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Claquete 1,2,3... ação.

PERSONAGENS DESSA CENA:

ESCRITORA (Juliana Paiva) / INSPIRACÃO (Deborah Secco) / CONSCIÊNCIA (Vitória Strada) / REI ARTUR (Rômulo Estrela) / MERLIM (Werner Schünemann) CRIATIVIDADE (Mel Maia) / DRÁCULA (Marcos Pitombo) CININHO (Larissa Manoela) / PETER PAN (Nicolas Prattes) / CAPITÃO GANCHO (Carmo Dalla Vacchia)

Estamos na biblioteca, é aqui onde tudo acontece e o impossível é apenas uma palavra.

CENA XXI

"Tudo que desejar, a árvore concederá"

ESTAMOS NO MEIO DA FLORESTA / NA CENA ENCONTRAMOS MERLIM ANALISANDO O PRÓXIMO CAMINHO USANDO SUA CÓPIA DO MAPA / ARTUR E GANCHO ESTÃO COMENTANDO SOBRE SUAS AVENTURAS / DRÁCULA ESTÁ PENSATIVO ENQUANTO RABISCA O CHÃO COM UM GALHO SECO/ CRIATIVIDADE E SHERLOCK CONVERSAM SOBRE AS INVESTIGAÇÕES DO DETETIVE, CRIATIVIDADE ESTÁ MARAVILHADA COM TODAS AS HISTÓRIAS QUE ESTÁ OUVINDO / A CONSCIÊNCIA ESTÁ TENTANDO FAZER UMA FOGUEIRA COM A AJUDA DE CININHO E PETER PAN / ENQUANTO A ESCRITORA ESTÁ SENTADA EM UMA PEDRA ESCREVENDO NO PEQUENO LIVRO COM A INSPIRAÇÃO AO SEU LADO.

Segurando o mapa nas mãos, o grupo estava seguindo cada dica e comando marcado no mapa. Estavam perdidos e famintos. Alie reclamava o tempo todo, seu namorado nada dizia, ele lhe apoiava em tudo.

A caminhada era longa, mas era necessário para chegar a tal cidade que Cora dizia existir, sua irmã confiava plenamente nela e a seguia cegamente, não questionava e nem reclamava.

Para Livy, Cora era perfeita.

Quer dizer que eu sou a Alie, e reclamo de tudo, Inspiração? E você é quem? Ah! Nem precisa dizer, Cora. / comentou, após, entender seu personagem.

INSPIRAÇÃO — Pare com isso, Escritora, a história é nossa, estamos vivendo na pele dos personagens? Sim, mas não somos eles. Mas você fica ótima de Alie. / Responde enquanto penteia os cabelos com as mãos.

CONSCIÊNCIA — Eu de Livy, a cega do rolê, eu amei, irmãzinha. / Desvia a atenção da fogueira alguns segundos só para responder a sua amiga.

INSPIRAÇÃO — Até pra debochar você é chata, Consciência. / rebate.

CONSCIÊNCIA — Chata?! Eu sou a consciência, não posso seguir cegamente ninguém. / Diz esquecendo da fogueira.

INSPIRAÇÃO — Mas não é você, é a Livy, só estamos representando-os, são personagens meus e da Escritora, mas como essa história ainda não era pra nascer, eu tenho que improvisar, o que é, alias, mais um dos meus inumeráveis talentos, como eu ia dizendo, tenho que improvisar e seguir essa aventura e realizar os passos deles, para que, assim, a Escritora consiga escrever.

DRÁCULA — O namorado da Alie, é quem? / O conde tem um sorriso nos lábios que irrita o rei Artur como se recebesse um soco surpresa.

REI ARTUR — Como assim quem, Morcegão? Quem você acha? / há faíscas nos olhos do rei.

DRÁCULA — Ué! Se são, apenas, personagens representando, eu gostaria de ficar com esse papel, porque acho que o namorado seria mais bonitão, sem ofensas, coroa. / Como sempre sua língua é mais afiada que os caninos.

