《ZAYN》


《CAPÍTULO 39: O príncipe no cavalo branco? Não! O demônio na carruagem preta》


    Os murmúrios eram o principal som de ambiente que preenchia o salão principal, onde ficava o trono. Os principais nobres presentes era pricipalmente os que possuíam título de conde ou visconde, que já estavam no castelo quando ouviram o que ia acontecer.

    Era um julgamento feito às pressas, propositalmente mal organizado, para tentar abafar o caso o máximo que podiam, onde o rei apareceria depois do repentino "mal súbito" que tinha lhe atingido.

— Curvem-se diante das luzes desse reino, vossas majestades, o rei e a rainha de Yigrem! — o guarda gritou perto do meu ouvido, quase me deixando surdo, forçando para que tanto eu quanto minha mãe caísse de joelhos contra o chão.

    De canto de olho consegui ver meu avô reunido junto aos outros  nobres na mini-plateia que havia se formado, olhando aflito com preocupação para nós. E um pouco mais perto do trono, estava Elise e os filhotes de cobra que dividiam o sangue comigo.

    Não via Dariel e Zaydete em nenhuma parte.

    O rei deu algumas tossidas, que claramente não haviam sido forçadas, antes de começar: — Hoje irei julgar a segunda concubina Corália, e o quarto príncipe Zayn, pela acusação gravíssima de atentar contra a vida do principal membro da família real, que apresentem as provas!

    Era visível que o veneno já estava fazendo sua parte mesmo não sendo mais ingerido com frequência, seu semblante estava abatido mesmo tendo tentado esconder com maquiagem, e dava para ver suas roupas mais folgadas do que deveria.

    Minha mãe segurou minha mão, me dando um sorriso de conforto, assim que sua ex-servente entrou no salão acompanhada por dois guardas.

— Vossa majestade, essa lamentável servente estava sobe a responsabilidade de cuidar da segunda concubina, porém após se ver em uma terrível situação, veio até mim clamar por perdão e ajuda — Audrina iniciou, permitindo que a servente falasse.

    Ainda bem que é rainha, se dependesse das habilidades de atuação para sobreviver morreria de fome.

— Eu sirvo a segunda concubina desde que caiu em sua loucura após o parto, entretanto, há alguns dias atrás não pude evitar de ouvir ela conversando normalmente com seu filho — a mulher se virou para nós, fazendo suspense — Dizendo onde poderia encontrar venenos e como ameaçar outros serventes para fazê-los dar a Vossa majestade!

     Todo o salão se preencheu com um "OH!" de surpresa, olhando para nós chocados, como se estivessem assistindo uma apresentação de teatro.

    Óbvio que é divertido, não é com vocês, bando de fofoqueiro.

alguns dias? Céus, eu não te vejo a mais de três meses — minha mãe murmurou.

    Eu nem tentava encontrar inconsistência no que eles falavam, se não ia ficar mais burro do que já sou.

— Eu pensei seriamente se deveria ou não entregar a pessoa a qual servia a tanto tempo, mas meu amor é consideração pela segurança do nosso reino, falou mais alto, e não pude me conter — ela enxugou a lágrimas que escorriam de seus olhos, tremendo de forma lamentável.

    Rapaz, tenho que elogiar as habilidades dessa senhora, até eu acreditaria.

— Vossa majestade, permita-me interromper para falar algo — meu avô iniciou, e com o confirmar do rei, ele seguiu — Devíamos realmente acreditar de forma tão leviana em um único depoimento de uma servente sem origens? O que pode nos garantir que ela não está forjando suas palavras para ganhar algo em troca?

    Algumas pessoas pareceram cogitar nessa possibilidade, e logo as conversas começaram começaram se espalhar em favor da fala do meu avô.

— Vossa senhoria, está querendo insinuar que eu, a rainha estou trazendo uma mentira na frente de todos? — Audrina jogou sua principal cartada.

    Aí fica fácil ganhar qualquer debate, né? minha senhora.

— De forma alguma. Apenas mencionou pois não seria impossível, de até mesmo vossa majestade ter sido manipulada por uma mentira — meu avô não recuou.

    VAI MEU VELHO, EU TE AMO, PISA NESSA JARARACA.

— Se me permitem... tenho provas do que digo — a servente tirou de seu bolso, uma carta — Está é uma carta escrita pelo quarto príncipe, destinada a segunda concubina, onde admite ter envenenado o rei! — ela ergueu a folha, e aos poucos foi girando para que todos na sala pudessem ver, antes de entregar na mão do guarda para que levasse até o rei.

