Capítulo 3 - parte 4 (não revisado)
Assim que voltou para a nave e desligou o campo de refração, o almirante chamou o seu comando para a sala de reuniões. Sentou-se e disse:
– Senhores, pelo jeito eu estava certo, mas nem sonhava que pudesse ser algo tão grave. Temos de impedir isso.
– Mas como? – perguntou o centuriano chefe, assustado.
– Sabotando a missão deles e depois preparando uma retaliação. Acho que se as nossas três frotas atacarem ao mesmo tempo eles sucumbirão.
– Acredito que tenha razão – disse outro centuriano, pensativo.
– Bem – continuou Daniel, decidido –, vou saltar para o quartel e obter mais informações, mas antes vou passar um relatório para a Dani. É imperativo que o coronel Nobuntu fique do olho na frota axturr.
O jovem imperador não disse mais nada. Apenas baixou a cabeça e concentrou-se, chamando a esposa. Contou-lhe tudo e deu as instruções para o coronel Nobuntu. A seguir deu um sorriso e levantou-se.
– Vou saltar para o quartel porque vi na mente do soldado como é o local. Lá, descobrirei onde fica essa instalação e virei buscá-los para os sabotarmos.
– Boa sorte, Almirante – disseram os centurianos. – Que os Deuses o acompanhem.
Sorriu de novo e transportou-se para o quartel da frota. O soldado que havia aprisionado foi ordenança por um bom tempo e conhecia muito bem aquelas instalações. Daniel materializou-se em uma sala vazia que era pouco usada apesar de ser irrelevante, uma vez que estava invisível. O único risco seria colidir com alguém que passasse por ali.
A porta estava aberta e dava para um corredor vazio. Caminhou por ele, procurando se localizar e chegou à conclusão de que ali não ia a lugar nenhum. Quando ia saltar para outro local, arriscando um possível desastre, deparou-se com as escadas. Eram largas, talvez uns três ou mais metros , mas, para evitar surpresas, ergueu-se no ar e voou rente ao teto. Escolheu ir direto para o último andar porque estava certo de que era o local desejado. Pela primeira vez encontrou movimento de pessoas e sabia, pela memória do soldado, que estava perto.
Em uma porta encontrou uma tabuleta que dizia: Gabinete do General e, ao lado, havia um ordenança de pé e com ar cansado. Com medo de abrir a porta e despertar suspeitas, transportou-se para dentro da sala, quase esbarrando em uma pessoa. Afastou-se com maestria e prestou muita atenção no local porque, entre ver ao vivo e as memórias do soldado, havia uma grande diferença.
Tratava-se de um aposento grande e que tinha uma mesa maciça onde, atrás dela, um homem falava com vários oficiais. Era sisudo e tinha cara de quem estava habituado a dar ordens e a ser obedecido com prontidão. Daniel via com toda a clareza que ele era antipático e perigoso. Achou prudente prestar atenção ao que diziam.
– ...segurança deve ser muito reforçada. Cada vez temos mais oposição da parte do povo e há muitos subvertidos e insurgentes. Já aconteceram vários atentados. Estamos na fase final do nosso projeto e, se formos bem sucedidos, a nossa missão terá terminado e poderemos voltar para Andrômeda após mais de trezentos mil clikts. Então, tratem de executar as minhas ordens. Aqueles do povo que desrespeitarem a lei serão fuzilados sem julgamento.
– Sim, senhor – responderam os oficiais, retirando-se, alguns parecendo bem contrariados com as ordens recebidas.
Curioso com o que esse general saberia, Daniel ativou a telepatia e passou a ler a sua mente:
– "Queria mesmo ver a cara dos centurianos e dos lafitas quando o mundo deles explodir" – pensou ele e o Imperador do Sol descobriu que alcançaria o seu objetivo.
– "Por que deseja tanto matá-los, general?" – A voz invisível ecoou na sua mente e ele sofreu um susto tão grande que saltou da cadeira.
– Quem está ai? – berrou, amedrontado. O ordenança que estava na porta entrou.
– Chamou, meu general? – perguntou.
– Não ouviu nada?
– De fato não, meu general – respondeu o soldado.
– Retire-se, quero ficar a sós.
O ordenança inclinou a cabeça e saiu. O general, achando que era fruto da sua imaginação acalmou-se, mas essa tranquilidade durou apenas um minuto porque a voz retornou:
– "Eu sou o seu pior pesadelo, general. Por que quer matar um mundo inteiro?"
– Porque eles merecem morrer – respondeu, aos berros.
Na entrada o ordenança ouviu o general falar sozinho e abanou a cabeça.
– "Deve estar ficando maluco de tanto trabalho" – pensou, mas não se atreveu a entrar outra vez.
– "As pessoas não merecem morrer, general, a menos que sejam muito más. O que o faz pensar que os lafitas e os centurianos sejam maus?"
– Não interessa – voltou a berrar o general. – São inimigos e isso é o que basta.
– "Deve estar ao telefone" – voltou a pensar o ordenança que não sabia que era monitorado pelo solariano, que sorriu com a ideia.
– "Aí é que se engana, caro general. E nós não vamos permitir isso" – disse o almirante. – "Agora eu vou levar o senhor para um passeio e vamos esclarecer algumas coisas, ok?"