REI ARTUR — Você vai virar espeto... Sanguessuga! / Responde enquanto exibe a Excalibur.

CRIATIVIDADE — Vocês não conseguem parar de brigar nem quando estamos perdidos no meio do nada, aí gente que dor de cabeça são vocês dois. / Sua paciência parece ter ido pelos ares, mas funciona bem fazendo o rei e o conde silenciarem e voltar suas atenções para o que estavam fazendo antes.

A ESCRITORA SOLTA A RESPIRAÇÃO QUE NEM SABIA QUE ESTAVA SEGURANDO E LOGO VOLTA A ESCREVER NO PEQUENO LIVRO.

A floresta em que o grupo estava era linda, cheia de arvores altas e majestosas. A estradinha de terra parecia ser longa e sem fim, o mapa mostrava o trajeto que os amigos precisavam seguir.

— Esse lugar é tão bonito, mas é também muito misterioso. Quem sabe o quê, ou quem, vamos encontrar. — Isso a deixava aflita, segurava firme as alças de sua mochila alaranjada e estampada de limões.

— Você não precisa ter medo, Alie, estou aqui e não deixarei ninguém te fazer algum mal.— seu namorado era muito atencioso, Alie sabia que ele faria tudo que pudesse para mantê-la segura.

— Eu sei, Cristian, mas amor, olha onde estamos? Essa ideia de seguir esse mapa sem ter certeza de nada foi uma loucura. — Responde enquanto olha a sua volta, estavam perdidos no meio de uma floresta, não sabiam o que temer, se era o dia ou a noite, era loucura, sentia que não deveriam ter entrada na onda de Cora, mas agora era tarde e não havia mais volta.

— Loucura ou não, tínhamos que ajudar a Cora a não se matar, não é irmãzinha? — seus olhos fitam a ruiva que se hidratava com seu cantil cinza.

— Cala a boca, Cristian, eu não disse que era pra você ficar em casa? Disse sim, mas você é teimoso e não me escutou, agora aguenta que temos uma cidade para encontrar. — Fecha o cantil e o guarda no bolso lateral de sua mochila.

Cristian, Cora e Livy eram trigêmeos, e como irmão mais velho Cristian se sentia na obrigação de cuidar de suas irmãs, o que sempre lhe rendeu muitas dores de cabeça, Cora era a do meio, nasceu dois minutos depois de Cristian, enquanto Livy era a caçula do trio. Quando Cora encontrou o mapa entre as coisas de seu bisavô, não era novidade nenhuma que ela se colocaria em perigo por uma grande aventura e ainda arrastaria a mais nova dos trigêmeos junto consigo.

O bisavô dos irmãos Miles, era um arqueólogo respeitado, tinha inúmeros feitos em sua profissão, passou por quase todos os sítios arqueológicos datados de sua época.

Adam Miles, estava passando por um sitio arqueológico no Egito, as escavações duraram alguns meses, e em uma das tumbas estava o mapa que levava a algum lugar, uma cidade perdida e esquecida, com uma civilização à frente do seu tempo.

Adam tentou por vezes em suas viagens e pesquisas encontrar a tal cidade e estuda-la para um de seus famosos artigos, mas nunca teve êxito em suas buscas e guardou consigo uma cópia do mapa, enquanto o original foi registrado como um artefato histórico de preservação.

A cópia foi encontrada por Cora, enquanto limpava a biblioteca de Adam na casa em que mora com seus irmãos.

— O que você está dizendo não faz o menor sentido, um mapa não é uma pista confiável, Cora. — Cristian encara a presença forte de sua irmã, Cora era muito aventureira e com certeza havia herdado isso de seu bisavô. — Você não pode estar falando sério em ir atras de uma cidade que ninguém tem a certeza que existe, isso é uma loucura.

— Você não precisa ir, Livy disse que vai comigo, vou perguntar aos nossos amigos se algum deles gostaria de ir junto, pode ficar aqui, a casa vai ser sua e da Alie por alguns dias, o que acha disso?

