Capítulo 5 - parte 4 (não revisado)

– Droga – esbravejou João, irritado. À sua frente o cientista não se abalava. – Estamos à procura deles há quase cinco dias e nada, doutor. Já entramos na galáxia por mais de mil e duzentos anos-luz. Segundo o seu cálculo, não deviam ter nem chegado a entrar duzentos!

– Senhor – respondeu o homem, ofendido. – Tem ideia do que representa um microsegundo de arco de divergência face às distâncias que estávamos? Podemos estar a bem dez mil anos de distância deles!

– Tem razão – disse o coronel, acalmando-se. – Desculpe os meus modos, mas estou demasiado preocupado com o meu primo.

– Todos estamos, senhor.

A terceira pessoa da reunião não estava presente fisicamente, mas a sua imagem em holografia de realidade ampliada enganaria qualquer um. O governador disse:

– Temos que recuar mais e gerar um arco imaginário com a possível posição deles nesta galáxia a partir da distância especulada. Precisamos aprimorar as nossas buscas originais.

– Tem razão, avô... – O que o João ia dizer foi abafado pelos alarmes nas duas naves. Com um salto os três levantaram-se e correram para a ponte. João quase berrou. – Relatório.

– Senhor, temos milhares de abalos e mil a quatrocentos anos-luz para trás em ângulo.

– Mostre no mapa – ordenou.

Assim que viu os dados, o cientista disse, satisfeito:

– Veja. Os meus cálculos de distância estavam exatos e o desvio é de cerca de trezentos anos-luz. Menos de ponto zero zero zero quatro por cento.

O governador surgiu na tela.

– "O bom doutor estava certo" – disse, sorridente. – "Há milhares de naves pela frente e, dependendo delas, pode até ser mais do que a Dani é capaz de encarar."

– Tem razão, avô, vamos logo para lá.

– "Não" – disse o governador, comedido. – "Pode não ser nada, apesar de eu duvidar disso."

– O que sugere?

– "Vamos avançar camuflados. A frota fica a trinta segundos-luz de distância e nós dois avançamos. Norberto, o senhor assume o comando da frota mas aguarda as nossas ordens."

– "Combinado" – respondeu o comandante da Terra.

– "Vamos nos aproximar devagar e sorrateiros não vá a gente se meter em uma briga que não é nossa" – voltou a dizer. – "Retornamos a uma hora-luz para reorientação."

― ☼ ―

Daniela não teve dificuldade em encontrar o cientista que estava parado a observar. A criaturinha tinha voltado e também o observava, sorrindo do seu jeito.

– Mas que coisinha mais linda! – exclamou a médica.

Como ela caminhara em silêncio, nenhum dos dois deu pela sua chegada e ambos tomaram um susto. O cientista deu um pulo para o lado, mas a criatura saltou quase quatro metroe e enfiuou-se no alto da àrvore, espreitando.

– Desculpe-me, doutor – voltou a dizer. – Não tive intenção. É impressão minha ou esse bichinho é inteligente?

– Bastante, doutora. – Ambos olharam para cima e a Daniela não teve dificuldade em localizar o ser. – Ele tem um idioma silábico que lembra chilreios de pássaros, mas nota-se que é uma fala.

– Interessante – disse a médica.

Ernesto olhava para cima junto, fazendo um gesto para o pequeno ser daquele mundo descer, mas a criatura ainda estava assustada. Logo a seguir, ele notou que a imperatriz levitava devagar e ficou muito espantado até se lembrar que ela tinha capacidades telecinéticas.

Daniela subiu devagar para não assustar a criatura e parou bem de frente para ela, que continuava no mesmo lugar. Como era impossível anaizar expressões faciais, ela não sabia se o animal estava espantado com o fato de voar. Curiosa, ativou a telepatia e teve uma grande surpresa.

– "O Deusa das luzes vesperitnas" – dizia a criatura, cheia de medo. – "Poupa este humilde servo."

– "Calma, pequenino" – respondeu ela, aproximando-se devagar. – "Não te farei mal, eu prometo."