O general ficou subitamente apavorado quando descobriu que estava paralisado. Tão paralisado que nem a boca podia mexer. A seguir, um homem muito alto apareceu do nada bem à sua frente. Parecia um centuriano e aquela palavra estranha que ele usou devia ser do seu idioma, mas com certeza não era centuriano. Aquele uniforme e os recursos que ele dispunha eram suficientes para que os centurianos tivessem ganho a guerra há muito tempo. Essa ideia deixou o general ainda mais assustado.
– "Não se assuste sem necessidade, general" – voltou a ecoar a voz mental daquele ser. – "Não temos o hábito de matar as pessoas, não sem um bom julgamento. Tentar descobrir que eu sou só vai cansar a sua cabecinha teimosa. Agora, eu vou levar o senhor para conversarmos em um lugar mais tranquilo."
– Daniel colocou a mão sobre o homem apavorado e ambos desapareceram do quartel para ressurgirem na nave, o que contribuiu para o deixar ainda mais nervoso. Ele, contudo, não chegara a general por acaso a passou a se controlar, olhando em volta.
Descobriu logo que estava em uma nave que era esférica ou um disco, dadas as formas arredondadas. A semelhança com as naves centurianas morria ali. Daniel soltou-o da paralisia e ele girou em volta, descobrindo o comando centuriano e isso assustou-o de novo.
– Quem são vocês e como conseguiram furar o bloqueio no espaço? – perguntou para o Daniel. – E como esses centurianos estão aí?
– Eu sou o seu pior pesadelo, general, como já lhe disse antes, lembra-se? – repetiu o Daniel. – Os centurianos são meus amigos e convidei-os a conhecerem este mundo. Estamos aqui imaginando a melhor forma de transformar o seu planeta em lava.
– Então façam-no, mas não me incomodem – disse o general, encolhendo os ombros.
– Acontece, meu general, que desejamos saber sobre a arma secreta. Onde ficam as instalações?
O general empertigou-se e sorriu, desafiador.
– Podem até explodir Axturr – resmungou ele –, mas jamais saberão por mim onde ficam as instalações secretas.
– O senhor é um pouco tolo, não concorda, general? – quis saber o Daniel, rindo. – Eu posso ler os seus pensamentos, então o senhor acabou de me contar a partir do momento em que pensou que não me contaria nem morto.
O general ficou ainda mais pálido e Daniel virou-se para um dos dragões, passando para o centuriano que todos na nave falavam por terem recebido treino.
– Prenda-o. Não é necessário ser delicado, mas não o mate. Por via das dúvidas, o senhor ficará de guarda a ele. Agora, se ele incomodar demais, a ordem de não matar ficará revogada.
O chinês fez um aceno com a cabeça e virou-se para o axturr. Falou com suavidade, mas firme.
– Acompanhe-me, general – pediu. O general reagiu e o Dragão deu-lhe uma patada tão forte que ele ficou atordoado, desistindo no ato. O Dragão Vermelho continuou. – O senhor pode ir por bem ou ir apanhando até à prisão. O que prefere?
Frustrado e apavorado, o general foi levado para a cabine presídio. Era uma cabine comum, como outra qualquer, mas cercada por um campo de força.
– Venham – disse o Daniel para os demais comandos –, vamos precisar de armas mais poderosas para destruir a instalação. A destruição do planeta está fora de questão.
– Concordo, Almirante – disse o líder dos centurianos. – Há muita gente inocente.
– Tem razão. O pior é que esse general maluco tinha declarado a sentença de morte da população que não obedecesse e cooperasse.
Desceram alguns andares até ao deck da engenharia e o Daniel entrou no arsenal da nave. Havia muitas armas dos mais variados tipos, em especial depois que algumas armas antigas passaram a ser recriadas. O almirante, contudo, não escolheu nenhuma delas e foi para um armário que tinha, arrumados em fileiras, diversos dispositivos muito bem protegidos, dispositivos esses parecidos com ovos e que eram muito leves. Ele mandou que cada um carregasse dez eles. Depois, em outra prateleira, pegou um dispositivo idêntico, porém, maior. Morto de curiosidade, um centuriano perguntou o que eram.
– Bombas – respondeu o solariano. – Cada uma pode destruir tudo em um raio de cerca de cem metros. Esta, destrói tudo em um raio de um quilômetro.
– Mas de que raio elas são feitas?-- perguntou o líder dos centurianos.
– Antimatéria.
– Desse tamanho!: – exclamou. – Nós teorizamos estes dispositivos, mas a nossa tecnologia não sabe fazer campos de contenção tão pequenos.
– Nós somos pacíficos, mas a ameaça impeliu-nos a projetar estas armas. Vocês não devem ter alcançado a picotecnologia. Dominamo-la há setecentos anos. Vamos. Perdemos tempo. Na mente do general descobri que a arma derradeira está prestes a ser lançada e será o fim do vosso mundo.
– O senhor sabe o que é?
– Ele não sabe direito. Por questões de segurança, dividiram a informação por várias pessoas, mas ele sabe o lugar e é o que basta. Tudo o que sei é que é terrível e vai destruir o vosso mundo. Deem-se as mãos. Vou teleportar todos para a montanha porque ela fica a cem quilômetros daqui. Ativem os campos de deflexão.
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