— Você não me conhece mesmo, eu sou o seu irmão e você não vai arrastar a coitada da Livy para o meio do nada sozinha. — Expos a sua preocupação para a do meio.

—Eu sou adulta e posso decidir por mim mesmo, Cristian. — Retrucou ao mais velho, sua super proteção lhe estressava as vezes.

— Você cede a todos os pedidos da Cora, você nem pergunta mais se é perigoso, só vai, Livy, não dá pra você viver assim, tem que impor seus limites. — Seus conselhos eram como pedidos desesperados, ansiava pelo dia que Livy, diria não para alguma loucura de Cora.

— Do mesmo jeito que você não vai deixá-la ir sozinha, eu também não vou, imagine ter que ligar para os nossos pais e avisar que deixei a Cora ir em uma aventura dessas sozinha. — Mas era evidente que Cristian não acreditou em suas desculpas, ela só não conseguia dizer não para Cora.

— Impedir era o mais correto, Livy, mas já que a Cora se decidiu por todos nós, então vamos os três, mas já aviso nenhum de nós vai tomar outra decisão sozinho, temos que fazer uma votação até mesmo pra saber quem vai buscar água, entenderam? — Sua voz era firme e tinha uma ordem silenciosa, Cristian não iria aceitar que fosse diferente, seu olhar era de alguém que não aceitava, um não como resposta.

—Sim! —responderam juntas.

AO REDOR DA FOGUEIRA / A NOITE JÁ APRESENTAVA ALGUMAS ESTRELAS AO LADO DA LUA.

MERLIM — Isso vai ser interessante. / Disse em voz alta enquanto olhava seu mapa.

CAPITÃO GANCHO — O que vai ser interessante, Merlim? / tinha uma ruga de curiosidade em sua testa.

MERLIM — Segundo o mapa, existe algumas plantas aqui com poderes incríveis, uma planta roxa com pintas vermelhas, é a planta da verdade, faz com que você revele qualquer coisa, a planta azul com riscos amarelos, é a planta dos desejos mais profundos, essa parece ser bem perigosa, já que revela o seu desejo mais íntimo, e claro a árvore dos sonhos que é a mais rara, uma folha e você tem todas as plantas listadas aqui. Isso é muito interessante. / O mago parecia feliz com a sua descoberta.

CININHO — Quantas plantas existem, Merlim? / A fada estava curiosa que algo assim realmente existisse.

MERLIM — Muitas, Cininho, para cada emoção ou situação, plantas da verdade, dos sonhos, desejos, planta do amor... Muitas plantas.

INSPIRAÇÃO — Bem perigoso cair em mãos erradas, a árvore dos sonhos pode ser uma arma combinado com o desejo ruim de alguém. / respondeu aos amigos / Se a árvore existisse seria mais fácil resolver o problema da Eleonor... / pensou consigo mesmo.

CONSCIÊNCIA — Isso significa que temos que ser os primeiros a encontrá-la.

SHERLOCK HOLMES — Sim, mas teríamos quer ser os primeiros a encontrá-la, acontece que, só soubemos dela agora, alguém deve saber a mais tempo...

INSPIRAÇÃO — Você tem razão, Sherlock, mas temos que seguir acreditando que chegaremos lá primeiro, quer dizer segundo, já que os moradores da cidade perdida já estão por lá.

CONSCIÊNCIA — Você acredita que ainda tenha uma civilização nessa cidade?

INSPIRAÇÃO — Sim, Consciência, acredito que eles estão se escondendo para proteger essas plantas tão importantes. / Mesmo estando dentro da sua própria criação a Inspiração parecia acreditar que de alguma forma a árvore ajudaria com o seu problema.

— De acordo com o biso, a sociedade que vivia nessa cidade precisou se esconder de visitantes, ou melhor, de invasores. A cidade é guardiã de uma árvore bem peculiar e importante, a árvore dos sonhos, não apenas desejos, mas de fato realizações de sonhos. As anotações do biso dizem que qualquer sonho é possível com o fruto ou a folha dessa árvore. — Cora ler detalhadamente as anotações de seu bisavô Adam.