Ela sentiu que o pequeno se acalmou e acreditou. Além disso, notou que ele tinha um pouco de frio. Estendeu a mão até ele, mas o bicho recuou uns centímetros.

– "Não precisas ter medo de mim" – insistiu ela. – "Nem eu nem Ernesto te faremos mal. Desce comigo."

– "Não estou com medo. Estou com frio" – respondeu o pequeno, mais calmo, começando a descer. – "Muito frio."

– "Mas a temperatura deste mundo é assim mesmo. Não muda grande coisa. Como podes ter frio?"

– "Nós vivemos na montanha da luz eterna" – respondeu a criatura, já no chão. – "Eu afastei-me demais para caçar e agora estou perdido. Quando as luzes dos deuses acenderem, morrerei de frio porque jamais chegarei a tempo."

– "Como são as luzes dos deuses?" – perguntou a Daniela.

– "As luzes dos deuses são as luzes dos deuses" – respondeu, apontando para cima. – "Você é uma Deusa devia saber."

A Daniela acabou entendendo e sorriu. A seguir disse:

– "Eu não sou uma Deusa, meu anjo. Sou um ser humano, apenas uma pessoa mais evoluida que você. Daqui a milhares de anos, talvez vocês sejam assim. Aquilo que chamam de luzes dos deues, são lugares muito, muito longe daqui, outros mundos onde vivem ouros seres vivos."

– "E o que são essas coisas gigantescas que desceram do céu?" – perguntou, curioso.

– "São naves, máquinas poderosas que nos levem a esses mundos."

– "São bonitos, esses mundos?"

– "Alguns são, outros têm pessoas ruins" – respondeu a Daniela, sorrindo. – "O que precisas para não morrer?"

– "Preciso do calor da ontanha da luz eterna."

Ernesto não era um portador, motivo pelo qual não acompanhava a palestra. Daniela virou-se para ele e contou tudo. Terminou dizendo:

– Pelo que eu entendi, eles precisam de muito calor, calor esse que só conseguem na tal montnha da luz eterna.O tempo que aguenta neste clima é limitado.

– Montanha da luz eterna? – perguntou o cientista, enrugando a testa, pensativo. – Mas o que diabo será isso?

– É algo que ele não sabe expressar com o pensamento. Apenas vê como um lar iluminado.

– Bem – comentou Ernesto, pensativo. – Considerando que ele morre de frio com esta teperatura maravilhos, eu presumo que a montanha da luz eterna e um vulcão que vimos a uns sessenta quilometros daqui, a sudoeste.

– Só pode ser isso mesmo, doutor. – Daniela captou a imagem do vulcão da mente do cientista e apresentou ao nativo. – "É esta a montanha da luz eterna?"

– "É ela mesmo, mas nunca mais a podeerei ver."

– Pobre criatura – disse a médica. – Precio de o salvar.

– Como pretende fazer isso?

– Vou transoiportá-lo para lá – respondeu ela, decidida. – É simples.

– Sugiro que a senhora leve um campo de força individual, doutora – aconselhou o cientista. – As medidas que fiz mostraram temperatuuras elevadas e gás sulfuroso.

– Boa ideia – disse ela. Virou-se para o pequeno. – "Eu vou salvá-lo. Espere aqui que já volto."

Ela desapareceu dali por alguns segundos e não tardou a ressurgir com uma mochila energética e uma manta térmica. Aproximou-se da criatura, que dessa vez não recuou. Colocou a manta e acionou o aquecedor, fzendo o nativo dar pequenos chilreios de prazer. A seguir, pegou nele ao colo e ativou o campo de força, saltando para onde a lembrança do cientista lhe dizer ser o vulcão.

Feliz, a criaturinha apontou para o sopé e a Daniela saltou para lá. Ela logo notou diversas pequenas cavernas e de algumas deles vários daqueles seres observavam. Daniela colocou o novo amigo no chão e retirou a manta.

"Obrigado" – disse ele. – "Agora poderei ser completo de novo."

"Boa sorte" – disse a cientista estendendo uma sacola cheia de alimentos e guloseimas. – "Preciso de voltar."

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