ZAYN - [TROCA]

    Escuro.

    Já fazia algum tempo que estava acordado, como estava escuro me mantive na cama achando que era de madrugada, mas já não tinha se passado tempo demais??

    Me levantei cambaleando um pouco tentando alcançar a sacada, só que tinha duas coisas estranhas.

1: Eu não pisei em nada.
2: Eu tava segurando um papel.

    Puxei a cortina com força deixando o sol entrar no quarto, que não tinha nenhuma sacada, e com certeza não era o meu, mas eu reconhecia.

— Isso só pode ser brincadeira.

《CAPÍTULO 6: De médico e louco, todo mundo tem um pouco!

    Não, não, não, não, não! Eu tava no meu corpo ontem, eu pedi perdão, clemência, piedade, por que eu tô aqui!? Me abaixei no chão com as mãos na cabeça, se esse quarto tivesse uma sacada eu já teria me jogado.

    Mas novamente senti o papel que estava segurando, movi minha para baixo para conseguir ler, e...

    Minha deusa, me leva.

"Trate de não fazer besteira em meu nome enquanto não descobrirmos como parar isso, porque se não irei adotar a solução mais eficaz: se um de nós não existir, não haverá com quem trocar."

    O que há com esse psicopatinha? Eu me esforcei bastante da última vez, sabe? Quem me ferrou foi você!

— Aaaaaaaaaa, eu quero me matar — deixei meu corpo derreter até ficar completamente largado no chão. Como ele chegou na conclusão que poderíamos trocar novamente? Achei que tudo já tinha se resolvido, mas eu simplesmente fui tapeado pelas forças divinas!?

    O que eu faço agora? Posso ficar trancado no quarto até esperar amanhã e voltar ao meu corpo? Eu vou voltar ao meu corpo? Vai ficar nessa palhaçada de um dia e outro não?? Não tem como eu estar mais arrependido das minhas atitudes do que como eu estou agora!

— Bom dia, Theo. Trouxe os medicamentos, se tudo continuar bem, semana que vem você para de tomar — a voz familiar de Anastásia invadiu o quarto após ela entrar de repente com uma pequena bandeja.

    Eu me sentei no chão com o susto e isso fez com que ela parasse onde estava e me encarasse profundamente.

— ...Theo?

— ...Eu? — deixei um sorriso amarelo escapar pelo nervosismo.

— Oh céus.

    Ela colocou a mão entre os olhos pressionando o local. Preocupante, dona, eu sei, te garanto que eu estou mais preocupado que você.

— Levante-se do chão, do que se lembra? — ela cruzou os braços me olhando com um olhar de piedade, enquanto me levantava para ir em sua direção.

    Anastásia parecia ser a mais normal daquele local, apesar de seu grito na hora do jantar... talvez fosse por que ela pensava que estava tratando com o próprio sobrinho? Provavelmente, mas ela era única que eu vi descaradamente enfrentando o diabo daquele marquês, então irei confiar nela por agora.

— Hm, do jantar...?

— Não se lembra de nada do que fez ontem?

    Neguei com a cabeça. Bem, estranho seria se eu lembrasse.

— Não é possível... o que raios é isso? Nunca vi algo parecido.

    Theodor me ameaçou caso eu fizesse algo se passando por ele, como deixou escrito, não temos ideia de quando isso vai parar, então tudo o que eu tenho que fazer não é apenas me desvincular de seu nome temporariamente?

  Então me veja colocando as minhas incríveis habilidades teatrais em jogo!

— Eu devo ter conseguido uma dupla personalidade pelo choque... — olhei para o chão cabisbaixo.

— Que choque? — ela me olhou embasbacada.

— A senhora não me disse que sofri uma queda de cavalo?

— Sim, mas você cai de cavalo pelo menos umas cinco vezes na semana, não faz sentido.

    Pelo amor da deusa, como esse cara ainda tá vivo?

— Senhora — me aproximei dela apoiando minhas mãos em seu ombro igual ela tinha feito da última vez, olhando diretamente em seus olhos — O meu avô vai ficar uma fera se a gente não criar uma justificativa para o que tá acontecendo, não é?

    Como se um flash de luz tivesse iluminado sua mente, ela devolveu o gesto me encarando com uma seriedade assustadora.

— Está tá certo. Sua dupla personalidade surgiu por causa da confusão que seu avô fez assim que você acordou, causando um choque mental.

    Calma aí minha senhora, eu sinto que isso não é uma ideia muito boa.

