Beijar?
Kdrama do vídeo acima : Cheer Up 2015
Capítulo sem revisão.
Minha mãe me encheu de perguntas a respeito de Gustavo, no dia anterior, quando cheguei em casa no final da tarde, ela quis saber quem era o menino que havia me levado até em casa, e o que eu era dele, fez perguntas que nem eu soube responder.
Respondi que não sabia muito sobre ele, que estávamos começando a nos conhecer, e que éramos amigos. Ela ficou um pouco desconfiada, mas não insistiu, havia esquecido a quão preocupada minha mãe era nessa fase. Sempre fui uma filha "quieta", nunca dei trabalho a ela, envolvendo relacionamentos amorosos ou bagunça na escola, mas, ainda assim, sempre ficou no meu pé, queria saber se eu estava namorando, se tinha paqueras, o que eu fazia na escola, quem eram minhas amigas...
Não só ela, meu pai também, eu sempre tive medo do meu pai naquela época, ele era um pouco autoritário, e "antigo", o termo "namorar" o assustava bem mais que a mim.
Eles deram sorte que eu nunca levei um "namorado" para conhecerem, quando falo "nunca", de fato é nunca. Eu nunca namorei na minha vida, nunca beijei na boca, no auge dos meus 27 anos sou totalmente inexperiente em relação a namoros.
Isso sempre me envergonhou. Como admitir que uma mulher de 27 anos nunca se envolveu romanticamente com alguém antes? No mundo em que estamos vivendo hoje... em pleno 2024? Sempre me perguntei o que há de errado comigo, por que eu nunca saí com alguém antes? Por que eu nunca decidi enfrentar meus medos bobos e beijar?
Não faltaram oportunidades para mim no decorrer do meu crescimento, mas eu sempre rejeitei todos os rapazes que me chamavam para sair, alguns eu rejeitava porque não gostava, outros era por puro "medo do desconhecido".
Agora que eu estava em 2011 novamente, eu pretendia mudar isso também, eu precisava perder o BV logo! E daí que eu beijasse um pirralho qualquer de 14 anos? Minha mente é de 27, mas meu corpo era de 14, o que tem de errado? Será que é errado?
Para todos deste ano eu sou uma adolescente, e teoricamente, todos eles aqui são da minha idade no futuro.
Na manhã seguinte, mamãe foi me acordar no meu quarto, para que eu me arrumasse para ir ao colégio. Era difícil me acostumar novamente com esse celular antigo de teclas, saudades do meu celular de 2024... na época em que eu era adolescente só nos dávamos bem com esses celulares e a falta de uma tecnologia mais "avançada" porque não conhecíamos a tecnologia e os celulares do futuro, então, era mais fácil.
Um wifi faz falta... mas é bom, sinto que estou revivendo uma época mágica, nunca pensei que eu pudesse voltar no tempo um dia e viver minha juventude novamente. Afinal, a vida é mesmo semelhante a um filme ou série, quem diria, não é mesmo?
Já vestida com meu uniforme e mais uma de minhas calças jeans de cintura baixa, arrumei minha mochila, era uma rosa bem "simples", meu gosto atual não bate mais com meus gostos da época de minha adolescência, como faria para comprar roupas no estilo "romântico da shein", em pleno 2011? Não existia loja virtual da Shein no Brasil em 2011! E as roupas de 2011 eram muito distintas das de 2024, eu teria que tentar encontrar roupas mais "retrôs" para não destoar muito do estilo de 2011...
Minhas roupas da adolescência eram tão simples, e bregas... eu não tinha estilo! Mas na época eu me achava linda usando-as... que vergonha!
Após me arrumar, fui até a cozinha para tomar café, minha mãe se aproximou para fazer a refeição comigo, ela costumava acordar cedo apenas para me acordar e me ver saindo de casa para ir para a escola, ela também fazia o café para mim, na época eu não assimilava os detalhes de tal atitude, ela fazia isso por mim, porque me amava, amor maternal. Não tinha nenhuma necessidade de ela fazer essas coisas para mim, eu podia acordar sozinha se decidisse acordar pelo som do despertador, mesmo sendo difícil, eu me acostumaria. Eu podia fazer meu próprio café e sair de casa sem que ela precisasse acordar e me ver saindo, mas ela gostava dessa rotina, por causa de seu amor maternal.
