisas ruins aconteçam. Se ela deixar de ser minha amiga, então, todas as lembranças dos momentos que tivemos juntas, não existirão mais... tudo seria apagado. Nossa amizade não era perfeita, mas, eu tive bons momentos ao lado dela, antes de tudo se complicar e desgastar com o tempo — confessei com pesar. Só naquele momento, percebi que voltar ao passado poderia mudar drasticamente meu futuro, e que eu não teria controle sobre todos os momentos, pessoas que foram importantes na minha vida no passado, poderiam deixar minha vida, apagando assim, todas as lembranças de nossas vivências antigas.
Eu estava preparada para ver minha melhor amiga se afastar antes do tempo? Eu estava pronta para deixar minhas antigas memórias? Eu voltei disposta a não tratá-la com prioridade, voltei disposta a mudar tudo, criar novas amizades, e aproveitar minha juventude, porém, algo em mim não estava preparada para mudanças fortes, por que era doloroso vê-la partindo antes do tempo? Mesmo sabendo do que ela me faria no futuro...
Uma lágrima escorreu por meu rosto. Gustavo tocou meu rosto, enxugando minha lágrima. — Alícia, estamos de volta ao nosso passado, mas ele também é o nosso atual presente. Nossas ações atuais mudam tudo, e modificam nosso futuro. Eu também não sei como funcionam todas as regras de viagens no tempo e nem como foi possível viajarmos de volta ao passado, isso ainda é louco e ás vezes, sinto que estou sonhando... mas, não estamos. Essa é a nossa nova realidade, estamos juntos de volta a 2011, e vivendo coisas que não aconteceram da primeira vez. Precisamos nos unir e tomarmos cuidado com o que fazemos. Você voltou com um objetivo, não se esqueça dele por causa da Thalita ou de qualquer outro... se você não quer que o passado mude, então, não tem porque continuar em 2011, não é? Você quer voltar para aquele seu futuro?
Balancei a cabeça negativamente, mais lágrimas descendo por meu rosto.
— Não quero aquele futuro... mas também não quero perder a Thalita dessa forma.
Gustavo sorriu, sua mão ainda estava em meu rosto, mas não tentava mais limpar minhas lágrimas. — Você ainda é uma garotinha — disse ele, sorrindo.
Suspirei fundo e o empurrei fraco. — Para de implicar — pedi, tentando não ligar muito para seu comentário.
— Mas isso é bom, afinal, eu me apaixonei por essa "garotinha" no passado, e agora, estou me apaixonando novamente por ela — falou de um jeito tão convincente e sedutor, que senti meu coração bater mais forte e fiquei nervosa por estar tão perto dele.
— Gustavo, não muda a conversa! Não começa com seus flertes agora — o repreendi, e dei alguns passos para trás.
Ele riu. — Alícia, o que aconteceu entre você e a Thalita no futuro? Você ainda não me contou.
— Bom, tudo começou aos 17 anos, ela arrumou o primeiro "namoradinho", e começou a dar mais importância a ele do que a mim, ela só saía com ele, basicamente, estava me trocando por ele. Parecia que não tinha mais espaço na vida dela para mim, e ela não enxergava isso, ou fingia não enxergar. Quando eles terminaram, ela voltou como se nada tivesse acontecido, e eu aceitei, porque ela era a minha única amiga de verdade naquela época... com o fim do ensino médio, ela conseguiu um emprego depois de um tempo, e conheceu um rapaz do seu serviço, que a chamou para sair, ela aceitou e foram se conhecendo, no início, ela me contava tudo, dizia não gostar tanto dele, mas que estava tentando conhecê-lo melhor, disse que nada ficaria acima da nossa amizade, porque me conhecia há anos, se que se ele não gostasse de mim, ela o largaria. Enfim, ela se apaixonou muito por ele, e novamente, o colocou no centro de sua vida, esquecendo-se de mim e de si própria, afinal, era um relacionamento tóxico, eu passei a detestar o tal namorado, pois, ela vivia me mandando mensagens falando que havia brigado com ele por causa de coisas tóxicas vindas da parte dele. Eu tentava ajudar, aconselhando-a, mas era em vão, ela nunca me escutava, ela mal marcava de sair comigo, quando saíamos juntas, era porque eu chamava, brigamos várias vezes por mensagens sobre essas coisas, sobre como ela não dava o devido valor a nossa amizade, ela falava que ia mudar, que