ZAYN - [DISTROCA]


《CAPÍTULO 33: PEGA FOGO CABARÉ 》

    Abri os olhos em um ambiente familiar, dessa vez estava realmente no palácio. Era próximo das cinco da manhã, o sol ainda não tinha saído, e eu me deixei ficar completamente estatalado na cama, sem forças para mover um músculo.

    Eu estava fudido.

    Era impossível que Ernando não tivesse vindo fazer o relatório, já fazia muito tempo que eu o dispensava. E não havia nenhum bilhete em minha mão dessa vez, Theodor sequer falou nada.

    Virei meu rosto para o travesseiro e comecei a socar a cama em desespero.

    Um único deslize, eu consegui cavar minha cova em um único deslize. Tinha chances do Bonatti não ter dito nada pelo nosso código mequetrefe, mas e se Theodor descobriu? Não, com certeza descobriu, ele teria deixado um bilhete dizendo sobre uma visita suspeita de alguém.

    Será que agora ele leva a cabo a solução dele de só um de nós existir?

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

    Toc, toc.

    Ergui o rosto completamente amassado e despenteado para olhar a porta, Dariel estaria me procurando tão cedo? Mas por que pela porta?

    Toc, toc.

    Virei a cabeça para o outro lado ao notar que era na sacada.

ACK! — me movi tão rápido no susto que acabei sentando na cama sem que me desse conta, ao mesmo tempo coloquei as mãos na boca para segurar o grito.

    Theodor estava com a cara grudada no vidro, sorrindo.

    Ele deu mais duas batidas, lentamente, abrindo os olhos com uma frieza tão grande que por um instante senti o calor sumir de meu corpo. 

    Se eu deixa-se ele lá fora ia ser pior... ?

    Me levantei e abri a porta da sacada para que entrasse, fechando-a e abrindo a cortina logo em seguida.

Ei, ei, ei. Espera, como você chegou aqui tão facilmente? — olhei para ele um pouco nervoso.

— A segurança do castelo não é tão grande — Theodor passou as mãos em seus shorts para desamassar — a outra porta está trancada?

— Não brinca, o que exatamente você considera uma boa segurança? — arregalei meus olhos indignado.

    O castelo possuía guardas no exterior, ao topo do muro de quatro metros, dentro, armadilhas ao longo do muro, lobos perto de todas as passagens, grades, arames e câmeras, fora a segurança pessoal de cada palácio, não que a do meu importasse muito.

    Eu ia morrer e nem saber como.

— Já entrei em lugares mais protegidos — ele andou até a porta verificando se estava trancada, o que fez uma gota de suor escorrer pelo meu rosto, e então se virou escorando nela enquanto cruzava seus braços, olhando no fundo dos meus olhos — Irá começar a se explicar ou prefere que eu tire minhas próprias conclusões?

    Hahahaha, eu estava tão nervoso que era capaz de ter um infarto antes de conseguir dizer alguma palavra, comecei a mexer em minhas mãos uma com a outra inconscientemente.

— P-posso sentar? — definitivamente não era a hora adequada para por um sorriso no rosto, seu imbecil!!

    Theodor soltou um suspiro, e deixou sua posição para vir em minha direção com passos pesados, recuei um pouco, mas ele agarrou meu braço e me levou até a cama, me empurrando para que sentasse, e então contrariando sua própria ética, sentou em minha mesa de cabeceira. 

— O movimento dos novos nobres, você tem algo haver com isso? 

Eu... sim — não conseguia olhar para ele de nenhuma maneira, mais do que medo, era como se eu estivesse profundamente...

    Envergonhado.

    Era frustrante admitir a influência que Theodor conseguiu sobre mim nessas últimas semanas.

    Não tinha mais como voltar atrás de qualquer forma, estava consciente da inteligência dele, se não falasse por mim mesmo uma hora ou outra ele chegaria a verdade, então fechei meus olhos e deixei que as palavras saíssem de minha boca.

    Era uma vingança

    Eu queria vingar não só a mim, mas a minha mãe por tudo o que ela passou nas mãos dessas pessoas, e conseguir deixar Zaydete segura.

    Desde quando adquiri consciência, lembro de minha mãe me protegendo de assassinos e sempre a pegava nos cantos vomitando por alguém envenena-la. Ela não queria ser uma concubina, mas qual poder o conde tinha para ir contra a ordem egoísta do rei?

