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Hoseok acordou cedo naquela quarta-feira, mesmo sem precisar. Só estaria relaxado quando o baile tivesse ocorrido e tudo saísse como o planejado. Até lá, não teria outra opção a não ser tentar controlar sua ansiedade, que insistia em aparecer nos momentos menos oportunos.
Pela terceira vez em menos de uma hora, voltou até a garagem de sua casa, onde observou parte da decoração de sua festa, desmontada. Teve vontade de trocar todos aqueles balões, mudar as cores dos papéis de parede. Suspirou frustrado, porque a aquela altura do campeonato nada mais poderia ser modificado.
O últimos ajustes já estavam feitos. Os resultados de tantos anos de trabalho estavam ali na sua frente. Um sonho estava prestes a se concretizar... Então por qual motivo se sentia tão frustrado? Com o coração apertado?
Aquela festa deveria ser uma celebração para todos os formandos. Contudo, não seria uma memória feliz para Park Sooyoung, afinal, tudo que ela estava vivendo era parte de um plano. Uma grande ilusão que seria desfeita logo após aquele baile.
O maior problema é que aquela ilusão agora fazia parte do seu imaginário. Sonhava com Joy todas as noites, queria estar próximo dela sempre que possível. Contudo, outra parte o alertava que deveria se afastar, afinal, tinha ido longe demais.
Quando ela descobriria a verdade de tudo aquilo? Ele deveria contar?
Antes da festa? Depois? Durante?
Hoseok encolheu o corpo ao fazer essas reflexões. Sentia vergonha, por ter participado daquilo.
Porém, sentia mais vergonha ainda por não ter a coragem suficiente para revelar a verdade a Joy. Era um verdadeiro covarde, e agora sabia disso.
Nunca antes quis mudar tanto o passado. Desejou poder voltar no tempo, e agir de modo diferente. Tentaria conquistá-la de modo natural, sem interesse. Recusaria aquela proposta louca, mesmo que fosse o seu sonho ter o dinheiro o suficiente para já começar uma microempresa. Afinal, seus desejos não valiam mais do que os sonhos da Sooyoung, não mesmo.
Sempre ouviu que cada um tinha seu preço, é verdade, mas estava enojado ao constatar-se que o dele era tão baixo. E como um passe de mágica, tomou aversão a tudo aquilo que estava na sua frente: balões de gás hélio, tecidos que imitavam lona de circo. Só não sentiu repulsa ao ver os espelhos, que seriam utilizados para montar uma sala de especial. A imagem refletida ali, toda distorcida, combinava com seu estado de espírito.
- Isso aqui 'tá uma bagunça, Hoseok. - Ouviu seu pai chamando seu nome, tirando-o de seus pensamentos. - Trate de arrumar logo.
- Eu sei... - O ruivo rebateu. - Mas eu simplesmente não consigo mais tocar nessa decoração.
- Como assim? - O homem franziu o cenho, sem acreditar no que acabara de ouvir.- Você planejou isso durante anos... não está satisfeito?
- Não... - Hoseok mentiu, Odiava mentir para sua família, mas seria necessário. O que seu pai falaria ao saber que tinha um filho tão vendido assim? - Estou com vontade de jogar tudo fora!
- Eu realmente não estou entendendo, filho...- O homem mal conseguiu fechar a boca, visivelmente chocado ao ouvir aquela declaração. - É normal se sentir inseguro com o próprio trabalho, mas não nesse nível...
- Eu sinto que esse tema não é marcante o suficiente...- Lutou para segurar as lágrimas que começaram a surgir no canto de olho. Ver o rosto de seu pai, perplexo, deixava tudo ainda mais difícil.
Sempre se cobrou muito para ser o filho perfeito. Seu pai era um advogado exemplar, admirado por todos da área. Nunca quis seguir a carreira na advocacia, mas queria ser igualmente exemplar no ramo empresarial.
- Ei, filho... - O homem largou a pasta no chão e foi abraçá-lo. Assim como Hoseok, era um verdadeiro workaholic, do tipo que levanta de manhã cedo para estudar os casos, mesmo sem precisar. - O tema foi votado pelo comitê, não foi?