— Qualquer sonho é possível com essa árvore? Qualquer mesmo? — Indagou Ian, curioso com a revelação de sua amiga.

— Isso mesmo, Ian. — respondeu Cora. — "tudo que desejar, a árvore concederá" é o que está escrito aqui.

— Literalmente temos que tomar cuidado com o que desejamos... — Ian se encontrava pensativo sobre desejar algo que ele queria a muito tempo, sucesso e vida eterna, qualquer ser humano pensaria nisso, certo?

A milênios atrás, uma cidade inteira se juntou para fazer um último pedido para a árvore símbolo daquela cidade.

— Espere aí, você está dizendo que alguém teve a coragem de pedir doenças para a árvore dos sonhos, porquê? — O sacerdote estava incrédulo com o que seus ouvidos ouviam, não fazia sentido alguém pedir algo tão cruel. — Mas por quais motivos alguém pediria isso?

— É o que eu quero descobrir, alguém nesta cidade está tramando algo ruim, muito ruim e, eu como o líder de vocês tenho que protegê-los.

— Como vossa majestade fará isso? — Estava preocupado em como seu rei os protegeria.

— Eu sei o que fazer, deixe-me a sós no jardim. — Não era um pedido, mas uma ordem clara, que foi obedecida pelos presentes na reunião.

Kennon Gorgon Terceiro, rei de uma cidade subterrânea, de poucos habitantes, foi designado para ser o próximo guardião de Arbóri a cidade que se perdeu no tempo e se distanciou de todos para a segurança de seu povo.

Arbóri era um reino pequeno a princípio, com o passar dos anos foi crescendo como sociedade devido a inteligência de seu povo, a tecnologia conhecida fora dos portões da cidade era apenas uma "criança" quando comparada a tecnologia de Arbóri, seus prédios enormes e modernos se conectavam naturalmente com a natureza da cidade.

Arbóri era uma cidade futurística, moderna e ao mesmo tempo mágica.

O terceiro a ser rei de Arbóri, era um líder carrasco e sem escrúpulos, subiu ao trono após tramar contra seu primo, o segundo e verdadeiro a ser rei pelo sangue de Arbóri, Kennon segundo era o líder oficial, foi morto envenenado por seu primo, filho de sua tia, a irmã do seu pai.

Kennon Ferdinand Gorgon foi o escolhido para ser guardião de Arbóri, foi também o primeiro rei oficial, a cidade cresceu e se tornou grandiosa com o seu reinado, na velhice entregou o reino e a segurança de Arbóri para seu único filho e primogênito Kennon Ferdinand Gorgon segundo, a paz durou pouco quando Kennon segundo teve o trono tirado de si tragicamente ao aceitar brindar a vitória de seu primo na competição de arco e flecha, as taças estavam misturadas e Kennon foi traído por seu primo e alguns de seus conselheiros, a trágica comemoração terminou com a morte do rei e daqueles que o traíram em segredo com o seu primo, os conselheiros reais também foram mortos para manter seguro o seu crime, era preciso livrar-se de todos que conheciam o golpe.

Sem herdeiros, o reino foi passado para o próximo Gorgon jovem, o duque de Arbóri subiu ao trono sem que seus súditos desconfiassem do golpe que tramou pelas costas de seu primo, apoiado por sua mãe a condessa de Arbóri que sempre desejou o trono de seu irmão para si, em seu íntimo reclamava o porquê das fadas de Arbóri, abençoar seu irmão gêmeo com o reino, ela tinha as mesmas habilidades e poderes mágicos como Kennon.

Mas não possuía o coração bondoso de seu irmão, para as fadas ela era a escuridão que apagaria a luz de Arbóri, conhecida como a árvore dos sonhos, Arbóri a árvore estava perdendo sua luz dia após dia, Arbóri estava condenada a se apagar completamente e a cidade seria engolida pelo esquecimento, os sacerdotes não entendiam o motivo da árvore estar secando e escurecendo suas folhas, dia após dia, em uma velocidade impressionante, quando todas as folhas estavam quase mortas o tronco da árvore começou a sangrar, o medo aumentou entre os moradores de Arbóri que cobravam uma solução do seu rei, sem saber o que fazer tentou recorrer a sua mãe que o culpou pela quase morte da árvore.