    Ela foi jogada ao ninho de serpentes sem piedade alguma, e quando descobriram que o filho que teve era um garoto, tudo piorou. A minha mera presença era uma ameaça ao trono.

    Perdi a conta de quantas vezes vi nossas vidas sendo atentadas, e quantas humilhações fomos obrigados a aguentar para se manter apenas sobrevivendo.

    Ainda assim, estava tudo bem, porque apesar de tudo nos éramos fortes, enquanto estivéssemos juntos, estaria tudo bem.

    Mas então a Zaydete nasceu.

    Não havia dúvidas de que usariam isso para nos atingir, no exato momento em que minha mãe a pegou nos braços, ela fingiu um desmaio, e desde então assumiu ser demente.

    Ela não precisava me dizer o que fazer, eu fingi ser afetado pela doença repentina que minha mãe adquiriu no parto e fiquei recluso por meses, anos... até que Zaydete cumprisse seu décimo aniversário e a rainha sugerisse a vender para um reino vizinho em troca de alianças políticas assim que fizesse doze anos.

    Eu precisava protegê-la.

    Junto a minha mãe sem que ninguém soubesse, me aproximei de meu avô, e com sua ajuda fomos conseguindo se infiltrar aos poucos em todos os âmbitos políticos, sem que meu nome fosse exposto.

    Instiguei a primeira concubina e Uriel forjar um golpe de estado no nome de Dariel, para que ele perdesse o título de herdeiro, assim não iriam considera-lo uma ameaça.  

    Mas com essa jogada levei ao rei e a rainha a por os olhos em mim, era impossível que o Dariel, despreocupado como é, aplicasse um golpe, e Elise não era meticulosa o suficiente ao ponto de ter essa ideia.

    Apesar disso eles não tinham provas, apenas seus próprios instintos contra mim, não foi difícil manter minha postura.

    Aproveitei a ganância de Elise e Uriel para fazê-los mexer com os Morisete, foram tolos o bastante para acharem que poderiam levá-los à ruina.

    Criei rumores sobre Peter e o fiz revelar sua inutilidade em público, usei novamente da ganância da rainha para que começasse a envenenar o rei.

    Faltava pouco para conseguir desmoronar completamente a família real.

    Em meio a todo esse caos, Dariel foi o único que realmente se preocupou conosco e tentou nos ajudar, mesmo sabendo que quando criança, seria castigado pela rainha se fosse pego.

    Foi estranho ao princípio, mas depois entendi que ele era uma pessoa verdadeiramente altruísta.

    Enquanto tudo isso acontecia, Dariel estava ocupado demais ajudando os outros. Era um dos únicos que via minha mãe em seu estado normal, em algum momento eu senti que ele sabia o que eu estava fazendo, por isso ficou ainda mais despreocupado. 

    Eu tinha o escolhido para ser o rei, e o usaria para me livrar dos outros.

    Silêncio

     .
     .
     .

    Theodor estava apoiando sua cabeça com o polegar no queixo e o indicador na tempora. A expressão séria que tinha no rosto me fez abaixar a cabeça instintivamente, era assustadora. 

Voce me odeia... não é? Perdão, eu não queria colocar sua família em problemas, eu não devia... — minha voz embargou. Me surpreendi comigo mesmo, por que não conseguia terminar? Por que estava tão aflito com isso?

— Quem disse que lhe odeio? — ergui a cabeça, deixando que aqueles olhos azuis penetrantes se mantivesse em mim por um tempo.

Não esta bravo...? — minha visão embaçou, mas ainda assim, por algum motivo não conseguia desviar o olhar por conta própria. 

— Óbvio que sim. Nesse exato momento tenho usado todo o meu alto controle para não lhe dar um soco de quebrar os dentes, porém estou evitando, pois sei que quem sentirá a pior dor depois será eu.

    Retiro o que disse, consigo perfeitamente parar de olhar para essa criatura.

— Suas ações deram um prejuízo imenso para minha família, sem contar as pessoas que acabaram machucadas por conta do ataque aos soldados — não pude evitar de me encolher, porque sabia que ele estava certo — Porém consigo entender suas motivações — senti um leve afago em meus cabelos — não sei o que seria capaz de fazer se a segurança das gêmeas e da minha mãe estivesse em perigo, e admiro que tenha confiado em nosso julgamento mesmo antes de nos conhecer.

    Isso não era um pouco injusto demais com meu coração?