    Mais tem que ser muito burro mesmo para admitir um crime numa carta.

— É impossível essa caligrafia ser minha — falei, surpreendendo a todos, inclusive a mim mesmo.

    Ah, já tô na beira da morte mesmo, por que não chutar o balde?

— Como afirma isso com tanta certeza sem ter visto a carta de perto? — o rei me olhou com certa raiva.

— Vossa majestade consegue ler o conteúdo?

— Obviamente.

— Então não tem como ser minha.

    Todo mundo me olhou, igual quando você olha para alguém que fala: "Não fui eu que cortei seu lençol, nem vi a tesoura."

— Está levando isso na brincadeira? — o rei cerrou sua mão, amassando a carta.

— Não, mas a rainha parece que sim, oferecendo uma prova tão idiota — pude ver de canto minha mãe cobrindo o rosto, não sabia se ela estava rindo ou chorando.

    Foi mal aí, mas sinceramente, pensei que ela ia ter forjado a prova mais irrefutável desse mundo, mas usou todo esse tempo para uma carta??

— Então alguém consiga um documento que contenha a escrita do quarto príncipe — Audrina me olhou de forma desafiadora. Filha da...

    É óbvio que não tem documentos com minha caligrafia, eu não trabalho!

    Não é possível que a causa da minha morte vai ser por ser desempregado.

— Ninguém vai conseguir encontrar algo do tipo, rainha. Deixe de lado isso, já tenho minhas considerações por conta de sua reação — ele me encarou com desdém.

    Se eu soubesse teria mandado aumentar a dose de seu veneno, para você ir falar com o capeta mais rápido.

— Vocês tem algo mais a falar? — pude ver meu avô cerrar os pulsos ao ouvir o rei, tenho certeza que se ele estivesse com uma espada já teria do lado do trono.

— Vossa majestade — minha mãe se manifestou, fazendo com que focassem nela. Um suspiro leve foi dado, antes de dizer com uma expressão lamentável: — Eu espero que vossa majestade, e toda a sua família que não tenha meu sangue, entre um no cu do outro e saia voando para o caralho.

    Eu amo minha mãe.

    Uns risos e outros comentários de choque ressoaram no salão, afirmando que de fato, a segunda concubina deveria está demente.

— SUFICIENTE!! — o rei bateu com força no apoio do trono, dando algumas tossidas em seguida devido ao esforço repentino — Tire-os daqui, leve esses dois da minha frente e lhes deem a mesma morte que me desejaram, envenenados. Eu declaro a segunda concubina e o quarto príncipe, culp-

— Vossa Majestade!!! — a porta do salão foi aberta em um estrondo.

— Perdeu o juízo? Como ousa interromper um julgamento!? — sua raiva aumentou ainda mais, ficando com o rosto completamente vermelho.

Lá fora — Dariel recuperou o fôlego antes de continuar — quatro carruagens... chegaram quatro carruagens dos Morisete! — ele abriu um sorriso em meio ao cansaço. 

    O rei se levantou espantado, e os comentários começaram a espalhar novamente entre os nobres no mesmo momento "Os Morisete?" "Por que eles viriam para cá?" "Quatro carruagens, quantas pessoas vieram?"

    Não pude evitar as lágrimas que surgiram em meus olhos, ele havia vindo, Theodor realmente veio! 

— Filho, o que está acontecendo? — minha mãe colocou a mão em meu ombro, estranhando minha reação.

— Nós finalmente vamos sair daqui, mãe — coloquei a mão sobre a sua, lhe dando o melhor sorriso que tinha.

    O portão principal foi aberto, e um à um, foram fazendo sua passagem. O marquês Roger vinha na frente, com sua habitual cara de ódio, alguns passos atrás ao seu lado, vinha Theodor, surpreendentemente tranquilo.

    Um pouco mais atrás do lado direito onde Theodor estava, Margaret, Cassius e William andavam orgulhosamente, e ao lado esquerdo Filípe, Anastácia e Xavier. Ao fundo estavam Antony, as gêmeas e Benjamim, que pareciam curiosamente debochar de quem os olhava.

    O marquês parou a poucos metros de distância de mim e de minha mãe, e colocou suas mãos na cintura para encarar o rei.