- Foi... - Soltou a resposta abafada pelo abraço.
- Então pare de se culpar por isso, ok? - O senhor Jung deu um tapinha em seu ombro. - Você não foi o único, então tire isso da cabeça.
Ainda que estivessem conversando sobre a festa, aquela fala cabia perfeitamente sobre a questão da aposta, e Hoseok preferiu interpretar assim. De fato não estava sozinho naquele plano. Contudo, aquele fato não servia de consolo, mas sim o deixava ainda mais para baixo.
O que ele deveria fazer para se tornar especial? Sempre foi bom em captar os sentimentos das pessoas, mas simplesmente não conseguia pensar em nada que o tornasse único para ela.
- Seja lá o que você estiver pensando, não fique desse jeito.... - Seu pai falou antes de desfazer o abraço. - Tenho certeza que tudo vai ficar perfeito, igual ao filho que tenho.
- Obrigado, pai. - Hosek abriu o sorriso costumeiro de sempre. - Já estou melhor.
- Fico feliz em ajudar - O homem fez um cafuné no garoto antes de pegar a pasta no chão. - Agora, vamos todo mundo trabalhar, sim?
- Sim, tenho vários problemas para resolver ainda! - Acompanhou seu pai até a saída da garagem, e de longe avistou ninguém menos que Joy, tirando uma remessa de bolinhos do carro de sua mãe.
[...]
Hoseok correu para abrir o portão para ajudar a garota, já que era uma remessa grande. Sooyoung passou uma mensagem ontem a noite, perguntando seu endereço para poder entregar parte da encomenda. Estava ciente que ela estaria ali hoje, mas não esperava que fosse aparecer tão cedo.
Assim que o garoto se aproximou de Joy, foi impossível não notar seus olhos levemente caídos, já que eram sempre tão brilhantes. Parece que o dia não tinha começado bem só pra ele.
- Bom dia! - Ele abaixou o tom de voz para questioná-la com cuidado. - Está tudo legal?
- Sim, só to cansada de tanto cozinhar... - Ela riu baixinho. - Pelo menos a primeira fornada já saiu e até sexta de manhã todos estarão prontos.
- Se eu não estivesse tão enrolado com os preparativos finais, eu ajudava... - o ruivo lamentou.
- Não, não precisa! - A garota rebateu. - Eu amo ajudar minha mãe, e agora estou com tempo de sobra pra isso...
- Vocês vão ficar aí até quando? - A senhora Park interrompeu os dois que conversavam na frente do porta-malas. - Tem muita coisa pra levar...
Cada um pegou uma forma de cupcakes e entraram na casa. Hoseok abriu o freezer para poder armazenar os bolinhos até o dia da festa. Mesmo trabalhando muito, seu pai gostava de receber amigos em sua casa, e por isso tinha vários congeladores a sua disposição.
- Ficou faltando alguma forma? - A morena virou-se para questionar a mãe.
- Acho que ficou uma só... vou lá buscar! - A mulher deu uma piscadinha discreta antes de sair.
Agora, os dois estavam sozinhos na cozinha dele. Há algumas semanas atrás, a situação era mesma, só que estavam na casa de Joy. Contudo, não era só o ambiente que tinha mudado.
- Conseguiu terminar a playlist? - A morena puxou assunto para quebrar o silêncio.
- Não... - O rapaz bufou, se escorando na pia da cozinha. - Não consigo achar músicas boas o suficiente, parece que tudo me irrita...
Hoseok sempre foi tão seguro do que queria, e vê-lo perdido daquele jeito, era desesperador. Joy cerrou os punhos por debaixo da sua blusa de manga longa, para que ele não pudesse ver.
- Eu escolhi mais algumas músicas pra gente poder dançar na festa... - A garota deu um passo para trás. - Acho que dá pra fechar uma boa playlist.
- Dançarmos juntos? - Hoseok repetiu aquela parte da frase, para ter certeza que tinha entendido certo. - Isso quer dizer...