— Irei lhe ajudar, então apenas diga-me o que tenho que fazer — Theodor se agachou no chão, apoiando seus dois braços sobre minhas pernas, me forçando a olha-lo.

— Por que? Não tem motivo nenhum para você fazer isso.

— Pensei que já fôssemos próximos o suficiente para isso não ser necessário.

— Nós somos? 

— Se for o único a pensar dessa maneira, sairei por aquela sacada sem olhar para trás — sua expressão de tijolo retornou.

— Não, não, de jeito nenhum! E-eu apenas me surprendi — balancei meus braços e cabeça em negação ao mesmo tempo, ele já estava irritado por descobri o que fiz, não iria piorar minha situação.

Pfft- Hahaha — Theodor abriu um sorriso, parecendo se divertir com meu desespero.

    Um sorriso realmente... lindo. Sorrindo dessa forma estando apoiado em meu colo, essa cena não fazia bem para minha saúde. 

    Toc, toc.

    .
    .
    .

Zayn, você está ai dentro? — a voz de Zaydete ressou no corredor.

    Eu e Theodor nos encaramos, nos mantendo imóveis para ver se ela iria embora ao não obter resposta, mas para minha surpresa, o trinco da porta começou a ser forçado.

Merda, está trancada — poucos instantes depois, um som começou a sair da fechadura. 

    Zaydete estava tentando invadir meu quarto.

    Olhei para Theodor em desespero, por que Zaydete estava fazendo isso? Não dava para ele sair pela sacada pois iria fazer barulho, e era capaz dela abrir antes que a destrancassemos.

    Theodor se levantou e me agarrou pelo braço enquanto fazia um sinal de silêncio, e então fui arrastado rapidamente para o cômodo do closet que estava aberto, assim que ouvi o barulho da porta destrancando, Theodor abriu um dos armários e nos lançamos lá dentro, tendo o som abafado pelas inúmeras cobertas que tinha.

    Que bom que tinha sido o armário das cobertas... se tivesse sido o das blusas a porta teria rangido em uma altura que até o palácio principal ouviria.

Céus, que bagunça — Zaydete murmurou. Fechei os olhos para tentar prestar atenção no som de seus saltos, e para onde exatamente andava.

    Tanto eu, quanto Theodor estávamos momentaneamente impedidos de fazer qualquer movimento, um guarda-roupa não era exatamente feito para manter dois homens adultos e algumas dezenas de lençóis, uma única coisinha faria essa porta nos cuspir diretamente no chão. 

    Alguns sons de gaveta começaram a soar no ambiente e logo em seguida seus saltos avisaram que ela havia entrado no closet, meu coração aumentou um pouco o ritmo pelo receio dela vir justamente nesse armário, mas ao abrir os olhos eu comecei a duvidar se era realmente por isso.

    Zaydete mexeu em mais algumas coisas antes de sair do quarto e trancar novamente a porta.

    Mas apesar de terem ouvido a princesa se retirar, nenhum dos dois se manifestou para sair daquela situação. Foi só depois de abrir os olhos que Zayn percebeu a forma peculiar em que estavam.

    Seu corpo estava escorado em uma montanha de lençóis e o pouco equilíbrio que tinha era por seu pé que alcançava a outra lateral do armário e ao braço de Theodor, que o apoiava segurando firmemente sua cintura. E inconscientemente, estava com suas mãos sobre o peito dele, como se o segurasse.

    Theodor por sua vez estava inclinado em direção a Zayn por conta de alguns lençóis dobrados que se mantinham em suas costas, e para não cair deixou que um de seus joelhos se apoiasse na montanha em que Zayn estava, curiosamente localizado entre as pernas dele. E o braço que não segurava a cintura do príncipe, estava ao lado de sua cabeça apoiando-se na outra lateral.

    Oh, céus. O que era essa situação pós-apocalíptica?

    Zayn não sabia distinguir naquele momento se ainda estava agitado por ter contado tudo a Theodor, ou pelo próprio Theodor.

    Pela localização de sua mão, conseguia sentir perfeitamente o coração dele tão acelerado quanto o seu, ele não era o único inquieto com aquilo.

    Tentando desviar seus pensamentos como de costume, acabou falhando ao sentir a pele do peitoral de Theodor roçar por alguns segundos em si. Por que nunca havia notado que seu corpo era tão definido?

Zayn — ele estremeceu ao ouvir seu nome sendo sussurrado tão perto de seu rosto, a voz grave com um tom de luxúria ao fundo.

