{THEODOR}
{Capítulo XXXVI: O tão esperado rompimento da maldição}
— Agradeço por permitirem que eu tenha vindo — disse assim que desci da carruagem, estendendo a mão para que Scott descesse.
— Não há motivos para recusarmos — Norlan disse com um sorriso.
— Confiamos em você, não se preocupe. Estaremos lhe esperando quando a reunião acabar — Scott deu dois tapinhas em meu ombro, me fazendo estremecer com toque não requisitado.
Me inclinei de forma leve como despedida e eles acenaram enquanto se afastavam.
Como não confiar em alguém, quando sabe que se ela esconder algo relevante para você, terá um encontro certo com a morte?
De qualquer forma, essa faca de dois gumes também é um alívio para mim, era mais fácil vir até o castelo junto com esses dois, já que ao entrarem, todos os olhos em um raio de 100 metros estariam sobre eles, e poderia apenas me esgueirar pelos guardas.
Hoje é um dia de grande comemoração, a maldição se dissipou.
Éramos para ter trocado há dois dias, e isso não ocorreu, então caso o paspalho não tenha notado, vim informar, junto com os resultados da investigação de tio Willian.
Escalei as paredes laterais do palácio como da última vez, mas assim que cheguei ao segundo andar percebi algo fora do comum: A sacada estava fechada.
Mesmo deixando as cortinas fechadas, ele mantinha a porta da sacada aberta, o que para mim não tem sentido algum, já que o vento mexerá o tecido.
Verifiquei se estava destrancada e a abri com cuidado, dei um passo silencioso para dentro, porém notei que não havia ninguém no quarto.
Havia acordado antes das doze horas? Onde poderia ter ido para fazer esse feito grandioso?
Só que após eu dar meu segundo passo, meus instintos gritaram: Alguém estava atrás de mim.
Me virei de forma rápida, agarrando a mão que vinha em minha direção, passei meus pés sobre a pessoa, fazendo-a perder o equilíbrio, e então torci seu braço nas costas a imobilizando, prensando em seguida seu corpo na parede.
— Está bem, está bem, foi mal! Não vi que era você, desculpa, pode me soltar — Zayn choramingou.
Essa raposa astuta... suspirei. Se eu não estivesse com a guarda alta, teria sido nocauteado.
— Me recuso.
— O que? Por que!? Meu braço está doendo com esse aperto — ele reclamou, e então diminui a força que estava aplicando, deixando apenas o suficiente para que ficasse parado.
— Estaria desmaiado no chão agora se não tivesse lhe prendido — tive que falar um pouco mais baixo do que o costume, já que estava próximo de sua orelha, e não era meu objetivo lhe surdar.
— Se fizesse como uma pessoa normal, ao invés de ficar entrando pela sacada, eu não teria lhe atacado — suspirou, apoiando a cabeça de lado na parede, parecendo desistir de se debater.
— Uma pessoa normal não estaria visitando um príncipe.
Ele fechou os olhos indignado, pressionando um pouco os lábios pela frustração.
— Por que está de pé tão cedo? Não é do seu feitio.
— Digo quando me soltar.
— Então entraremos em um impasse.
Ele virou seus olhos em minha direção, com certa irritação no olhar. Não era meu objetivo, mas deixá-lo com essa expressão tão cedo não era desagradável, pelo contrário. Deixei que um sorriso escapasse em meu rosto, sem mover os lábios.
— Essa posição é constrangedora, apenas me solte para que possamos conversar — suspirou irritado.
— Por que acha isso? Já ficamos em posições piores — pude ver seu rosto sendo tomado pela cor vermelha.
Oh? Sorri de canto.
— Você...! Por que de repente suas falas parecem flertes?? Eu sou um garoto, por isso é tão constrangedor, me solte de uma vez — ele ficava cada vez mais nervoso.
Troquei a mão que mantinha seu braço imobilizado, e então o virei, deixando de frente para mim.