Meu pai pegava no serviço as 8 da manhã, ele trabalhava como secretário de um dentista, e ela acordava novamente as 7 para ajudá-lo com o mesmo processo ( tirando a parte de fazer outro café ).
Mamãe fazia faxinas em alguns dias da semana, vim de uma família de classe média, nunca me faltou nada, claro que eu não tive tudo o que eu queria, mas sempre tive o essencial para conseguir viver bem, sem passar necessidades. Por isso, eu era muito grata aos dois e é por isso também, que eu ficava arrasada em não conseguir um emprego na minha área de formação, eu precisava retribuí-los por tudo, mas não conseguia.
Ao pensar no fracasso que eu era em 2024, meus olhos marejaram e eu fiquei triste por minha mãe, acordando tão cedo e fazendo tudo isso em vão, no futuro essa garota seria uma decepção para ela. Sem emprego e dependente dos pais.
— O que foi querida? Está chorando? — Perguntou ela, preocupada, ao perceber algumas lágrimas escorrendo por meu rosto.
Tentei segurar as outras e limpei meu rosto rapidamente. — Não, é nada...
— Alícia. Por que está chorando? Estão fazendo bullying com você no colégio?
— Não! É que eu me lembrei de um filme que assisti um dia, o final foi tão triste e acabei chorando — menti, esperava que ela acreditasse na minha mentira.
Ela cruzou os braços e me encarou. — Tem certeza que é por isso?
— Sim, fiquei com vergonha de contar...
— Alícia... pior que vindo de você eu realmente não duvido que esteja chorando por causa de um filme!
Sorri. Ser uma romântica incurável me serviu de algo, eu realmente sempre chorei com filmes tristes, livros... qualquer estória triste me fazia chorar, isso continuou mesmo na minha fase adulta.
— Desculpa...
— Se acontecer qualquer coisa que te faça chorar por coisas que não sejam "ficção", não hesite em me contar, está bem?
— Sim, mamãe — disse e sorri para ela.
Eu mudaria o futuro mãe, por mim e por vocês, eu não pretendo mais ser uma decepção.
Ela sorriu e se sentou para me fazer companhia. Conversamos um pouco antes de eu ir para o colégio, ela ainda não havia se esquecido do Gustavo, perguntou sobre ele, se eu o achava bonito. Fiquei envergonhada, nunca fui de conversar sobre garotos com ela, mas eu também queria mudar isso, queria ser mais "amiga" da minha mãe. Por que eu tinha vergonha de conversar sobre garotos com ela? O que me barrava? A minha timidez? Ou o medo? Talvez os dois.
— Ele não é feio... mas somos só amigos.
— Hum, entendo...
— Mãe, eu vou marcar um psicólogo no posto de saúde, posso?
Seus olhos se arregalaram. — Pode, mas... por quê?
Suspirei. Na minha adolescência eu nunca fiz nada para mudar minha timidez, mas eu estava disposta a fazer tudo diferente.
— É por causa da minha timidez, quero entender porque sou assim, e vencer isso, deixar de ser tão "tímida", isso vai me atrapalhar muito no futuro, não quero que me atrapalhe. Também quero fazer aulas de teatro, para me ajudar com isso, e inglês! Mas as aulas de inglês teriam que ser pagas,,, vocês conseguiriam pagar? O teatro é gratuito, desde que eu me inscreva naquele projeto de teatro e caso eu venha a ser classificada também.
— Nossa, você está mudada, às vezes sinto que estou conversando com uma adulta. Pensando no futuro e em melhorar... isso é incrível, querida. Se a timidez te atrapalha e você sofre com isso, eu te dou apoio para que marque uma consulta, mas será que você vai conseguir um encaminhamento rápido?
— Ah, não sei, mas não custa tentar.
— Não se preocupe, se demorar muito, posso conversar com seu pai sobre pagar um psicólogo particular. Sobre as aulas de teatro, acho isso ótimo, vai ser bom para você se soltar mais, e fazer novas amizades. E sobre as aulas de inglês, vou conversar com seu pai, podemos dar um jeitinho. Estou orgulhosa de você, meu bem.
Sorri sem jeito. — Espero que eu possa ser um orgulho no futuro.