— Isso... não vai ser pior para ele?

— Pior vai ser se colocar a responsabilidade na família real, ele vai sair daqui direto para o palácio com uma espada na mão.

    Oh, certo. Na teoria eu que fui o responsável pelo acidente, é a minha cabeça que está em jogo.

    Bem, uma culpinha por assustar o neto não deve matá-lo.

    E onde diabos Anastásia estudou? Eu tenho quase que uma médica não deveria acreditar em algo tão absurdo.

— Está resolvido! Nós apenas precisamos entregar a notícia, se vista e venha comigo — ela se afastou indo em direção a porta com uma certa animação.

— Perdão? Por que eu tenho que ir junto??

— Oras, quanto mais emocional ele ficar, mais seguro vai ser — ela me deu um joinha de encorajamento.

    Ela vai simplesmente acreditar nessa história absurda e deixar por isso mesmo? Está falando sério? Não, e por que eu vou? Não há necessidade, aquele velho é assustador, eu não quero!!!

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    Eu vou morrer antes dos trinta, com todo o estresse que eu estou passando essa semana, eu com certeza não chegarei a meia-idade.

— Meu neto! Se arrependeu de abandonar seu avô ontem e veio pedir perdão? Ainda estou aceitando, em? — o marquês Roger abriu um sorriso.

    Ele estava realmente sorrindo como um avô babão, nem mesmo o meu faz essa expressão. Essa cena está tão fora da realidade que cheguei a arrepiar de tão assustadora.

    Credo.

— Se veio pela doação, já enviamos uma quantia significativa ao templo em seu nome, não precisa se preocupar, Theo — Willian estava sentado no sofá ao lado de Benjamin, seu filho que havia me olhado torto no jantar, enquanto separavam cuidadosamente alguns papéis.

    Doação ao templo...? Ha! Pelo visto nosso mini diabinho também estava tão desesperado quanto eu, e ainda assim tinha energia para me ameaçar, bicho sem vergonha.

— Não viemos por isso, papai. Na verdade, é um assunto sério.

    Anastásia colocou a mão sobre meu ombro, parecendo adivinhar que eu estava em surto por dentro e tentado me acalmar. Com apenas menção da palavra sério, todos os três pararam para olhar com muita atenção.

    Isso era uma palavra mágica? É bom me lembrar disso.

— O Theodor, ele... sofreu um choque muito grande devido a confusão que o senhor fez assim que ele despertou da queda, e adquiriu dupla personalidade devido ao trauma, tentei esconder isso pensando que poderia melhorar, mas não foi o caso — Anastásia fechou os olhos com uma expressão de pesar realmente sofrida.

    Um completo silêncio.

    .

    .

    .

— Tia, isso não faz o menor sentido — Benjamin fez uma careta de desgosto, incrédulo com o que tinha ouvido — O vovô já teria traumatizado todo mundo se seus berros causassem algo.

    Sim!? Eu disse que era um absurdo! Mas por favor, não questione, não existe outra desculpa que eu possa arranjar para isso sem que meu verdadeiro corpo sofra as consequências, não posso simplesmente dizer que nós dois fomos amaldiçoados e agora tem um príncipe perambulando em sua casa.

— Ben, não seja tão desconsiderado! Não vê que seu primo está doente de verdade, veja, está até sem luvas — Willian se levantou um pouco exaltado do sofá, apontando em minha direção.

— Oh céus, eu agi como um tolo irado e traumatizei meu neto, como posso ser tão terrível como avô? Eu mereço morrer — o marquês se derreteu em cima da mesa de escritório, começando simplesmente a CHORAR do nada.

— Isso que dá agir como um cachorro louco toda vez que algo acontece, você não tem mais idade para isso, pai. Está prejudicando seus netos com suas atitudes — Willian se virou para o marquês frustrado, mas de repente... também havia lágrimas saindo de seus olhos!?

    Não, o que demônios é isso? Eu devo tá alucinando.

    Desviei meu olhar para Benjamin momentaneamente, e ele parecia estar tão espantado como eu, o que de certa forma me deu um alívio, não era o único a pensar que eles tinham enlouquecido.

— Por favor, não briguem, tenho certeza que o Theo será forte como sempre e irá recuperar logo — Anastásia também começou a chorar, e foi em direção aos outros dois para um abraço coletivo.

    Pronto, a última surtou.