— Não me importo muito com o que você seja, contanto que me agrade. Porém sua fala não soa muito irônica considerando o beijo que me deu?
— I-isso, foi você que começou — Zayn desviou o olhar, ruborizado por completo.
— Mas você quem me deixou uma marca, está aqui até agora.
— P-pare de mentir, já deve ter sumido com esse tempo, minhas unhas não são grandes! — ele me encarou para falar, mesmo parecendo ter se arrependido do que disse em seguida.
— Por que não verifica por si mesmo? — soltei seus braços, indicando com o dedo para minha gola.
Pude vê-lo hesitar um pouco, então ergui as sobrancelhas, não sei se isso soou como um desafio, mas fez com que viesse ainda mais perto, apoiando sua mão em minha gola.
Sem aviso prévio, o puxei pela cintura selando nossos lábios.
E quem diria, ele que me puxou pelo pescoço, aprofundando nosso gesto em um beijo. Me virei apoiando as costas na parede, deixando que me guiasse sem Zayn perceber.
Senti meu cabelo sendo puxado, me fazendo inclinar mais em sua direção, sua mão deslizava pela minha cintura dando pequenos apertos, o que me fez estremecer. Tinha consciência que era mais sensível ao toque que os demais, por essa razão evitava, entretanto nessa situação, foi a primeira vez que isso se fez útil.
Desci minha mão para o seu quadril, o trazendo para mais perto, e apoiei a outra em seu ombro. O beijo era lento, mas intenso, de alguma forma senti que caso vacilasse, Zayn iria me consumir por inteiro, antes de nos separarmos para recuperar o fôlego, ele deu uma leve mordida no meu lábio inferior. Aqueles olhos cheio de cores me olhava de uma forma, que por pouco não me fez perder os sentidos.
Imagine se ele não achasse constrangedor.
Dei um peteleco em sua testa, o fazendo grunhir pela dor e levar a mão até o local.
— Vim porque conseguimos provas sobre a movimentação do príncipe herdeiro contra minha família, parece que a concubina apenas repassou a ideia ao invés de se envolver diretamente — me afastei, indo sentar em sua cama — A maldição também foi rompida.
— Espera, diga um assunto importante de cada vez. Quais foram as provas que conseguiram? — Zayn andou até mim, se sentando na mesa de cabeceira, enquanto parecia se esforçar o suficiente para manter a compostura.
Ele com certeza está surtando por dentro, não está?
— Encontramos a pessoa que recebeu a ordem, ele nos deu as joias que recebeu como pagamento e a descrição de quem mandou, que coincide com o assistente do príncipe herdeiro.
— Tão fácil assim? — Zayn me olhou embasbacado.
— Não é preciso dizer os detalhes desnecessários, todo mundo acaba falando com o incentivo correto — dei de ombros, e ele torceu o rosto em uma careta ao entender o que eu dizia — Não faça esse olhar de idiota, você é a última pessoa que pode me julgar.
— Justamente por isso que julgo — suspirou — e sobre a maldição, como sabe que acabou? Pode ter dado apenas um tempo.
— Quer me ver morto? — perguntei apoiando meu rosto na mão, e por consequência o braço por cima de minha perna, que estava cruzada.
— Sim. Qual a dúvida? — disse fazendo a expressão com o maior desgosto possível.
— Não hesita em mentir, mas gagueja para admitir a verdade. É um mitomaniaco?
Zayn agarrou o travesseiro próximo a ele e tentou me acertar, mas desviei sem dificuldades.
— Sádico também? Sabia que era estranho, porém não esperava gostos tão peculiares — o lancei um olhar repulsivo em provocação.
— Aí, céus! Por que você é assim!? — a frustração tomava seu rosto.
