Capítulo 4 - parte 1 (não revisado)

O primeiro-ministro estava nervoso porque sabia a encrenca que tinha nas mãos. A morte do imperador ia trazer diversos problemas e até disputas internas. Para piorar as coisas, a população estaria ao lado de quem Daniel tivesse indicado, isso de forma incondicional. Ele sabia que só teria uma saída para evitar uma revolução. Olhou para a família Moreira e disse:

– Senhores, precisamos de nos reunir em caráter emergencial.

– Vamos para a sala de reuniões da presidência – disse o Daniel pai.

Mal chegaram, o primeiro-ministro abriu a pauta:

– Lastimo muito falar assim quando a nossa perda é tão recente, mas, se o imperador não deixou uma indicação para o trono, temos de escolher um imperador por votação do congresso.

– Que eu saiba, ele indicou o senhor, excelência.

– Eu não desejo a coroa nem o ceptro – disse ele, categórico.

– Senhores – a voz do avô Daniel era retumbante –, o meu neto não morreu. Está vivo e voltará.

– Como podes saber, pai?

– A minha mãe apareceu para mim e disse isso. A mesma que morreu no jardim do palácio, sacrificando a vida pelo homem que ela amava.

– O senhor está alucinando, governador – disse o primeiro-ministro, ainda mais nervoso.

– Olhem, esperem uma semana – pediu o goverenador de Vega, apaziguador. – Deem-me tempo para eu descobrir o que aconteceu.

– Mas precisamos de um imperador.

– O imperador Daniel, nomeou o seu pai vice-imperador para atuar como imperador na sua ausência – insistiu o avô, comoeçadno a ficar bastante irritado. – Deixem-me descobrir como provar.

– Governador, o senhor não pode estar falando sério...

– A próxima vez que me chamar de louco, eu rebento a sua cara, excelência – berrou o governador para o primeiro ministro, rubro de fúria. O interlocutor ficou tão assustado que até se encolheu, tamanha era a potência da voz. – Saiba que eu não sou como o meu neto. E tem mais, se insistir em substituir o imperador agora, terá a maior revolução do império nas suas mãos. E, encabeçando a lista, estarão os oito governadores dos oito planetas mais ricos e importantes do império, justamente da família Moreira, além de mais uns cinquenta ilhões de seres humanos que o amam incondicionalmente.

– A minha intenção era indicá-lo, governador. O senhor há de convir que é difícil acreditar em aparições. Mas concordo em esperar enquanto o vice-imperador assume o império. Acho que devemos deixar esta reunião para amanhã.

― ☼ ―

O Daniel avô estava no seu camarote, muito irritado, parecendo até um tigre enjaulado que caminhava de um lado para o outro sem parar. O que mais o irritava era que nem mesmo a própria família acreditava no que ele dissera a respeito da mãe ter aparecido e revelado sobre o destino do imperador. Parou na frente de uma pequena estante e abriu uma porta pequena, retirando uma garrafa de bourbom. Pegou um pequeno copo e serviu-se, guardando a garrafa de forma brusca. Bebeu tudo de um gole só, mas nem isso o acalmou. Sentou-se no sofá e disse:

– Computador, executtar diário de bordo. – Aguardou a confirmação que veio na forma de um pequeno bipe. – Diário da Vega, computador: inserir data. Aqui fala o comandante Daniel Moreira Primeiro, governador de Vega. A frota chegou vitoriosa à Terra, mas uma das naves não retornou. A única nave que não voltou e é dada como perdida, foi justamente a nave do Imperador, o meu querido neto e, o nosso polo de equilíbrio, por incrível que pareça. Eu tenho a certeza que ele não morreu, nem ele nem a sua tripulação, mas o difícil mesmo é convencer disso o resto do Império... espera aí... computador: pausar a gravação e reproduzir o diário anterior.

O governador alegrou-se muito quando viu que tudo ficara gravado, tandoto em audio como em vídeo. Isso era a prove que ele precisava.

– Computador, para e coloca no início da gravação, esperando em modo pausado até segunda ordem.

Ele saiu esbaforido porta fora e correu para o hangar, desejando nesse momento ter o dom da teleportação do neto. Entro em uma naveta e decolou, voando para o prédio residencial, onde o filho vivia. Ao entrar, encontrou a família toda reunida, inclusive o João. Não chegou a saber o que discutiam, apesar de ter notado o sembkante alterado de alguns.

– Que bom que estão todos aí. Assim só preciso de mostrar uma vez. Daniel, acopla um comunicador ao sistema de vídeo.