— Você já é, meu bem. É uma filha bondosa, obediente, esforçada, uma boa menina — ela disse, acariciando meu cabelo com ternura.
— Obrigada, mãe — agradeci emocionada, tentando não chorar mais.
... ... ...
Na escola, durante o intervalo, resolvi pedir ajuda das minhas amigas para tirar o BV, não que eu precisasse de fato que elas me ajudassem, mas eu precisava de conselhos, afinal, do grupo, apenas Thalita e eu éramos BV naquela idade.
No entanto, de acordo com minhas lembranças, Thalita beijaria pela primeira vez aos 16, enquanto eu permaneceria Boca Virgem até os meus 27... vergonha.
— Meninas, eu quero beijar, podem me ajudar a escolher um garoto decente para isso? — Perguntei, todas esbugalharam os olhos e riram, menos Thalita que permaneceu séria.
— Está falando sério, Alícia? Quer mesmo beijar? — Gritou Paula, seu tom de voz soou um pouco "debochado", e não duvido que tenha sido mesmo. Minha relação com ela era um pouco complicada, na época, eu não via maldade em Paula, achava que ela era minha amiga e que gostava de mim, no terceiro ano, descobri por Manuela e Thalita, que Paula vivia falando mal de mim pelas costas, falava que eu era chata e grudenta.
Eu só não fiquei tão chateada porque no terceiro ano, Paula e eu éramos mais colegas do que amigas, mas saber sobre algo assim, nunca é fácil, é como se todos os momentos que tive com ela fossem "falsos", sendo que para mim sempre foram momentos "verdadeiros".
E apesar de ter descoberto isso, ainda assim eu não consegui odiá-la, só era triste saber que os momentos que tive com ela, para mim foram especiais, mas para ela talvez tenha sido uma "chatice" me aguentar como sua amiga.
Mas eu não iria mais me importar com a Paula, sabendo de tudo o que aconteceria no futuro, para que me importar com uma pirralha falsa de 14 anos? Meu objetivo ali era outro.
— Sim, Paula. Eu quero beijar, está na hora, não é mesmo?
Ela sorriu maliciosamente e concordou. — Está a fim de quem? — Ela quis saber.
— De ninguém. Por isso preciso da ajuda de vocês para escolher um que seja um pouco "decente".
Lirian e Manuela riram. — Tem certeza, amiga? Você está mudada.... — disse Lirian, me olhando com desconfiança.
— É verdade, você realmente mudou um pouco, parece mais "solta" — concordou Manuela, passando a mão por seu longo cabelo loiro.
Lirian se aproximou de mim, ela era a mais alta de nós, seu cabelo afro na altura do pescoço era cobiçado e admirado por muitas garotas, em 2011, a novidade era alisar cabelo, mas Lirian nunca quis alisar o seu, ela amava seu cabelo cacheado, dizia que fazia parte dela. Seus olhos castanhos escuros estavam sendo iluminados pelo sol que batia sobre nós.
— Acho que está com febre — disse Lirian, colocando a mão sobre minha testa.
— Ah, para de bobeira, menina! Estou falando sério.
Paula ajeitou sua franja Chanel, e seu cabelo preto que batia no meio das costas, e se aproximou de mim, pegando meu braço. — Você poderia ficar com o Gustavo, ele já está na sua mesmo — disse e riu baixinho.
Arregalei os olhos, e olhei na direção de Thalita que estava séria e me olhava com uma pontada de raiva e ciúme. — É, Alícia, fica com o Gustavo, ele está totalmente na sua — falou com resquícios de mágoa.
— Claro que não, meninas! Eu não vou beijar o Gustavo, porque eu não gosto dele, quero beijar outro! — Minha voz saiu um pouco alto, e logo em seguida, senti braços me cutucando por trás, pulei de susto e dei de cara com Gustavo que me olhava surpreso e sorrindo.
— Eu escutei certo? Você quer beijar outro menino que não seja eu? Como assim, Alícia? — Perguntou ele, em um tom brincalhão, e levou a mão até meu cabelo, mas o impedi, afastando-o um pouco.
— Ei! — O repreendi assustada.
— Não seja tímida, querida! — Disse ele, tocando meu cabelo novamente, de repente, Thalita saiu de perto, devia ter ficado com raiva do que viu. Seu longo cabelo ruivo ondulado voava durante sua caminhada apressada, e eu tinha certeza de que seus olhos verdes estariam marejados.