— Arbóri está morrendo, temos que fazer algo. — Andava de um lado para o outro. — Você precisa me ajudar, mãe.

— O rei é você... — a condessa foi cortada rapidamente por seu filho, ela também tinha culpa nisso e, ele era o rei não iria deixar que ela o tratasse como bem quisesse.

— Não ouse falar assim comigo, sou o rei por sua causa, foi você que colocou em minha cabeça desde que eu era uma criança que eu seria o próximo rei de Arbóri, a culpa é sua, eu poderia facilmente ser apenas o herdeiro da condessa, viver de regalias e diversões, mas você quis isso aqui pra mim.

— Não permiti que nascesse para outra coisa, você me deve a sua vida, Lemmar Gorgon, você me deve a sua medíocre vida. Então sim, eu falo com você da forma que eu quiser. — Respondeu-o de forma rude, e sem deixar brechas para uma contradição virou-se o deixando sozinho perdido em seus pensamentos.

[...]

— Que estradinha mais estreita, tem certeza que o mapa diz pra irmos por aqui, Cora? — o loiro de olhos claros se sentia mais perdido do que realmente estavam.

— Sim, Caio, é por aqui mesmo... — mostra o mapa para o amigo, que mesmo vendo com seus próprios olhos o caminho marcado no mapa, questionou novamente.

— O seu bisavô tinha mais conhecimento sobre a história e nunca chegou tão longe, como é que a gente, pode pensar que vamos chegar lá? — seus olhos demostravam cansaço.

— Porque segundo as anotações dele, ele conseguiu chegar perto, mas havia algo impedindo-o de avançar mais... e — continuaria, mas foi cortada no meio de sua resposta pela morena atrás de si.

—Pensei que ele nunca tivesse chegado perto, que nunca tivesse tido a certeza de que a cidade existia, você está escondendo algo, não está, Cora?

— O que eu estaria escondendo, Luiza? — virou-se ao responder sua amiga.

— Não sei, me diz você... — encarou a amiga, seus olhos brilhavam e não demonstravam medo ou incertezas, pelo contrário tinha confiança.

— Não estou escondendo nada, o biso deixou o mapa e o diário dele... — respondeu enquanto sacudia de leve os objetos citados.

— Posso olhar? — estendeu a mão em direção a Cora.

— Claro, toma... — entregou o diário e o mapa para que Luiza sanasse suas dúvidas.

— É parecem anotações importantes, você viu esse nome estranho nessa página, que idioma é esse? — Luiza mostra a sua descoberta para que todos possam ver.

— Eu conheço isso. — disse Cristian assustado ao tomar o diário das mãos de sua amiga para olhar com mais atenção. — Nosso avô costumava escrever assim pra gente, vocês não lembram, meninas?

— Esse é o nosso código secreto? — Indagou Livy.

— Sim, eu reconheço, papai ensinou pra gente, o nosso avô ensinou pra ele, e ensinou pra nós também, mas éramos tão pequenos, nosso pai foi quem nos ensinou de novo, é como se fosse um idioma só nosso, foi o biso que ensinou o vovô... Reino de Arbóri? — foi o que conseguiu traduzir do código secreto que seu biso havia deixado como herança para a sua família.

— Isso, Livy, é isso que está escrito, nosso biso chegou mais perto do que ele conta no diário... viram, eu disse que a cidade existe... — Cristian a cortou.

— Cora, traduzir o diário não é bem a certeza de que esta cidade existe, o biso era um escritor de artigos, e quem sabe de aventuras, isso poderia ser facilmente um livro que ele não publicou... — foi a vez de Cora o cortar.