- Que sim, eu aceito ir com você ao baile. - O ruivo se aproximou para dar um abraço, mas a garota levantou a mão no ar, fazendo-o parar onde estava. - Mas com uma condição...
- Faço o que você quiser - Ele respondeu radiante. Mal podia acreditar nas palavras que estava ouvindo, desejou verdadeiramente que ela aceitasse, não mais por apostas, mas sim por amor.
- Não conta pra ninguém, 'tá? - A morena sussurrou sua circunstância. - Que isso fique só entre nós...
- Claro... - Hoseok piscou, um pouco confuso com aquela condição. Será que ela tinha vergonha dele? Não faria sentido, já que os dois seriam vistos juntos no baile...
Um barulho de buzina pode ser ouvido naquele momento, cortando a conversa. Joy se despediu do rapaz, com um abraço simples. Hoseok observou, pela janela, a garota entrar no carro e ir embora.
Foi naquele momento, que decidiu escrever uma carta, contando o quão arrependido estava. Entregaria no baile, quando tudo tivesse acabado. Porque toda aquela mentira estava consumindo sua sanidade, e ele precisava desabafar, de algum modo.
Largou tudo que estava fazendo, e se dirigiu até seu quarto. Não tinha papéis de cartas lindos como os de Joy, mas tinha vários papeis coloridos, adesivos e canetas brilhantes. Ser da comissão de formatura tinha suas vantagens.
Achou que não conseguiria achar as palavras certas para escrever o que estava sentido, mas assim que pousou a caneta sobre o papel, as frases fluiram perfeitamente, transmitindo seus pensamentos.
Para a amável Sooyoung,
Como você está essa noite? Apesar de escrever essa carta antes do baile, não tenho como saber exatamente qual a cor do seu vestido, ou do seu batom. Contudo, te imagino radiante, como você sempre é todos os dias.
Justamente por não conseguir te tirar dos meus pensamentos, escrevo essa carta, para tentar aquietar meu coração.
Cometi um erro terrível, que contarei quando você quiser saber. Mesmo após você ficar ciente de tudo,e caso consiga me perdoar, prometo nunca mais machucá-la. Sei que você sofrerá quando eu contar a verdade, e isso parte meu coração.... Mas ainda sim, é necessário deixar as coisas nítidas antes de começar um relacionamento.
Porque eu te amo muito para te deixar escapar depois dessa formatura, Joy. Caso você aceite, prometo fazê-la sorrir todos os dias que estivermos juntos.
Lembrar do seu sorriso também desperta minha felicidade, me faz sorrir abobado no meio da rua, sem um motivo aparente. Mas você é o motivo, e agora eu admito, pra nós dois, essa verdade em que custei a aceitar.
Espero que não seja tarde demais para confessar meus sentimentos. De qualquer maneira, sempre estarei desejando a sua felicidade, mesmo que de longe, e independentemente de quem esteja ao seu lado.
Do sempre seu, Hoseok.
Finalmente compreendeu Sooyoung,a pessoa que mais quis decifrar, e também a mais difícil. Talvez o amor o cegasse seu lado racional, e deixava toda a emoção sobrepor a razão quando estava com ela.Compreendeu também seu costume em escrever cartas, porque a leveza da caneta alivia um coração angustiado.
Eram mais parecidos do que ele imaginava, só não tinha percebido aquilo antes. Selou a carta, com a melhor fita colorida que pode encontrar em sua escrivaninha. Entregaria aquele envelope no dia da festa. Não sabia exatamente quando, mas sentia que seu coração saberia o momento ideal.
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PLANTÃO URGENTEEE: Queremos saber o ranking de vocês atualizadoooo, deixem aqui o top fav de vocês, quem mais merece ficar com a joy?! Do primeiro ao quarto lugar ksks
A JOY ACEITOU O CONVITE DO HOSEOK? É ISSO MESMO??? Eai meu povo, o que acharam do capítulo? E que reação foi essa da sooyoung? *0* teorias?
Votem e comentem pra gente saber se vcs ainda estão aí ;u;u; vou responder a todos <33 até a próxima sexta feiraaaa!
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