Suspirei cansada e empurrei Gustavo com raiva. — Viu o que você fez?
— O que eu fiz? — Perguntou ele, surpreso.
— Podemos conversar a sós por um momento? — Perguntei a ele. As meninas riram e assoviaram, as ignorei e peguei na mão de Gustavo, o levando para longe delas.
Quando nos afastamos o suficientemente, soltei sua mão. — Ah, por que soltou?
Revirei os olhos. — Para de graçinha moleque, quer dizer... às vezes esqueço que você também tem 27 anos, parece um pirralho de 14 mesmo...
— Ás vezes eu também me esqueço de que você tem 27, te ver com um corpo e rosto juvenil de 14 anos é um pouco nostálgico, se é que entende, está exatamente de como eu me lembrava.
— Mas você não está como eu lembrava...
— Por que fiquei mais bonito, não é?
— Gustavo, vim para falar algo sério com você.
— Diga, lindinha.
— Para de ficar tocando em mim e ficando de gracinha o tempo todo, não percebe que isso magoa a Thalita? Acho que ela ainda gosta de você.
Ele riu. — Não acho que ela ainda goste de mim, talvez ela só esteja com raiva por eu gostar de você.
— Você não gosta de mim, para com isso.
Ele suspirou e estalou o dedo de leve na minha testa. — É claro que eu gosto de você! Está querendo mandar nos meus sentimentos agora?
— É impossível você gostar de mim, nem me conhece direito e se passaram anos, talvez você goste da antiga Alícia. Eu não sou mais como eu era naquela época, eu cresci e mudei.
— Eu gosto das duas versões, vocês são uma, e você não mudou tanto assim...
— Ah chega, desisto de você! Só tente não ficar perto de mim enquanto estou com a Thalita, tudo bem?
— Não, eu não quero fazer isso.
— Você está me irritando de propósito? — Perguntei com raiva.
— Não. Eu já disse e volto a repetir, lindinha. Eu nunca te esqueci, eu quero ficar com você. Quero fazer o que eu não tive a oportunidade na época. Em 2011 eu queria você, e estamos de volta a 2011, eu ainda quero você — ele disse com firmeza, seus olhos castanhos escuros estavam fixos em mim, seu cabelo ondulado voava com a ventania daquela manhã fria, ficando ainda mais bagunçado e seu sorriso encantador se alargava por seu rosto. Parecia estar se divertindo em me provocar, e senti meu coração bater mais rápido.
— Então vai ficar querendo, eu não vou ficar com você.
— Posso saber o motivo? Me acha tão feio assim?
— Não é isso. Eu não gosto de você.
— Tenho certeza que vai gostar em breve, se é que já não gosta...
Cruzei os braços na defensiva. — Ah, me poupe, garoto!
— Por que, quer beijar um garoto? Você voltou para 2011 para namorar é?
— Isso não é da sua conta! Eu beijo quem eu quiser.
— Nada disso, senhorita. Você não vai beijar nenhum garoto que não seja eu.
Sorri sarcasticamente. — Aham, vou deixar você acreditar nisso.
— Estou falando sério, Alícia. Eu não vou deixar você beijar outro, se quer beijar, terá que ser eu — disse ele confiantemente, com um sorriso provocativo se formando.
— Você não manda em mim, vamos ver então.
Gustavo se aproximou e me puxou pela cintura, fazendo meu corpo colar ao dele, fui pega de surpresa, ele puxou meu rosto para perto do seu e falou baixinho, eu consegui sentir seu hálito, seu lábio tocou um pouco o meu enquanto falava.
— Tem certeza que não quer me beijar Alícia? Pois me parece que você quer... — ele disse, sorriu e me abraçou em seguida, quando percebi o que havia acontecido, o empurrei e bati um pouco em seu braço.
— Nunca mais faça isso! — Foi tudo o que consegui dizer.
— Na próxima eu te beijo, tudo bem?
Revirei os olhos e saí de perto dele, notei que alguns alunos olhavam para mim, as meninas estavam rindo de longe e faziam gestos com as mãos, procurei Thalita pela multidão, será que ela viu? Não a encontrei, o sinal tocou em seguida e tive que me contentar em deixar esse assunto de lado por um momento.
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