— Eu sei, ele escrevia artigos de suas descobertas arqueológicas, eram fatos verídicos e reais, comprovados pelas buscas e pesquisas de um grupo sério de arqueólogos, a sua equipe, nunca soubemos que ele escrevia aventuras fantasiosas, quem sabe, ele quisesse esconder as informações importantes de qualquer um, qualquer um que não seja da nossa família. Talvez sejamos os únicos que conseguem ler as partes criptografadas no diário. Mas porquê? Qual a razão disso? O que temos a ver com essa cidade?

— Então por ele nunca ter publicado um livro de ficção é que estamos perdidos no meio de uma floresta? — essa foi a primeira vez que Livy teve alguma dúvida sobre a viagem.

— Eu disse pra você, era loucura, eu só aceitei para não deixar vocês duas sozinhas, o restante veio porque gosta de aventuras, ou melhor, de loucuras... menos, Alie, que só veio por minha causa. — Entregou o diário a Cora, que não disse nada, apenas, ficou reflexiva com as palavras de seu irmão, ele sempre foi o mais certinho, o mais sensato. — Será que Cristian está certo? E se o biso tivesse inventado de criar essa história para o mundo da fantasia, ou quem sabe, para seus filhos ainda crianças!? — espantou o próprio pensamento e respondeu a todos. — Real ou não, já estamos aqui e vamos seguir o plano, se for mentira descobriremos no fim do mapa.

CORTA PARA A CENA/ NO MEIO DA FLORESTA

INSPIRAÇÃO — Como está ficando a narrativa, Escritora? Está reconhecendo a sua história? / Sua pergunta era um misto de curiosidade e desejo de que a história estivesse trilhando o caminho certo.

Ainda não, Inspiração, mas confesso que a história é boa. — Não era a resposta que a Inspiração queria, mas ainda assim, era uma resposta esperançosa.

INSPIRAÇÃO — Claro que é, essa é mais uma história de nossa autoria, e já tenho detalhes ótimos para essa aventura, muito plot twist como eu gosto. / seu sorriso era evidente.

Se você diz, espero que quando terminarmos, você se dedique aos outros livros com essa mesma determinação. — Cutucou, não poderia perder a oportunidade costumeira de cobrar o avanço de seus livros.

INSPIRAÇÃO — Calma, uma coisa de cada vez, eu ainda estou de férias. / Retrucou.

Para mim, você está trabalhando mais agora do que no horário de expediente. / Seu olhar era de julgamento e o lançou sem vontade alguma de esconder seu desagrado em ter tantos títulos parados.

O GRUPO ESTÁ EM MOVIMENTO / SEGUINDO UMA TRILHA MARCADA NO MAPA.

CININHO — Temos que encontrar o navio que está atracado no mar, mas onde está esse mar?

CAPITÃO GANCHO — Estamos em uma ilha / pensa um pouco e continua seu raciocínio. / O mar cerca a ilha, só precisamos ir em direção ao vento, ele vai nos levar para onde queremos ir.

PETER PAN — Mas onde fica a entrada da cidade perdida? / Questiona enquanto olha com cuidado o seu mapa.

INSPIRAÇÃO — Não diz no mapa, só temos estradas e o mar para seguir... / A Escritora a corta rapidamente.

Vamos andar em círculos?

INSPIRAÇÃO — Não Escritora, mas o caminho vai nos mostrar onde temos que ir.

Inspiração, você tem certeza do que estamos fazendo? / Uma ruga de preocupação desenha a testa da Escritora, que já estava brigando consigo mesma por seguir a sua inspiração sem fazer as perguntas certas, mas que perguntas seriam essas, ela não tinha certeza.

INSPIRAÇÃO — Sim, eu tenho, vamos seguir o Gancho, e quando chegarmos no navio, veremos o que fazer a partir daí.

GANCHO SEGUE EM FRENTE LEVANDO OS OUTROS CONSIGO/ A ESCRITORA PEGA O LIVRINHO E COMEÇA A ESCREVER SENDO GUIADA PELO REI ENQUANTO O GRUPO CAMINHA.

