EPÍLOGO
《CALENDÁRIO OMINIANO: [23/06]》
{Dois anos depois}
Uma vez ao ano, no início do inverno, a realeza sempre convoca todas as famílias nobres a participar do evento de caça, que tem como objetivo diminuir a população de animais salvagem que poderiam vir a invadir alguns povoados ou até mesmo cidades em busca de comida. É obrigatório a presença dos principais membros da família real nestes eventos, para que façam o discurso de abertura, e eu, como o segundo na linha de sucessão ao trono e detentor do sobrenome do ducado Morisete, tenho minha participação completamente requisitada.
Sério, Dariel e Zaydete iriam me esganar se eu não viesse, não tava disposto a ouvir meia hora de bronca daqueles dois.
Na verdade, ano passado nem teve essa ladainha de caça que eles usam para se exibir, bem quando o inverno tava chegando aconteceu uma sequência de coisas, boas ou ruins: Berto morreu, Dariel foi coroado, os Morisete foram condecorados, Iselin finalmente ergueu a bandeira branca, e Scott e Norlan voltaram para o império.
Tudo no mesmo mês, imaginem o caos que ficou.
Acho que não geriram muito bem isso aí não, tinha conteúdo para o ano todo e gastaram tudo de uma vez, sacanagem.
— Aff, quando ele vai começar o discurso? Estou cansada de ficar de pé — Zaydete reclamou ao meu lado.
— Ninguém mandou vim de saltos, por que não usou a bota que a mãe te deu? — recebi uma cotovelada dela no mesmo instante.
— Oras, eu sou uma princesa, tenho que está bonita até nesses eventos.
— Só bonita mesmo, porque a língua... — ela tentou me acertar novamente, mas eu desviei.
— Vocês dois, venham para cá! — ouvi meu avô chamar de longe, e fomos até ele. A carruagem real finalmente tinha chegado!
— ATENÇÃO, Vossa majestade, o rei Dariel Von Yigrem, faz sua entrada! — meu irmão desceu, e todos se reuniram inclinando-se em sua direção.
— Agradeço a todos que tomaram o seu tempo para virem até aqui, em benefício principal para a proteção dos cidadãos de nosso reino, que apesar da grande onda de acontecimentos que enfrentamos, continua de pé. E então como costume, iniciamos o evento anual de caça! Aqueles que trouxerem a maior quantidade de animais que possam ameaçar perigo as pessoas, serão recompensados.
Com uma salva de palmas o discurso rápido de Dariel se encerrou, permitindo que os participantes fossem em direção aos seus cavalos com suas armas, animados para receber a recompensa.
Acenei um pouco de longe para Dariel, que agora estava preso em um círculo de puxa sacos, e ele retribuiu.
— Volte seguro, e vê se não inventa de cair em nenhum lugar hoje — Zaydete suspirou, antes de ir em direção do nosso avô para a cabana separada dos Hamilton.
Infelizmente minha mãe ainda não ousava vir nesses eventos públicos, e eu não julgou ela, as palavras das pessoas poderiam ser muito cruéis, ainda mais ela sendo a única esposa viva do falecido rei.
— Vai esperar escurecer para sairmos? — Theodor se aproximou de mim, segurando as cordas dos dois cavalos.
— Me perdi nos meus pensamentos por alguns instantes — peguei a corda do meu cavalo, montando em seguida.
— Estranho seria se não fizesse isso... — ele também subiu no seu.
— Calado.
Hoje iríamos fazer algo que não foi possível ano passado, ir ver aquela bendita cratera!
Motivos? Nenhum específico, pura curiosidade mesmo, e se caso a estátua da deusa ainda estivesse semi-inteira lá, iríamos tirar para que o templo reconstruísse.
Como eu lembrava o caminho que fiz até lá, e ao invés de caminhar como uma lesma e fazer círculos, estávamos cavalgando rapidamente, não seria preciso cerca de três horas para chegar lá, apenas metade de uma era suficiente.
— Tem certeza que era por aqui? — Theo perguntou, descendo do seu cavalo e o amarrando em uma árvore.
— Sim, era depois daqueles arbustos — fui fazer o mesmo, e assim que me virei depois de amarrar a corda, vi dois coelhos, com alguns filhotes me encarando.
Essa praga já se reproduziu, em?
Os espantei com a mão, para não ocorrer nenhum acidente.
— Por que está espantando coelhos, tem medo? — ele inclinou a cabeça, me olhando confuso.
— Nah, apenas é perigoso ter eles perto por aqui.
— Coelhos?
— Nem pergunte.
Nos aproximamos com cuidado dos arbustos, e assim que o abrimos...
Não tinha nada.
A cratera tinha sumido, era só uma terra plana.
— Não é possível, será que eu errei o lugar? Mas eu tenho certeza que era aqui — duvidei da minha memória por alguns instantes.
— Zayn, olhe — segui a indicação de Theo, e vi uma única flor no meio de onde deveria estar a cratera. Nos aproximamos com cuidado, e quanto mais perto ficávamos, mais estranho ela parecia.
A flor tinha nascido dentro de uma pequena poça de água, deixando apenas suas pétalas para fora, que eram translúcidas, em um pigmento azul tão lindo, que eu certeza que nunca vi antes, e um brilho misterioso a cercava, como se tivesse luz própria.
— Que linda...
— Eu já vi isso antes, mas onde...? — Theodor pensou seriamente, tentando lembrar.
— Já viu a flor? — estranhei, porque de fato, era a primeira vez que via algo como isso.
— Não, esse brilho, quase como se fosse magia — pude ver suas sobrancelhas se unindo pelo esforço. Minha deusa, sua memória era muito ruim, por que ele não fazia questão de se lembrar das coisas? — É, não lembro.
Suspirei cabisbaixo, tendo minha curiosidade assassinada,
— Bem, parece que a deusa realmente pregou uma peça em nós, pelo menos a flor é muito bonita — se fosse bom em pintura, com certeza registraria essa cena.
— Uma peça que nos mesmos iniciamos — Theo soltou um arzinho pelo nariz — E então, quer caçar ou voltamos para casa?
— Olha a minha cara de quem gosta de sair matando bicho — debochei.
— De fato, pessoas combina mais com sua personalidade — afirmou com cabeça como se pensasse.
— Ora, seu...! — tentei acertá-lo, mas ele desviou me prendendo em um abraço.
— Não invente de desejar minha morte, por favor — sua expressão me fez dar uma gargalhada.
— Não vou fazer uma estupidez dessa novamente, contanto que você não faça.
— Sem mais trocas?
— Sem mais trocas, pelo amor da deusa.
Rimos, antes de voltarmos para nossos cavalos para ir em direção a nossa casa caótica, em Morisete. Sem ter ideia de que aquela flor que tinha surgido, era prova em sua forma mais pura, do pacto que havíamos selado, de impedir a morte um do outro.
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