《CAPÍTULO 34: Novo pet dos Morisete》

    Pisquei um pouco os olhos tentando me acostumar com a claridade, já tinha alguns dias que eu vinha deixando as cortinas fechadas por causa do Theo, então de onde veio tanta luz do nada?

    Me sentei na cama esfregando os olhos, e me deparei com dois pares de íris cinzas MUITO perto de mim, encarando cada movimento que fazia.

    Que diabos!?

    Recuei no susto batendo as costas contra a cabeceira, por que as gêmeas já estavam aqui? Não, Anthony e Benjamin também??

— Ele acordou~ — uma delas iniciou.

— Sim, sim~, pela reação engraçada é realmente o príncipe~ — a outra terminou.

— Eu sabia que tinha algo de errado, essa história de dupla personalidade não me desceu — Benjamin ajeitou seus óculos, um pouco irritado, com o corpo encostado na parede ao lado da cama.

— Haha, já perdi as contas de quantas vezes você falou isso, passa para a próxima — Anthony disse sorridente, estava sentado em uma cadeira do meu outro lado, passando as folhas de algum livro da coleção do Theo.

     Eles continuaram falando mais algumas coisas, mas minha mente não conseguiu processar.

— E-ei, d-do que estão falando? — eu não ouvi errado, uma das meninas realmente me chamou de príncipe... né? Ou espero ter ficado louco.

— Ah, tadinho, ainda está sonolento~

— Não, não~, acho que ele só é lento por natureza~

    Com licença??

— Theodor nos contou ontem sobre a maldição idiota de vocês, tem que ser muito burro para conseguir algo assim — Benjamin suspirou frustrado.

    Eu... não posso negar.

   Mas espera, ele simplesmente contou para família dele, me largou com a bomba na mão e é isso? QUER ME INFARTAR!?

    As gêmeas seguraram cada uma, um  pulso meu, e começaram a me arrastar para fora da cama, com os meninos vindo atrás.

— E-espera, eu não estou entendendo, por que estão tão t-tranquilos? — VALHA MINHA DICÇÃO PODRE, isso sempre acontece quando eu menos preciso.

— Por que não estaríamos? Não é um problema nosso, de qualquer forma — Benjamin disse enquanto abria a porta para me puxarem.

— Pois é, quem vai ter que lidar com nosso avô é você, por que estaríamos preocupados? — Anthony provocou com um sorriso, andando ao meu lado.

— Hehe, o vovô quase teve um treco ontem~

— Sim, sim~ , eu não queria estar na sua pele para enfrentar nossa família~

    Minha pressão... Eu sinto que se eu erguer a mão nesse momento a deusa me puxa para o descanso eterno.

— Parem de provocá-lo, ele já tá pálido de nervoso — Benjamin suspirou.

    Nervoso? Não meu filho, isso eu tava quando eu acordei, agora eu estou em PÂNICO.

    Fui arrastado pelas escadas até o terceiro andar, onde ficava o quarto do marquês, queria fugir, mas não é como se isso fosse funcionar. A porta foi aberta por Anthony sem nenhum aviso prévio, e se não fosse pelas meninas me segurando, eu teria caído para trás após ver TODO MUNDO reunido.

    É chegada a minha hora... se não for pelas mãos do marquês, será de ataque cardíaco.

    Se eu soubesse onde isso acabaria não teria aberto a boca para fazer aquele pedido a Theodor.

— Zayn Von Yigrem, hum — Roger falou, ele estava sentado em uma poltrona, com as pernas cruzadas e a cabeça apoiada em uma das mãos.

    Um par de chifres combinaria muito bem com a impressão que ele tá passando agora.

— Não vai falar nada? — sua voz era grossa o suficiente para pensar que ele estava me ameaçando.

    NEM SE EU QUISESSE. Minha garganta tá tão fechada que eu acho que se eu tentar engolir uma saliva ela não passa, sem contar que meu companheiro de troca de olhares agora era o chão.

    Eu literalmente não sei o que esperar da reação desse velho caquético louco, e isso tá me matando por dentro. A única garantia que eu tenho de que não vão me matar é por eu não está no meu corpo.

    Theodor seu arrombado, isso vai ter volta.

— Papai, o senhor tá assustando a criança com sua ignorância — ouvi o suspiro de Anastásia.

    EU TE AMO MINHA SENHORA.