— A árvore começou a morrer desde que o rei Kennon morreu de forma misteriosa. — Falava em voz baixa, não queria ser punida por sentir a falta do rei. — O que estou dizendo é que nunca havia acontecido, todos os Gorgon são abençoados pelas fadas, não faz sentido o rei morrer assim.

— Você devia calar a boca, está colocando sua vida em risco dizendo estas coisas, Arbóri não é mais a mesma, precisamos tomar cuidado, muito cuidado. O que você está levantando pode cair sobre você e a sua família, tome cuidado. — Enrolava os cachos longos e negros enquanto falava com a sua amiga, fingindo falar sobre coisas femininas e não na hipótese de um crime real. — será que existe outro lugar, um lugar que podemos ser livres como éramos antes?

— Quer ir embora, Venuza? Vai me deixar sozinha aqui? — perguntou espantada.

— Eu gostaria, mas como se não sei o que tem fora de Arbóri? Você não viria comigo? Podíamos convencer os seus irmãos e o meu a irmos embora daqui, Miriar.

— Deixar Arborí? Nunca pensei nisso, Venuza... — encontrava-se em conflito com esse pensamento.

— Sabe, sinto que você sentiu mais falta do rei do que deveria... era mais uma apaixonada por ele? Não vou te julgar se for isso. Ele era bonito e amável com todos. — Encarava a amiga esperando uma resposta.

— Ele nunca olharia para mim. — Seus olhos brilhavam com lagrimas ao lembrar que isso não era verdade, o rei sempre a procurava quando passava pelo povo.

"Era mais um dia de comemorar a fartura e o crescimento de Arbóri, o rei estava feliz por conseguir fazer o seu povo feliz, era seu segundo ano como rei de Arbóri, as festividades seriam fechadas com a competição de arco e flecha no último mês daquele ano.

— A carruagem está pronta, majestade, o povo lhe espera para comemorar o sucesso de seu reinado. — Lemmar era seu primo e melhor amigo, sua confiança nele era inabalável. — Sei que tem uma novidade para nós, o que seria? Qual é não vai me contar, somos irmãos!

— Você vai saber, junto do povo, no final da competição de arco e flecha, não seja tão impaciente, Lemmar... — retrucou, ele sabia que seu primo era insistente quando queria saber de algo.

— Tudo bem, majestade, mas é que ainda faltam dois meses para a competição, você vai me matar de curiosidade.

— Não seja tão dramático, Lemmar. Vamos estou pronto.

A carruagem seguiu pela rua principal de Arbóri, todos os súditos aplaudiam admirados o rei, que retribuía a todos o carinho que recebia de seu povo. Seu olhar era bondoso, feliz, mas em seu íntimo o rei buscava um rosto conhecido, um rosto que o deixava encantado e feliz só de olha-lo.

— Miriar, onde está você, meu amor? — pensava enquanto varria com os olhos aquela multidão, procurava por sua amada. — Ah, achei você! — o sorriso que lançou em sua direção era um código entre eles, decidiram manter em segredo por enquanto, até o rei declarar sua escolhida para subir ao trono como sua rainha.

Distante do castelo havia um poço inativo, um quarto subterrâneo, cumplice de uma história de amor entre Kennon segundo e Miriar, a plebeia que roubou o coração do rei de Arbóri.

Não havia lei que proibisse o amor entre o rei e uma plebeia, apenas o preconceito de alguns, que o rei não se incomodaria em decepcionar ao revelar quem ele queria para ser a sua esposa e rainha. Seu desejo era fazer isso em uma grande festa, como era a competição de arco e flecha, todos estariam na festa, era perfeito, ali todos conheceriam a futura rainha de Arbóri, sua amada Miriar Jones, futuramente uma Gorgon, rainha segunda de Arbóri."

— Miriar, o que aconteceu, estava preso nos seus pensamentos? — a voz de Venuza a trouxe de volta a realidade, a realidade longe de Kennon, mais uma vez seus olhos estavam molhados. — O que você tem, Miriar!? — abraçou sua amiga que parecia inconsolável, chorava sem parar, Venuza não entedia, mas ficou em silencio deixando toda aquela tristeza sair dos olhos de sua amiga.