iria tentar me ver mais e que eu era importante para ela, mas nunca mudava, com o tempo eu fui deixando e aceitando aquela amizade virtual, que era a única coisa que eu tinha. Mas houve um dia, em que ela me contou por mensagem que havia se casado no civil com ele, mas que não havia me contado antes porque estava resolvendo as coisas do casamento e não teve tempo, o que era uma grande mentira. Ela falava comigo todos os dias virtualmente e havia se esquecido de falar que estava planejando um casamento? Isso é absurdo. Ela escondeu porque não queria que eu soubesse que ela iria se casar, aquilo doeu muito, brigamos, ela implorou por desculpas e inventou mil desculpas, disse que iria conversar comigo pessoalmente, eu não consegui recusar, nos encontramos, ela se desculpou e disse que estava com medo de me falar, porque sabia que eu não gostava dele... como se eu fosse obrigá-la a não se casar com ele, não é absurdo? Eu não gostava dele, porque ela me contava as coisas ruins que ele falava e fazia, mas ela agiu como se eu fosse à culpada por ela não ter me contado. Fui deixando e tentando deixar nosso assunto por mensagem morrer aos poucos, mas ela sempre me chamava por mensagem e eu ficava me sentindo uma pessoa ruim de não respondê-la. Alguns dias, ficávamos sem trocar mensagens, mas depois de um tempo, ela puxava assunto e eu a respondia, porque não conseguia deixá-la no vácuo, pois eu me lembrava de tudo o que vivemos juntas na adolescência, nos tornamos amigas aos 12 anos, era difícil excluir uma amizade de anos do nada. Mas eu sempre fui à amiga trouxa, que implorava por atenção, e o que sempre recebi de volta, eram decepções. Parei de mendigar atenção desde o lance do casamento, respondia ela, e ás vezes, puxava algum assunto para ela não achar que eu não estava interessada mais, mas a minha vontade era sumir, era parar de respondê-la e deixar que um dia ela percebesse sozinha o que havia feito e que sentisse a falta de uma amizade que ela jogou no lixo inúmeras vezes. Mas será que ela sentiria mesmo a minha falta? Acho que não — confessei, meu rosto estava todo molhado, eu não estava conseguindo controlar o meu choro, as lembranças voltaram em minha mente com força e isso me afetou mais do que deveria.
Ele me abraçou, afagando minhas costas com carinho. — Vai ficar tudo bem, lindinha. Isso vai passar, não vai doer para sempre, mesmo que a Thalita se afaste, você vai ficar bem, você tem a mim, e com toda certeza, fará novas amizades, tem toda a vida pela frente, não fique presa a uma amizade do passado que não te faz bem, não se agarre a amizades que não te dão valor, por causa das memórias valiosas de um passado com essa pessoa. Você não tem poder sobre as ações dos outros, se ela gosta mesmo de você como amiga, irá voltar, mas se não, não se martirize por isso. Você fez o que conseguiu.
— Obrigada, Gustavo — agradeci entre soluços.
Ele não me soltou, continuou abraçado a mim, afagando minhas costas.
— Alícia...
Saí do abraço e ergui meu olhar para ele. — Sim?
— Ao invés de beijar outro garoto, faça isso comigo.
Não tive tempo de responder, quando notei, seu lábio já estava sobre o meu, ele me puxou para mais perto, segurou meu rosto com uma mão e minha cintura com a outra, no inicio não soube como reagir ao beijo, fiquei sem reação e nervosa demais, mas Gustavo não desistiu, e me beijou com vontade, automaticamente, tentei corresponder da mesma forma que ele estava fazendo comigo.
A sensação de ter seu lábio tocando o meu, sua língua invadindo a minha, era estranho, novo e incrivelmente bom, era uma mistura de algo apavorante com algo maravilhoso.
Era a minha primeira vez beijando um garoto, um homem. Eu estava beijando aos 14, mas aos 27 também... era estranho pensar nisso.
Quando o ar começou a faltar, ele parou o beijo, nossas respirações aceleradas, pude notar um sorriso ladino em seu rosto, a realidade do que havia acontecido veio em seguida.
Dei um passo para trás, ainda confusa e assustada. — Você... sabia que eu era BV? — Perguntei, percebendo naquele momento que ele sabia do meu segredo que sempre tive vergonha em admitir.
Ele assentiu com a cabeça. — Como?