    Oh, certo, Zayn havia se distraído admirando o peitoral alheio, e não notou a forma que deslizava suas mãos sobre Theodor.

— Ah, d-desculpa, isso... — sua fala travou ao ergueu o olhar, e se deparar com aquele imenso azul marinho o encarando de uma forma que o fez prender a respiração, a luz do ambiente era quase inexistente, mas ainda assim era o suficiente para notar a bela aparência da pessoa em sua frente, ser tão bonito assim, não deveria ser considerado um crime?

    Theodor, foi o primeiro a ceder.

    Seus lábios se juntaram, Theodor apertou ainda mais a cintura que segurava, e uma das mãos de Zayn percorreu até o pescoço do outro, deixando suas curtas unhas cravarem nele e irem deslizando gradativamente para baixo, o fazendo estremecer.

    Suas línguas começaram a deslizar uma sobre a outra dentro de suas bocas, as respirações instáveis dos dois só fez com que a temperatura do ambiente aumentasse ainda mais, Theodor pressionou sua pélvis contra a de Zayn em uma tentativa falha de apoio, devido a posição, o que fez o ruivo soltar um pequeno gemido.

    Com mais êxtase, Zayn mordeu os lábios inferiores de Theodor, descendo lentamente para seu pescoço até depositar uma mordida, Theodor arfou com a ação repentina, e a frustração o consumiu um pouco por estar com seus movimentos limitados, enquanto Zayn o agarrava pelo colarinho e passava sua mão livremente sobre seu peitoral.

    Se ele pudesse...

    Eles apoiaram a testa um no outro, os olhos mesmo na leve escuridão, sabiam o que encaravam, a respiração irregular se fez ainda mais presente com a distância quase inexistente dos labios, pressionando-se de forma inconsciente, os dois só voltaram, consideravelmente, a si, quando um volume não tão indesejado fora sentido por ambas as partes.

— A-ah, isso, e-eu deveria ver o que Zaydete fez — me esgueirei para fora do armário, sentindo meu corpo completamente quente, tentei folgar um pouco o aperto da camisa do pijama para que diminuísse, mas foi em vão, a gola ja estava toda aberta.

    Theodor tossiu algumas vezes, tentando recuperar a voz — De fato, irei olhar no quarto — seu rosto também estava completamente vermelho, ele se virou para sair do closet, passando a mão sobre os cabelos para que voltassem ao lugar. Mas ao virar as costas pude ver a marca do arranhão que tinha feito em seu pescoço.

    Minha nossa, minha nossa, minha nossa.

    Me agachei no chão cobrindo meu rosto, dando o meu melhor para não soltar um grito.

P-por que ele...? — era algo tão desconexo com a realidade, tão absurdo, tão sem noção, tão... bom?

    Bati minha cabeça na parede para saber se não estava alucinando, mas o meu coração acelerado e o tremor em minhas mãos não me deixaram ter dúvidas.

    Tínhamos nos beijado.

✄-------------------✥-------------------✥

— Zayn, venha ver isso — ouvi Theo me chamar, após eu ter revirado os armários por onde ouvi Zaydete passar.

— O que foi? — um pouco mais calmo por fora, sai do closet e olhei em sua direção, ele estava de pé ao lado da mesa de cabeceira, as coisas que estavam dentro dela tinham sido colocadas de uma forma muito organizada sobre a cama.

    Perfeccionismo assustador...

— Desde quando você é descente o suficiente para usar joias? — ele ergueu uma pequena caixinha verde com detalhes dourados, um porta-joias, talvez?

— Por que está me chamando de indecente gratuitamente? — torci o rosto em uma careta.

— Pensei que já tivesse se acostumado, e eu não estou mentindo — a caixinha foi jogada em minha direção, e tive que pegá-la ainda no ar.

    O mais irritante, é que eu não tinha argumentos.

— Pó? — me surpreendi ao abrir a caixinha e ver o conteúdo translúcido dentro dela — Ha, não é possível — disse em um tom sarcástico para mim mesmo.

— Sua irmã acabou de lhe deixar uma sentença de morte, devo parabenizá-lo?

— Para de ser idiota — joguei a caixinha novamente em sua direção, que foi pega sem dificuldades — Não acho que ela saiba o que tem dentro, não teria vindo deixar se soubesse.

— Como possuí tanta certeza? — a caixinha foi posta em cima da mesa de cabeceira, enquanto ele se sentava na cama colocar novamente as coisas nas gavetas.

