Capítulo 1 - parte 1 (não revisado)
– Computador – disse o Daniel, assim que viu que o momento era oportuno. – Assumo o controle da nave. Artilharia, suspender as ações.
Quando os axturrs notaram a nave gigante aproximando-se da super-bomba trataram logo de se afastar porque assim que o inimigo detonasse a nave, não sobraria nada naquele setor do espaço. Eles, entretanto, não conseguiam se livrar dos atacantes e a batalha ficou ainda mais acirrada, deixando as duas esferas gigantes a sós com a nave bomba.
Na cadeira de comando do couraçado solariano, painéis holográficos apareceram do nada, enquanto todos os consoles tornaram-se apenas secundários; só poderiam ser usados mediante autorização do comando principal.
Naquele momento, um grupo de supercomputadores obedecia e executava as ordens com velocidade muito maior.
– Engenharia, todos os reatores a plena potência e preparados para regimes de sobrecarga extrema. Transfiram tudo o que tiverem para o campo de supercarga. Artilharia, olho nas telas, mas evitem desperdiçar energia atirando. Precisamos de cada watt que for gerado. Computador ativar sistema auxiliar de sustentação de vida e preparar mergulho a dez por cento, em direção perpendicular ao nosso plano e aguardar ordem de execução. Vega.
– Sim, Vega na linha. – Agora Daniel viu que era o avô.
– Assim que nós abalroarmos a nave, atirem com apenas um radiador térmico na calota polar inferior. Quando o casco romper, interrompam o tiro e afastem-se. Só há uma chance. Se errarem, nós viramos poeira.
– Entendido, Dani. Boa sorte.
À volta deles, o espaço estava em chamas. A batalha era acirrada, mas os axturrs perdiam feio. O Daniel mudou a direção da nave dele para colidir com a nave bomba e os axturrs desesperaram para saírem dali, só que não conseguiam, principalmente porque os novos inimigos, apesar de em menor número, lutavam de forma irracional, na sua visão.
A Dani alcançou a calota superior. Em uma ação muito bem coordenada, assim que o campo de proteção atingiu a esfera lafita, a Vega, que estava a oitocentos mil quilômetros, disparou um raio térmico. Sem transição o campo defensivo desmoronou e a nave entrou em processo de explosão que era contido pelo campo de supercarga da Dani que, por sí só, já a deveria ter explodido. Daniel deu empuxo máximo nos propulsores, mas o conjunto ia muito devagar por causa da falta de campos de neutralização de massa e ele logo viu que os seus cálculos não haviam considerado esse fator adicional. Quando sentiu que as coisas estavam demasiado críticas, o almirante não teve dúvidas:
– Computador, mergulho de emergência já. – Daniel gritou, olhando para a nave prestes a detonar. – Não esperar velocidade de transição. Tripulação, atenção para possíveis problemas violentos. Engenharia olho nos reatores. Tudo para o campo de supercarga do contrário...
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– A nave bomba vai explodir – disse o navegador da Vega, muito angustiado. – Só espero que a Dani aguente.
– Como poderá uma nave dessas aguentar o que um planeta inteiro não consegue? – perguntou o Daniel avô com o coração na boca. A sua voz expressava toda o desespero que sentia.
Com os olhos colados nas telas, todos assistiam a pequena nave empurrada pela esfera gigantesca entrar em combustão ao mesmo tempo que a Dani passava a acelerar com mais velocidade, embora ainda abaixo do necessário para mergulhar com segurança.
A nave pequena começou a explodir, de forma anormal, como se fosse em câmera lenta, e o Daniel avô olhava a velocidade do conjunto, aflito demais. Quando ele viu o campo de mergulho se formando, muito antes da velocidade ideal, notou que o neto jogou tudo em uma única cartada, mas, assim que estavam prestes a mergulhar, a reação em cadeia iniciou-se. Uma terrível explosão fez o espaço ficar claro como o dia, para depois mergulhar no nada do hiperespaço. Surgiu o negrume do vazio que devorou umas quatro naves axturrs mais próximas e, depois, nada. A Dani havia evaporado, mas salvara o sistema de Lafi.
Por alguns segundos, ambos os lados pararam de combater, mas foi apenas uma ilusão porque os solarianos passaram a atacar com uma selvageria sem limites, começando a dizimar o inimigo enquanto os aliados recuavam, impressionados.
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Nesse meio tempo, a Vega que não voltara a combater aguardava as ordens do comandante.
– Tentem contatar a Dani em todas as frequências – pediu, agoniado.
– Não respondem senhor, nem na superonda – disse o operador com a voz embargada. – Temo que tenha acontecido o pior. Mas eles salvaram o planeta.
Cheio de dor e ódio do inimigo, ele ficou calado por poucos segundos. A seguir, com o rosto vermelho de ira, falou com uma frieza de assustar:
– A frota deve atacar e exterminar o invasor.
Por toda a Vega nas demais naves que já haviam intensificado os ataques, alertas começaram a soar quando todas as comportas de segurança lacraram-se e os reatores, que já vinham a ser solicitados em limites altos, foram colocados em cem por cento. Uma série de robôs ativou-se, ajudando os engenheiros a lidarem com o conjunto e os campos de força passaram a operar em regime máximo, em vez da demanda. A seguir, atiraram-se como marimbondos enfurecidos com os dois colossos atropelando e explodindo as pirâmides no hiperespaço às dúzias. Apenas a frota solariana era capaz de entender o motivo do governador e passou a adotar táticas similares, respeitando os limites dos seus campos de força e selando o destino do inimigo.
Quando os axturrs estavam reduzidos a dez mil unidades, começaram a fugir no desespero. Em geral a retirada de um dos lados, implicava o fim do confronto, mas os solarianos não concordavam com isso e saíram à caça deles. Acabaram de perder o seu líder e estavam furiosos. Antes que qualquer nave conseguisse fugir com um salto, foram varridos do espaço. As naves recuaram e voltaram ao normal para poupar energia.
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