— Bom, quando escutei que você queria beijar um garoto de 14 anos, passei a desconfiar de que talvez, você ainda fosse BV. Por que mais você iria querer beijar um pirralho de 14 anos? Você voltou no passado para mudar as coisas da qual se arrepende, e você sempre foi muito tímida na época... então, liguei as coisas até chegar a essa conclusão — ele respondeu, como se não fosse nada demais, como se o fato dele ter tirado o meu BV fosse algo simples.
— E você me roubou um beijo sabendo disso? Você simplesmente decidiu sozinho que queria ser o primeiro a me beijar? — Elevei o tom de voz, irritada com a atitude dele.
Ele se aproximou de mim e pegou na minha mão. — Se você queria perder o seu BV, por que não comigo? Sou bonito, e somos dois adultos que voltaram no tempo, e pela forma como correspondeu ao beijo, você gostou, nem tentou se afastar. Você já perdeu o seu BV, já conseguiu mudar mais coisas no seu passado, não era isso o que queria?
Afastei minha mão da sua após escutar sua explicação. — Você é inacreditável, Gustavo! Um abusado, irritante! Você não tinha o direito de me beijar! Se eu quisesse que você tirasse o meu BV, teria pedido a você... mas se eu queria beijar outro, era porque você estava descartado! Você é um atrevido! — Gritei, furiosa.
— E por que você queria beijar outro e não a mim? Sou tão desprezível assim? — Sua voz saiu irritada.
Apertei meu punho. — Sim, é isso. Você não é o meu tipo, quando vai entender isso? Eu não gosto de você, vê se me esquece — respondi seriamente. Obviamente, estava mentindo, mas quando percebi, já havia proferido aquelas palavras ruins a ele.
Fiquei com tanta raiva, que disse mentiras para feri-lo, a verdade era que eu havia gostado muito do beijo, eu me sentia atraída por ele, mesmo que não gostasse de admitir nem para mim mesma. Porque era a minha primeira vez gostando com sentimentos reais em relação a um menino e não platonicamente como sempre foi. Era a primeira vez que eu sentia que poderia me magoar se continuasse gostando dele, então, mentir e tentar me afastar foi à fuga que eu encontrei para me afastar de tais sentimentos, o medo de me magoar, o medo do desconhecido era apavorante.
Eu nunca soube como era chorar por causa de um namorado, porque nunca tinha tido um na vida, e apesar de eu sempre ter desejado ter um, o fato de que isso pudesse estar começando a acontecer com o Gustavo, me assustava muito. Por que ele? Eu mal o conhecia, e já estava sentindo coisas por ele, era absurdo, devia ser carência!
Os olhos deles marejaram, e notar que eu havia conseguido fazer um garoto ter vontade de chorar, causou sentimentos ruins em mim, me senti horrível.
— Ótimo, é bom saber disso. Eu não preciso de uma garota arrogante e que não gosta de mim na minha vida. Faça o que quiser com quem quiser, eu não ligo. Mude o seu passado do seu jeito, da forma como está fazendo, arrogante desse jeito, só vai mudar para pior... — ele disse com desdém e se afastou de mim, saindo da sala de aula.
Fiquei sozinha, absorvendo suas últimas palavras e a forma como ele as proferiu a mim, estava com raiva e magoado, e não era para menos, eu o chamei de desprezível e disse que ele não era o meu tipo, se eu escutasse algo assim de um garoto sobre mim, cairia no choro.
Eu mereci aquilo, e não podai nem reclamar, desabei em lágrimas, porque ter escutado tudo isso dele já me magoou, e o fato de eu ter o magoado, também havia me magoado mais.
Por que eu estava em 2011? Se eu não conseguia nem mesmo aproveitar a chance que me foi dada, eu estava transformando tudo em um pesadelo com minhas atitudes egoístas...
Havia perdido a Thalita e agora o Gustavo, o que seria do meu futuro se eu continuasse em 2011 fazendo trapalhadas? Fiquei com medo, meu celular apitou, um SMS de um número desconhecido.
"Você pode voltar para 2024 se quiser, mas se decidir voltar agora, pode não gostar do seu futuro e não poderá voltar mais ao passado, decida o que quer, não perca tempo".
"Quem é você? Por que isso está acontecendo comigo?"
A pessoa não respondeu. Voltar para 2024 não estava nos meus planos naquele momento. Respirei fundo, e saí da sala de aula.
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