Capítulo 4 - parte 1 (não revisado)
Invisíveis, eles apareceram em um platô. Daniel soltou os companheiros e olhou em volta. Era um pequeno planalto, talvez a uns trinta metros do solo e caberia ali uma vintena de veículos de carga de grande porte. A um canto, uma estrada descia rente à montanha e terminava em um vale bastante árido. Aquele lugar era um cânion em pleno deserto e até lembrava imagens do passado da Terra. Bem no meio da parede da montanha, aparecia a entrada para as instalações, uma verdadeira caixa forte. A porta de aço, ou algum metal similar, devia ter uns vinte metros de largura e outro tanto de altura, talvez pouco menos. Estava fechada, mas o jovem calculou que teria bem um metro de espessura, dadas as dimensões titânicas.
Conferiu os instrumentos no pulso e verificou que estavam normais. Também notou que a tela virtual que permitia ver os seus companheiros em forma esfumaçada quando ficavam invisíveis funcionava perfeitamente. Não pode deixar de sorrir ao lembrar de fantasmas e que muita gente, ainda naqueles tempos, tinha um medo pueril disso.
Para não usar o rádio, apelou para a telepatia:
– "Atenção. A partir de agora, as comunicações de rádio devem ser evitadas a não ser em caso de emergência. Eu transmitirei mentalmente. Se precisarem de se comunicar. Basta pensar em mim com força. Ninguém precisa de desbloquear as barreiras mentais. Confiram os instrumentos e vejam se está tudo correto. Vavor confirmar."
– "Como é que esse sujeito consegue fazer isso?" – pensou o líder centuriano. – "Instrumentos em ordem."
– "Não se preocupem que eu estou só na camada superficial do vosso pensamento. Ficarei apenas no limiar da consciência de cada um Não irei invadir a intimidade de ninguém" – respondeu Daniel à pergunta não formulada.
– "Almirante. Pelo bem da missão, baixei as minhas barreiras. Recomendo a todos que o façam."
A equipe fez isso e também foi confirmando o checklist dos instrumentos da mochila energética, além de armamentos. Os nove Vermelhos que iam junto eram portadores, pelo que a comunicação ficou perfeita.
– "Deem-se as mãos, vou nos transportar através do portão."
A caverna para além do portão era gigantesca e muito bem iluminada. O Daniel calculava que teria bem três vezes o tamanho do platô onde estavam antes. Havia uma grande quantidade de veículos, estacionados de forma ordenada e alguns guardas patrulhando em seus perímetros.
– "Lá para os fundos deve ficar algum elevador ou rampa que desça" – disse o almirante, pensativo. – "Vamos. Só queria entender o motivo de terem guardas em uma instalação lacrada, a menos que eles mesmos não sejam cem por cento confiáveis."
O grupo começou a se deslocar de forma ordenada e sem se afastarem muito uns dos outros. Quando alcançaram a terceira fileira de veículos também vislumbraram o fundo da caverna e as portas de um elevador gigantesco, ou a passagem para outra caverna. Nesse momento, Daniel viu algo que o preocupou bastante.
– "Parem" – pediu para os colegas. – "Retornem andando devagar e sem fazer movimentos bruscos. Aproximem-se de mim."
Assim que estavam juntos, Daniel escondeu-se atrás de um caminhão enorme. Um dos Vermelhos perguntou:
– "Algum problema, mestre?"
– "Olhem na direção para onde íamos e vejam o que está perto do guarda."
– "Parece um robô" – disse outro Vermelho, encolhendo os ombros, despreocupado. – "O que pode acontecer?"
– "Podemos ser detectados pela infravermelho ou pelos campos magnéticos" – respondeu um centuriano, explicando o temor do líder da equipe.
– "As armas deles podem penetrar o campo de força?" – perguntou o primeiro Vermelho. – "Se não puderem, não temos com que nos preocuparmos."
– "O problema não é esse, mestre Yihen" – respondeu Daniel, apreensivo. – "O problema é eles dispararem o alarme."
– "Então o que faremos?"
O imperador tomou uma decisão.
– "Vocês vão dar a volta pelo caminho mais longo e afastem-se dos robôs o mais possível. Enquanto isso, eu vou me aproximar deles para testar a sensibilidade dos rastreadores. Como sou muito rápido a teleportar, acho que posso deixá-los doidos."
– "Certo, mestre" – disse o líder dos vermelhos. – "Aguardaremos o senhor na porta gigante."
Daniel não respondeu. Apenas afastou-se e seguiu com cuidado para o robô mais próximo. Considerando aquelas instalações e a segurança para entrar ali, voltou a se perguntar por que motivo haveria robôs e guardas lá, desperdiçando homens e recursos porque bastaria deixá-los junto às entradas que, por sinal, estavam vazias. Parou e olhou para trás, constatando que os seus homens seguiram as ordens. As imagens deles, esfumaçadas, afastavam-se paralelas aso veículos. Olhou para os instrumentos e conferiu se os campos de força estavam ativos, apesar de que demandavam energia adicional e eram ainda mais suscetíveis de serem descobertos, mas também seria a sua única segurança no caso de o robô atacar mais rápido do que ele poderia saltar. Em silêncio absoluto, caminhou para perto da máquina, avaliando a distância dela a cada passo que dava.
Quando estava a apenas três metros, a máquina paru de andar e girou para todos os lados, como se procurasse algo e Daniel parou logo. Podia ser um programa de vigilância, mas também podia ter detetado alguma energia espúria. O robô deu duas voltas e começou a andar, mas devagar. Daniel suspirou e voltou a andar. Mal deu um passo, a máquina virou-se para ele e ergueu o braço, apontando na sua exata direção.
– Alto ou será abatido – disse o robô, no idioma nativo. – Identifique-se immediatamente.
Daniel não disse nada, apenas deu um passo para trás, mas o robô viu que ele se afastava e avançou, andando rápido. Do seu braço raios começaram a sair, acertando o campo de força.
O almirante foi andando e afastando-se da porta enquanto era bombardeado sem parar até que notou que todos os robôs aproximavam-se do "colega". Quando estavam perto e começaram a atirar, Daniel desmaterializou-se e surgiu às costas do primeiro robô. O fogo dos outros seguiu para a nova trajetória Daniel saltou de novo, deixando o fogo acertar a máquina desalmada.
Satisfeito, surgiu junto à porta e deparou-se com o seu grupo parado ao lado. Mais para frente deles, todos os robôs e os poucos soldados que patrulhavam estavam em volta da máquina destruída.
– "Quando os robôs saíram do caminho" – comentou o líder centuriano –, "tivemos a passagem desimpedida e corremos para cá."
Daniel ia responder quando escutou um ruido estranho. Assustado, Saltou para longe do portão e deu um puxão telecinético nos amigos bem na hora que ele se abriu, mostrando que se tratava de um elevador enorme. Tão grande que caberiam dois caminhões de grande porte dentro.
A cabine estava lotada de homens armados que apontavam para a frente. Eles saíram correndo em direção ao tumulto. Aproveitando a situação, Daniel transmitiu:
– "Para o elevador. Vão para os fundos e se eles se aproximarem liguem os antígravos e grudem no teto. Os robôs começam a sentir a nossa presença a três metros. Se algum deles entrar aqui, deixem que eu neutralizo com os meus dons. Agora, basta aguardar."
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