— Marquês Morisete... reconheço o seu valor, porém não acha rude invadir e criar uma cena em um julgamento?

— Rude é a cabeça do meu p-

— PAI — Anastácia o interrompeu com uma fala um pouco mais alta.

    O marquês Roger era realmente... ele.

    O rei estava com uma expressão que misturava raiva e choque com o que quase ouviu, tenho certeza que estava gastando todo o resto de seus neurônios para não partir para cima do Marquês, considerando o estresse que minha mãe já tinha lhe causado. 

    Com uma pequena tosse o Marquês se recompôs — Enfim, tomei a liberdade que ninguém me deu para interromper esse seu circo, Berto.

— Exatamente como disse, ninguém lhe deu essa liberdade. Por que se acha no direito de agir dessa forma? Perdeu o resto de modos que tinha?

— Pois eu lhe digo, eu me acho completamente no direito — o marquês ergueu seu braço e apontou para mim — de defender meu genro!

    A.

    Minha mãe me olhou com os olhos completamente arregalados.

    O rei se sentou novamente no trono (vulgo caiu para trás) enquanto colocava os dedos em seu pescoço para verificar a pressão. 

— Vossa majestade! — Audrina se levantou para verificar o rei — O que demônios você está falando, eu exijo uma explicação, marquês!

    Os murmurios aumentaram ainda mais entre as pessoas, parecia realmente um circo.

— Filho, está se relacionando com uma daquelas meninas? Elas não parecem jovens demais...? — minha mãe estava aterrorizada.

    E eu me recuso a repetir em minha mente os comentários que ouvi dos outros nobres em meio a essa confusão. 

— Esse faisão espalhafatoso nunca se atreveria a encostar um dedo em minhas apreciadas netinhas, ele está em um relacionamento com meu herdeiro!

    Dessa vez a rainha se segurou no trono do rei para não cair.

    Eu realmente aprecio a vontade do marquês de me proteger, mas pelo amor de deus, mude de assunto, estou começando a me desesperar com as expressões de minha mãe, não posso deixar que ela infarte agora.

    E por que Theodor parece está tão orgulhoso!? 

— Que disparate, o marquês não tem vergonha de tentar manchar a reputação da família real dessa forma? — Elise tomou a frente.

—  Vocês já fazem isso sozinhos — ele acenou com a mão como se a espantasse — Mas não tem porque se preocupar, hoje eu vim especialmente para fazer isso, com maestria — o marquês sorriu, fazendo eles recuarem.

    Theodor começou a andar tranquilamente em direção ao trono, segurando em mãos uma maleta.

— Acha que irá tão facilmente até o rei? Tenha consciência — Uriel que estava um pouco mais abaixo da escada, tentou interrompê-lo.

— Se preferir, posso fazê-lo sair — só conseguia ver suas costas agora, mas pelo tom de voz ele com certeza estava para poucas ideias. Apesar de hesitar, mesmo assim Uriel não se moveu, talvez temendo o que poderia haver nas mãos dele.

    E dito e feito, Theodor acertou a maleta na cabeça de Uriel com tanta força que ele caiu para trás.

— URIEL — Elise correu em sua direção para ajudá-lo. E com apenas um olhar de Theodor, Peter se afastou o máximo que podia para não atrapalhar a passagem.

— O-o que pensa que está fazendo!?  Rápido, levem logo esses dois daqui, e expulsem esses selvagens do palácio — Audrina se alterou, ordenando os guardas a se moverem.

    Os que iam nos levar anteriormente, começaram a vir em nossa direção, mas os outros ficaram estáticos, questionando se realmente conseguiriam expulsar alguém que acabou de bater em um príncipe.

    Uma espada foi lançada, fincando no chão próximo de nós dois, fazendo com que os guardas recuassem.

— Se aproxima não, meu bem, hoje eu ainda não armei nenhum barraco — Margaret tirou do chão a espada, apoiando casualmente em seu ombro, enquanto ficava ao nosso lado como uma barreira de defesa, que ficou ainda mais inquebrável quando Cassius veio lentamente arrastando seu espadão, para ficar próximo a esposa.

    Me levantei ajudando minha mãe a fazer o mesmo, obviamente não saindo da proteção deles dois, que eu não tô maluco. Ela ficou segurando meu braço, completamente confusa com o show que os Morisete abriram.

    Não poderia culpar minha mãe, a primeira vista assusta mesmo.