– Ele já é acoplado, pai.

– Ótimo. – Usando o comunicador chamou a nave direto para o computador de bordo. – Computador, passar o log do diário que está pausado.

A família viu o que parecia ser um milagre. Arrepiados, testemunharam o surgimento da Helena, mas mais ainda a sua transformação repentina na Jéssica, a mãe do governador. Como Daniel constatara, tudo foi gravado e provou-se que ela esteve fisicamente lá, tal como faz com o imperador diversas vezes. A Alexandra recomeçou a chorar, mas dessa vez, de felicidade.

– O problema é que isto é demasiado pessoal e eu gostaria de ter outras provas, só que não faço a menor ideia de como as conseguir.

– Avô – disse o João, que estava falando ao comunicador um pouco afastado. – Eu acho que consegui agora mesmo a prova de que precisa porque acabei de receber uma informação de um dos meus cientistas. Venham comigo, vamos para a Jessy verificar agora mesmo.

O cientista que falou com o João, ficou até assustado ao ver uma delegação entrar no laboratório.

– Explique-nos, doutor – ordenou João, sem perder tempo com preâmbulos.

– Comandante, senhores – começou o físico. – Estou certo que a Dani não explodiu. Mesmo que grande parte da explosão fosse arremessada para o hiperespaço, o que ficasse, seria o suficiente para destruir o planeta e toda a frota em volta porque o mergulho da nave estava em processo inicial. Além disso, estávamos fazendo pesquisas com um sensor de choque aprimorado cuja ideia era aumentar de forma drástica o alcance do localizador de hipersaltos. A Dani mergulhou quando a explosão da nave se iniciou, como todos viram e o que vocês presenciaram foi isso. Contudo, acredito que a energia da explosão realimentou o motor estelar por serem formas energéticas aparentadas, fazendo com que a nave acelerasse cada vez mais sem possibilidade de interomper sob pea de explodir de fato. Senhores, não muito tempo depois da Dani desaparecer, um abalo na estrutura do hiperespaço de proporções titânicas foi sentido pelos nossos sensores e, pouco depois, um de reentrada em menor grau.

– O que exatamente isso pode significar, doutor – perguntou Daniel, alegre.

– Pelos meus cálculos – continuou o cientista, mostrando alguns diagramas e um mapa –, a nave percorreu mergulhada cerca de cento e oitenta mil anos luz nesta direção. Com a sobrecarga, o motor estelar acabou queimando e retornaram ao espaço normal. Nessa hora, a reação do campo de supercarga com a explosão da nave provocou um hiper-salto gigantesco. Eu calculo em cento e dez mil anos-luz. Pelas projeções obtidas, estimo que eles devem ter retornado na periferia da Galáxia Anã do Escultor, a duzentos e noventa mil anos luz da Via Láctea, muito provavelmente sem motor de mergulho.

– A ausência do motor não é um problema – disse o avô Daniel que conhecia muito bem esse modelo de nave. – A Dani tem mais três de reserva. O problema é que é dificílimo fazer esse conserto no espaço. Se eles emergiram longe de uma estrela, terão problemas bem complicados.

– Ia dizer o mesmo, avô – comentou o João, sério.

– Daniel, meu filho – disse o governador, colocando a mão no ombro do filho. – Estás no comando agora. Quero levar uma frota para lá e ajudar o meu neto.

– Quantas naves? – perguntou o vice-imperador com o ânimo renovado.

– A Terra e a Vega deve chegar.

– E a Jessy, senhor – acrescentou o João, irredutível.

– E a Jessy – Confirmou o avô, sabendo a ligação muito estreita entre os primos.

– Quando querem ir?

– Por que não agora?

– Calma, João – aconselhou o tio-avô. – Primeiro, vamos provar ao Império do Sol que a Dani existe, que o imperador sobreviveu. Amanhã sairemos. Agora, eu pergunto: a super-onda não alcança?

– Nós achamos que a super-onda, na potência atual, só alcança uns duzentos mil anos luz. Infelizmente, não temos capacidade de falar com eles.

– Ok, João, prepara a Jessy com tudo. Mantém a tripulação em prontidão rigorosa.

– Ela está pronta, avô. Nós íamos para lá, quer o Império quisesse quer não.

– Calma, querido. Vamos juntos, é mais seguro – disse ele, irrompendo em uma das suas tradicionais gargalhadas e fazendo o cientista olhar atravessado, enquanto a esposa dava-lhe uma cotovelada.

– Francamente, Daniel – disse ela.

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