Me levantei, ficando de frente para ele na mesa de cabeceira, apoiando minhas duas mãos ao lado de suas pernas o impedindo de sair, o vi tentando recuar, porém suas costas já estavam apoiadas na parede — Me divirto, apenas — pude ver seu olho tendo um tique — Mas me diga, não me respondeu por que estava de espreita, tenho certeza que não estava me esperando.
— Contei um pouco da verdade para Zaydete, e não sei como ela vai reagir a longo prazo. Por precaução estou ficando mais em alerta, sei que a rainha não vai desistir de ser ver livre de mim — suspirou — Quero acabar com isso logo.
— O que pretende fazer agora que tem as provas em mãos?
— Quero montar armar um show de horrores, se eu expor isso com uma grande quantidade de nobres assistindo o rei não poderá ficar quieto.
— Para fazer com que ele saia em público mesmo doente... Planeja expor no baile do próximo mês?
— Sim, minha única incerteza é sobre a reação do duque imperial, isso pode acabar complicando a situação do nosso reino — suspirou, de novo.
— Não irá.
— Como tem tanta certeza?
— Confia em mim?
— Não.
Me ergui pronto para caminhar de volta até a sacada e sair, mas ele segurou meu pulso — Estou brincando, deixe de ser idiota. Como não vou confiar em alguém que colocou o título em jogo por mim? — murmurou de canto, sem olhar de fato, para mim.
— Lhe contaram isso? — ergui minhas sobrancelhas de leve, não imaginei que fossem falar a respeito com Zayn.
— Sua mãe. Inclusive que ideia foi essa de avisar a sua família? — sua expressão de irritação voltou.
— Se algo der errado, será mais fácil de te ajudar estando todos conscientes — não sei se foi proposital, ou apenas não percebeu, mas sua mão deslizou pelo meu pulso até minha mão, a segurando.
Zayn pareceu querer falar algo mais, mas de repente, todo o seu rosto havia ficado vermelho, e seus lábios parecia hesitar — E... E sobre seu, título... sua mãe disse algo sobre, costume, sei lá... por que fez isso?
— Ah, é uma tradição besta que temos, caso queira trazer alguém de fora da família deve ter plena confiança nessa pessoa, caso esteja errado sua posição não será diferente a de um servente.
Conseguia ler sua expressão sem dificuldades, estava indignado ou frustrado por eu ter dito que não é algo sério, bem, para mim pelo menos, não era tão absurdo.
— É comum fazerem isso com as pessoas que vão casar, na verdade — Pensei de forma séria, tentando me lembrar de algum outro caso que tinha sido a exceção, porém estamos falando da minha memória.
Senti minha mão sendo apertada, e ao olhar para Zayn o vi de cabeça baixa, se não fosse pelo seu costume de deixar as mechas penteadas para trás, não teria visto suas orelhas tão vermelhas quanto fogo.
— Oh? Vossa alteza ficou constrangido ao pensar que minha família mal-entendeu a situação? — ergui sua cabeça pelo queixo fazendo-o olhar para mim, era para ser somente uma provocação, mas acabei ficando surpreso ao notar seu estado de semi-combustão.
— Pfft- Hahaha — tentei controlar, porém acabei deixando uma risada escapar.
— S-seu...! A-apenas suma daqui! — Zayn tentou me empurrar, quase em socos, mas o prendi em uma abraço.
De fato, uma raposa adorável.
— Consegue reunir as provas e me entregar todas depois de amanhã? Será menos arriscado se eu levar até você no dia do baile — mudei o assunto tentando diminuir sua raiva, que eu mesmo havia provocado, para que parasse de se debater, porém ainda assim não consegui tirar o sorriso do rosto — Tem uma clareira, na divisa de Carson com a capital, acha que consegue ir até lá pela tarde?
Zayn afirmou com a cabeça, meio amuado — Posso confiar que irá realmente aparecer para entregá-las?
— Eu dou a minha palavra — ergui uma de suas mãos, encostando os lábios em seus dedos como forma de juramento.
*Calendário Ominiano: [22/07]
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