— Vossa majestade não deveria chamar de selvagem logo quem está indo em sua direção — Theodor ficou cara-a-cara com Audrina, que recuou assustada para seu trono — Vossa majestade, peço que por favor, confira o conteúdo desta maleta antes de qualquer decisão.

    Theodor abriu a maleta, deixando fácil o acesso para que pegasse. E tendo consciência da loucura que essa família carrega, ele fez sem hesitar.

    A cada item que olhava, e documento que lia, seus olhos se arregalavam cada vez mais, Audrina tentou se aproximar novamente para saber o que era, mas com Theodor a encarando, ela desistiu.

    E acabou que o caos que planejavámos causar, teve que ser feito uma semana mais cedo, com apenas metade da audiência esperada.

— Até um imbecil inútil como você sabe que a última coisa que gostaríamos é se envolver com a papagaiada da tua família. Mas isso muda completamente, quando sua esposa e seu filho têm a audácia de nós atacar — o marquês disse em alto e bom som.

    Se antes o rei estava vermelho de raiva, agora ele estava branco de terror.

— Como o marquês ousa acusar a mim e meu filho de tal barbárie!? — Elise se desesperou, ainda segurando Uriel que estava sentado, tentando voltar a si.

— CALADA — o rei gritou, a deixando com os olhos arregalados — Elise e Uriel, tirem eles da minha frente, prenda-os!

— V-vossa majestade, o que está...?

— O que você esteve fazendo, essa é a pergunta certa. O que achou que iria acontecer mexendo em um ninho de vespas como os Morisete? Queria conseguir problemas com o império mexendo com a fronteira deles? ENLOUQUECEU!?

    Elise ficou tão abismada, que não ousou resistir quando os guardas vieram lhe levar.

    Era a primeira vez que via o rei tão alterado, e com certeza isso foi uma grande satisfação. O pânico no olhar de Audrina ao ver Elise e Uriel sendo arrastados era visível, a cada papel que o rei segurava, mais terrível seu semblante ficava.

— O-oque no mundo... O QUE VOCÊS ESTAVAM FAZENDO! — ele se levantou de supetão, olhando irado para a rainha — Tire-a daqui, TIRE ESSA MALDITA COBRA QUE TENTOU ME MATAR DE PERTO DE MIM.

— Vossa majestade, está enganado, eu nunca faria algo assim. Se alguém me acusou falsamente, com certeza foi um mal intencionado que iludiu o meu filho — Audrina tentou se ajoelhar para pegar em seu braço, em uma última tentativa desesperada de clemência, mas o rei a afastou no mesmo instante.

— Ótimo, então levem a rainha e o terceiro príncipe — ele cobriu o rosto com a mão, deixando a cabeça pender para trás, provavelmente tentando não ter um colapso.

    O salão havia sido tomado por um caos silencioso, ninguém ousava abrir a boca para fazer um único som.

    O que interrompeu isso, foi o lento bater de Palmas que surgiu da porta principal.

    Clap

    Clap

    Clap

    Scott e Norlan entraram no salão, e só assim eu consegui encontrar Zaydete com o olhar, em algum momento ela havia se esgueirado para perto de nosso avô.

— Estou admirado, tantos problemas ocorrendo e vossa majestade, o rei, não tinha ciência deles? — essa frase foi a facada final que o rei precisava para desmoronar no trono.

    Theodor fechou a maleta, deixando do lado dele, e então desceu da área do trono, vindo em nossa direção.

— Já fizemos o que tinha de fazer aqui, boa sorte lidando com as consequências de suas próprias ações, Berto — o marquês desdenhou, antes de se virar para sair, dando um leve tapinha no ombro do duque imperial, o incentivando o máximo que podia.

Isso vai demorar, vamos embora — Theodor murmurou para mim e minha mãe ouvir.

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    Estava com as costas apoiada na carruagem dos Morisete, junto com Theo, que havia ficado para ir por último após debater muito com o marquês. Estávamos assistindo relativamente de longe, meu avô abraçando minha mãe em completa emoção.

    Após tudo o que acabou de ocorrer, o rei não iria tentar ir contra a decisão de minha mãe deixar o palácio, não importava se sua reputação nos círculos fosse irrecuperável, pelo menos estaria em seu lar.

— O que o Scott vai fazer? — perguntei, curioso depois que os ânimos se acalmaram.