— Então as anotações do biso é a história dessa cidade? Isso é bem diferente dos artigos que ele costumava publicar.

— Não queria dizer, mas eu avisei... — Cristian iria continuar a defender a sua teoria, mas foi interrompido por Cora.

— Sim, Livy, parece que o biso encontrou a cidade e fez a sua pesquisa, isso aqui não é um diário, mas um artigo que ele nunca publicou, está um pouco apagado, por isso vai demorar pra traduzir... não parece que é uma história de fantasia, como o Cristian está insinuando. — Disse encarando o mais velho, que só a olhou demonstrando sua crença nas suas teorias. — Mas são relatos de um acontecimento real.

— Ok, se é real! Temos que encontrar a entrada, mas onde fica isso?

— É subterrânea, Cristian, e o mapa não tem o x, ou melhor, eu não o vejo. — Cora virava o mapa de ponta cabeça, mas nada parecia fazer sentido para ela.

— Miriar ficou viúva e ninguém soube, coitada dela. — comentou Luiza.

— A coitada sofreu sozinha a perda do amor da vida dela e não podia contar a ninguém, esse Lemmar merecia pagar tudo que fez. — Ian dizia indignado. — Será que a árvore morreu ou se recuperou da quase morte?

— Temos que traduzir os códigos do biso para saber, vai demorar um pouco, mas espero que Lemmar tenha virado comida de crocodilo. — Livy respondeu, tinha ódio do rei Lemmar e queria que todos soubessem. — Mas se ele ainda estiver vivo, vou seduzi-lo e empurra-lo eu mesmo para aquelas bocas cheias de dentes, talvez, eu não volte com vocês, quem sabe eu não fico nas masmorras do castelo, ou seja, condenada pela morte do rei deles.

— Credo, Livy, não diga isso, claro que você vai voltar com a gente. — Reclamou Alie.

AINDA AO REDOR DA FOGUEIRA / O CÉU TODO ESTRELADO E A LUA BRILHANDO COM TODO O SEU EXPLENDOR.

CONSCIÊNCIA —Devo dizer que estou inclinada a concordar com a Livy, e eu sou a consciência, como posso concordar com a justiça pelas próprias mãos? Mas quem liga, esse Lemmar merece morrer. / Olhando para o rei Artur / Vossa majestade, pode me emprestar a Excalibur? Dois minutos é o suficiente.

REI ARTUR — Não posso permitir que suje suas mãos com esse ser, Consciência, eu faço as honras, já que estou acostumado a entrar em guerras. / sua resposta é acompanhada de um belo sorriso.

INSPIRAÇÃO — Fico feliz que todos são a favor do fim do Lemmar, mas ele só existe no livro dele. Sendo, assim, ninguém será punido por querer o fim dele, até porque ele não é um injustiçado pela vida.

CRIATIVIDADE — Que cara é essa, Escritora? / diz ao notar que a Escritora está meio perdida em seus próprios pensamentos.

Reino de Arbóri! Esse é o título dessa história. / responde com um sorriso no rosto / Eu reconheço a história, ela é minha, ou melhor, nossa. / seu olhar tem admiração. / Uau! Ela é mesmo a nossa História, sinto cada detalhe dela florescer em mim, Inspiração.

INSPIRAÇÃO — Jura que reconheceu sua essência na história? / os olhos da inspiração estão brilhando de tanta felicidade.

FOCAR NA CENA / A NUMERAÇÃO DA CANETA TINTEIRO BRILHA COM INTENSIDADE E O NUMERO "1" SE FIXA NA CANETA DEIXANDO A INSPIRAÇÃO MAIS RADIANTE COM O ACONTECIMENTO/ PARECE QUE ESTÁ FUNCIONANDO / E ASSIM TERMINAMOS ESTA CENA QUE CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO. 

(Imaginem que somente o primeiro número "1", é que está dourado, o restante está cinza")

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