— Não é? A culpa também foi sua de ter feito o Theodor seguir seu mal comportamento, quem mais além do senhor nessa casa usaria o nome da deusa para desejar a morte de alguém? Tome consciência de seu atos seu velho rabugento — Margaret o repreendeu.

— Tia, o meu pai faria isso — Anthony se manifestou, me fazendo perceber que além das meninas que ainda me seguravam, os dois também estavam consideravelmente perto de mim.

— Seu pai é outro cavalo sem salvação, nem contamos ele como gente — Willian suspirou.

— Ei! Por que me colocam no meio toda vez que vão ofender o papai? Lidem com seus problemas sozinhos e parem de encher meu saco — Xavier se revoltou.

— Veja só, é a mesma fala, a cara cuspida um do outro nas atitudes — Filípe deu uma pequena risada de escárnio.

— Aí seu quatro olhos, você fique quieto também, se não eu jogo esse chá na tua cara — Xavier ameaçou.

— Pelo amor... — ouvi Anastásia murmurar.

    Quando exatamente eles escalaram para uma troca de ofensas...? Acho que se eu der meia volta aqui agora ninguém vai notar.

— Meu filho tem mais maturidade que vocês... — Cassius começou.

— NÃO COMECE! — todos falaram em uníssono, até Benjamin se exaltou perto de mim.

    De fato, acho que ninguém aqui queria ouvir a palestra de Cassius sobre como Theodor é incrível, todo mundo já sabe.

— Aí, com o tempo que está por aqui já deve ter se acostumado — Anastásia massageava suas têmporas enquanto direcionava a mão para mim.

    Acostumar é uma palavra muito forte, mas sei como são.

— Você, GAROTO — o marquês se levantou de supetão, apontando o dedo de forma acusadora para mim, o que me fez estremecer, e fez com que todos o olhassem sem saber que tipo de atrocidades poderia sair de sua boca.

    Sua cabeça foi abaixando, junto com seu dedo, como se estivesse murchando.

— Aquelas ofensas lá, que eu ameacei te decapitar e tal, depois da caça, era você ouvindo...? — ele deu uma espiadinha em minha direção, e meio hesitante eu confirmei com a cabeça. Roger deu algumas tossidas tentando recuperar a postura — Apenas... apenas finja que não viu aquilo!

    Meus olhos se arregalaram. Como é meu senhor??

— O vovô está envergonhado por que o Theo falou bem do príncipe~

— Sim, sim~, mas ele é um brutamontes estúpido é não sabe pedir desculpas~

— Meninas, olha como falam com o avô de vocês — Anastásia repreendeu.

— Não reclame com elas tia, todo mundo sabe que isso é um fato — Benjamin deu de ombros, deixando o marquês ainda mais envergonhado.

    Theodor falou bem de mim para sua família, ao ponto do marquês se arrepender das ameaças que fez...? O que é essa situação estranha?

    Margaret se levantou, vindo em minha direção e apoiando a mão no meu ombro, fazendo as gêmeas escapulirem cada uma para um lado — Zayn, a regra é clara em nossa casa, se um dos nossos considera uma pessoa o suficiente, ao nível de colocar seu título em jogo por ela, confiaremos sem questionar.

— Isso mesmo, de qualquer forma, você já participou até mesmo dos meus esquemas — Anastásia sorriu, dando de ombros.

— Bem, não será um problema ignorar sua origem, se até mesmo você desgosta dela — Willian disse seriamente, mas em seguida levou uma cotovelada de Filípe como repreensão.

— Seja bem-vindo a família — Cassius murmurou com um sorriso.

— Vai velho, desembucha — Xavier colocou os braços ao redor do pescoço de Roger.

— Hm... se meus filhos falaram, não tem como eu ir em contra — ele falou de canto, um pouco emburrado.

    Ah, droga. De novo essa merda embaçando minha visão. Margaret usou uma de suas mãos para erguer minha cabeça que encarava o chão, e em seguida passou o dedo em minha bochecha com um sorriso.

    Eu deveria tomar mais cuidado com as minhas decisões a partir de agora, acho que não seria bom, se aquela cria do capeta morresse por minha causa.

— Ele parece um cachorro chorando, a gente não acabou adotando um animal de estimação no lugar de um príncipe? — Anthony provocou, e pude ver de relance Benjamin acertando um soco nele.

    Ninguém dessa família é certo da cabeça.

*Calendário Ominiano: [20/07]