— Zaydete não gosta de mim, mas não ao ponto de querer me ver morto, tinha tido uma intoxicação alimentar uma vez e ela veio correndo me xingar achando que tinha sido envenenado. Uma pessoa que deseja minha morte não faria isso — dei de ombros, deixando um suspiro escapar.

    Minha irmã tinha recém completado catorze anos, culpá-la por ser emocional, ou por ser influenciada pelos outros quando claramente ela não sabe o que faço, isso não seria muito injusto da minha parte?

— De qualquer forma, isso vai acabar logo, dando certo ou errado — me aproximei dele pegando o restante dos objetos e o ajudando a colocar de uma vez na gaveta. Que agonia essa demora para algo tão simples, já teria enfiado tudo de qualquer jeito.

— Impaciente, por isso ninguém te suporta — Theo me lançou um olhar de julgamento.

— Isso foi uma autocrítica? — levei uma rasteira me fazendo cair quase sentado na cama — Ei!

— Considere um desconte do chute que recebi na canela — apesar de esta sério, agora eu conseguia identificar quanto tinha traços de diversão em seu olhar — Agora diga de uma vez, como minha família pode ajudá-lo? O vovô não ficará em contra caso tome alguma decisão para causar prejuízos a coroa.

— Não ficará contra nada que você diga, aparentemente — olhei para o lado lembrando do lado peculiar do Roger que tinha visto esse último mês, um baita avô coruja.

— Na verdade, eu tive um pouco de problemas em tentar conseguir identificar os movimentos dos príncipes fora do castelo,  da última vez que falei com o conde Bonatti, ainda não tínhamos conseguido provas concretas sobre o atentado que Elise e Uriel fez para os soldados de sua família. Sei que vocês tem uma rede informações estabelecidas, acha que consegue encontrar provas sobre isso?

— Não é difícil, até porque tenho certeza que meus tios já devem ter feito um pedido de investigação. Mas essas provas físicas que está acumulando, pretende formar um espetáculo com elas? — ele me encarava no fundo dos olhos durante sua fala, ao ponto que tive que quebrar o contato para não ter um treco ali mesmo.

    Essa criatura não sabe o quanto deve olhar para um pessoa sem parecer um assassino??

— Basicamente, se for público, o rei ou quem quer que esteja no comando, será obrigado a tomar uma decisão para não deixar os nobres insatisfeitos.

— Não é uma má ideia... — ponderou um pouco — Por que continua entortando a cabeça como uma coruja enquanto falamos? Que incômodo — seu rosto torceu em uma em uma careta.

— Você fica me encarando como se eu fosse uma presa, é meio complicado querer olhar para alguém assim!

— E não estou? — Theo inclinou a cabeça, maldito gesto.

— Claro que...! — a sensação dele apertando minha cintura contra a sua me veio a mente assim que pensei na resposta — não... — pressionei meus dedos contra as têmporas, cobrindo metade do rosto com apenas uma mão.

    Que ódio.

— Está envergonhado?

— O que!? Claro que não — ergui a cabeça para olhá-lo, me deparando com uma expressão que eu conhecia muito bem, quando Anthony sismava em implicar, mas era a primeira vez que via Theodor usando ela. Não pude evitar de estremecer — O que há com essa expressão estranha? Não combina com você.

— Apenas, me divirto com suas reações — ele se aproximou, me fazendo recuar, e ficar ainda mais constrangido.

    Demônios, eu sabia que não tinha percebido errado aquela vez que estava me irritando na reunião, era proposital, esse crápula!

— O sol já saiu praticamente, tome seu rumo antes seja mais fácil de ser pego — o empurrei — Vá, xóxó, suma.

    Ele se levantou, ajeitou suas roupas, e logo em seguida deu com o travesseiro em minha cara.

— Deveria ganhar um prêmio por te aturar, sinceramente.

— Essa fala não é minha!?

    Segurei o travesseiro enquanto o via caminhar perfeitamente até à porta da sacada, assim que destrancou e colocou o pé para fora, voltou o olhar para mim.

— Não morra enquanto estiver fora, ainda precisa me indenizar pelo arranhão que me fez — arremessei o travesseiro em direção a porta, que foi fechada no mesmo instante, sem mostrar rastros de que tinha uma pessoa ali há meio segundo atrás.

    QUE GAROTO IRRITANTE!!

*Calendário Ominiano: [19/07]

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top