— Pressionar o rei, exatamente como ele temia. O império não pode ficar quieto tendo uma de suas fronteiras ameaçadas por pura incompetência do governante.

— E isso não vai afetar vocês?

— Se fosse, não teríamos causado essa cena, fizemos um trato, não se preocupe.

    Suspirei aliviado, passei por mais emoções hoje do que em toda minha vida. Theodor apoiou minha cabeça em seu ombro, e estava tão cansado que não ousei questionar, apenas fechei meus olhos.

    Tudo que eu quero agora é um banho e uma cama.

    .
    .
    .

    Abri meus olhos de supetão. Pela deusa, eu acabei de dar um cochilo de pé!?

— ...de forma alguma, fico feliz por isso — peguei a conversa já no meio do caminho. Minha mãe estava na nossa frente junto com meu avô, e pareciam ter uma conversa agradável com Theo.

— Oh? Nosso adormecido acordou — meu avô sorriu.

— Desculpe, nem notei quando fiz isso — ergui minha cabeça passando a mão nos olhos, foi então que notei que eu não tinha caído até agora porque Theodor estava me apoiando pela cintura.

— Meu amor, eu preciso falar com sua irmã para esclarecer os mal-entendidos, tudo bem? — ela segurou minha cabeça, depositando um beijo em minha testa.

— Por que não estaria? Por favor, faça isso, sua personalidade ficou muito estressada — suspirei, lembrando dos surtos de minha irmã que tive que aguentar.

— Realmente — meu avô deu uma pequena risada — Irei chamá-la para partirmos, não demore em vir nos visitar.

— Cuide-se bem, desculpe sua mãe por ter dado tanto trabalho, também quero falar com você depois — ela me deu um abraço caloroso, como se tirasse todo o peso que carreguei todo esse tempo.

    Com um aceno, e uma despedida alegre para Theodor, ela se afastou indo na direção da carruagem de meu avô.

    Despedida, ué?

— Vamos? — Theodor ergueu a mão para mim assim que subiu os degraus da carruagem.

— Como assim vamos? Para onde? — pra quê eu fui cochilar, minha deusa?

— Para onde mais seria? Para casa, Morisete. Se não quiser vir, ainda dar para alcançar a carruagem dos Hamilton.

    Fiquei estático por alguns instantes, agora entendi porque meu avô mencionou visita, o que raios eles conversaram para chegarem nessa conclusão?? Se bem que, minha mãe iria conversar com Zaydete, e depois de tanto caos eu não queria ainda ter que ouvir suas reclamações em meu ouvido, e seria bom para elas terem um tempo a sós depois de tanto anos.

    Segurei sua mão, me apoiando para subir na carruagem, que partiu assim que nos sentamos.

— O que conversaram?

— Quem sabe... Por que não pergunta a sua mãe depois? — Theodor virou o rosto olhando para janela.

— É tão importante assim para você não querer me falar? — ergui as sobrancelhas, estranhando sua reação.

— Tão curioso, já pensou em trabalhar para os jornais?

— Está desviando o assunto de propósito? — me aproximei, um pouco indignado.

— Estou preocupado com o seu desemprego, ia morrer por sua inutilidade se não houvesse chegado a tempo — debochou.

— Com licença?? Eu já me provei muito mais que útil nesses últimos dias.

— E ainda assim não deixa de der um desocupado.

— Arrogante mimado.

— E mesmo assim quis me acompanhar.

    Fiz menção de ir em direção a porta da carruagem, mas ele me puxou para trás, me apoiando em seu colo.

— Estou apenas lhe provocando — soltou um arzinho pelo nariz.

    Que vontade de dar um soco no meio dessa cara bonita. Ele colocou as mãos ao redor do meu pescoço, e quando notei a correntinha estava novamente comigo.

— Por que está me dando sua insígnia novamente? Não é mais necessário — segurei a pequena joia de mariposa entre os dedos enquanto o olhava.

— Use seus últimos neurônios para pensar sobre isso que chegará a uma resposta, claro, se tiver capacidade — ele apoiou a cabeça em meu peito, me encarando como um gato, após claramente me ofender.

    Mas não pensei muito sobre isso, porque logo em seguida juntamos nossos lábios em um beijo.

    Aaah, não havia mais para onde correr, eu estava completamente apaixonado por esse ranzinza que não tem o mínimo de senso comum.

    

*Calendário Ominiano: [28/07]

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