    Repentinamente o escritório do marquês havia se tornado uma poça de lagrimas de dois adultos formados, inclusive um deles velho e uma médica falsificada que acreditou no diagnóstico sem pé nem cabeça que o próprio paciente deu a si mesmo.

    Eu quero minha casa. Aquelas cobras astutas pelo menos são normais.

— Ben... meu neto... dê a notícia aos outros, seu avô não irá suportar fazer isso... snif — o marquês fungou enquanto ainda se agarrava aos dois filhos em completo estado de pranto.

    Benjamin deu um longo suspiro e se levantou do sofá, vindo em minha direção como um touro bravo, o que por um momento me fez recuar, mas tudo o que ele fez foi agarrar meu pulso e me arrastar pelos corredores.

— Você...! — ele parou abruptamente e se virou para mim com uma expressão irritada, mas acho que minha cara de surpreso pela ação inesperada dele o fez recuar — Aaaah — ele apoiou as duas mãos na cintura, deixando mais um suspiro sair.

    Eu deveria dizer alguma coisa agora, né?

— Hm, eu te arranjei um problema...? — sorri torto.

    Era melhor ter ficado calado, imbecil.

— Sim, agradeço a consideração — ele deu um pequeno peteleco em minha testa, me deixando confuso.

— O que foi isso?

— Sua situação é tão idiota que não é digna nem de receber um tapa.

    Por que todos eles são tão agressivos-passivos?

— Não posso acreditar que isso seja verdade, não tem embasamento nenhum essa história — ele começou a andar ao meu redor, analisando cada detalhe, enquanto ajustava seus óculos — Você não está se comportando como o habitual, então ser outra personalidade é crivél — seu rosto se aproximou mais, encarando dentro da minha íris, não pude evitar de engolir em seco — Mas um trauma, por uma queda ou pela histeria do vovô...? Há algo estranho.

    Não pensa demais não moço, pela amor da deusa, só aceita.

— Eu não lembro direito, então apenas confiei nas palavras da doutora — coloquei a mão em meu pescoço um pouco desajeitado, recuando enquanto oferecia um sorriso.

— Tia.

— Hm?

— Chame-a de tia, se ela lhe ouvir falando dessa forma irá começar outro drama, está disposto a aguentar? — neguei imediatamente com a cabeça, o do escritório já tinha sido o suficiente — Aaah... por hora deixarei os detalhes de lado, mas saiba que não estou satisfeito com o suposto diagnóstico da tia Ana, ela se deixa influenciar muito pelos sentimentos, mas ninguém irá me ouvir agora — ele deu de ombros — O chamarei de Ted por enquanto, para conseguir diferenciar do Theodor.

— Ted...?

— Sim. Me siga, lhe mostrarei a mansão, vou enrolar o máximo que puder para passar a responsabilidade da notícia a outra pessoa, graças a deusa hoje não jantamos juntos — Benjamin virou as costas e começou a andar rapidamente, me fazendo dar um pequeno impulso para acompanha-lo, mas do nada ele parou virando o rosto para mim — Aliás, me chame de Ben, sou seu primo mais novo, sinceramente não me importo com o que vai acontecer com você de agora em diante — seu óculos foi endireitado com seus dois dedos, refletindo a luz da janela em meio a todo aquele corredor de madeira escura.

    Sério, o que essa família tem de errado? Por que todos tem que ter a língua tão afiada!?

    Não, mais importante, esse garoto acabou de deixar claro que não acredita na desculpa que inventamos (se bem que eu também não acreditaria) e provavelmente ele não vai deixar isso quieto? Theodor, se resolva com seu primo caçula sozinho, isso não tem nada haver comigo!

    Que situação agduwgdhw, eu só quero minha cama... Não aguento mais os Morisete por hoje, os nobres deveriam agradecer do fundo de seus corações que eles são isolados ao invés de reclamarem...

*Calendário Ominiano: [29/06]

🔸️🔶️E X T R A S🔶️🔸️

♤Filho de Willian, está estudando para liderar a produção têxtil da família (atualmente dirigido por Anastásia e Filípe).

♤Ele tem 16 anos.

♤Sua comida favorita é nhoque de batata.

♤Tem uma rixa com Theodor, pois ele era o único concorrente para herdar o marquesado, mas acabou lesionando a perna, abandonando o manejo de armas e equitação, e consequentemente o direito de sucessão.

♤Ele e Theodor são os únicos mais ou menos normais, eles sofrem um pouco por isso...

♤Amante de gatos, mas é alérgico.

♤Ariano, um pouco revoltado.

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