Prólogo


Verão de 2010, Villa D'angelo. 

Antonella Bianco inclinou-se em direção a piscina, os pés batiam na água lentamente aproveitando-se do frescor que isso trazia a todo seu corpo. 

Bem, mais ou menos. 

Do outro lado do gramado Enzo D'angelo se encontrava sem camisa, usando os velhos jeans surrados e botas, os braços suados carregavam um fardo de trigo nas costas e havia uma barba por fazer em seu rosto que o deixava ainda mais bonito na opinião de Antonella. A garota precisou controlar a respiração diante da visão que em sua opinião era bastante tentadora. As mãos que Antonella sabia serem macias, apesar do trabalho duro, estavam cobertas por luvas grossas e quando os olhos dele flagraram-na, Antonella corou até a raiz dos cabelos, mas não desviou os olhos dos dele e deu um sorriso aberto acompanhado de um aceno, se manteve encarando os olhos verdes e bonitos até um dos funcionários o chamou e Enzo teve que virar as costas. Antonella levou o seus olhos para longe, só para encontrar duas bolas negras e astutas encarando-a com divertimento e interesse.

Alessia D'angelo, sua melhor amiga, fiel confidente e irmã de Enzo. 

— Ah! Seu irmão é tão gato, Alessia! — comentou Janine com malícia. Aos quinze anos, nem Alessia, nem Antonella haviam se desenvolvido como Janine, a morena possuía seios fartos e um traseiro invejável para ambas as meninas, o que fazia com os gêmeos irmãos de Alessia corressem atrás de Janine como cães correm atrás de um lombo assado. Enquanto Alessia e Antonella pareciam ter de fato os quinze anos que tinham, Janine facilmente poderia passar-se por vinte. 

— Mas ele não está disponível. — Respondeu Alessia com desdém, o que gerou uma onda de satisfação em Antonella. 

— Ele está namorando? — Janine se aproximou mais de Alessia, espremendo os olhos em interesse. 

Alessia sorriu, irônica. — Não. Mas ele está prometido a alguém! 

— Quem? 

Alessia estreitou os olhos. — Não é da sua conta, Janine. Além do mais, meu irmão é muito mais velho do que você. Não é para você, esqueça-o! 

— Puff. — resmungou a morena e Alessia olhou em sua direção com desgosto, só para logo em seguida trocar um olhar com Antonella seguido de uma piscadela. 

Se havia alguém nesse mundo que sabia detalhes da paixão platônica que ela nutria por Enzo, esse alguém era sua melhor amiga e futura cunhada. — Sissa, vou pegar um copo de água. — Antonella se levantou rapidamente ao ver Enzo entrar para dentro da casa. Isso não passou despercebido pelos olhos espertos de Alessia. A amiga deu uma risadinha, dando de ombros e Antonella jogou a saída de praia no corpo antes de correr para dentro da mansão. 

— Não vá se perder, Tony! 

Antonella revirou os olhos diante do apelido, odiava o nome masculino pelo qual Alessia a chamava e ainda assim, a adorava tanto que não conseguia negar-lhe o apelido. Felizmente, a família D'angelo eram os únicos adeptos do apelido horroroso. De toda forma, era impossível que ela se perdesse, já havia tantos anos que tinham uma amizade duradoura que Antonella conhecia a Villa D'angelo como se fosse a sua própria casa e de fato, praticamente o era. Desde que os pais desencadearam uma onda de brigas e ressentimentos que Antonella praticamente foi adotada pelo avô de Alessia. 

— Oi madrinha! — Antonella inclinou-se sobre o balcão, onde Mércia fazia bolinhos de açúcar. — Tem alguma bebida por aí? Eu tô tão quente! — ela se abanou com as mãos para dar ênfase e sorriu matreira.

— Que tipo de bebida? — indagou a babá de Sissa incisivamente, levando as mãos à cintura e Antonella sorriu inocentemente. — Não me diga que veio justo a mim pedir álcool! Eu não me esqueci de vocês duas voltando trocando as pernas ontem a noite, mocinha! 

— Eu não sou tão tola, madrinha! — Antonella fez um gesto de mãos. — Eu pediria ao vovô Lorenzo! — ela riu quando Mércia bufou. — Estou brincando! Eu juro! Que tal uma limonada?

— Vocês me colocam louca! Louca! — ela gesticulou com as mãos na altura da cabeça, dando às costas para Antonella enquanto ia até a geladeira. 

— Imagina, madrinha! Escute, o Enzo dormiu fora essa noite de novo? — questionou como quem não quer nada. 

Ficou surpresa ao ver Mércia colocar os bolinhos sobre a mesa e encara-la seriamente enquanto se aproximava e lhe dava um tapinha na testa.

— Ai, madrinha!

— Ele é velho demais para você, Antonella Bianco. Mas tome rumo nessa sua vida, menina! 

Antonella pensou seriamente e em seguida sorriu, sem vergonha alguma de admitir as suas intenções para a mulher mais velha. Colocou as mãos sobre a bancada, inclinando-se como quem conta um segredo e sorriu. — Ele não será daqui alguns anos. 

— Antonella! Mas que menina desaforada! — Sua madrinha fez um gesto indignado de mãos e Antonella sorriu abertamente, apontando o dedo indicativo para a mulher mais velha.

— Madrinha, escreva o que eu digo! Vou me casar com Enzo. — afirmou convicta. E corou quando o ouviu passar pela porta, olhando-a curiosamente, Enzo balançou a cabeça, achando graça da sua paixonite infantil. 

— Para ele você é como uma irmãzinha, querida. Não magoe seu coraçãozinho. — aconselhou gentilmente Mércia, agora soando mais calma após ver o rosto de Antonella como uma pimenta doce. 

— Não vou, madrinha. — afirmou ela, apesar de anos mais tarde, saber que devia ter guardado o conselho. — Vou me casar com ele. Anote isso. Um dia Enzo e eu seremos um casal e nos amaremos para sempre!

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