D&D filosófico (Humor #32)

Do lado de fora do chalé, os Alpes ofereciam paisagem perfeita à ambientação de fantasia medieval. Todos os jogadores com suas fichas prontas – apenas o último, coçando o bigode, ainda às voltas com suas jogadas de dados para calcular habilidades.

– Só 10 em Carisma? – reclamou, anotando o resultado à ficha. – Me falta vontade de poder!

Do alto do escudo do mestre, Sócrates, que narrava a sessão mesmo sem ter nada anotado, perguntou:

– Qual tendência você quer ao seu personagem?

– Como assim? – o bigodudo rebateu.

– Você precisa escolher uma tendência... Leal e bom, caótico e bom, neutro e mau...

– Mau não pode ter na mesa! – Kant se irritou.

– Eu preciso mesmo me limitar assim? – o bigodudo rebateu mais nervoso ainda. – Meu personagem será movido pela paixão à vida, e o que é feito por amor está acima do bem e do mal! Aliás, você analisou aquela minha sugestão sobre a classe nova? "Übermensch"?

Santo Agostinho, amassando sua ficha de Clérigo nível 3, deu um soco na mesa, logo em seguida fazendo o sinal da cruz para se redimir pelo destempero, porém acrescentando:

– Por isso ninguém te chama pro D&D, Nietzsche...

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